— Mamãe narrava histórias para mim, mas sempre dizia que isso era uma lenda. Ela sempre me contou estórias fantásticas sobre Jetiah, mas afirmava que não passavam de inverdades. Não compreendo por que agora o senhor está contando-me como se fosse verdade.Uma luz piscou e um alarme soou em uma espécie de pulseira no braço do homem, e ele levantou-se subitamente.— Para continuar nossa conversa, preciso que volte amanhã mais cedo. Já está ficando tarde, e é preciso que você vá para casa. Julião despertou no bar, e está indo para casa. Não fique agitada, dará tempo de você chegar. Venha amanhã, por favor.— Não sei se voltarei.— Sarati, você testemunhou a Estrela de Thuman. Umas das poucas pessoas vivas neste mundo que teve esse privilégio. Volte amanhã, confie em mim.— Como sabe disso, que vi uma estrela. Estou com medo. Não voltarei.Apenas com essa resposta, Sarati afastou-se pela mata e correu para casa. Julião ainda não voltara. Sentada no chão, com medo, sua cabeça transformou-s
— Venha comigo!— O senhor vai me ajudar. Obrigado, senhor. Obrigado. Vou conseguir salvar minha mãe de inanição. Ela só pensa em drogas.O soldado não respondeu, já estava irritadiço. Ele e Anarit regressaram para a taberna. Julião exigiu que o menino ficasse fora do estabelecimento, então ele aproveitou para passar uma mensagem para Lucadeli, enquanto Julião conversava com o dono do estabelecimento.— Senhor, preciso saber. Tinha um homem de capa preta, que saiu agora a pouco.— Sim, senhor. Ele estava sentado, aqui no balcão.— Parecia drogado?— Sim, senhor.— Então deve ser por isso. Ele derrubou um menino para roubar uma moeda de ouro. Sabe para onde ele foi, ou se ele disse alguma coisa que chamou a atenção.— Só que precisava comprar mais drogas sintéticas.— Ok, se ele voltar, me avise. Preciso dar uma lição nele. Usar droga é permitido, mas roubar, não.— Sim, senhor.Anarit corria contra o tempo, mas deu tempo, antes de Julião sair de novo, pela porta, de enviar as mensagen
— Há outra coisa que o aflige, meu marido, e essa eu desconheço. — Julião é sórdido. Ele está com um plano cruel de matar Sarati. Acho que como ele não conseguiu descobrir, que ela foi a criança que viu a estrela, precisa eliminá-la. Já não tem mais serventia.— Julião carrega um fardo, uma dor muito grande. Só posso dizer, que ele perdeu alguém muito importante, e acredita ter sido a Estrela a grande culpada.— Além de querer se projetar, junto ao Comandante Maior.— Esse não é o maior dos motivos, e sim, essa perda. No momento certo, depois que eu descobrir a verdade, conto com mais detalhes. Agora, você precisa voltar, está gastando muita energia e precisará dela, para cuidar de nossa menina.— Alair já voltou?— Está a caminho. Traga Sarati viva e bem. Não sei o que pode acontecer com aquele pobre coração, que já espera a tanto tempo.— Como você mesmo disse, ele terá que esperar mais um pouco, mas a terá nos braços. Padiah deu um beijo na esposa.— Volto logo.— Amo você.— Eu
— Tudo será revelado no momento certo, mas você precisa confiar. Acredite que tem pessoas que somente querem ajudar.— Já sofri muito nas mãos de um soldado. Tenho medo, posso morrer, se conversar com outro homem. — Você tem uma estrela de porcelana — falou Lakan, intuído por Magdali, que mesmo de longe, podia sentir Sarati — rogue proteção a ela e confie no homem, com quem conversou na linda floresta.Sarati continuou virando as páginas e sorria a cada imagem que via. A mais emocionante era a de uma grande cidade, com prédios enormes e carros voadores. Mais afastado ficava um palácio branco de marfim, com vitrais azuis e violetas. No centro, a estátua de um tigre, o guardião e protetor da cidade. No peito do animal, estava escrito: “Maliath Martotau Antol”.— Que língua é essa?— É a língua de nossos antepassados, os guardiões da Estrela de Thuman. Significa: “Que o tigre e a estrela nos guardem”.— Nunca vi um animal como esse. Onde eles estão.— Eles não existem mais. Foram extint
