Capítulo 9
Assim que as palavras saíram de seus lábios, Luís e Bruno se sentaram à mesa ao lado de Camila, com Eduarda entre eles.

Os dois homens competiam para fazer a melhor escolha no cardápio, seus olhos cheios de afeto e carinho por Eduarda.

Helena, ao ver essa cena, ficou tão irritada que quase destruiu o pedaço de carne que estava cortando. Mas Camila permanecia calma, como se nada estivesse acontecendo, e Helena, engolindo sua raiva, se calou, sem dizer uma palavra.

Logo, os dois terminaram o jantar e partiram juntos.

Camila se despediu de Helena mais uma vez antes de voltar para casa.

Naquela noite, Luís e Bruno ainda não tinham retornado.

Camila não se importava, estava ocupada arrumando as últimas malas.

Pela manhã, ao ouvir os passos do lado de fora, soube que Luís e Bruno haviam voltado.

Já era hora, afinal, hoje era o dia de se mudarem para a nova casa.

No entanto, o que eles não sabiam era que a nova casa, o futuro deles, não incluía mais ela.

O barulho lá fora foi aumentando, provavelmente estavam carregando as malas. Camila, ignorando o som, continuou a conferir as malas, quando a ligação de sua mãe chegou.

Ela atendeu, e a voz suave de sua mãe soou do outro lado.

— Camila, qual é o horário do seu voo? Nós vamos a buscar.

Camila abriu o aplicativo de passagens e, com um tom calmo, respondeu:

— Eu devo chegar por volta das sete da noite.

Nesse momento, a porta do quarto foi aberta, e Camila virou a cabeça, vendo Luís e Bruno na entrada.

Bruno perguntou casualmente:

— Você está falando com quem?

— Com ninguém. — Camila desligou a chamada e respondeu com frieza.

O tom gélido de sua voz causou um leve espanto em Luís e Bruno.

Desde que Eduarda havia aparecido, Camila parecia cada vez mais distante deles...

Luís, inicialmente, pensou que não valia a pena explicar, mas, com o comportamento estranho de Camila nas últimas semanas, ele não conseguiu evitar que uma sensação de inquietação tomasse conta de si. As imagens dessas atitudes incomuns não saíam de sua mente e, inexplicavelmente, ele começou a se sentir ansioso.

Sem pensar muito, ele falou:

— Camila, Eduarda não é como você. Ela vem de uma família pobre e teve uma vida difícil desde pequena. Por isso, não consegui evitar de ajudá-la mais, mas não tem nenhuma outra intenção por trás disso.

Bruno também se apressou em justificar.

— Exatamente, a gente só sente pena da Eduarda. E, além disso, não foi você quem nos apresentou a ela? Como pode estar com ciúmes dela?

Camila manteve a expressão impassível.

— E por que estão me dizendo tudo isso?

Os dois falaram ao mesmo tempo:

— Porque você se importa!

Os três cresceram juntos desde pequenos, e com tantos anos de amizade, tinham uma sintonia tão grande que bastava uma palavra de Camila para que soubessem o que ela queria dizer, bastava um gesto dela para que soubessem o que ela desejava. Como poderiam não perceber o quanto ela se importava?

Mas agora, eles estavam cada vez mais perdidos sobre ela.

Nos olhos de Camila havia um leve toque de frieza, como se estivesse olhando para duas pessoas irrelevantes.

— Eu não me importo, ué. Vocês não disseram que a tratam apenas como amiga? E eu também sou amiga de vocês, então, se é assim, o que teria eu para me importar?

Por um momento, os dois ficaram sem palavras.

Luís ficou em silêncio por um longo tempo, até que finalmente não conseguiu segurar o que estava sentindo.

— Camila, você sabe... O que eu quero, nunca foi ser apenas amigo.

Bruno, por sua vez, não conseguiu controlar as emoções que estampavam seu rosto.

— Todos esses anos, como eu a tratei, Camila? Você realmente acha que somos apenas amigos?

Camila, claro, sabia exatamente o que eles queriam dizer.

Eles gostavam dela. Queriam estar com ela.

Mas, se o modo de demonstrar esse "gostar" envolvia ajudar a Eduarda a humilhar ela, então isso era algo que ela não podia suportar.

Ela assentiu, com uma leveza amarga no olhar.

— Sim, e logo, teremos outra identidade.

Em breve, ela e eles nem seriam mais amigos.

Outra identidade, apenas estranhos.

O que ela dizia tinha um outro significado. Luís sentiu seu coração disparar, uma sensação de insegurança lhe invadiu, mas, antes que pudesse dizer algo, o motorista entrou, oferecendo-se para levar as malas de Camila.

Ela o impediu com um gesto.

— Podem ir na frente, eu mesma levo as minhas coisas.

Ao ouvir isso, Bruno ficou visivelmente irritado.

— Com tanta coisa, como você vai fazer isso sozinha? Não faça cena, foi culpa minha. Posso lhe pedir desculpas?

Camila, porém, permaneceu firme.

— Eu realmente não preciso de ajuda. Vão ajudar a Eduarda, ela mora sozinha, é uma garota frágil, não consegue carregar as malas... Ela precisa mais de vocês.

Luís percebeu o tom de desprezo nas palavras de Camila e franziu a testa, mas, justamente nesse momento, a ligação de Eduarda chegou.

— Luís, Bruno, vocês podem vir me ajudar? É culpa minha, não consigo fazer nada direito, tudo está errado... — A voz de Eduarda, cheia de reclamação e fragilidade, ecoou pelo celular, atingindo os ouvidos de todos de forma clara.

Os dois homens trocaram um olhar, depois fixaram os olhos em Camila, que, com sua expressão resoluta, indicava que não precisaria de ajuda. Por fim, eles decidiram seguir adiante.

Luís desligou a chamada e olhou para Camila.

— Eduarda não consegue lidar com isso sozinha, vou dar uma mão a ela.

Bruno pegou as chaves do carro também.

— Eu vou junto.

Já na porta, Luís hesitou, voltando-se brevemente para ela.

— Camila, sei que agora você não quer ouvir o que temos a dizer, mas reservei um restaurante. Quando a mudança terminar, podemos todos sair para jantar. A situação com Eduarda, eu vou explicar melhor depois.

Antes que Camila pudesse responder, ele saiu apressado.

Ela observou os dois se afastando, seus olhos tomando uma expressão amarga.

Explicar depois?

Infelizmente, entre eles, não havia mais "depois".

Além disso, com os acontecimentos dos últimos dias, Camila já sabia que não havia mais explicações a se dar.

Foi então que seu celular vibrou algumas vezes. Uma mensagem de Eduarda apareceu na tela, carregada de um tom provocador.

[Desculpa, Camila, não imaginei que uma palavra minha fosse fazer Luís e Bruno a deixarem para trás. Daqui a pouco, vamos morar todos juntos, espero contar com sua ajuda!]

Camila esboçou um sorriso irônico, tocando a tela com os dedos de forma suave antes de responder.

[O mais importante é que vocês três consigam viver bem. Eu não vou me meter nisso.]

Ao enviar a mensagem, ela não hesitou: bloqueou imediatamente todas as formas de contato de Eduarda.

Depois, bloqueou Luís.

E, por fim, bloqueou Bruno.

Com isso, os três desapareceram de sua lista de contatos, e Camila sabia que, a partir de agora, eles estavam fora de seu mundo.

Com um último olhar para a casa, que guardava tantas memórias, ela pegou sua mala e, sem olhar para trás, deixou aquele lugar, dando um ponto final àquela fase da sua vida.
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