Entramos no escritório para que possamos ter privacidade, eu queria conversar depois da ceia, mas dona Meire insistiu para que conversássemos logo, ela garantiu que iria nos esperar para começar a festa. Patrícia estava com a cara séria, já percebi que essa conversa iria ser longa. Eu também não quis prolongar essa espera, estava pronta para brigar se for possível, só não queria magoar minha irmã, queria que ela participasse da vida do meu filho.
Patrícia entrou primeiro e eu entrei logo em seguida, depois de respirar fundo para me preparar. Tranquei a porta para não sermos surpreendida por pessoas inconveniente, isso quer dizer que eu estava me referindo a Cidinha. Quando me virei para começar a conversa, Patrícia fez algo que me surpreendeu. Ao invés de gritar e soltar os cachorros comigo, ela me abraçou.
Fiquei paralisada por um tempo para poder entender o que estava acontecendo, a conclusão que cheguei era que... eu não entendia mais nada. Aos poucos retribui o seu abraço, envolvendo meus braços entornos da sua cintura.
— Estou feliz por você, mana.
Oi? Ela, por acaso, bateu com a cabeça quando estava transando no celeiro?
— Eu não entendo, achei que ficaria brava comigo.
Ela desfez o abraço e me olhou nos olhos.
— Brava com você, o Heitor é lindo!
O que o sexo não faz.
— Eu escondi a existência dele, no mínimo, você deveria me dar uns bons tapas
— Eu realmente quero fazer isso, mas depois que me apresentou o Heitor, foi como se a ficha tivesse caído. O seu sumiço há oito anos atrás, depois o seu retorno, sua depressão, o psicólogo. Oh, mana! Eu não imagino quanto sofrimento você tem passado longe dele.
Comecei a chorar de repente, eu precisava dessa compreensão dela, ela não faz ideia como isso lavou a minha alma.
— Obrigada! — Eu a abracei. — Obrigada, por me entender.
— Tá, brincando? É claro que te entendo, com a mãe que você tem e com atitudes idiotas do nosso pai, até eu fugiria para ter meu filho longe. Eu só não entendo, por que você não confiou em mim, por que não me disse que tinha um filho?
— Eu não podia contar... — Não posso contar que o pai da criança ameaçou a matá-lo e me mata. Se ela soubesse quem era o pai... — Eu estava desesperada, graças a Deus que conheci o Marcos e Carla.
— Agora você não está mais sozinha, eu estou aqui para o que precisar. Romão também, pelo visto.
— Ele se deu bem com o Heitor.
— Adoro ver essa cara de felicidade em você. Faz tempo que não via isso.
— É, estou feliz, muito feliz!
E não era só por causa do sexo. Até porque fazia uma semana que Romão morava comigo e até agora não transamos no nosso apartamento. Eu tinha tido muito trabalho na empresa, saía cedo e chegava tarde e o Romão estava dormindo nessas duas ocasiões. Precisava urgente de ficar uns minutos a sós com ele, apesar que minutos não iria adiantar para saciar a minha vontade, acho que vamos ter que esperar até a hora de dormir. Até porque não queria perder nenhum momento desse natal com o Heitor.
Droga! Não sabia que estava com tanta vontade de sentir o Romão dentro de mim, até pensar sobre isso. Agora vou ter que esperar e esperar não era muito o meu forte.
— Vamos voltar, o pessoal já devem estar nos xingando.
— Alessandra não gostou muito de saber da novidade.
— Pode deixar que eu converso com ela.
Voltamos para a festa. Todos estavam conversando animadamente esperando por nós para iniciar a ceia, só o Heitor e as crianças dos peões e engenheiros estavam comendo. Romão percebeu a gente se aproximando e abriu um sorriso. Oh! Céus, não sorria assim, acho que minha calcinha ficou inutilizável. Merda! Preciso ficar sozinha com ele urgente. Sentei um pouco nervosa ao lado dele, não fazia ideia o porquê estava me sentindo assim. Ele colocou a mão na minha coxa e olhou para mim franzindo a teste.
— Está tudo bem? — perguntou ele.
— S... sim, claro! — respondi com a voz trêmula.
Senti no meu corpo uma comichão que se acumulava na parte sul do meu corpo, eu sei que isso só vai passar quando eu tiver o que eu quero.
— Ocorreu tudo bem lá dentro?
Nossa! Seu cheiro entrou pelas minhas narinas e intensificou essa sensação, estou totalmente viciada nele, já não posso viver sem ele.
— Não! São tantas sensações que não consigo explicar.
— Mas, você parecia contente.
