VALÉRIAEle me olhou e depois para minha barriguinha já um pouco saliente.—Príncipe Zarek, precisamos falar sobre absolutamente tudo. Pela minha família, estou disposto a reconsiderar toda a questão das nossas raças —Aldric deu um passo à frente, enfrentando-o de forma dominante, o que me deixou orgulhosa por ele ter decidido deixar o ódio para trás.—Certo, mas primeiro o café da manhã. Vamos comer todos e depois conversamos —propôs, convidando-nos a entrar em um enorme salão de jantar, onde devorei um delicioso café da manhã de bacon e ovos.Meu estômago parecia um poço sem fundo, e isso porque eu ainda bebia do sangue de Aldric como uma alcoólatra com um barril de cerveja.Depois de algum tempo, nos encontramos sentados em uma sala.Cada casal acomodado em sofás confortáveis diante de uma lareira aconchegante, em uma atmosfera relaxada de bebidas e sobremesas.Achei que iríamos para a sala do trono negociar, nós tentando acalmar esses maridos selvagens para que não arrancassem a g
VALÉRIA—Espero contar com o apoio do seu poder, Príncipe Zarek, porque essa fusão não será fácil. Muitos estarão em desacordo —disse Aldric com seriedade.—Não se preocupe, Rei Lycan. Eu sei muito bem como lidar com rebeldes e, na verdade, preciso expandir meu exército. Muito, muito mais —ele soltou uma risada sombria que me arrepiou até os pelos da nuca.—Agora, o outro tema do dia: quais são os planos para derrotar o desgraçado do Rei Espectro? Porque acho que todos estamos conscientes de que essa porta não vai aguentar para sempre, e desta vez, não vou continuar me escondendo como um rato —acrescentou Zarek.—E eu não vou entregar minha mulher nem minha filha, sob nenhuma circunstância —Aldric rosnou baixo, aproximando-se ainda mais de mim.—E Gabrielle não continuará se mutilando —Quinn também respondeu com um rosnado. —Amor, quanto tempo nós temos?Ele a olhou, e todos fizemos o mesmo, com certo receio.—O poder remanescente das Selenias, acho que pode aguentar uns 20 a 25 anos.
CELINE—Para onde estamos indo? —perguntei ao meu companheiro encrenqueiro, depois de repreendê-lo pela situação desconfortável de há pouco.—Não gosto que Aldric tenha te marginalizado por tantos anos —sibilou, sem soltar minha mão enquanto caminhávamos pelo corredor.—Ele tinha seus motivos para odiar o reino sombrio. Eu também o odiava —suspirei, querendo deixar o passado para trás.—Eu entendo, mas isso não significa que eu goste —ele parou à minha frente, acariciando minha bochecha com sua mão fria.A intensidade de seus sentimentos sempre envolvia minha alma.—Queria saber para onde estou te levando? Venha, tenho uma surpresa que mandei buscar para você —e abriu a porta que dava para uma enorme biblioteca.Olhei, maravilhada, para as estantes gigantes que iam do chão ao teto. Parecia um labirinto.Os lustres pendentes iluminavam com sombras e luzes suaves, mas as cortinas estavam abertas, e, por uma enorme varanda, entrava também a luz branda do sol.Ali, de pé, havia um homem d
8 MESES DEPOIS...ALDRICEu lia os novos decretos do Reino Nocturne, sentado na biblioteca.Assim foi oficialmente proclamado o nome da fusão dos dois antigos reinos que agora governava.Eu, que não queria responsabilidades desde o início, acabei sendo o Rei de tudo. Mas, pela minha rainha e minha princesinha, eu era capaz de me prender ao que fosse necessário.Inclinei a cabeça e beijei os cabelos negros e macios da minha fêmea, que cochilava contra meu peito, deitada ao longo do sofá aconchegante.Coloquei os papéis de lado e desci minha mão para acariciar sua barriga já bem grande. O momento estava chegando, e a conexão com minha filha ficava cada vez mais forte.Assim que meus dedos tocaram a pele de Valeria, senti os movimentos dela sob minha mão, o que arrancou um sorriso do meu rosto."Minha linda filhotinha, em breve vou te conhecer. Papai está morrendo de vontade de te ver e te segurar nos braços."Projetei meu pensamento através do nosso vínculo, e os movimentos sob meus ded
