— Eu a segui e descobri onde mora. De dia, o marido sai cedo, e posso dar um jeito de entregar-lhe um bilhete, ou algo assim sem levantar suspeitas.— Ainda bem que criei um rapaz muito, muito esperto. Merece agora dois presentes, filho. Só não quero que a faça correr perigo. Tem que ser muito discreto, mesmo sabendo que esse marido sai cedo para trabalhar.— Farei tudo certinho, pai.— Padiah, por que disse que Sarati corre risco? —interrogou Lucadeli.— Tive a sorte de ouvir uma conversa do marido. Ele está com um plano arquitetado com outros soldados e a matará, para poder voltar a morar nas cercanias do Palácio Real, na Cidade Central. Ele contratou dois outros moradores, viciados em drogas, por um pagamento em espécie, que a matará. Julião fingirá que a deixará ver a família e a soltará no deserto sozinha. Esses capangas a pegarão, um tempo depois, e tem ordens de não a deixar viva. O soldado ainda quer uma comprovação da morte.— Se fará isso, é porque descobriu o segredo dela.
— E o senhor e Ali, como se conheceram. Padiah me disse que ela morou um tempo na caverna, mas depois partiu.— Ela pediu água e comida, na casa dos meus pais. Hoje, acredito que foi de propósito, quero dizer, que ela já sabia que os antigos reis residiam lá. Parou para verificar se estava tudo bem.— Quando a viu se apaixonou — perguntou Alair sorrindo.— Como não se apaixonar, por aquela mulher. Tudo bem que ela é bem mais velha do eu.Alair sorriu.— Imagino. Não tenho nem coragem de perguntar a idade de meus pais.— Então, você sabe, que eles são, da atualidade, os mais antigos guardiões.— Sei, mas nunca questionei a idade deles.— Padiah e Magdali fizeram um bom trabalho. Acho que quando Sarati o reconhecer como guardião e parceiro, a deixarei em boas mãos. Na festa de Laidê, lembro de vê-lo, a olhando de longe. Senti sua angústia, mas infelizmente, eu já tinha tomado minha errada decisão, e atrasei o encontro de vocês.— Não sei se foi um atraso. Preocupo, com o que aquele sold
Alair foi se deitar e o sono veio bem rápido. Precisava voltar no outro dia para a caverna. Marido e mulher jantaram em silêncio. Nada mais precisava ser dito. Para eles só restava a esperança de no momento certo pedir perdão a Sarati, apesar, que Ali ainda, deixaria o medo dominá-la, por um breve momento. A primeira reação de Sarati foi jogar a carta fora, por receio de ser descoberta, mas sua intuição dizia para não o fazer. No dia anterior, enquanto Julião dormia drogado no chão, pensou ter ouvido uma voz, que pedia que ela tivesse fé. Talvez fosse por isso, que estava um pouco mais confiante, e colocou o bilhete escondido dentro da roupa. No caminho de volta, viu alguns soldados, e voltou a ponderar a todo tempo se deveria ou não a queimar, se consistia na atitude mais sensata. A incerteza a corroía por dentro e levou-a ao cansaço. Depois de pendurar as roupas para secar espalhadas pela casa, Sarati dormiu no chão mais uma vez. Assim, não viu a hora em que Julião chegou e nem tamp
— Mamãe narrava histórias para mim, mas sempre dizia que isso era uma lenda. Ela sempre me contou estórias fantásticas sobre Jetiah, mas afirmava que não passavam de inverdades. Não compreendo por que agora o senhor está contando-me como se fosse verdade.Uma luz piscou e um alarme soou em uma espécie de pulseira no braço do homem, e ele levantou-se subitamente.— Para continuar nossa conversa, preciso que volte amanhã mais cedo. Já está ficando tarde, e é preciso que você vá para casa. Julião despertou no bar, e está indo para casa. Não fique agitada, dará tempo de você chegar. Venha amanhã, por favor.— Não sei se voltarei.— Sarati, você testemunhou a Estrela de Thuman. Umas das poucas pessoas vivas neste mundo que teve esse privilégio. Volte amanhã, confie em mim.— Como sabe disso, que vi uma estrela. Estou com medo. Não voltarei.Apenas com essa resposta, Sarati afastou-se pela mata e correu para casa. Julião ainda não voltara. Sentada no chão, com medo, sua cabeça transformou-s
