POV ALICE.Após sair do escritório de Darius, senti que precisava de ar, de espaço para processar tudo o que acabara de acontecer. Minhas mãos ainda tremiam enquanto eu me apoiava na parede do corredor, tentando recuperar o controle da respiração.Darius era intenso, e estar aqui na sua mansão me fazia sentir como se eu estivesse sendo empurrada para uma prisão dourada. As palavras dele ecoavam na minha mente:— Algumas obrigações de esposa. — Sussurrei.O que será que ele estava pensando quando falou essa frase? Aquela frase me soava opressiva. Darius era um homem autoritário. Ele queria moldar minha vida conforme as regras dele, e isso me revoltava profundamente.Caminhei pelo corredor, queria chegar até meu quarto, em busca de algum sossego. Quando passei pela sala de estar, minha mãe não estava. Subi as escadas e fui em direção ao quarto. Assim que entrei, senti um pouco de calma, mas minha mente continuava trabalhando freneticamente. Peguei uma folha de papel na minha bolsa e com
POV DARIUS.Continuei trabalhando no meu escritório. Alfa Estevão estava me causando problemas ao norte. Preciso lembrá-lo quem eu sou. Acho que ele esqueceu com quem está lidando ou perdeu o juízo. Distraído entre contratos das empresas humanas e relatórios da alcateia que eram passados por meus betas mentalmente, eu nem percebi que a noite havia chegado.A noite caiu, trazendo consigo um silêncio que eu apreciava. A mansão estava silenciosa; eu gostava disso, e todos sabiam. De repente, comecei a pensar em Alice. Ela, pouco a pouco, estava invadindo meus pensamentos. Contra minha vontade, o vínculo de companheirismo estava me afetando. Eu não podia admitir que estava começando a gostar dela.Alice era uma humana única, e sua oposição à minha autoridade me intrigava e irritava em medidas iguais. Ela era diferente de qualquer outro ser que eu conhecera, e essa diferença fazia meu mundo, sempre tão controlado, sair dos eixos. Sacudi a cabeça para tirá-la de minha mente; eu precisava vo
POV ALICE.O jantar até que foi bom, apesar da pequena tensão. Minha mãe contou que eu não comia carne, e Darius reclamou que eu deveria ter avisado. Eu estava nervosa e ansiosa, sem saber como me portar perto dele. A maneira como ele me olhou quando mencionou o contrato e as exigências me deixou inquieta. Havia algo nele que sempre me tirava do eixo. Porém, eu não ia permitir que ele tivesse essa vantagem sobre mim. Não deixaria que ele percebesse o efeito que provoca em mim. Saí da mesa de jantar acompanhada da minha mãe. Ela estava cansada e queria se deitar, então a acompanhei até o quarto e fiquei fazendo-lhe companhia.— Você está bem, minha filha? — perguntou minha mãe.— Estou nervosa com a reunião de amanhã — falei, sem querer me aprofundar no assunto para não preocupá-la.— É somente isso? — perguntou novamente.— Sim, não se preocupe, mamãe. Não quero que a senhora se chateie com esse assunto. Posso lidar com Darius — informei. Minha mãe pegou em minha mão com ternura.— V
POV DARIUS.Minha noite teria sido tranquila, se não fosse Baltazar me infernizando o pensamento com sua ansiedade para amanhecer e assinarmos o contrato de casamento. Baltazar queria ter nossa companheira ao nosso lado e se revelar para ela. Ele acreditava que Alice iria ficar encantada quando soubesse que ele é seu lobinho. Mas tenho minhas dúvidas. Alice ama os animais, mas não sei como reagirá com a revelação do mundo sobrenatural.Antes do sol nascer, me levantei, tomei um banho, me arrumei e saí do quarto. Cheguei à sala de jantar e fui direto para a cozinha, o que causou um alvoroço nos ômegas que estavam tomando café antes de começar suas tarefas diárias na mansão.Eles se levantaram assustados e se curvaram. Ômegas são lobos submissos aos mais fortes; eles temem um alfa. Meus ômegas sentem muito medo de mim, mas acho que esse sentimento é normal entre toda a sociedade lycan. Todos me temem e tremem de medo só em ouvir meu nome.Ser um rei alfa supremo e amaldiçoado traz essa
POV DARIUS.Por um momento, o silêncio se instalou. Apenas nossas respirações podiam ser ouvidas, e a tensão era quase palpável. Baltazar falou novamente, sua voz mais firme desta vez.— Darius, você está perdendo o controle. Recuar não é fraqueza, é sabedoria. Mostre a ela que você pode ser razoável. — Disse Baltazar. Respirei fundo e dei um passo para trás, quebrando o contato visual.— Tudo bem — comecei, minha voz mais controlada agora —, nós dois vamos nos sentar, como dois seres civilizados. E vamos combinar nossas listas e ajustar o contrato de uma maneira que agrade a ambos. Mas saiba disso, Alice: algumas coisas não são negociáveis para mim. — Comentei. Ela me observou por um momento, sua expressão indecifrável. Finalmente, assentiu.— Tudo bem, vamos conversar. Mas não pense que vou ceder facilmente, Darius. — falou séria. Eu sorri, um sorriso tão cheio de provocação quanto de respeito.— Eu não esperaria nada menos de você, Alice. — Mencionei. Eu apreciava sua determinação.