Talvez ele pense que ele não era mais o suficiente, mas era totalmente ao contrário, era dele que eu precisava.
— Foi só impressão na verdade, há uma confusão tão grande que não consigo explicar.
— Vocês brigaram?
Oi? Há ele estava falando da minha conversa com a Patrícia. Jesus, e eu pensando que... deixa pra lá.
— Ainda bem que voltaram, já estávamos reclamando de fome, só as crianças podiam comer — disse Cidinha interrompendo a nossa conversa.
— Não precisava ficar esperando por nós, já poderia ter começado a comer — retrucou Patrícia.
— Ah, claro! É bom saber disso, da próxima vez eu não espero.
— Pare de reclamar, Cidinha. Elas não demoraram tanto assim — repreendeu Meire.
Cidinha deu de ombros para a dona Meire disse e imediatamente todos começamos a nos servir. Romão fez questão de me servir, o que deixou Cidinha de cara fechada. Começamos a comer e a conversar sobre diversas coisas. Marcos e Carla interagiram muito bem com dona Meire e o senhor Ismael. Heitor foi brincar com as crianças depois que acabou de comer e o Romão sempre olhava para mim e sorria feito bocó. Sim, ele fazia cada de bocó. As vezes ele colocava a mão na minha coxa e sem perceber sua mão subia para minha virilha. Isso fazia meu corpo aquecer mais, toda a vez que ele me tocava.
Na hora da sobremesa, cada família compartilhou entre sim os pratos que trouxeram. Marta trouxe para mesa o bolo pudim que eu fiz pensando no Romão e que ainda não foi desenformado.
— Foi Alexia que fez esse pudim, ela fez pensando em você, filho. — disse Meire, ela não dispensava as oportunidades.
Cidinha revirou os olhos.
— Eu é que não vou comer algo que ela fez — disse Cidinha para me irritar.
— Por quê? — perguntou Carla.
— Uma mulher que nunca colocou os pés em uma cozinha, não deve ter preparado nada de bom.
— Pois, não coma porque se tiver bom, você ficar só na vontade — disse Marta se intrometendo na conversa.
Quando Marta desenformou o bolo pudim, vimos que a aparência ficou linda. O pudim ficou uniforme na parte de cima e o bolo de chocolate ficou na parte de baixo, separadamente, um perfeito casamento. Casamento? Vi os olhos do Romão brilharem e sua boca salivar. Marta cortou dois pedaços e entregou um para mim e um para o Romão.
— Toma, foi você que fez para ele, então, os dois serão as cobaias — disse Marta.
Tudo isso é medo do pudim estar envenenado?
Cortei um pedaço de bolo, com o garfo, junto com o pudim e, ao mesmo tempo que o Romão coloquei na boca. Mastiguei uma, duas, três vezes o pedaço que estava na minha boca e olhei para o Romão, nossos olhos arregalaram ao mesmo tempo.
— Hum, está uma delícia. Hum, sinto o gosto de laranja. Hummm.
Romão gemia de prazer ao comer o bolo pudim e seus gemidos me fazia pensar em como aquela calda de caramelo ficaria deliciosa no seu corpo.
— Hum, nunca mais acerto essa receita, ficou maravilhoso.
Marta cortou o restante do pudim e distribuiu para os outros, só Cidinha que se emburrou e não quis comer. Azar o dela, vai ficar com vontade. Todos comeram gemendo de satisfação, Romão fez questão de repeti a sobremesa e comia gemendo.
Oh, Jesus! Faça ele parar.
Depois da ceia Romão me arrastou para dançar forró. Sempre com o sorriso no rosto, ele me conduzia pela pista de dança improvisada.
— E esse sorriso no rosto? — perguntei sem conter minha alegria de vê-lo sorrir.
— Eu estou feliz!
— É mesmo?
— Sim!
Ele não tirava seus olhos de mim, dava para perceber que realmente ele estava feliz.
— Posso saber o motivo de tanta felicidade?
— Pode. — Eu levantei uma sobrancelha para ele, insinuando para que ele me conte. — É tudo!
— Tudo?
— Essa festa linda, minha família reunida, meus amigos presentes e você. A pessoa que me deixa louco só com um olhar intimidador e que fez um bolo pudim pensando em mim.
Eu tentei fazer minha cara de empresária, mas falhei drasticamente e ele caiu na gargalhada.
— Eu não consigo mais ser indiferente com você.
— Você perdeu a capacidade de me intimidar quando resolveu se entregar ao meu charme.
— Convencido!
— E eu percebi que você estava excitada quando sentou do meu lado.
