3. Alexia

Entramos no escritório para que possamos ter privacidade, eu queria conversar depois da ceia, mas dona Meire insistiu para que conversássemos logo, ela garantiu que iria nos esperar para começar a festa. Patrícia estava com a cara séria, já percebi que essa conversa iria ser longa. Eu também não quis prolongar essa espera, estava pronta para brigar se for possível, só não queria magoar minha irmã, queria que ela participasse da vida do meu filho.

Patrícia entrou primeiro e eu entrei logo em seguida, depois de respirar fundo para me preparar. Tranquei a porta para não sermos surpreendida por pessoas inconveniente, isso quer dizer que eu estava me referindo a Cidinha. Quando me virei para começar a conversa, Patrícia fez algo que me surpreendeu. Ao invés de gritar e soltar os cachorros comigo, ela me abraçou.

Fiquei paralisada por um tempo para poder entender o que estava acontecendo, a conclusão que cheguei era que... eu não entendia mais nada. Aos poucos retribui o seu abraço, envolvendo meus braços entornos da sua cintura.

— Estou feliz por você, mana.

Oi? Ela, por acaso, bateu com a cabeça quando estava transando no celeiro?

— Eu não entendo, achei que ficaria brava comigo.

Ela desfez o abraço e me olhou nos olhos.

— Brava com você, o Heitor é lindo!

O que o sexo não faz.

— Eu escondi a existência dele, no mínimo, você deveria me dar uns bons tapas

— Eu realmente quero fazer isso, mas depois que me apresentou o Heitor, foi como se a ficha tivesse caído. O seu sumiço há oito anos atrás, depois o seu retorno, sua depressão, o psicólogo. Oh, mana! Eu não imagino quanto sofrimento você tem passado longe dele.

Comecei a chorar de repente, eu precisava dessa compreensão dela, ela não faz ideia como isso lavou a minha alma.

— Obrigada! — Eu a abracei. — Obrigada, por me entender.

— Tá, brincando? É claro que te entendo, com a mãe que você tem e com atitudes idiotas do nosso pai, até eu fugiria para ter meu filho longe. Eu só não entendo, por que você não confiou em mim, por que não me disse que tinha um filho?

— Eu não podia contar... — Não posso contar que o pai da criança ameaçou a matá-lo e me mata. Se ela soubesse quem era o pai... — Eu estava desesperada, graças a Deus que conheci o Marcos e Carla.

— Agora você não está mais sozinha, eu estou aqui para o que precisar. Romão também, pelo visto.

— Ele se deu bem com o Heitor.

— Adoro ver essa cara de felicidade em você. Faz tempo que não via isso.

— É, estou feliz, muito feliz!

E não era só por causa do sexo. Até porque fazia uma semana que Romão morava comigo e até agora não transamos no nosso apartamento. Eu tinha tido muito trabalho na empresa, saía cedo e chegava tarde e o Romão estava dormindo nessas duas ocasiões. Precisava urgente de ficar uns minutos a sós com ele, apesar que minutos não iria adiantar para saciar a minha vontade, acho que vamos ter que esperar até a hora de dormir. Até porque não queria perder nenhum momento desse natal com o Heitor.

Droga! Não sabia que estava com tanta vontade de sentir o Romão dentro de mim, até pensar sobre isso. Agora vou ter que esperar e esperar não era muito o meu forte.

— Vamos voltar, o pessoal já devem estar nos xingando.

— Alessandra não gostou muito de saber da novidade.

— Pode deixar que eu converso com ela.

Voltamos para a festa. Todos estavam conversando animadamente esperando por nós para iniciar a ceia, só o Heitor e as crianças dos peões e engenheiros estavam comendo. Romão percebeu a gente se aproximando e abriu um sorriso. Oh! Céus, não sorria assim, acho que minha calcinha ficou inutilizável. Merda! Preciso ficar sozinha com ele urgente. Sentei um pouco nervosa ao lado dele, não fazia ideia o porquê estava me sentindo assim. Ele colocou a mão na minha coxa e olhou para mim franzindo a teste.

— Está tudo bem? — perguntou ele.

— S... sim, claro! — respondi com a voz trêmula.

Senti no meu corpo uma comichão que se acumulava na parte sul do meu corpo, eu sei que isso só vai passar quando eu tiver o que eu quero.

— Ocorreu tudo bem lá dentro?

Nossa! Seu cheiro entrou pelas minhas narinas e intensificou essa sensação, estou totalmente viciada nele, já não posso viver sem ele.

— Não! São tantas sensações que não consigo explicar.

— Mas, você parecia contente.

Talvez ele pense que ele não era mais o suficiente, mas era totalmente ao contrário, era dele que eu precisava.

— Foi só impressão na verdade, há uma confusão tão grande que não consigo explicar.

— Vocês brigaram?

Oi? Há ele estava falando da minha conversa com a Patrícia. Jesus, e eu pensando que... deixa pra lá.

