— Vamos arrumar as coisas.Alair ajudou Sarati a se levantar e o toque das mãos, ainda mais forte, fez os dois ficarem sem graça. Cada um se afastou, indo Alair para fora da caverna, enquanto Sarati pegava as coisas.— Os cavalos estão bem? — questionou Alair, perto de sua montaria o acarinhando.— Sobreviveram, mas estão famintos. E vocês, estão bem? Como a escondeu?— Camuflei Sarati, entretanto temo, que os soldados retornem. Creio que é melhor partirmos logo.— Onde está Sarati?— Arrumando as coisas. Vou ajudá-la.Lucadelli, de longe, sentia a força da estrela.— Pode deixar que eu vou. Sinto que não está em condições — expressou sorrindo para o amigo e dando um tapa no ombro dele, de consolo.O soldado entrou na caverna e começou a pegar os itens mais pesados, como as cobertas e garrafas de água.— Temos que ir — expressou Sarati.— Foi essa a ordem do próprio soldado. Já peguei tudo, vamos.— O que tem para os cavalos comerem? Com a tempestade de ontem, possivelmente teremos co
— Não se aflija, menina. Se realmente são os escolhidos da profecia, a estrela lhes guiará e abrirá uma passagem para que vocês dois sigam esse destino. Pelo menos é o que o manuscrito de minha esposa dizia. Isso explica por que os mandaram para esse lado da montanha.— Esse manuscrito está com o senhor ainda? — inquiriu Alair — e meu o avisou de algo.Luídi baixou a cabeça por um instante, e mais lágrimas rolaram. Contemplou o horizonte e com a voz embargada respondeu.— Minha esposa perdeu a vida para garantir a segurança desse pergaminho e de nossa filha, que vive escondida em uma caverna. Os soldados ainda a procuram. Há alguns anos, homens do Comandante vieram atrás de minha menina acreditando que pela idade ela teria sido a criança que vira a estrela. Se seu pai for Padiah, sim, mas acho que ele me deixou na surpresa, pois pelo comunicador, ele só falou assim: ‘Três jovens irão passar aí e você terá surpresas boas. Arrume o manuscrito.’— Sentimos muito pela sua esposa — lamento
— O pouco que sei, Sarati, e sinto muito por tudo o que passou, é que todas as drogas fornecidas pelo Comandante, tem o seu antídoto. Esse remédio é fornecido, apenas para os soldados do exército pessoal do poderoso. Como Julião trabalhava na Cidade Murada, ou se drogava pouco, ou conseguia no mercado clandestino.— Não quero saber dessa parte, senhor.O homem a olhou com ternura e continuou.— Sarati, quando alcançarem a passagem, não conhecemos qual será a reação da estrela. O Comandante Maior poderá obter provas de que os escolhidos ainda vivem e caminham para o monte em busca de toda a profecia, se perceber essa luz.— E como isso pode acontecer — perguntou Alair.— Não sei, Alair. Mas imagine a força poderosa da estrela. Ela quer voltar. Escolheu vocês anos atrás. Esperou Sarati estar pronta, anos depois. Não sabemos como essa passagem será aberta, e qual a energia de luz será despendida. A luz que explodirá, sabe-se lá como, pode ser vista na Cidade Central, ou até sentida pelo
— E por que primeiro a cidade, e não o palácio? — interrogou Sarati, aproximando-se da conversa, como se, de tal modo, escutando melhor, pudesse crer no que era narrado.— Porque, era dentro do palácio, onde ficava guardada a caixa da estrela que transportava a energia para o lugar e protegia quem permanecesse por lá, enquanto a estrela da praça levava energia para toda a cidade. O Comandante Maior desconhecia esse fato, julgo que nunca soube da existência dessa caixa e por isso, não a destruiu como fez com o monumento do obelisco. A situação ficou crítica quando os invasores cercaram o lar do rei e da rainha. O conselho real foi forçado a reunir-se e tomar uma decisão. Na noite da reunião, iniciou-se um barulho ensurdecedor pelas ruas. Milhares de pessoas vestidas de preto, com tochas na mão, destruíam as casas que restavam e expulsavam os últimos moradores que não aderiram ao estilo de vida imposto: armas, drogas, sexo desregrado e violência.— Então houve muitas mortes.— Não, Sar
