Alexia arregalou os olhos e abriu a boca com o que eu falei. Acho que ela entendeu quem estava vindo.
— Você não fez isso...
— Ah, eu fiz.
— Você... Não... — Ela parecia confusa e parecia não ter gostado da surpresa. Ela olhou para todos que estavam no terreiro e depois olhou para mim. — O que eu vou dizer para os outros?
— A verdade!
— Mas...
— Alexia, ele é seu filho, mais cedo ou mais tarde, todos ficariam sabendo.
— Eu preferia que fosse mais tarde. — Eu não entendia sua reação, ela parecia preocupada com alguma coisa.
— Eu queria te proporcionar um natal que você nunca teve na vida.
O carro estacionou embaixo da goiabeira e a porta abriu revelando a pessoa do Marcos. Vi os olhos de Alexia lacrimejarem, ela olhou de volta para mim, sorriu e me abraçou.
— Obrigado!
Respirei aliviado, por um momento, pensei que tivesse feito alguma besteira.
— Eu faria qualquer coisa por você. — Ela desfez o abraço e me deu um selinho segurando meu rosto, daqueles que você inspira, sentindo o cheiro da pessoa. — Agora vai lá, receber o seu filho.
Alexia andou rápido em direção ao carro, Marcos abriu a porta do passageiro revelando Heitor, que correu assim que viu Alexia se aproximando. Os dois se abraçaram forte e ficaram um tempo abraçados. Alexia cumprimentou os pais adotivos de Heitor, com um abraço e beijo no rosto.
— É quem estou pensando? — perguntou mamãe tocando meu ombro.
— Se o que você está pensando, é o mesmo que estou pensando. Sim! — digo.
— Que maravilha! À noite será perfeita. Foi você que fez essa surpresa para ela?
— Sim, mamãe! Eu quis vê-la feliz hoje.
— Isso é amor!
Sorri para minha mãe e nos aproximamos deles. Alexia estava radiante, não conseguia parar de sorrir por causa da presença deles. Nossos olhos se encontram e seu sorriso se alargou.
— Dona Meire, esses são Marcos, Carla e Heitor.
Marcos e Carla cumprimentaram minha mãe com um aperto de mão, um beijo no rosto e um abraço. Minha mãe adorava abraçar.
— Alexia, o menino é a sua cara. Ele tem seus olhos, seu sorriso e...
Minha mãe olhou fixamente para o menino franzindo a testa.
— O queixo dele se parece com o do Romão.
Percebi Alexia e Marcos se olhando desconfiados. Achei aquilo esquisito, mas resolvi não ligar.
— Que isso, mãe! Deve ser impressão sua.
— É, deve ser.
— Oi! — disse o menino pegando a mão da minha mãe e levando até a boca para beijá-la.
— Olha só, que cavalheiro!
— Acabei de ver isso no filme e me deu vontade de fazer.
— Menino inteligente! Se continuar assim, vai ganhar um monte de meninas.
— Deixa-o crescer mais um pouco, que eu ensino a pagar a mulherada — digo.
— Como é? — questionou Alexia, estreitando os olhos para mim.
Acho que não foi o melhor momento de ter soltado uma piada.
— Venham, vou apresentá-los aos outros — disse mamãe guiando Marcos, Carla e Heitor em direção a mesa onde será a ceia.
— Que história é essa de ensiná-lo a pegar mulher? — perguntou Alexia puxando o meu braço.
— Era só brincadeira!
— Sei!
— Ele vai crescer e vai precisar de conselhos sobre garotas.
— E você seria a melhor pessoa para isso?
— E, por que não? Ele precisa de uma referência masculina.
— Como aquela cantada ridícula da “fritura e óleo?”
— Aquilo foi só uma piada, eu sabia que era você.
Ela riu da minha cara. Alexia estava certa, aquela cantada foi ridícula, nunca mais faço isso na minha vida. Caminhamos em direção à mesa e vemos minha mãe apresentando, os novos convidados para o restante do pessoal que já chegou. Não teve um que não tinha ficado surpreso em saber que o Heitor era filho de Alexia. Ela escondeu muito bem o menino durante todos esses anos e agora todos estão sabendo dele. Pelo menos, todos que estão à mesa.
— Olha, Alexia, eu estou surpresa, acho que todos nós estamos, nunca imaginei que você tivesse um filho — disse Alessandra.
— Não foi fácil guardar esse segredo, todos esses anos. Eu me dediquei aos estudos para consegui minha independência para poder ter o meu filho perto de mim, outra vez.