Oh, merda! Ele percebeu.
— Como percebeu?
— Simples, você estava nervosa, não falava coisa com coisa e ainda fechava as pernas quando eu tocava na sua coxa. Era por isso que as vezes eu subia com a minha mão.
Filho da mãe! Eu, quase entrando em combustão instantânea e ele se divertindo com isso.
— Então, fique sabendo que isso me deixou fervendo por dentro.
Ele mordeu o lábio inferior e me olhou com desejo. E pegou o celular para ver as horas.
— Acho que podemos dá uma fugidinha que ninguém vai perceber. A festa ainda vai demorar para acabar.
— Então, vamos!
Romão me puxou pela mão indo em direção ao celeiro, tentamos passar de fininho pela multidão, mas fomos interrompidos por uma voz.
— Vamos abrir os presentes!
Droga! Só podia ser a Cidinha, ela me viu saindo de fininho, puxando Alexia pela mão e resolveu inventar de abrir os presentes. Sei que já passava da meia noite e o pessoal estavam longe de ficar com sono. — Eu não trouxe o presente do Heitor — falou Alexia preocupada. — Eu fui buscar, está no celeiro. — Você pensou em tudo? — Sou um namorado maravilhoso, não é? — Ainda não ouve o pedido. — Bufei. — Mas você é maravilhoso. Abri um sorrido para ela e a beijei com carinho, sendo retribuiu por ela. — Mas o papai Noel ainda não veio — disse o Heitor. — Como se ele fosse aparecer — digo e sou olhado torto pela Alexia e Carla. — Por quê? Ele não sabe onde fica a fazenda? Agora as duas mulheres me olhavam com raiva. — Conserta isso agora, Romão! — ordenou Alexia sussurrando no meu ouvido. — Na... não, é que o papai Noel é um ser místico e só aparece quando ninguém está olhando. Isso era
Romão presenteou os pais com produtos de higiene pessoal. Dona Meire ganhou, hidratante para o corpo, creme rejuvenescedor para o rosto e pescoço, reparador de pontas, sabonete hidratante, shampoo, condicionador... enfim, um kit completo. Senhor Ismael, ganhou as mesmas coisas, mas voltado para o sexo masculino. Marta ganhou mais um livro de receita, dessa vez de comidas saudáveis, para aqueles que tem algum tipo de alergia com algum alimento. — Meus presentes são apenas lembrancinhas, mas tenho a impressão que vocês querem que eu faça comida de presente para vocês — disse Marta. — É essa a ideia! — Romão respondeu divertido. Marta aproveitou a oportunidade e distribuiu as lembrancinhas que ela comprou para dar de presente, eram pingentes com imagens de santos, ou melhor santo, seu santo favorito, santo Antônio. Miguel ganhou de Romão botas de couro e Patrícia ganhou um relógio digital, ela adora qualquer coisa que tenha tecnologia. Alessandra
Assustei-me quando acordei no outro dia e vi Marcos dormindo ao meu lado. Lembrei, imediatamente, que mostrei o celeiro para o Marcos, ficamos conversando para dar tempo de Alexia aparecer e acabamos pegando no sono. O pior de tudo era que dormirmos abraçados.Ele abriu os olhos ao mesmo tempo que eu e se assustou com o meu grito, caímos da cama. Ele para um lado da cama e eu para o outro, em seguida levantamos.— Eu pensei que estava com a Carla, até sonhei com ela.— Eu também pensei que estava com Alexia e também sonhei com ela.— É por isso que acordamos abraçados, pensando ser nossas mulheres?— Acho que esse deve ser o motivo.Lembrei que no sonho, eu e Alexia... Ah, meu Deus! Marcos me olhou com a mesma cara de espanto, acho que ele lembrou do sonho que teve com a esposa.— V... Você lembra de ter acontecido alguma coisa?— Oh, não! Não deve ter acontecido nada.Recapitulamos os nossos passos.— Nós viemos
Mostrei o estábulo para Marcos, Carla e Heitor. Romão e seus pais estavam juntos com a gente. Apresentei para eles a Rainha, a minha égua e levei o Heitor para ver os coelhos. — Eles têm um nome? — perguntou Heitor com os olhinhos brilhando. — Hum, não! Não tive tempo de pensar nisso. Vamos pensar juntos? — Vamos! — Ele pegou um coelho grandão e alisou sua cabeça. — Esse vai se chamar orelhudo. Dei risada do nome engraçado que ele deu para o coelho. — E essa daqui? Essa é mais delicada. Apesar de ser grandona, a coelha tinha um olhar meigo. — Hum, graciosa. — Sorri. — Gostei! Heitor pegou os filhotes e segurou-os contra seu corpo. — Esses aqui, serão Romexia e Alemão. — Como? — É a mistura do nome Alexia e Romão. — Oh! — Eu gostei! — Romão falou, aparecendo por trás de mim. — Estou começando a gostar desses coelhos. — Olhei torto para ele. — Por quê? Você não gosta
