POV DARIUS.— Apenas quando acho que vale a pena. E, no caso de Alice, vale mais do que qualquer coisa. — Minha voz saiu mais suave, mas não menos convicta. — Contudo, quero que minhas ações falem mais alto que minhas palavras. Estou disposto a provar meu valor, senhora Miller. — Falei. Ela ficou em silêncio por um momento, avaliando cada palavra minha com olhos atentos. Finalmente, soltou um longo suspiro e olhou para Alice. — Ainda não gosto dele. Mas vou dar uma chance de se redimir. E também não posso fazer nada por enquanto, já que esse rapaz parece ter grudado em nossa família. — Disse Antonia, nada feliz. Ela voltou seu olhar firme para mim. — Não me dê motivos para me arrepender. Mas não pense que me conquistou ou vou facilitar para você. — Disse séria e firme. Assenti, mantendo meu tom sereno e direto. — Não darei, senhora Miller. É uma promessa. — Falei. Eu estava me esforçando e muito para ser gentil e atencioso. Não era da minha natureza lupina amaldiçoada ser tão ge
POV ALICE.Engoli em seco. Não tinha mais como fugir da verdade. Agatha e Bartolomeu nos deixaram sozinhas para conversarmos. Suspirei, reunindo coragem para começar a explicar.— Mãe, eu… — comecei, hesitante. — Foi a única forma de conseguir para pagar sua cirurgia e o tratamento. A senhora estava morrendo, eu não poderia assistir parada sem fazer nada. Minha primeira opção era vender o sítio, mas ele já não é mais nosso. Meus amigos não tinham a quantia para me emprestar, e o prazo era curtíssimo. Sua vida estava em risco e precisava ser operada com urgência. Darius foi a única saída naquele momento, então fiz o que era preciso. — Expliquei, nervosa e com medo do que minha mãe pensaria. Ela piscou, surpresa, e sua expressão mesclava frustração e incredulidade.— Então, você aceitou se casar com ele para me salvar? — perguntou, irritada.— Sim… mas eu… — Não consegui terminar a frase. Ela suspirou, parecendo reunir forças para continuar:— Eu não queria que você se sacrificasse por
POV DARIUS.Fiquei no corredor aguardando Alice e a mãe saírem. Doutor Afonso veio em direção ao quarto e parou em minha frente antes de entrar.— Bom dia, senhor Moss. — Me cumprimentou.— Bom dia! Como está o estado de saúde da senhora Miller? — Perguntei sem delonga. Afonso suspirou.— A senhora Miller está bem e pode receber alta, mas terá que fazer um tratamento para arritmia. Expliquei para ela e à senhorita Miller que isso é consequência do infarto, e que é uma alteração no ritmo ou frequência do batimento do coração. — Informou Afonso. Eu não queria me preocupar com Antônia, mas acabei me preocupando pela Alice.— Quais são os sintomas dessa arritmia e o tratamento? — Perguntei, querendo explicações para saber como prosseguir.— A senhora Miller sentirá palpitações, batimentos cardíacos irregulares ou lentos, dor no peito, tontura ou desmaio. O tratamento será feito com remédios antiarrítmicos. Não vejo necessidade de intervenção cirúrgica ou colocação de marcapasso. Recomendo
POV DARIUS.— Gatos não combinam com lobos. Desde quando nossa companheira tem esse tipo de animal? Eu não senti cheiro de gato no sítio. — Murmurou Baltazar mentalmente, descontente claramente com a ideia de trazer um felino para a nossa casa. Ignorei-o. Alice já estava suficientemente irritada, e essa questão era pequena demais para causar mais atritos.— Claro, podemos buscar a sua gata antes de irmos para a minha casa. — Respondi, mantendo a calma.Alice me olhou desconfiada, talvez surpresa por eu não contestar. O olhar dela se suavizou um pouco, mas não o suficiente para dissipar o clima tenso. Ela passou o endereço para o meu motorista.Chegamos à casa de Abigail em poucos minutos. Alice desceu rapidamente, indo até a porta para buscar a gatinha. Observei de longe enquanto ela voltava com um pequeno animal em seus braços, um gato de pelos brancos. Baltazar rosnou, e eu também.— Aquilo ali não tem cheiro de gato. — Disse Baltazar mentalmente.— Eu também senti. Esse ser não é u