— Pretende pedir a guarda dele?
Essa pergunta deixou Marcos e Carla inquietos no lugar, esperando a resposta da Alexia.
— Não! Eu não posso fazer isso.
— E, por que não? Ele é seu filho.
— Alessandra, não seria justo com o menino, nem com os pais adotivos dele.
— Mas...
— ALESSANDRA! — Alexia falou em um tom de voz agressivo e olhando sério para Alessandra, que se sentiu intimidada com sua postura de empresária. — Ele é meu filho e o amo mais que qualquer coisa no mundo, mas não vou tirá-lo daqueles que o amou e cuidou com tanto carinho. Eu não suportaria se alguém o tirasse de mim e não quero o mesmo para eles.
— A Patrícia sabe sobre o menino?
— Não, ainda não. Ela está conversando com Miguel, quando eles acabarem eu conto para ela.
— Quem é o pai biológico do menino? — perguntou Cidinha se intrometendo na conversa.
Alexia prendeu a respiração e arregalou os olhos com a surpresa da pergunta que Cidinha fez. Ela ficou desconfortável com a conversa, talvez ela não gostasse de tocar nesse assunto, precisava fazer alguma coisa.
— Isso não é da sua conta — disse mamãe antes que Alexia abrisse a boca.
— Ora! Só acho que o Romão tem o direito de saber quem é o pai do garoto. Já que eles estão morando juntos.
— Isso é assunto particular deles, você não tem nada a ver com isso.
— Eu só fiquei curiosa.
— Para mim, não importa quem é o pai. Eu me dou bem com o Heitor, só isso basta — defendi a minha namorada.
Alexia olhou para mim sorrindo, segurei sua mão e ela soltou um suspiro aliviada.
— O que fizeram vocês cancelarem a viagem? — perguntou Alexia para Marcos para poder mudar o rumo da conversa.
— Ficamos apreensivos por causa desse surto de pandemia que está na Europa, então, resolvemos não sair de casa — disse Carla.
— Pelo menos, fomos reembolsados por termos cancelado a viagem, senão, seria dinheiro jogado fora — comentou Marcos com a esposa.
— Para onde vocês iriam? — perguntou mamãe.
— Para Disney, eu queria ver relâmpago mcqueem — disse o Heitor com voz triste.
Alexia faz carinho na cabeça do menino, que sorriu para ela.
— Terá muito tempo para ir a Disney, na próxima vez, eu irei com vocês e será tudo por minha conta.
Heitor sorriu empolgado para Alexia, arregalando os olhos.
— O Romão também vai?
Alexia olhou para mim e sorriu.
— Com certeza!
— Eba! Não vejo a hora do tempo passar logo.
— Isso vai depender de como você vai se comportar durante o ano, mocinho — Heitor fez bico com o comentário do pai.
— Algum problema? — Preocupou-se Alexia.
— Ele não anda comendo direito, se ele quiser essa viagem, vai ter que se alimentar corretamente como nesse ano — repreendeu Carla.
— Eca! Odeio legumes e verduras — Heitor fez careta.
— Mas é bom se alimentar direito para crescer forte e inteligente —Mamãe abraçou o menino que se agarrou na sua cintura.
— Mas o gosto é ruim.
— Não é, não! Fiz uma comida super gostosa, bastante legumes, coloquei meu toque especial e você nem vai sentir o gosto ruim. Posso colocar um prato para você?
Heitor balançou a cabeça concordando com a mamãe. Ela sempre conseguia convencer as pessoas, de um jeito ou de outro.
— Agora vamos nos sentar que estou morrendo de fome.
— Vocês acham que essa pandemia vai chegar aqui no Brasil? — perguntou papai mudando de assunto, enquanto caminhamos até à mesa.
— Com certeza! Já tomei providencia caso isso aconteça — argumentou Alexia.
— Que tipo de providência? — perguntei curioso.
— Prevenção, é o melhor remédio. Quando voltarmos ao trabalho, teremos novas regras.
— Vai precisar disso tudo?
— Com certeza, vai!
Miguel e patrícia voltaram do celeiro, com sorriso no rosto e com seus rostos vermelhos. Acho que deve ter rolado algo mais do que apenas uma conversa. Eles olharam para o Marcos e Carla franzindo a testa, com certeza entranhando de eles estarem ali.
— Olá! Perdemos alguma coisa? — perguntou Miguel olhando para o casal.
— Não! Já iriamos começar a servir o jantar — disse mamãe.