ALDRIC—Não, você sempre é muito cuidadoso… —ela disse zombando de mim.—Valeria, eu estou preocupado, amor. Outro dia achei que você ia passar mal de tão ofegante que ficou.—É que aquela posição era muito desconfortável. Parecia que eu estava carregando toneladas de ferro na barriga —respondeu, devolvendo meus beijos e carinhos.—E quem foi que quis fazer aquela cena toda? —ri, lembrando o susto que levei por sempre acompanhar suas loucuras.—E você gostou, não negue —ela deu um tapa leve no meu braço, e só pude balançar a cabeça, derrotado. Eu amo essa mulher até a morte.—Vou pegar a bacia para te limpar…—Não —ela me parou, segurando minha mão.—Valeria…—Mais uma vez, vai, não seja ruim comigo. Você não vai satisfazer sua mulher cheia de desejo depois de carregar sua filhote por tantos meses?Ela baixou a mão e começou a acariciar meu membro, que parecia mais apaixonado por ela do que eu mesmo.Essa Selenia só estala os dedos e ele já está de pé em um segundo.Eu sei que são os
ALDRIC“Não, não... minha menina vai ficar bem. Deusa, por favor, que minha companheira e minha filhote fiquem bem.”Suplico em pensamento, estendendo nosso vínculo até minha pequena, incentivando-a a vir ao mundo.—Aqui está, já nasceu!Um choro, que cobre os gritos e gemidos dolorosos de Valeria, faz nossos corações tremerem.Vejo manipularem uma pequena forma envolta em mantas brancas.Seus cabelos negros como ébano se destacam contra sua pele pálida.—Suas Majestades, aqui está a princesinha. Parabéns, minha rainha. —a amiga de Valeria, agora companheira de Dave, traz nossa filha em seus braços.Eu não sei o que fazer; minhas mãos suam, tremem, e tudo parece irreal.—Não tenho forças, Aldric. Segure-a nos braços contra meu peito.Valeria me pede com fraqueza, sua voz apenas um sussurro, enquanto continuam a cuidar de seu corpo e limpá-la.Juliette me entrega a mantinha.Um nó aperta minha garganta, e meus olhos ficam vermelhos quando a seguro com cuidado, colocando-a sobre o peito
20 ANOS DEPOIS...NARRADORA—SIGRID!! —a voz ensurdecedora de Zarek ecoava por todo o castelo sombrio.Celine, sentada na biblioteca lendo, ergueu a cabeça, sorriu e voltou à sua leitura.Quem sabe que travessura aquela menina tinha feito agora com as coisas de seu companheiro?Como era de se esperar, o príncipe sombrio estava furioso, olhando para a biblioteca secreta onde guardava todo tipo de livros de feitiçaria sombria e proibida.Chamavam-se proibidos por um motivo: eram feitiços perigosos, tenebrosos, com altos custos. Por isso ele os mantinha protegidos de certas mãozinhas inescrupulosas e daquele cérebro hiperativo.—Desta vez, não vou deixar passar! SIGRID, SAIA IMEDIATAMENTE! —Zarek deixou o subsolo enquanto escaneava mentalmente o castelo. Mas, como sempre, aquela Selenia travessa era definitivamente sua arqui-inimiga, a nêmesis de seu poder, a única capaz de se esconder até mesmo em suas próprias terras.—ROUSSE, VENHA AQUI! —ele chamou seu comandante, um dos servos morto
SIGRID—O que é isso? Ah, não pode ser —bufei ao olhar o que tinha pego no meu apuro.Queria me dar tapas na cabeça.Eram planos para construir um artefato mágico que permitia entrar nos sonhos de alguém e deixar mensagens, ordens ou até mesmo provocar seus piores pesadelos.—O que faço com isso agora? Entro no sonho do Dave e o incomodo um pouco? —murmurei, pensativa, mas logo descartei a ideia, irritada.Tanto esforço para nada. Ele me deixava ler todos os seus livros, menos aquele, e a curiosidade estava me corroendo.O que tanto havia de proibido nesses escritos?Caminhei até o poço escondido no meio da floresta, sempre envolto por uma névoa escura. Quase ninguém ousava entrar ali, pois ficava nos limites do palácio.Alguns anos atrás, criei ali um feitiço que me permitia me transportar diretamente para as terras do meu pai.Vi alguns lírios negros, que minha mãe adorava, e comecei a colhê-los para ela.Com certeza, ela estava tomando chá da tarde com minha avó.Sorri, caminhando