— Geralmente os guardiões se encontram de imediato, mas vocês tiveram um desvio de percurso. Durante o período em que ficarão sozinhos, em treinamento, vejo pela espada que carrega, demonstre esse amor. Ela pode estar sentindo também, e forte, mas tem medo do que sente, e não sabe se você sente o mesmo. — Como viu a espada?— Não vi, senti. Tenho uma também.— Sarati já escolheu a dela.— Ainda não. Padiah pediu que eu a entregasse apenas quando estivéssemos e frente para a passagem.— Você já deve ter ouvido várias vezes o que vou dizer. Tenha paciência. Está mais perto do que imagina — falou Luidi, olhando para o penhasco e vendo Sarati envolta na energia da estrela.No penhasco o vento bagunçou o cabelo de Sarati, mas ela nem se preocupou. Ela chamou Manú mais uma vez e imaginou, com força, a estrela. Colocou a mão no anel que permanecia em seu vestido, escondido. Na sua mão, o objeto brilhou, e, pela terceira vez, chamou por Manú. Uma luz surgiu ao seu lado, e a forma de uma mulh
— Quando o senhor solicitou que procurasse uma suposta criança que vira a estrela, a treze anos, fui um dos soldados designados para a caça, na região de Laidê e Fasellis. Inclusive, outro pelotão, prendeu uma criança e matou o pai, por ele ter tentado defender a criança, que desapareceu também, se deixar rastro. Meu pelotão, não encontrou nada, mas na última casa, onde passamos, quando olhei uma criança, o olhar dela, me dizia que ela estava mentindo. A mãe dela, tinha uma voz hipnotizadora, suave, que nos fez acreditar na bondade daquela família. — Como era essa mulher — perguntou o Comandante transtornado.— Linda, jovem. Olhos castanhos penetrantes.— Ela usava alguma pulseira, com uma estrela dependurada.— Não, senhor. Nenhuma joia adornava sua pele. Pelo contrário, panos de segunda linha, roupas desgastadas pelo tempo e de linho.— Nome dessa mulher.— Ela não revelou o nome, senhor. E se falou, não ouvi, pois apesar de maltrapilha, é tão bela, que — Volte a história soldado.
— Eu sei, mas não consigo.— Desde quando essa palavra faz parte do seu vocabulário, Ali — perguntou Magdali — Padiah, não podemos fazer um exercício de mentalização. Acredito que pode ajudar.— Acredito que sim. Ali, o que achar.— Aonde iremos?— Na Cidade Central — respondeu à esposa de Padiah, já com a pulseira e o anel em mãos.— Ele pode me sentir, Magdali.— Ali tem razão, amor. Vá e tente perceber por que ela sentiu Carliah, depois de tanto tempo e a ponto de se desestruturar emocionalmente. Veja se ele está sentindo a estrela por perto.Ali sentiu uma dor intensa no abdômen de novo.— O que foi — perguntou Padiah.— Ele está me puxando, não consigo entender.— Por favor, Ali, mentalize a estrela. Arranque esse medo de você. Vou agora — expressou a guardiã, já se sentando no sofá ao lado. Ela acionou a energia da estrela, só a quantidade para conseguir fazer uma mentalização e não ser vista percebida pelo comandante.Padiah se sentou ao lado da pupila e abraçou com tanto amor,
— Acha que ele poderia nos sentir, se chegarmos mais perto.— Ele já teria me sentido, Magdali. Sempre achamos que eramos guardiões companheiros. Só eu percebi que não, por isso, o laço, da minha energia como guardiã, se desfez, bem antes dele tomar o poder. Carliah começou a falar sozinho, enquanto olhava para o objeto. A guardiã chegou mais perto, e Magdali foi logo depois.— Ah, Ali, será que um dia iremos nos encontrar. Nunca quis ir atrás de você, mas acho que vou começar a pensar nisso. Eu sempre a amei. Porque foi me desprezar, dizendo que a energia entre nós não existíamos. Para mim, sempre existiu — Carliah dizia, olhando para uma pintura da bela Ali, retratada em uma folha de um livro rasgada.— Ali, porque de repente ele se lembrou de você.— Não foi de repente. Vejo na mente dele a figura do soldado Julião.— Então ele sabe que você é mãe de Sarati.— Não, apaguei a memória de Julião, em relação ao meu nome. Nunca deixei que ele lembrasse. E no dia da despedida de Sarati,