— Alexia nos apresentou o seu filho — provocou Cidinha.
— Cidinha! — mamãe a repreendeu.
— O que? Alexia está grávida?
Patrícia colocou a mão no peito como se tivesse levado um susto. Alexia arregalou os olhos e abriu a boca, surpresa com a pergunta de Patrícia. Ela ficou vermelha e sem saber como se explicar, Alexia começou a gaguejar.
— N... Não! Que pergunta absurda! Claro que eu não estou grávida.
É impressão minha o Alexia ficou com vergonha, com essa conversa? Ela parecia não saber onde enfiar a cara.
— Então, o que a Cidinha quis dizer?
— Alexia tem um filho de oito anos — disse Alessandra sem empolgação na voz.
O clima ficou desconfortável, parecia que essa conversa não ia ser fácil para as irmãs. Patrícia olhou para Alexia com olhar questionador, já Alexia olhava para qualquer coisa, menos para a Patrícia. Alexia não sabia como se portar diante desse assunto. Isso me fez pensar, será que fiz bem em fazer essa surpresa para Alexia? Talvez ela não estivesse pronta para encarar sua história de frente. De repente, as duas se encararam e vi cumplicidade em seus olhares.
— Acho que precisamos conversar.
Entramos no escritório para que possamos ter privacidade, eu queria conversar depois da ceia, mas dona Meire insistiu para que conversássemos logo, ela garantiu que iria nos esperar para começar a festa. Patrícia estava com a cara séria, já percebi que essa conversa iria ser longa. Eu também não quis prolongar essa espera, estava pronta para brigar se for possível, só não queria magoar minha irmã, queria que ela participasse da vida do meu filho. Patrícia entrou primeiro e eu entrei logo em seguida, depois de respirar fundo para me preparar. Tranquei a porta para não sermos surpreendida por pessoas inconveniente, isso quer dizer que eu estava me referindo a Cidinha. Quando me virei para começar a conversa, Patrícia fez algo que me surpreendeu. Ao invés de gritar e soltar os cachorros comigo, ela me abraçou. Fiquei paralisada por um tempo para poder entender o que estava acontecendo, a conclusão que cheguei era que... eu não entendia mais nada. Aos poucos retribui o s
Droga! Só podia ser a Cidinha, ela me viu saindo de fininho, puxando Alexia pela mão e resolveu inventar de abrir os presentes. Sei que já passava da meia noite e o pessoal estavam longe de ficar com sono. — Eu não trouxe o presente do Heitor — falou Alexia preocupada. — Eu fui buscar, está no celeiro. — Você pensou em tudo? — Sou um namorado maravilhoso, não é? — Ainda não ouve o pedido. — Bufei. — Mas você é maravilhoso. Abri um sorrido para ela e a beijei com carinho, sendo retribuiu por ela. — Mas o papai Noel ainda não veio — disse o Heitor. — Como se ele fosse aparecer — digo e sou olhado torto pela Alexia e Carla. — Por quê? Ele não sabe onde fica a fazenda? Agora as duas mulheres me olhavam com raiva. — Conserta isso agora, Romão! — ordenou Alexia sussurrando no meu ouvido. — Na... não, é que o papai Noel é um ser místico e só aparece quando ninguém está olhando. Isso era
Romão presenteou os pais com produtos de higiene pessoal. Dona Meire ganhou, hidratante para o corpo, creme rejuvenescedor para o rosto e pescoço, reparador de pontas, sabonete hidratante, shampoo, condicionador... enfim, um kit completo. Senhor Ismael, ganhou as mesmas coisas, mas voltado para o sexo masculino. Marta ganhou mais um livro de receita, dessa vez de comidas saudáveis, para aqueles que tem algum tipo de alergia com algum alimento. — Meus presentes são apenas lembrancinhas, mas tenho a impressão que vocês querem que eu faça comida de presente para vocês — disse Marta. — É essa a ideia! — Romão respondeu divertido. Marta aproveitou a oportunidade e distribuiu as lembrancinhas que ela comprou para dar de presente, eram pingentes com imagens de santos, ou melhor santo, seu santo favorito, santo Antônio. Miguel ganhou de Romão botas de couro e Patrícia ganhou um relógio digital, ela adora qualquer coisa que tenha tecnologia. Alessandra
