POV DARIUS.Minha mãe saiu do escritório, deixando-me sozinho com meus pensamentos. As palavras dela ecoavam em minha mente: — Guardiões… Um ser mágico enviado por algo poderoso para proteger Alice. Quem é você, Alice Miller? — me perguntava.Minha cabeça latejava com as possibilidades. Quem poderia ter enviado Lulu? E, mais importante, por quê? Eu não podia ignorar que isso poderia representar um perigo não apenas para Alice, mas para todos à minha volta. Não posso permitir mais uma ameaça à minha alcateia. Eu já sou uma grande ameaça para agora aparecer outra.— Se Alice precisa de proteção, é porque algo está atrás dela. Darius, precisamos descobrir o que está acontecendo com nossa companheira. Vamos pegar aquela gata e dar um aperto nela até que ela fale — disse Baltazar, nervoso.— Quer se acalmar? E quem disse que aquela gata pode falar? — perguntei, impaciente.— Ela é um ser sobrenatural em forma de gato. Então, deve falar — comentou Baltazar.Não consegui permanecer sentado.
POV ALICE.Quando abri os olhos, a escuridão me deixou confusa. O cansaço acumulado dos últimos dias tinha me vencido completamente. Mal cheguei à casa de Darius e apaguei, dormindo a tarde inteira sem nem perceber. Suspirei fundo, tentando organizar os pensamentos enquanto meus olhos se acostumavam à penumbra.— Preciso de um banho — murmurei para mim mesma. Estiquei a mão e liguei o abaju, clareando o quarto.Levantei-me da cama devagar, sentindo o corpo ainda pesado pelo sono prolongado. O quarto era um reflexo da mansão: luxuoso, imponente, quase intimidante. As paredes eram pintadas em tons suaves de creme, contrastando com os detalhes em madeira de lei do mobiliário. Uma cama enorme, com lençóis de algodão impecáveis, ocupava o centro. As cortinas pesadas bloqueavam qualquer vestígio de luz externa. Havia um toque de sofisticação em cada canto, mas para mim, aquilo tudo parecia excessivo.— Não me lembro de ter fechado as cortinas. Deixe para lá. — Falei confusa, olhando para a
POV ALICE.O sol entrava pelas cortinas semiabertas quando acordei, sentindo uma leve rigidez no corpo por conta do colchão macio demais. Não era o tipo de conforto a que estava acostumada, mas ao menos consegui descansar. Esfreguei os olhos e me espreguicei, sabendo que o dia seria longo e cheio de desafios. Ainda deitada, ouvi o barulho baixo de pássaros do lado de fora e respirei fundo, tentando acalmar o aperto que já se instalava em meu peito.Levantei e fui para o banheiro para fazer minha higiene matinal. Fiquei alguns minutos observando minha imagem no espelho. O rosto cansado e a preocupação estampada em cada traço denunciavam que minha mente não descansara por completo.Após me vestir, caminhei até o quarto da minha mãe. Bati de leve na porta antes de entrar. Ela estava sentada na cama, arrumando os travesseiros atrás de si. Um sorriso cansado iluminou seu rosto quando me viu.— Bom dia, filha — disse ela, com a voz suave, mas cheia de carinho.— Bom dia, sua benção mãe. Dor
POV ALICE.A palavra família ressoou de maneira inesperada. Eu quase não soube como responder, então me limitei a um sorriso educado. Antes que a conversa pudesse se aprofundar, Agatha mudou de assunto e o café continuou tranquilamente.Quando terminamos o café da manhã, ajudei minha mãe a se levantar com cuidado, ajustando seu braço no meu para lhe dar apoio. Antes de sairmos da sala de jantar, Agatha se aproximou, com um sorriso acolhedor no rosto.— Alice, fique tranquila. Vou fazer companhia para sua mãe enquanto você conversa com Darius — disse ela, colocando uma mão suave no ombro de minha mãe. Suspirei profundamente, tentando aliviar a tensão que se acumulava em meu peito.— Obrigada, Agatha. Agradeço muito. — Falei agradecida.Nos dirigimos à sala de estar, um ambiente tão grandioso quanto o resto da casa, com móveis luxuosos e uma enorme lareira que parecia ter saído de uma revista. Senhor Bartolomeu indicou o caminho para o escritório de Darius.— O escritório fica seguindo
