— O pouco que sei, Sarati, e sinto muito por tudo o que passou, é que todas as drogas fornecidas pelo Comandante, tem o seu antídoto. Esse remédio é fornecido, apenas para os soldados do exército pessoal do poderoso. Como Julião trabalhava na Cidade Murada, ou se drogava pouco, ou conseguia no mercado clandestino.— Não quero saber dessa parte, senhor.O homem a olhou com ternura e continuou.— Sarati, quando alcançarem a passagem, não conhecemos qual será a reação da estrela. O Comandante Maior poderá obter provas de que os escolhidos ainda vivem e caminham para o monte em busca de toda a profecia, se perceber essa luz.— E como isso pode acontecer — perguntou Alair.— Não sei, Alair. Mas imagine a força poderosa da estrela. Ela quer voltar. Escolheu vocês anos atrás. Esperou Sarati estar pronta, anos depois. Não sabemos como essa passagem será aberta, e qual a energia de luz será despendida. A luz que explodirá, sabe-se lá como, pode ser vista na Cidade Central, ou até sentida pelo
— E por que primeiro a cidade, e não o palácio? — interrogou Sarati, aproximando-se da conversa, como se, de tal modo, escutando melhor, pudesse crer no que era narrado.— Porque, era dentro do palácio, onde ficava guardada a caixa da estrela que transportava a energia para o lugar e protegia quem permanecesse por lá, enquanto a estrela da praça levava energia para toda a cidade. O Comandante Maior desconhecia esse fato, julgo que nunca soube da existência dessa caixa e por isso, não a destruiu como fez com o monumento do obelisco. A situação ficou crítica quando os invasores cercaram o lar do rei e da rainha. O conselho real foi forçado a reunir-se e tomar uma decisão. Na noite da reunião, iniciou-se um barulho ensurdecedor pelas ruas. Milhares de pessoas vestidas de preto, com tochas na mão, destruíam as casas que restavam e expulsavam os últimos moradores que não aderiram ao estilo de vida imposto: armas, drogas, sexo desregrado e violência.— Então houve muitas mortes.— Não, Sar
— Geralmente os guardiões se encontram de imediato, mas vocês tiveram um desvio de percurso. Durante o período em que ficarão sozinhos, em treinamento, vejo pela espada que carrega, demonstre esse amor. Ela pode estar sentindo também, e forte, mas tem medo do que sente, e não sabe se você sente o mesmo. — Como viu a espada?— Não vi, senti. Tenho uma também.— Sarati já escolheu a dela.— Ainda não. Padiah pediu que eu a entregasse apenas quando estivéssemos e frente para a passagem.— Você já deve ter ouvido várias vezes o que vou dizer. Tenha paciência. Está mais perto do que imagina — falou Luidi, olhando para o penhasco e vendo Sarati envolta na energia da estrela.No penhasco o vento bagunçou o cabelo de Sarati, mas ela nem se preocupou. Ela chamou Manú mais uma vez e imaginou, com força, a estrela. Colocou a mão no anel que permanecia em seu vestido, escondido. Na sua mão, o objeto brilhou, e, pela terceira vez, chamou por Manú. Uma luz surgiu ao seu lado, e a forma de uma mulh
— Quando o senhor solicitou que procurasse uma suposta criança que vira a estrela, a treze anos, fui um dos soldados designados para a caça, na região de Laidê e Fasellis. Inclusive, outro pelotão, prendeu uma criança e matou o pai, por ele ter tentado defender a criança, que desapareceu também, se deixar rastro. Meu pelotão, não encontrou nada, mas na última casa, onde passamos, quando olhei uma criança, o olhar dela, me dizia que ela estava mentindo. A mãe dela, tinha uma voz hipnotizadora, suave, que nos fez acreditar na bondade daquela família. — Como era essa mulher — perguntou o Comandante transtornado.— Linda, jovem. Olhos castanhos penetrantes.— Ela usava alguma pulseira, com uma estrela dependurada.— Não, senhor. Nenhuma joia adornava sua pele. Pelo contrário, panos de segunda linha, roupas desgastadas pelo tempo e de linho.— Nome dessa mulher.— Ela não revelou o nome, senhor. E se falou, não ouvi, pois apesar de maltrapilha, é tão bela, que — Volte a história soldado.
