— Eu sei, mas não consigo.— Desde quando essa palavra faz parte do seu vocabulário, Ali — perguntou Magdali — Padiah, não podemos fazer um exercício de mentalização. Acredito que pode ajudar.— Acredito que sim. Ali, o que achar.— Aonde iremos?— Na Cidade Central — respondeu à esposa de Padiah, já com a pulseira e o anel em mãos.— Ele pode me sentir, Magdali.— Ali tem razão, amor. Vá e tente perceber por que ela sentiu Carliah, depois de tanto tempo e a ponto de se desestruturar emocionalmente. Veja se ele está sentindo a estrela por perto.Ali sentiu uma dor intensa no abdômen de novo.— O que foi — perguntou Padiah.— Ele está me puxando, não consigo entender.— Por favor, Ali, mentalize a estrela. Arranque esse medo de você. Vou agora — expressou a guardiã, já se sentando no sofá ao lado. Ela acionou a energia da estrela, só a quantidade para conseguir fazer uma mentalização e não ser vista percebida pelo comandante.Padiah se sentou ao lado da pupila e abraçou com tanto amor,
— Acha que ele poderia nos sentir, se chegarmos mais perto.— Ele já teria me sentido, Magdali. Sempre achamos que eramos guardiões companheiros. Só eu percebi que não, por isso, o laço, da minha energia como guardiã, se desfez, bem antes dele tomar o poder. Carliah começou a falar sozinho, enquanto olhava para o objeto. A guardiã chegou mais perto, e Magdali foi logo depois.— Ah, Ali, será que um dia iremos nos encontrar. Nunca quis ir atrás de você, mas acho que vou começar a pensar nisso. Eu sempre a amei. Porque foi me desprezar, dizendo que a energia entre nós não existíamos. Para mim, sempre existiu — Carliah dizia, olhando para uma pintura da bela Ali, retratada em uma folha de um livro rasgada.— Ali, porque de repente ele se lembrou de você.— Não foi de repente. Vejo na mente dele a figura do soldado Julião.— Então ele sabe que você é mãe de Sarati.— Não, apaguei a memória de Julião, em relação ao meu nome. Nunca deixei que ele lembrasse. E no dia da despedida de Sarati,
Lucadeli e Luídi partiriam logo cedo, no outro dia. Foi uma noite sem sonhos, mas, mesmo assim, ela acordou com o corpo cansado, a tensão fazia-se visível. A alvorada fazia-se mais luminosa e o clima estava ameno, algo inacreditável para um mundo que existia praticamente na escuridão. Uma ínfima claridade emanada do monte, era uma luz em forma de raio que transportava a percepção de vida.Alair acordou bem cedo e preparou um café-da-manhã para os dois viajantes. Luidi, com uma pequena mala de mão, apenas, saiu do quarto e foi recepcionado com um cheiro delicioso. Era um homem bonito, apesar de mais velho, Mesmo carregando a tristeza pela morte da esposa, tinha uma beleza interior, gerada pela força da estrela. Estava ansioso por encontrar a filha, sabia que teria que antes passar na caverna de Padiah, como Lucadelli explicará, mas estava contando os minutos para rever Salari. Nem imaginava a surpresa que o aguardava.— O cheiro está bom, Alair. Não sabia que era prendado.— Na caverna
— Então como saberemos que nos pertencem, Alair? E imagino que já saiba qual é a sua.— No dia em que minha mãe lhe presenteou com a estrela de porcelana, na festa de Laidé, ela cintilou quando a tocou. Aquele brilho revelou aos meus pais que você era a outra escolhida. Padiah levou essas duas espadas camufladas em sua carroça. Você não nos conhecia, estava absorta com seus pais. Não sabia da existência de uma profecia e dessas armas também. Minha mãe conjurou uma energia paralela, entre o objeto e a espada guardada. Se você tocasse a estrela de porcelana e tanto, ela quanto a espada brilhasse, confirmaria a criança que vira a estrela. Naquele momento em que você tocou a peça, a pedra brilhou, e agora, a seu toque, a sua espada também vai brilhar, indicando sua dona.— A cada momento, deparo-me com mais revelações sobre meu passado. Como fui tão boba e insegura. Se eu não tivesse sido tão submissa aos comandos de meus pais, não estaria atrasada com essa missão.— Sarati, permaneci tam