POV ALICE.Saí do escritório com passos firmes, mas não apressados. Cada passo ecoava a confusão dentro de mim. O toque quente da mão dele ainda parecia latejar na minha pele, como uma fagulha que se recusava a apagar. Minha mente fervilhava com tudo o que havia conversado com Darius. As palavras dele ainda ecoavam na minha cabeça, cada frase impregnada de intenção, cada olhar mais intenso do que eu estava preparada para suportar. Apertei as mãos contra o corpo, tentando afastar o calor que ainda teimava em pulsar na minha pele, resultado daquele aperto de mãos. Como ele ousava? Como meu corpo ousava reagir daquela forma? Não era minha culpa, era dele.— Como Darius ousa? Como pode me deixar assim? — pensei, cerrando os punhos.— Isso é patético, Alice — murmurei para mim mesma.Subi as escadas apressadamente, ignorando as decorações luxuosas que pareciam zombar de mim. Tudo aquilo era dele, cada centímetro daquele lugar representava a autoridade que ele exercia sobre minha vida agor
POV ALICE.— Pare com isso! Eu não estou começando a gostar de Darius. Isso seria… seria loucura! Ele mudou minha vida tranquila, está me obrigando a esse casamento. Eu não sinto nada por ele. — Pedi. Ela permaneceu em silêncio, me encarando com aqueles olhos penetrantes. Era quase insuportável.— Eu não quero sentir nada por ele, Lulu. Ele virou minha vida e a da mamãe de cabeça para baixo. Ele me tirou da minha casa, da minha rotina. Está me obrigando a casar, mesmo que eu tenha concordado. Não é justo… — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro. Encostei a cabeça no travesseiro, encarando o teto.Lulu se aproximou, se aninhando ao meu lado, sua presença reconfortante. Passei os dedos pelo seu pelo macio, tentando acalmar minha mente.— Lulu, pare de me olhar assim — implorei, cobrindo o rosto com as mãos. — Você não entende. Eu não posso… Eu não vou sentir nada por ele. — Comentei. O silêncio da gatinha foi a resposta mais condenatória que ela poderia ter dado. Soltei um suspiro pe
POV DARIUS.Enviei um e-mail para meu advogado, com as informações e exigências que Alice e eu acordamos. Doutor Bruno era um excelente advogado e leal a mim, além de ser um lobisomem. Ordenei que o documento estivesse pronto até essa noite. Quero dormir hoje já casado com Alice e, amanhã, poder retornar à normalidade da alcateia.Respirei fundo, tentando afastar Alice de meus pensamentos. Aquela teimosa não queria sair da minha mente. E aquela reação que meu corpo teve quando nos tocamos? Eu não posso começar a gostar dela agora. Se o vínculo de companheirismo me dominar, perderei o foco no que é importante para a alcateia.Preciso quebrar a maldição. O dia da minha transformação está chegando, e eu posso sentir a besta mais forte dentro de mim. Ela quer Alice e reage à sua presença. Posso sentir algo fraco vindo dela. Baltazar não sabe, mas sinto a presença da besta infernal em mim desde que Alice apareceu em minha vida.Antes, eu só a sentia quando estava próximo à transformação, m