Bruno foi lentamente relembrando tudo.Todas as estranhezas de Camila, que ele havia ignorado ou não compreendido até então, agora invadiam sua mente de uma vez só, como uma onda avassaladora.Luís também permaneceu em silêncio, perdido em seus próprios pensamentos.Talvez, há mais de um mês, Camila já estivesse planejando partir.Seria possível que Eduarda tivesse tanta influência sobre ela?Mal teve esse pensamento, a chamada de Eduarda chegou.— Bruno, Luís, já estou no restaurante, esperando por vocês. Aquele jantar de celebração, lembra? Onde estão?Bruno segurou o celular, mas demorou para responder. Após um longo silêncio, sua voz soou rouca e cansada.— Eduarda, o jantar... Vamos deixar para depois. Camila não estava ali, então o que teria valor naquela celebração?Luís continuava em silêncio, seu olhar perdido no celular quebrado no chão. Ninguém sabia o que passava em sua mente.De repente, um homem familiar apareceu, acompanhado de outro homem vestindo um casaco cinza. Er
As ligações ansiosas de Eduarda, não se sabia quantos já havia feito, mas Bruno continuava sem atender. A Villa da Baía permanecia igualmente silenciosa. Parecia que nada mudava, não importava onde estivessem. Até que, já madrugada adentro, com a temperatura caindo cada vez mais, os dois finalmente não aguentaram mais e tiveram que voltar para a Villa da Baía. Quando a porta se abriu, o que apareceu à vista foi Eduarda, adormecida no sofá, dando sinais de sono. A mansão estava iluminada com uma luz amarela suave, que dava um ar de aconchego, mas, ao mesmo tempo, certa penumbra. No entanto, Luís e Bruno estavam tão fora de si que nem sequer prestaram atenção a esse ambiente acolhedor. — Você ainda não foi dormir? A voz de Bruno, cansada e com um toque de irritação, refletia seu estado de espírito. Ele simplesmente não tinha mais paciência para cuidar de outro doente. Luís, sem dizer mais nada, foi direto para seu quarto, deixando para trás uma frase fria. — Quando
Quando Bruno se aproximou, Luís rapidamente apagou o cigarro. — Chegou? Eu comprei a última passagem para Cidade J. Vamos encontrá-la. Quanto mais pessoas, mais esperança. Bruno não teve tempo de pensar em mais nada e acenou com a cabeça, concordando rapidamente. Os dois entraram no carro, e Bruno, sem se importar com a velocidade, dirigiu como se estivesse em uma corrida. Acelerando sem parar, Luís e Bruno chegaram ao aeroporto. Não levaram bagagem alguma; em seus corações, só havia um pensamento: ir para Cidade J encontrar Camila! Eles temiam que, se demorassem mais um pouco, algo que não poderiam suportar acontecesse. O avião estava prestes a decolar quando o céu ainda estava apenas começando a clarear. Ambos estavam com os nervos à flor da pele, sem conseguir se acalmar. Enquanto isso, em Cidade J, Camila também não havia conseguido dormir a noite inteira. Acordou cedo, maquiando-se e trocando de roupa. Hoje era o dia em que ela e Diogo Ribeiro iriam formalizar
Bruno ficou parado, com o rosto mudando várias vezes de expressão. No final, o sorriso forçado em seu rosto era mais triste do que um choro. Ele moveu os lábios várias vezes antes de conseguir emitir uma palavra: — Camila, de onde você trouxe esse ator? A atuação dele é péssima, não nos engane. Mesmo com as alianças ali, bem diante deles, ele ainda não acreditava. Camila não esperava que os encontrasse tão rapidamente. Porém, já não tinha a intenção de continuar tendo qualquer tipo de relação com eles. — Ele não é um ator que eu trouxe. Sinto muito desapontá-los, mas como podem ver, eu me casei. Ela falou de forma calma, erguendo o anel de noivado no dedo anelar, balançando-o na frente de Luís e Bruno. Diogo, por sua vez, abraçou com naturalidade a cintura de Camila e, com educação, fez uma leve reverência para os dois. — Olá, permita-me me apresentar. Sou o marido da Camila, chamo-me Diogo Ribeiro. Seus olhos, de um tom âmbar suave, olharam Luís e Bruno de forma
