POV ALICE.Eu sabia que aceitar aquele acordo com Darius seria complicado, mas não imaginava o quanto. Ele era controlador, teimoso e cheio de mistérios que pareciam envolver tudo ao seu redor. Porém, a segurança da minha mãe e o bem-estar dela eram mais importantes do que minha irritação com ele.Quando mencionei buscar Lulu, não esperava que ele concordasse tão facilmente. Eu já estava preparada para uma discussão, mas, para minha surpresa, ele aceitou sem questionar. Claro, ele disfarçou bem, mas não parecia estar feliz com a ideia. O problema de Darius é que ele acha que pode controlar tudo, até mesmo os detalhes mais simples da minha vida.Chegar à casa de Abigail e ver Lulu novamente foi um alívio. Desde que mamãe a encontrou, faminta e assustada, ela se tornou uma companhia preciosa, era estranho como me sentia bem em sua presença.— Obrigada, Abi, por cuidar da Lulu. — Agradeci pegando Lulu.— Não foi nada, Lice. Lulu é uma lady, não deu nem trabalho. Se precisar, é só avisar
POV ALICE.Ele ficou em silêncio por alguns segundos, me observando. Por um momento, achei que fosse insistir, então deu um pequeno sorriso e saiu do quarto. Quando a porta se fechou, suspirei e olhei para Lulu.— Pelo visto, estamos em território inimigo, garota. Mas não se preocupe, vou cuidar de você. Não vou deixá-lo te levar para longe de mim. Mas sugiro que não fique andando por aí. Vai que ele mande alguém te pegar e colocar no canil com os cães ou em um gatil, se tiver um nessa mansão. — Comentei. Lulu miou como se concordasse.Ela ronronou em resposta, como se entendesse. Eu sabia que viver ali não seria fácil, mas pelo menos tinha minha mãe e Lulu ao meu lado. Isso era tudo que eu precisava para continuar enfrentando Darius e suas tentativas de me dominar.Depois que Darius saiu do quarto, o silêncio foi como um alívio. Era bom, finalmente, ter um momento só para mim e Lulu. Acariciei seu pelo macio, deixando meus pensamentos vagarem. Tudo naquela mansão era exagerado, luxuo
POV DARIUS.Eu saí do quarto de Alice sem conseguir identificar o que aquele gato era. O cheiro dela não era de um felino, mas meu olfato não conseguiu reconhecer. Ficar sem informações não me agradava.— Precisamos pegar aquela gata sozinhos. — Comentou Baltazar.— Alice não vai deixar ela sair do quarto. E Lulu sabe que não a queremos aqui, então vai evitar sair de perto de Alice. — Comentei.— Você não tinha que falar que não queria a gata no quarto. Isso deixou nossa companheira desconfiada. Mas logo Lulu terá que sair para fazer suas necessidades de felino. — Baltazar continuou.— Sim, ela não aguentará ficar trancada naquele quarto. — Falei, quando encontrei minha mãe na sala com meu pai.— Tudo bem, meu filho? — Perguntou mamãe.— Não. Aquela gata de Alice é um ser sobrenatural. — Comentei. Meu pai olhou surpreso.— Achei o cheiro dela estranho. — Falou minha mãe.— Você não reconheceu o que ela é? — Perguntou meu pai.— Não. O que quer que seja, ocultou bem seu cheiro, ou está
POV DARIUS.Minha mãe saiu do escritório, deixando-me sozinho com meus pensamentos. As palavras dela ecoavam em minha mente: — Guardiões… Um ser mágico enviado por algo poderoso para proteger Alice. Quem é você, Alice Miller? — me perguntava.Minha cabeça latejava com as possibilidades. Quem poderia ter enviado Lulu? E, mais importante, por quê? Eu não podia ignorar que isso poderia representar um perigo não apenas para Alice, mas para todos à minha volta. Não posso permitir mais uma ameaça à minha alcateia. Eu já sou uma grande ameaça para agora aparecer outra.— Se Alice precisa de proteção, é porque algo está atrás dela. Darius, precisamos descobrir o que está acontecendo com nossa companheira. Vamos pegar aquela gata e dar um aperto nela até que ela fale — disse Baltazar, nervoso.— Quer se acalmar? E quem disse que aquela gata pode falar? — perguntei, impaciente.— Ela é um ser sobrenatural em forma de gato. Então, deve falar — comentou Baltazar.Não consegui permanecer sentado.