POV ALICE.Eu sabia que aceitar aquele acordo com Darius seria complicado, mas não imaginava o quanto. Ele era controlador, teimoso e cheio de mistérios que pareciam envolver tudo ao seu redor. Porém, a segurança da minha mãe e o bem-estar dela eram mais importantes do que minha irritação com ele.Quando mencionei buscar Lulu, não esperava que ele concordasse tão facilmente. Eu já estava preparada para uma discussão, mas, para minha surpresa, ele aceitou sem questionar. Claro, ele disfarçou bem, mas não parecia estar feliz com a ideia. O problema de Darius é que ele acha que pode controlar tudo, até mesmo os detalhes mais simples da minha vida.Chegar à casa de Abigail e ver Lulu novamente foi um alívio. Desde que mamãe a encontrou, faminta e assustada, ela se tornou uma companhia preciosa, era estranho como me sentia bem em sua presença.— Obrigada, Abi, por cuidar da Lulu. — Agradeci pegando Lulu.— Não foi nada, Lice. Lulu é uma lady, não deu nem trabalho. Se precisar, é só avisar
POV ALICE.Ele ficou em silêncio por alguns segundos, me observando. Por um momento, achei que fosse insistir, então deu um pequeno sorriso e saiu do quarto. Quando a porta se fechou, suspirei e olhei para Lulu.— Pelo visto, estamos em território inimigo, garota. Mas não se preocupe, vou cuidar de você. Não vou deixá-lo te levar para longe de mim. Mas sugiro que não fique andando por aí. Vai que ele mande alguém te pegar e colocar no canil com os cães ou em um gatil, se tiver um nessa mansão. — Comentei. Lulu miou como se concordasse.Ela ronronou em resposta, como se entendesse. Eu sabia que viver ali não seria fácil, mas pelo menos tinha minha mãe e Lulu ao meu lado. Isso era tudo que eu precisava para continuar enfrentando Darius e suas tentativas de me dominar.Depois que Darius saiu do quarto, o silêncio foi como um alívio. Era bom, finalmente, ter um momento só para mim e Lulu. Acariciei seu pelo macio, deixando meus pensamentos vagarem. Tudo naquela mansão era exagerado, luxuo
POV DARIUS.Eu saí do quarto de Alice sem conseguir identificar o que aquele gato era. O cheiro dela não era de um felino, mas meu olfato não conseguiu reconhecer. Ficar sem informações não me agradava.— Precisamos pegar aquela gata sozinhos. — Comentou Baltazar.— Alice não vai deixar ela sair do quarto. E Lulu sabe que não a queremos aqui, então vai evitar sair de perto de Alice. — Comentei.— Você não tinha que falar que não queria a gata no quarto. Isso deixou nossa companheira desconfiada. Mas logo Lulu terá que sair para fazer suas necessidades de felino. — Baltazar continuou.— Sim, ela não aguentará ficar trancada naquele quarto. — Falei, quando encontrei minha mãe na sala com meu pai.— Tudo bem, meu filho? — Perguntou mamãe.— Não. Aquela gata de Alice é um ser sobrenatural. — Comentei. Meu pai olhou surpreso.— Achei o cheiro dela estranho. — Falou minha mãe.— Você não reconheceu o que ela é? — Perguntou meu pai.— Não. O que quer que seja, ocultou bem seu cheiro, ou está
POV DARIUS.Minha mãe saiu do escritório, deixando-me sozinho com meus pensamentos. As palavras dela ecoavam em minha mente: — Guardiões… Um ser mágico enviado por algo poderoso para proteger Alice. Quem é você, Alice Miller? — me perguntava.Minha cabeça latejava com as possibilidades. Quem poderia ter enviado Lulu? E, mais importante, por quê? Eu não podia ignorar que isso poderia representar um perigo não apenas para Alice, mas para todos à minha volta. Não posso permitir mais uma ameaça à minha alcateia. Eu já sou uma grande ameaça para agora aparecer outra.— Se Alice precisa de proteção, é porque algo está atrás dela. Darius, precisamos descobrir o que está acontecendo com nossa companheira. Vamos pegar aquela gata e dar um aperto nela até que ela fale — disse Baltazar, nervoso.— Quer se acalmar? E quem disse que aquela gata pode falar? — perguntei, impaciente.— Ela é um ser sobrenatural em forma de gato. Então, deve falar — comentou Baltazar.Não consegui permanecer sentado.