POV DARIUS.Eu me sentei na poltrona logo após Alice sair do escritório, fechando a porta com mais força do que deveria. Desastrada. O som ecoou na sala silenciosa, e um suspiro escapou dos meus lábios. Por mais que tentasse manter a compostura, a intensidade daquela humana estava começando a mexer comigo de formas que eu não estava preparado para admitir. Ela era teimosa, impetuosa, mas havia algo nela que me fazia querer dominá-la e, ao mesmo tempo, compreendê-la.— Ela vai nos dar trabalho — murmurei, deixando minha cabeça repousar contra o encosto da poltrona.— Trabalho? É lógico que Alice dará trabalho, Darius. Nossa companheira é teimosa, mas você não facilita também. É sempre grosseiro com ela e fez a mãe dela ir parar no hospital. O que esperava? Que ela se jogasse em seus braços? — perguntou Baltazar. Seu tom era firme, mas carregado de uma ironia que não escapava a mim. — Alice é um furacão de teimosia, e você sabe disso — comentou.Fechei os olhos, buscando o equilíbrio qu
POV ALICE.Após sair do escritório de Darius, senti que precisava de ar, de espaço para processar tudo o que acabara de acontecer. Minhas mãos ainda tremiam enquanto eu me apoiava na parede do corredor, tentando recuperar o controle da respiração.Darius era intenso, e estar aqui na sua mansão me fazia sentir como se eu estivesse sendo empurrada para uma prisão dourada. As palavras dele ecoavam na minha mente:— Algumas obrigações de esposa. — Sussurrei.O que será que ele estava pensando quando falou essa frase? Aquela frase me soava opressiva. Darius era um homem autoritário. Ele queria moldar minha vida conforme as regras dele, e isso me revoltava profundamente.Caminhei pelo corredor, queria chegar até meu quarto, em busca de algum sossego. Quando passei pela sala de estar, minha mãe não estava. Subi as escadas e fui em direção ao quarto. Assim que entrei, senti um pouco de calma, mas minha mente continuava trabalhando freneticamente. Peguei uma folha de papel na minha bolsa e com
POV DARIUS.Continuei trabalhando no meu escritório. Alfa Estevão estava me causando problemas ao norte. Preciso lembrá-lo quem eu sou. Acho que ele esqueceu com quem está lidando ou perdeu o juízo. Distraído entre contratos das empresas humanas e relatórios da alcateia que eram passados por meus betas mentalmente, eu nem percebi que a noite havia chegado.A noite caiu, trazendo consigo um silêncio que eu apreciava. A mansão estava silenciosa; eu gostava disso, e todos sabiam. De repente, comecei a pensar em Alice. Ela, pouco a pouco, estava invadindo meus pensamentos. Contra minha vontade, o vínculo de companheirismo estava me afetando. Eu não podia admitir que estava começando a gostar dela.Alice era uma humana única, e sua oposição à minha autoridade me intrigava e irritava em medidas iguais. Ela era diferente de qualquer outro ser que eu conhecera, e essa diferença fazia meu mundo, sempre tão controlado, sair dos eixos. Sacudi a cabeça para tirá-la de minha mente; eu precisava vo
POV ALICE.O jantar até que foi bom, apesar da pequena tensão. Minha mãe contou que eu não comia carne, e Darius reclamou que eu deveria ter avisado. Eu estava nervosa e ansiosa, sem saber como me portar perto dele. A maneira como ele me olhou quando mencionou o contrato e as exigências me deixou inquieta. Havia algo nele que sempre me tirava do eixo. Porém, eu não ia permitir que ele tivesse essa vantagem sobre mim. Não deixaria que ele percebesse o efeito que provoca em mim. Saí da mesa de jantar acompanhada da minha mãe. Ela estava cansada e queria se deitar, então a acompanhei até o quarto e fiquei fazendo-lhe companhia.— Você está bem, minha filha? — perguntou minha mãe.— Estou nervosa com a reunião de amanhã — falei, sem querer me aprofundar no assunto para não preocupá-la.— É somente isso? — perguntou novamente.— Sim, não se preocupe, mamãe. Não quero que a senhora se chateie com esse assunto. Posso lidar com Darius — informei. Minha mãe pegou em minha mão com ternura.— V