— Venha comigo!— O senhor vai me ajudar. Obrigado, senhor. Obrigado. Vou conseguir salvar minha mãe de inanição. Ela só pensa em drogas.O soldado não respondeu, já estava irritadiço. Ele e Anarit regressaram para a taberna. Julião exigiu que o menino ficasse fora do estabelecimento, então ele aproveitou para passar uma mensagem para Lucadeli, enquanto Julião conversava com o dono do estabelecimento.— Senhor, preciso saber. Tinha um homem de capa preta, que saiu agora a pouco.— Sim, senhor. Ele estava sentado, aqui no balcão.— Parecia drogado?— Sim, senhor.— Então deve ser por isso. Ele derrubou um menino para roubar uma moeda de ouro. Sabe para onde ele foi, ou se ele disse alguma coisa que chamou a atenção.— Só que precisava comprar mais drogas sintéticas.— Ok, se ele voltar, me avise. Preciso dar uma lição nele. Usar droga é permitido, mas roubar, não.— Sim, senhor.Anarit corria contra o tempo, mas deu tempo, antes de Julião sair de novo, pela porta, de enviar as mensagen
— Há outra coisa que o aflige, meu marido, e essa eu desconheço. — Julião é sórdido. Ele está com um plano cruel de matar Sarati. Acho que como ele não conseguiu descobrir, que ela foi a criança que viu a estrela, precisa eliminá-la. Já não tem mais serventia.— Julião carrega um fardo, uma dor muito grande. Só posso dizer, que ele perdeu alguém muito importante, e acredita ter sido a Estrela a grande culpada.— Além de querer se projetar, junto ao Comandante Maior.— Esse não é o maior dos motivos, e sim, essa perda. No momento certo, depois que eu descobrir a verdade, conto com mais detalhes. Agora, você precisa voltar, está gastando muita energia e precisará dela, para cuidar de nossa menina.— Alair já voltou?— Está a caminho. Traga Sarati viva e bem. Não sei o que pode acontecer com aquele pobre coração, que já espera a tanto tempo.— Como você mesmo disse, ele terá que esperar mais um pouco, mas a terá nos braços. Padiah deu um beijo na esposa.— Volto logo.— Amo você.— Eu
— Tudo será revelado no momento certo, mas você precisa confiar. Acredite que tem pessoas que somente querem ajudar.— Já sofri muito nas mãos de um soldado. Tenho medo, posso morrer, se conversar com outro homem. — Você tem uma estrela de porcelana — falou Lakan, intuído por Magdali, que mesmo de longe, podia sentir Sarati — rogue proteção a ela e confie no homem, com quem conversou na linda floresta.Sarati continuou virando as páginas e sorria a cada imagem que via. A mais emocionante era a de uma grande cidade, com prédios enormes e carros voadores. Mais afastado ficava um palácio branco de marfim, com vitrais azuis e violetas. No centro, a estátua de um tigre, o guardião e protetor da cidade. No peito do animal, estava escrito: “Maliath Martotau Antol”.— Que língua é essa?— É a língua de nossos antepassados, os guardiões da Estrela de Thuman. Significa: “Que o tigre e a estrela nos guardem”.— Nunca vi um animal como esse. Onde eles estão.— Eles não existem mais. Foram extint
— Pois não, em que posso ajudá-lo, senhor?Padiah virou-se lentamente. Era muita emoção rever seu amigo e irmão, a mesma voz, o mesmo pigarro e anos de separação e distância. Lakan quase desmaiou quando viu de quem se tratava e correu para os braços de seu irmão mais velho.— Não estou acreditando no que meus olhos veem! Quanto tempo! Quanto tempo! Por onde andou todo esse tempo? Padiah, pensei que tivesse morrido, só sabia que não, pois ainda resta um fio de energia que nos liga, e nunca o deixei de sentir.Padiah retribuiu forte o abraçou.— Lakan, quanta saudade. Com tantas perguntas de uma vez só, gastarei uma vida para respondê-lo! — exclamou, rindo e passando a mão pelo rosto de Lakan.— Venha comigo. Tenho um lugar mais reservado para conversarmos.Lakan o levou até a escada e desceram, para a biblioteca secreta. Tratou de providenciar chá e sentou-se para escutar ao menos parte das respostas para suas indagações.— Aqui é seguro? Estou disfarçado de mercador para poder percorr