SIGRIDCheguei à cidade de Valles, mas na verdade, nem sabia exatamente em que parte do reino estava.Com o passar do tempo, as coisas haviam mudado demais, e eu só conseguia me guiar pelas memórias de Electra.— Onde fica a casa de leilões? — perguntei aos guardas na entrada da cidade, e eles me deram instruções.Segui pelas ruas, desviando de algumas carruagens e do vai e vem das pessoas, até que trotamos até uma enorme mansão afastada do barulho.— Senhora, desculpe, mas isto é uma propriedade privada — dois guardas protegiam os altos portões da entrada.— Sou uma convidada para o evento de hoje — respondi, estendendo o convite, que eles examinaram.— E ele?— É meu escravo, algum problema? — arqueei uma sobrancelha.O cavalo estava inquieto, cansado da viagem, e eu já começava a perder a paciência.— Não, não, pode entrar, Sra. de la Croix. Um criado vai guiá-la — indicaram, e finalmente os altos portões cobertos por trepadeiras se abriram para revelar um belo jardim.— Por aqui,
SIGRIDPressionei novamente o pedal, disfarçando enquanto observava o camarote do outro lado, onde a luz vermelha acendia no chão.Assim, travamos nosso duelo silencioso.Os outros haviam desistido; aquelas runas eram valiosas, mas tinham poucos usos.— 500 mil moedas de ouro para o número 67!— Droga! — murmurei baixo.Electra tinha dinheiro, poderia pagar, mas retirar mais moedas dos cofres da família chamaria a atenção de Morgana.Meu olhar se desviava constantemente para o tecido vermelho. Algo me atraía.O que quer que estivesse escondido atrás dele, eu precisava obter.Mas, se gastasse tanto agora, talvez não tivesse recursos para algo mais importante depois.— 500 mil moedas de ouro pelas runas lunares, vendidas para o número 67!— Não pode ser — massageei a ponta do nariz.Deusa, esperava que perder esse item, tão necessário para mim, tivesse valido a pena.— E agora, um dos tesouros desta noite! Sei que estavam ansiosos. Com vocês, esta preciosidade!Ele puxou o tecido, e jur
SIGRID— Vendido este magnífico escravo para a Sra. Lucrecia Silver! — Olhei para baixo, suspirando com pesar por aquele homem que agora estava no pior lugar possível.— Vou sair, minha senhora — o murmúrio de Silas me trouxe de volta à realidade, e então percebi o quão próximos estávamos.Dei um passo para trás imediatamente, evitando deixá-lo desconfortável.— Certo, mas não faça nenhuma loucura, por favor. Lembre-se, eu não vou hesitar por você. Na menor burrice, posso acabar com sua vida com um estalar de dedos — ameacei, temendo que ele fosse direto atacar Lucrecia.Seria como mandar um filhote atacar um lycan adulto.Observei enquanto ele saía, envolto naquela escuridão que parecia segui-lo.Notei algo: o olho de Silas não estava apenas queimado, mas também amaldiçoado.Mais tarde, quando ele ganhasse confiança, precisaria perguntar exatamente o que era aquela energia sombria que corria por suas veias.Ele era um elemental, não deveria estar assim.Voltei a me sentar. Tinha perd
SIGRIDA lâmina dos enormes anéis de Lucrecia cortava a carne das bochechas dele, deixando sulcos ensanguentados enquanto o homem lutava para obedecê-la.— Assim está melhor. Como recompensa, é hora de marcá-lo para que todos saibam que você me pertence — disse ela, e dei um passo à frente, engolindo o nó na garganta.Cerrei os dentes, sentindo os músculos do meu rosto ficarem tensos.A ira percorria minhas veias enquanto eu via Lucrecia baixar o cigarro e pressioná-lo contra a parte inferior do corpo do homem. Ele começou a se debater e gritar, mesmo amordaçado.O cheiro de pele queimada invadiu meus sentidos. Nossos olhos se encontraram, os dele clamando desesperadamente: "Salve-me, por favor!"Comecei a liberar minha magia de Selenia, que mantinha oculta para não ser descoberta.Eu mataria essa bruxa e resgataria esse elemental importante. Essa mulher não merecia respirar nem por mais um segundo.Minha mão estendeu-se em direção a uma espada, como garras prontas para cortar seu pes