— Pois não, em que posso ajudá-lo, senhor?Padiah virou-se lentamente. Era muita emoção rever seu amigo e irmão, a mesma voz, o mesmo pigarro e anos de separação e distância. Lakan quase desmaiou quando viu de quem se tratava e correu para os braços de seu irmão mais velho.— Não estou acreditando no que meus olhos veem! Quanto tempo! Quanto tempo! Por onde andou todo esse tempo? Padiah, pensei que tivesse morrido, só sabia que não, pois ainda resta um fio de energia que nos liga, e nunca o deixei de sentir.Padiah retribuiu forte o abraçou.— Lakan, quanta saudade. Com tantas perguntas de uma vez só, gastarei uma vida para respondê-lo! — exclamou, rindo e passando a mão pelo rosto de Lakan.— Venha comigo. Tenho um lugar mais reservado para conversarmos.Lakan o levou até a escada e desceram, para a biblioteca secreta. Tratou de providenciar chá e sentou-se para escutar ao menos parte das respostas para suas indagações.— Aqui é seguro? Estou disfarçado de mercador para poder percorr
Padiah, depois do sonho, amanheceu com esperança de que Sarati o encontrasse, mas não foi o que aconteceu. Era quase hora do almoço quando recebeu um comunicado do irmão.— Irmão, a jovem Sarati esteve aqui, mas saiu correndo, assustada. Ainda não consigo acreditar, que Ali tenha escondido isso tudo da própria filha.— Não pensemos nisso agora. Ali e Ané já estão arrependidos, apesar que sinto, que ainda tentarão evitar o destino de Sarati. — Não é possível.— Não se preocupe, ela já estará perto de Alair. A conexão dos guardiões poderá não estar ainda concretizada, mas é uma energia muito forte.— Estarei em mentalização. E com esse aparelho que você me deu, poderei ter mais notícias.— Lakan, preciso arquitetar um plano, mas também de um favor seu. Fique de olho na casa de Sarati. Quando escutei sobre o plano do soldado, ele disse de três a quatro dias, ou seja, pode ser amanhã. Precisamos estar bem-posicionados para salvar a garota.— De madrugada, me visto de drogado, e fico na e
Sarati acelerou o galope. Inicialmente, por temor, mas também, pela ânsia de rever os pais. Em casa, estaria em segurança. A jovem começou a entender que sua percepção era real e que tudo não passava de uma grande armação de Julião. Ela não via quem a espreitava, mas sombras correndo a seu redor, davam a certeza de uma emboscada. Ela só ainda não queria crer que o próprio marido a arquitetara de maneira tão cruel. De repente, a projeção da figura de um homem de capa preta veio arrancá-la da montaria, enquanto outro parceiro a esperava no chão. Ela recebeu socos, pontapés e uma coronhada na cabeça. Desmaiou, mas logo acordou, com o chamado da estrela ‘se finja de morta, agora’. Sarati prendeu a respiração, mas mesmo com dor e quase sem sentidos, ainda escutou.— Ela está morta, já podemos receber nossa recompensa, homem. Não requer bater nessa mulher mais. Olhe a magreza e fraqueza dela. O que parecia mais experiente, colocou os dedos no nariz da mulher e não sentiu o ar saindo. A em
Sarati, com o corpo descendo do encosto da rocha, mexeu-se e gritou de dor. Só nesse momento, percebeu que sua situação era grave, pois voltou a sangrar e quase desmaiou com a agonia profunda.— Sarati, você está sangrando. Deite-se de novo.— Está doendo muito, senhor.— Eu sei, filha. Deixe-me a ajudar. Nós a encontramos já desacordada. Graças à sua estrela de porcelana, consegui localizá-la e quase surpreendi o homem contratado por Julião, com armas em punho, prontos para executá-la. Não tive como pegá-lo. Ele e outro, já galopavam longe. Acredito que pensaram que você estava morta, pois já lhe haviam dado uma pequena facada, por sorte, superficial e será essa a notícia que darão para Julião. Deite-se aqui e, enquanto faço um curativo para estancar o sangue, deixe que lhe conte ao menos um pouco da história.— Eu me fingi de morta, senhor. Acho que por isso, só me furaram superficial. Estou dolorida, cansada, triste.— Deite-se, confie. Se me deixar contar um pouco da história, ser