POV ALICE.Quando abri os olhos, a escuridão me deixou confusa. O cansaço acumulado dos últimos dias tinha me vencido completamente. Mal cheguei à casa de Darius e apaguei, dormindo a tarde inteira sem nem perceber. Suspirei fundo, tentando organizar os pensamentos enquanto meus olhos se acostumavam à penumbra.— Preciso de um banho — murmurei para mim mesma. Estiquei a mão e liguei o abaju, clareando o quarto.Levantei-me da cama devagar, sentindo o corpo ainda pesado pelo sono prolongado. O quarto era um reflexo da mansão: luxuoso, imponente, quase intimidante. As paredes eram pintadas em tons suaves de creme, contrastando com os detalhes em madeira de lei do mobiliário. Uma cama enorme, com lençóis de algodão impecáveis, ocupava o centro. As cortinas pesadas bloqueavam qualquer vestígio de luz externa. Havia um toque de sofisticação em cada canto, mas para mim, aquilo tudo parecia excessivo.— Não me lembro de ter fechado as cortinas. Deixe para lá. — Falei confusa, olhando para a
POV ALICE.O sol entrava pelas cortinas semiabertas quando acordei, sentindo uma leve rigidez no corpo por conta do colchão macio demais. Não era o tipo de conforto a que estava acostumada, mas ao menos consegui descansar. Esfreguei os olhos e me espreguicei, sabendo que o dia seria longo e cheio de desafios. Ainda deitada, ouvi o barulho baixo de pássaros do lado de fora e respirei fundo, tentando acalmar o aperto que já se instalava em meu peito.Levantei e fui para o banheiro para fazer minha higiene matinal. Fiquei alguns minutos observando minha imagem no espelho. O rosto cansado e a preocupação estampada em cada traço denunciavam que minha mente não descansara por completo.Após me vestir, caminhei até o quarto da minha mãe. Bati de leve na porta antes de entrar. Ela estava sentada na cama, arrumando os travesseiros atrás de si. Um sorriso cansado iluminou seu rosto quando me viu.— Bom dia, filha — disse ela, com a voz suave, mas cheia de carinho.— Bom dia, sua benção mãe. Dor
POV ALICE.A palavra família ressoou de maneira inesperada. Eu quase não soube como responder, então me limitei a um sorriso educado. Antes que a conversa pudesse se aprofundar, Agatha mudou de assunto e o café continuou tranquilamente.Quando terminamos o café da manhã, ajudei minha mãe a se levantar com cuidado, ajustando seu braço no meu para lhe dar apoio. Antes de sairmos da sala de jantar, Agatha se aproximou, com um sorriso acolhedor no rosto.— Alice, fique tranquila. Vou fazer companhia para sua mãe enquanto você conversa com Darius — disse ela, colocando uma mão suave no ombro de minha mãe. Suspirei profundamente, tentando aliviar a tensão que se acumulava em meu peito.— Obrigada, Agatha. Agradeço muito. — Falei agradecida.Nos dirigimos à sala de estar, um ambiente tão grandioso quanto o resto da casa, com móveis luxuosos e uma enorme lareira que parecia ter saído de uma revista. Senhor Bartolomeu indicou o caminho para o escritório de Darius.— O escritório fica seguindo
POV DARIUS.Eu me sentei na poltrona logo após Alice sair do escritório, fechando a porta com mais força do que deveria. Desastrada. O som ecoou na sala silenciosa, e um suspiro escapou dos meus lábios. Por mais que tentasse manter a compostura, a intensidade daquela humana estava começando a mexer comigo de formas que eu não estava preparado para admitir. Ela era teimosa, impetuosa, mas havia algo nela que me fazia querer dominá-la e, ao mesmo tempo, compreendê-la.— Ela vai nos dar trabalho — murmurei, deixando minha cabeça repousar contra o encosto da poltrona.— Trabalho? É lógico que Alice dará trabalho, Darius. Nossa companheira é teimosa, mas você não facilita também. É sempre grosseiro com ela e fez a mãe dela ir parar no hospital. O que esperava? Que ela se jogasse em seus braços? — perguntou Baltazar. Seu tom era firme, mas carregado de uma ironia que não escapava a mim. — Alice é um furacão de teimosia, e você sabe disso — comentou.Fechei os olhos, buscando o equilíbrio qu