SIGRIDSilas ficou tenso quando me aproximei, sua respiração tornou-se pesada, e eu podia ouvir o batimento acelerado de seu coração contra meu peito.Ele permaneceu rígido entre meus braços, enquanto minhas mãos o abraçavam pelas costas e meu rosto se afundava em seu pescoço.Seu cabelo fazia cócegas no meu nariz, e aquele aroma delicioso de cítricos que emanava de seu corpo me lembrava uma laranjeira carregada de frutos maduros.Por alguma razão, senti um desejo insano de comer laranjas suculentas.— Só alguns segundos, estamos apenas fingindo, Silas — sussurrei, ligeiramente preocupada.— Mmm, mais... me beije mais... — meus gemidos vergonhosos ecoaram no silêncio da rua.Deusa, agradeci pela escuridão, porque eu mesma me sentia envergonhada.— Mmm, toque-me mais... aí, mais rápido... — gemi contra seu pescoço.Achei que a qualquer momento Silas me empurraria para longe, talvez até para me sufocar, mas ele apenas ficou parado, tranquilo, rígido, suportando meu abraço e meus gritos
VALERIA— Você está... você está certa, Esther? — pergunto com a voz trêmula.Meu coração bate apressado, cheio de felicidade.— Muito certa, Luna, aqui está no ultrassom, é essa pequena mancha escura. Você está grávida.Ela aponta para a tela e vejo a frágil vida do meu filhote se formando dentro de mim.— Por que não consegui sentir o cheiro, nem seu pai? — pergunto preocupada.— É muito recente, talvez por isso, dê mais alguns dias e você deverá perceber suas feromonas.Ela responde e eu aceno com a cabeça, com os olhos turvos de lágrimas.Sou a Luna da matilha “Bosque de Outono”.Há três anos me casei com o homem que amo loucamente, apesar de não sermos pares destinados, meu Alfa Dorian.Fiz de tudo para ser a Luna perfeita, o pilar no qual ele possa se apoiar, no entanto, uma sombra opaca meu casamento e era o tema do herdeiro.Nunca consegui engravidar e admito que não compartilho muito a cama com Dorian, mas sei que suas obrigações como Alfa o mantêm muito ocupado e estressado.
VALERIAEle me morde com ferocidade na coxa e me arrasta para debaixo de seu corpo, controlando-me sem piedade.Tento resistir, pedir ajuda, minhas mãos sobre meu ventre, tentando proteger meu filhote, mas suas garras, como armas mortais, perfuram minha pele, destroçando todo meu pequeno corpo vulnerável.Preciso levantar os braços por instinto quando suas garras afiadas se dirigem ao meu rosto, e grito em agonia por causa de uma ferida profunda que atravessa minha bochecha desde a testa.Ao deixar minha barriga exposta, ele investiu contra nosso filho.— NÃO! O filhote, não! Por favor, Dorian, MEU FILHO NÃO!As lágrimas caíam incessantemente dos meus olhos enquanto eu o suplicava, mas seus caninos devoravam minha carne, e suas garras procuravam, friamente, nas profundezas das minhas entranhas, arrancar a vida que eu carregava.Não sei quanto tempo durou essa agonia; soluçava, implorando enquanto ainda conseguia falar.A dor em todo meu corpo era insuportável, mas a da minha alma, que
VALERIAOuço gritos estridentes, vidros quebrando, um rugido animal, rosnados de Alfa, luta e disputa.Algo quente espirra em meu rosto e braços, minhas garras destroçam e meus caninos rasgam.Não consigo parar, não posso, a raiva me consome por dentro e grita por libertação.Não sei o que estou fazendo, não tenho consciência de mim mesma, só sei que, quando recupero o controle do meu corpo, a primeira coisa que vejo são minhas mãos cobertas de sangue.Estou de joelhos no chão, ao meu redor tudo é vermelho, destroços e partes do que um dia foi um poderoso Alfa, Dorian.O que eu fiz? O que fiz, por Deus?!Olho para a cabeça arrancada a um metro de mim.Seus olhos amarelados ainda me encaram com pânico, e sinto como meu estômago revira.Vomito ao lado, sem conseguir evitar, enojada por toda essa cena cheia de morte e violência.Fui eu quem fez isso? Aqui não há ninguém mais.Olho ao meu redor, não sei onde foi parar Sophia, só sei que alguém foi jogado pela janela de vidro, que está est