— Ainda bem que voltaram, já estávamos reclamando de fome, só as crianças podiam comer — disse Cidinha interrompendo a nossa conversa.

— Não precisava ficar esperando por nós, já poderia ter começado a comer — retrucou Patrícia.

— Ah, claro! É bom saber disso, da próxima vez eu não espero.

— Pare de reclamar, Cidinha. Elas não demoraram tanto assim — repreendeu Meire.

Cidinha deu de ombros para a dona Meire disse e imediatamente todos começamos a nos servir. Romão fez questão de me servir, o que deixou Cidinha de cara fechada. Começamos a comer e a conversar sobre diversas coisas. Marcos e Carla interagiram muito bem com dona Meire e o senhor Ismael. Heitor foi brincar com as crianças depois que acabou de comer e o Romão sempre olhava para mim e sorria feito bocó. Sim, ele fazia cada de bocó. As vezes ele colocava a mão na minha coxa e sem perceber sua mão subia para minha virilha. Isso fazia meu corpo aquecer mais, toda a vez que ele me tocava.

Na hora da sobremesa, cada família compartilhou entre sim os pratos que trouxeram. Marta trouxe para mesa o bolo pudim que eu fiz pensando no Romão e que ainda não foi desenformado.

— Foi Alexia que fez esse pudim, ela fez pensando em você, filho. — disse Meire, ela não dispensava as oportunidades.

Cidinha revirou os olhos.

— Eu é que não vou comer algo que ela fez — disse Cidinha para me irritar.

— Por quê? — perguntou Carla.

— Uma mulher que nunca colocou os pés em uma cozinha, não deve ter preparado nada de bom.

 — Pois, não coma porque se tiver bom, você ficar só na vontade — disse Marta se intrometendo na conversa.

Quando Marta desenformou o bolo pudim, vimos que a aparência ficou linda. O pudim ficou uniforme na parte de cima e o bolo de chocolate ficou na parte de baixo, separadamente, um perfeito casamento. Casamento? Vi os olhos do Romão brilharem e sua boca salivar. Marta cortou dois pedaços e entregou um para mim e um para o Romão.

— Toma, foi você que fez para ele, então, os dois serão as cobaias — disse Marta.

Tudo isso é medo do pudim estar envenenado?

Cortei um pedaço de bolo, com o garfo, junto com o pudim e, ao mesmo tempo que o Romão coloquei na boca. Mastiguei uma, duas, três vezes o pedaço que estava na minha boca e olhei para o Romão, nossos olhos arregalaram ao mesmo tempo.

— Hum, está uma delícia. Hum, sinto o gosto de laranja. Hummm.

Romão gemia de prazer ao comer o bolo pudim e seus gemidos me fazia pensar em como aquela calda de caramelo ficaria deliciosa no seu corpo.

— Hum, nunca mais acerto essa receita, ficou maravilhoso.

Marta cortou o restante do pudim e distribuiu para os outros, só Cidinha que se emburrou e não quis comer. Azar o dela, vai ficar com vontade. Todos comeram gemendo de satisfação, Romão fez questão de repeti a sobremesa e comia gemendo.

Oh, Jesus! Faça ele parar.

Depois da ceia Romão me arrastou para dançar forró. Sempre com o sorriso no rosto, ele me conduzia pela pista de dança improvisada.

— E esse sorriso no rosto? — perguntei sem conter minha alegria de vê-lo sorrir.

— Eu estou feliz!

— É mesmo?

— Sim!

Ele não tirava seus olhos de mim, dava para perceber que realmente ele estava feliz.

— Posso saber o motivo de tanta felicidade?

— Pode. — Eu levantei uma sobrancelha para ele, insinuando para que ele me conte. — É tudo!

— Tudo?

— Essa festa linda, minha família reunida, meus amigos presentes e você. A pessoa que me deixa louco só com um olhar intimidador e que fez um bolo pudim pensando em mim.

Eu tentei fazer minha cara de empresária, mas falhei drasticamente e ele caiu na gargalhada.

— Eu não consigo mais ser indiferente com você.

— Você perdeu a capacidade de me intimidar quando resolveu se entregar ao meu charme.

— Convencido!

— E eu percebi que você estava excitada quando sentou do meu lado.

Oh, merda! Ele percebeu.

— Como percebeu?

— Simples, você estava nervosa, não falava coisa com coisa e ainda fechava as pernas quando eu tocava na sua coxa. Era por isso que as vezes eu subia com a minha mão.

Filho da mãe! Eu, quase entrando em combustão instantânea e ele se divertindo com isso.

— Então, fique sabendo que isso me deixou fervendo por dentro.

Ele mordeu o lábio inferior e me olhou com desejo. E pegou o celular para ver as horas.

— Acho que podemos dá uma fugidinha que ninguém vai perceber. A festa ainda vai demorar para acabar.

— Então, vamos!

Romão me puxou pela mão indo em direção ao celeiro, tentamos passar de fininho pela multidão, mas fomos interrompidos por uma voz.

— Vamos abrir os presentes!

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