Camila não hesitou nem por um segundo em recusar: — Não, obrigada. Cidade J tem minha família, meus pais. Já estou cansada de viver em Cidade H. Luís de repente deu um sorriso, mas logo a expressão em seu rosto se transformou em frieza novamente. — Camila, vou fazer você se arrepender e vir atrás de nós! — Não é necessário, e não darei essa oportunidade a vocês. Diogo apenas fez um leve gesto com os dedos, e imediatamente os seguranças calaram as bocas de Luís e Bruno, amarraram suas mãos e pés, e os jogaram para dentro de um helicóptero. Ao ser visto a cena cruel que havia protagonizado diante de sua nova esposa, Diogo sentiu um pequeno aperto no peito, como se fosse tomado por uma leve insegurança. — Camila, você tem medo de mim por causa disso? A razão de ele ter conseguido se estabelecer na família Ribeiro não era, de fato, por métodos gentis e suaves. No entanto, ele não queria que essa faceta sua fosse vista por Camila. Camila olhou para o rosto de Diogo e, na
Luís e Bruno haviam feito um acordo: independentemente de qual escolha Camila fizesse, o outro deveria deixar de lado todos os pensamentos inadequados e, a partir de então, apenas manter uma amizade comum. No entanto, nenhum dos dois imaginou que Camila não escolheria nenhum deles. Por que isso aconteceu? Por que o desfecho de forçar Camila a fazer uma escolha seria exatamente esse? Luís e Bruno se olharam, e ambos sentiram uma pontada de ressentimento. Por que, naquela hora, tiveram a ideia tão ruim? Se ao menos tivessem agido um pouco mais cedo ou um pouco mais tarde, talvez os três conseguissem manter o relacionamento de amizade que tinham antes, o que seria muito melhor do que agora, em que até mesmo um simples encontro se tornava algo difícil e distante. O helicóptero aterrissou no topo do edifício da Villa da Baía. Os dois foram jogados para fora pelos seguranças sem qualquer cerimônia, e, pouco depois, o helicóptero decolou novamente. O som ensurdecedor da deco
As lágrimas de Eduarda pararam de cair. Com as mãos pendendo impotentes ao lado do corpo, ela olhou para Luís e Bruno com um olhar confuso, sem entender o que estava acontecendo. Ela não compreendia por que a atitude deles em relação a ela havia mudado tão rapidamente. Antes, sempre que ela começava a chorar, eles ficavam mais agitados do que ninguém, sempre prontos para confortá-la. Mas agora, tudo o que restava era um olhar frio, distante. Era como se ela tivesse chorado até não ter mais lágrimas, e nem assim conseguiria tocá-los. Eduarda não ousava revelar suas provocativas ações contra Camila, tampouco os planos ardilosos que tramara para prejudicá-la. Ela manteve os lábios firmemente fechados, quase em um estado de desespero, e com os olhos suplicantes, olhou para Bruno. — Bruno, eu não fiz nada... Você acredita em mim, por favor? A Camila me ajudou tanto, como eu poderia fazer mal a ela? Se vocês preferirem ela, eu posso me mudar... — Disse, tentando forçar mais lág
No dia seguinte, os resultados da investigação chegaram. Eduarda, ao entrar na empresa onde Camila trabalhava, logo fixou os olhos nela. Camila se destacava não apenas pela sua aparência elegante, mas também pela forma como se expressava, com uma postura impecável. Eduarda percebeu imediatamente que ela vinha de uma família rica e influente. Para se aproximar, Eduarda se fez de vítima, derramando algumas lágrimas e fingindo ser injustiçada. Contratou ainda pessoas para simular ligações dos pais, e assim Camila, com sua bondade, a acolheu. Foi somente quando Eduarda passou a acompanhar Camila e teve o privilégio de conhecer Luís e Bruno que descobriu a verdadeira magnitude da vida de Camila. Pessoas como Luís, Eduarda só via em revistas de negócios e economia. E Bruno? Este, então, era um dos pilotos de corrida mais famosos de Cidade H. Seu pôster havia sido um ícone, estampando as paredes de toda a cidade. Eduarda quase ficou consumida pela inveja. As pessoas que ela ja