Capítulo 8
Camila se virou, e os dois, ao verem que ela não estava brava, finalmente puderam relaxar.

Luís deu alguns passos à frente e pegou a mão dela.

— Não precisa arrumar suas malas, vai ser muito cansativo. Eu vou pedir para o motorista da minha família vir buscar, e juntos vamos para o nosso novo lar.

Bruno também assentiu, concordando.

Naquele momento, Camila sentiu como se estivesse reencontrando, nos olhos daqueles dois, a mesma imagem de quando eram jovens e só ela parecia importar para eles.

Lembrava-se de quando eram mais novos: ela adorava fazer travessuras, e eles, com sorrisos fáceis, adoravam acompanhá-la.

Mas, agora, aquelas promessas de juventude já não existiam mais.

Camila olhou para Eduarda e balançou a cabeça.

— Não, está tudo bem. Muitas coisas eu prefiro arrumar sozinha.

Dito isso, sem se preocupar com a expressão deles, se virou e saiu, sem mais palavras.

De volta à sua casa, Camila arrumou suas malas por um tempo, tomou um banho e se preparou para deitar. Quando estava quase dormindo, seu celular tocou, era Eduarda.

A voz suave dela se fez ouvir pelo celular, com um tom de voz impossível de disfarçar a satisfação.

— Camila, hoje à noite eu fui na casa do Luís e do Bruno, e os pais deles foram muito gentis comigo. Eles ainda me deram presentes valiosos de família, você acha que eles...

Camila, com calma, interrompeu sua exibição.

— Não me importo com as coisas de vocês, não precisa me contar, isso não tem nada a ver comigo.

E, assim que terminou de falar, encerrou a ligação.

No dia anterior à sua partida, Camila saiu de casa.

Ela havia combinado de encontrar sua amiga Helena Almeida para jantar. Não tinha muitos amigos em Cidade H, e desde pequena, Luís e Bruno sempre controlaram seu círculo social. Não apenas impediram que ela tivesse namorados ou recebesse cartas de amor de garotos, mas também se intrometiam até nas suas amizades femininas.

Naquela época, eles lamentavam com aquele tom possessivo:

— Camila, você tem a gente, não precisa de mais ninguém. Você é tão incrível que até as outras meninas vão gostar de você.

O desejo de posse deles era assustador, queriam que seus olhos enxergassem apenas a eles.

Mas, agora, eram eles mesmos quem a empurravam para longe.

Helena já estava esperando na mesa em um restaurante de cozinha internacional recém-aberto. Quando viu Camila, não pôde conter um grande abraço, visivelmente triste com a partida de sua amiga.

— Camila, não acredito que você já vai embora para Cidade J se casar. Não quero que você vá, estou com tanta saudade já. Eu pensava que você iria casar com um dos dois, o Luís ou o Bruno, e ficaria em Cidade H. Assim, poderíamos sair juntas sempre.

Camila, ao ouvir as palavras de Helena, sorriu levemente.

— Eles têm outras escolhas, e eu também tenho.

Ao ouvir isso, Helena ficou um pouco desanimada.

Ela pensou em Eduarda e, imediatamente, sua expressão se tornou tensa. Com um tom irritado, disse:

— Você foi tão boa com aquela Eduarda, mas ela...

Camila a interrompeu com um sorriso tranquilo.

— Esqueça, não vamos falar dessas pessoas que não importam. Quando eu me casar, não a verei mais, e o que ela fizer ou deixar de fazer não será mais problema meu.

Logo que as palavras de Camila se completaram, Eduarda entrou no restaurante.

Como a mesa de Camila e Helena ficava próxima da porta, Eduarda ouviu parte da conversa, mas não a terminou. Curiosa, ela se aproximou rapidamente.

— Camila, quem vai se casar? Posso ir? Eu nunca fui a um casamento!

Camila raramente havia encontrado alguém com o comportamento sem noção como Eduarda, mas talvez por já estar habituada com sua falta de educação, e por saber que logo se afastaria, não se incomodou, apenas respondeu de forma calma.

Quem realmente ficou irritada foi Helena. Sem paciência, ela largou os talheres na mesa com um gesto abrupto e lançou um olhar fulminante para Eduarda.

— O meu casamento! Você não tem a menor qualificação para participar, isso está claro para você? Tem noção de onde está? Estamos tão próximas assim para você ser tão curiosa? Será que qualquer coisa na rua você vai querer bisbilhotar, como se fosse um caminhão de lixo?

A voz de Helena ficou mais alta, e suas palavras, duras e ácidas, fizeram Eduarda recuar com um sobressalto. Ela pareceu se encolher, como se tivesse sido intimada, e as lágrimas começaram a rolar por seu rosto.

Choramingando de forma triste, ela olhou para Luís e Bruno, que acabavam de entrar no restaurante. Seus olhos grandes e inocentes estavam cheios de desamparo.

Luís ficou claramente sem entender o que havia acontecido, mas, ao vê-la tão vulnerável, não pôde evitar de franzir o cenho e, instintivamente, a puxou para seus braços.

— Comigo aqui, onde você quiser ir, você tem total direito de participar.

Bruno, por sua vez, não perdeu tempo e se apressou a falar:

— E eu também! Não falei só de casamento, não. Se você quiser uma estrela, eu vou até o céu e trago uma para você, sem se importar com essas pessoas irrelevantes.

Os dois, um de cada lado, finalmente conseguiram acalmar Eduarda, que, aos poucos, foi sorrindo novamente.
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