Não acredito que Alexia convenceu meu pai a fazer mais obras, ou pior, não acredito que Alexia conseguiu me convencer a fazer mais obras. Essa mulher tinha minhas bolas nas mãos, não conseguia dizer não para ela, essa mulher me virou do avesso. Antes de viajar, para aproveitar o presente de natal que Alexia deu, meu pai fez diversas recomendações sobre o que tinha que fazer na fazenda. Me senti como um adolescente, como se nunca tivesse ficado sozinho antes. Ele estava muito empolgado com essa viagem e isso me deixava feliz, esse foi um dos motivos para concordar com mais obras na fazenda, por deixá-lo feliz. — Eu sei, pai! Eu sei. Não é a primeira vez que cuido da fazenda sozinho. — Mas é a primeira vez que fico tanto tempo longe. Isso era verdade! No máximo, meu pai se ausentava um fim de semana inteiro, resolvendo coisas da quitanda, ou apenas para descansar com a mamãe. E sempre voltava revigorado. — Não tem só a fazenda para cuidar,
Bebi um copo de água na cozinha, pensando na conversar que tive com Marcos no escritório. Por mais que eu não admita, sei que ele estava certo. Só que revelar a verdade quem era o pai do meu filho, envolveria muita gente e não tinha intensão de dar satisfação a ninguém. A única pessoa abdicar dos seus direitos, estava morto, ele não vai ser um problema. E o pai do Conrado que sabia do meu segredo e que me chantageava, para ter direitos na empresa, também estava morto, mas podia respirar tranquila, sabendo que ele morreu para não falar quem era o tal de Heitor que tanta procuram. E por que estão procurando o meu filho? Eu precisava saber. Então, não via motivos para contar a verdade, Heitor era meu filho e ninguém vai tirá-lo de mim, o que eu precisava fazer era protege-lo e é isso que estou fazendo. Se eu contasse para o Marcos dos seguranças que eu coloquei para protege-los, ele poderia dar a língua nos dentes, ou pior, poderia concordar comigo e não me proibir de ver o meu
Alexia estava emotiva com a despedida do Heitor, ela se aconchegou a cabeça no meu peito e acariciei seus cabelos. Ficamos assim por um tempo, até eu quebrar o silêncio. — Posso te fazer uma pergunta? — Pode! — Te incomoda que o Heitor me chama de pai? Senti seu corpo ficando tenso, era essa a reação que ela fazia toda vez que Heitor me chamava de pai. Ela se afastou um pouco para me olhar. — N... Não! Por que me incomodaria? — Será por que você fica tensa toda vez que ele me chama de pai? Ela desviou o olhar um pouco insegura e se afastou indo em direção ao guarda-roupas, pegando uma camisola. — Eu só fiquei surpresa por ele ter te aceitado tão rápido. — Hum! Tem certeza? — Sim, claro! — ela não falou com tanta convicção. Ela tirou a blusa que estava vestindo e o sutiã, quando ela ia colocar a camisola, eu segurei sua mão a impedindo de cobrir seu corpo. — Não precisa colocar isso, sendo
Durante a semana trabalhei na quitanda, todas as manhãs. À tarde, eu ia para o campo, trabalhar na horta. Providenciei a planta da estufa e comprei o local para abrir a floricultura. O que rendeu uma série de discussão com o Romão, ele não queria que me ocupasse com isso. Porém, nós dois sabemos que se esperar para que ele fizesse qualquer, a ideia nunca sairia do papel. Apesar do seu aborrecimento, eu sabia muito bem como acalmá-lo. Na sexta-feira, fui até a cidade para conversar com a Alessandra, sobre o Heitor, ela foi embora da fazenda sem se despedir e sem que ninguém visse, achei que ela estaria chateada, mas não foi o que aconteceu. Ela tinha saído mais cedo para encontrar com o namorado, ainda bem que ela conheceu um cara bacana e deu um pé na bunda do Robson, ele não era a melhor opção para ela. Conversamos bastante e nos entendemos. Quando estava de saída, o namorado dela apareceu e eu tive o prazer de conhecê-lo, por coincidência ou não, ele também era adv