O forte impacto desequilibrou suas pernas, e Sarati só não foi ao chão, pois Alair a segurou e não a deixou que desabasse. Assim que se equilibrou, e foi pega pelas mãos fortes de Alair, os dois perceberam o quão estavam próximos. O coração de Sarati galopou furiosamente, e o braço, ainda apoiado pelas mãos fortes de Alair, sentiu uma percepção enigmática. Foram apenas segundos dessa conexão tão significativa, porém fora intenso. No entanto, em seguida, o senso de dever chamou o jovem à razão para o que tinha acontecido e ela se afastou dois passos para trás.— Sarati, veja. A sua espada a escolheu. Agora preciso lhe ensinar a usá-la.Ele afastou-se, empunhou sua espada e a investiu contra ela, fazendo com que, dessa vez, pelo choque das lâminas e a força empregada, Sarati fosse ao chão. As costas dela doíam, e surpreendeu-se por ter se defendido com a espada, que jazia cravada na espada de Alair em posição de defesa. O rapaz, então, começou a rir.— Por acaso sou uma pessoa engraçad
Sarati levantou as pontas dos pés e viu a toalha amontoada no chão. — O que vou fazer?Ela olhou para a janela, Alair estava, agora de costas, cortava alguns legumes para colocar junto a carne.— Se eu sair, e ele virar, vai me ver nua. O que faço — pensou a guardiã — Ah, minhas roupas, seco com elas. Deixei dependuradas na porta.Mais uma travessura da estrela. As roupas também voaram para longe.— Como essa toalha e essas roupas foram parar tão longe. Não teve nenhum vento. Será que eu estava tão assustada com os sonhos que não senti o vento. O que vou fazer?— Sarati — gritou Alair da porta — o almoço está pronto. Já terminou.A guardiã, com as mãos no rosto de vergonha, teve que responder e pedir ajuda, ou ficaria lá o dia todo.— Alair, estou com um pequeno problema. Você terá que me ajudar, mas também terá que me prometer algo muito importante.Ela ouviu os passos dele saindo da casa.— Não venha aqui, antes de me escutar e me prometer.— Estou parado. Pode falar.Sarati olhou
Ele a esperava de fora, vestido da mesma forma que ela, sendo o único diferencial os modelos serem masculinos.— Uau! Agora, sim, assemelha-se a uma guardiã da estrela!— Eu acreditava que guardiões trajavam vestidos ou túnicas.— Os de milênios atrás, sim e quando estão praticando alguns rituais ou nas aulas. Pelo menos foi o que meu pai me ensinou, quando me entregou essas roupas. E ele ainda acrescentou: — Filho, você é um guardião moderno. E Sarati também.— Preciso colocar isso em você. Posso?— E seu eu disser que não.— Aí, terá que colocar sozinha e não é fácil. Se quiser tentar.Ela abriu os braços para Alair. Ele depositou um cinto de couro trespassado pelo tórax dela, prendeu-o à cintura da jovem e acomodou a espada nas costas de Sarati. Esse gesto levou o rosto dos dois a uma proximidade incomoda, e sufocante, mais uma vez.— Você não me ensinará a lutar?— Sim, mas só depois que tiver músculos e força suficientes para manusear uma espada. Corra, Sarati, corra! — mandou Al
— Também acho que devemos dormir e buscar amanhã essa resposta — concordou, o guardião, com os olhos chamejantes e a voz rouca pela emoção que lhe tomava.Ela retirou sua outra mão, bem rápido e quase correndo retirou-se para a cama. Ao deitar-se, rogou à Manú que auxiliasse seu coração. Sarati temia que mais uma decepção viesse e ele se partisse ao meio. Por isso, ansiava que a estrela indicasse outra forma de abrir a passagem. Manú não veio, mas outro sonho, bem romântico, com direito a beijo, na encosta do morro, teve e mais uma vez, Alair a acordou bem no momento crucial.— Sarati, café da manhã. Temos que treinar.Ela levantou o tronco, o cabelo todo desarrumado.— Alair, porque você tem o dom de me acordar quando não estou tendo um pesadelo e sim, o melhor dos sonhos.— Porque não posso adivinhar que está tendo um sonho.— Mas você não pode ler mentes.— Só quando aciono esse dom, e como ele faz eu gastar muita energia, só acionei aquele dia, para a irritar.Sarati pegou o trave