— Eu sei, mas não consigo.— Desde quando essa palavra faz parte do seu vocabulário, Ali — perguntou Magdali — Padiah, não podemos fazer um exercício de mentalização. Acredito que pode ajudar.— Acredito que sim. Ali, o que achar.— Aonde iremos?— Na Cidade Central — respondeu à esposa de Padiah, já com a pulseira e o anel em mãos.— Ele pode me sentir, Magdali.— Ali tem razão, amor. Vá e tente perceber por que ela sentiu Carliah, depois de tanto tempo e a ponto de se desestruturar emocionalmente. Veja se ele está sentindo a estrela por perto.Ali sentiu uma dor intensa no abdômen de novo.— O que foi — perguntou Padiah.— Ele está me puxando, não consigo entender.— Por favor, Ali, mentalize a estrela. Arranque esse medo de você. Vou agora — expressou a guardiã, já se sentando no sofá ao lado. Ela acionou a energia da estrela, só a quantidade para conseguir fazer uma mentalização e não ser vista percebida pelo comandante.Padiah se sentou ao lado da pupila e abraçou com tanto amor,
— Acha que ele poderia nos sentir, se chegarmos mais perto.— Ele já teria me sentido, Magdali. Sempre achamos que eramos guardiões companheiros. Só eu percebi que não, por isso, o laço, da minha energia como guardiã, se desfez, bem antes dele tomar o poder. Carliah começou a falar sozinho, enquanto olhava para o objeto. A guardiã chegou mais perto, e Magdali foi logo depois.— Ah, Ali, será que um dia iremos nos encontrar. Nunca quis ir atrás de você, mas acho que vou começar a pensar nisso. Eu sempre a amei. Porque foi me desprezar, dizendo que a energia entre nós não existíamos. Para mim, sempre existiu — Carliah dizia, olhando para uma pintura da bela Ali, retratada em uma folha de um livro rasgada.— Ali, porque de repente ele se lembrou de você.— Não foi de repente. Vejo na mente dele a figura do soldado Julião.— Então ele sabe que você é mãe de Sarati.— Não, apaguei a memória de Julião, em relação ao meu nome. Nunca deixei que ele lembrasse. E no dia da despedida de Sarati,
Lucadeli e Luídi partiriam logo cedo, no outro dia. Foi uma noite sem sonhos, mas, mesmo assim, ela acordou com o corpo cansado, a tensão fazia-se visível. A alvorada fazia-se mais luminosa e o clima estava ameno, algo inacreditável para um mundo que existia praticamente na escuridão. Uma ínfima claridade emanada do monte, era uma luz em forma de raio que transportava a percepção de vida.Alair acordou bem cedo e preparou um café-da-manhã para os dois viajantes. Luidi, com uma pequena mala de mão, apenas, saiu do quarto e foi recepcionado com um cheiro delicioso. Era um homem bonito, apesar de mais velho, Mesmo carregando a tristeza pela morte da esposa, tinha uma beleza interior, gerada pela força da estrela. Estava ansioso por encontrar a filha, sabia que teria que antes passar na caverna de Padiah, como Lucadelli explicará, mas estava contando os minutos para rever Salari. Nem imaginava a surpresa que o aguardava.— O cheiro está bom, Alair. Não sabia que era prendado.— Na caverna
— Então como saberemos que nos pertencem, Alair? E imagino que já saiba qual é a sua.— No dia em que minha mãe lhe presenteou com a estrela de porcelana, na festa de Laidé, ela cintilou quando a tocou. Aquele brilho revelou aos meus pais que você era a outra escolhida. Padiah levou essas duas espadas camufladas em sua carroça. Você não nos conhecia, estava absorta com seus pais. Não sabia da existência de uma profecia e dessas armas também. Minha mãe conjurou uma energia paralela, entre o objeto e a espada guardada. Se você tocasse a estrela de porcelana e tanto, ela quanto a espada brilhasse, confirmaria a criança que vira a estrela. Naquele momento em que você tocou a peça, a pedra brilhou, e agora, a seu toque, a sua espada também vai brilhar, indicando sua dona.— A cada momento, deparo-me com mais revelações sobre meu passado. Como fui tão boba e insegura. Se eu não tivesse sido tão submissa aos comandos de meus pais, não estaria atrasada com essa missão.— Sarati, permaneci tam