Assustei-me quando acordei no outro dia e vi Marcos dormindo ao meu lado. Lembrei, imediatamente, que mostrei o celeiro para o Marcos, ficamos conversando para dar tempo de Alexia aparecer e acabamos pegando no sono. O pior de tudo era que dormirmos abraçados.Ele abriu os olhos ao mesmo tempo que eu e se assustou com o meu grito, caímos da cama. Ele para um lado da cama e eu para o outro, em seguida levantamos.— Eu pensei que estava com a Carla, até sonhei com ela.— Eu também pensei que estava com Alexia e também sonhei com ela.— É por isso que acordamos abraçados, pensando ser nossas mulheres?— Acho que esse deve ser o motivo.Lembrei que no sonho, eu e Alexia... Ah, meu Deus! Marcos me olhou com a mesma cara de espanto, acho que ele lembrou do sonho que teve com a esposa.— V... Você lembra de ter acontecido alguma coisa?— Oh, não! Não deve ter acontecido nada.Recapitulamos os nossos passos.— Nós viemos
Mostrei o estábulo para Marcos, Carla e Heitor. Romão e seus pais estavam juntos com a gente. Apresentei para eles a Rainha, a minha égua e levei o Heitor para ver os coelhos. — Eles têm um nome? — perguntou Heitor com os olhinhos brilhando. — Hum, não! Não tive tempo de pensar nisso. Vamos pensar juntos? — Vamos! — Ele pegou um coelho grandão e alisou sua cabeça. — Esse vai se chamar orelhudo. Dei risada do nome engraçado que ele deu para o coelho. — E essa daqui? Essa é mais delicada. Apesar de ser grandona, a coelha tinha um olhar meigo. — Hum, graciosa. — Sorri. — Gostei! Heitor pegou os filhotes e segurou-os contra seu corpo. — Esses aqui, serão Romexia e Alemão. — Como? — É a mistura do nome Alexia e Romão. — Oh! — Eu gostei! — Romão falou, aparecendo por trás de mim. — Estou começando a gostar desses coelhos. — Olhei torto para ele. — Por quê? Você não gosta
Não acredito que Alexia convenceu meu pai a fazer mais obras, ou pior, não acredito que Alexia conseguiu me convencer a fazer mais obras. Essa mulher tinha minhas bolas nas mãos, não conseguia dizer não para ela, essa mulher me virou do avesso. Antes de viajar, para aproveitar o presente de natal que Alexia deu, meu pai fez diversas recomendações sobre o que tinha que fazer na fazenda. Me senti como um adolescente, como se nunca tivesse ficado sozinho antes. Ele estava muito empolgado com essa viagem e isso me deixava feliz, esse foi um dos motivos para concordar com mais obras na fazenda, por deixá-lo feliz. — Eu sei, pai! Eu sei. Não é a primeira vez que cuido da fazenda sozinho. — Mas é a primeira vez que fico tanto tempo longe. Isso era verdade! No máximo, meu pai se ausentava um fim de semana inteiro, resolvendo coisas da quitanda, ou apenas para descansar com a mamãe. E sempre voltava revigorado. — Não tem só a fazenda para cuidar,
Bebi um copo de água na cozinha, pensando na conversar que tive com Marcos no escritório. Por mais que eu não admita, sei que ele estava certo. Só que revelar a verdade quem era o pai do meu filho, envolveria muita gente e não tinha intensão de dar satisfação a ninguém. A única pessoa abdicar dos seus direitos, estava morto, ele não vai ser um problema. E o pai do Conrado que sabia do meu segredo e que me chantageava, para ter direitos na empresa, também estava morto, mas podia respirar tranquila, sabendo que ele morreu para não falar quem era o tal de Heitor que tanta procuram. E por que estão procurando o meu filho? Eu precisava saber. Então, não via motivos para contar a verdade, Heitor era meu filho e ninguém vai tirá-lo de mim, o que eu precisava fazer era protege-lo e é isso que estou fazendo. Se eu contasse para o Marcos dos seguranças que eu coloquei para protege-los, ele poderia dar a língua nos dentes, ou pior, poderia concordar comigo e não me proibir de ver o meu
Alexia estava emotiva com a despedida do Heitor, ela se aconchegou a cabeça no meu peito e acariciei seus cabelos. Ficamos assim por um tempo, até eu quebrar o silêncio. — Posso te fazer uma pergunta? — Pode! — Te incomoda que o Heitor me chama de pai? Senti seu corpo ficando tenso, era essa a reação que ela fazia toda vez que Heitor me chamava de pai. Ela se afastou um pouco para me olhar. — N... Não! Por que me incomodaria? — Será por que você fica tensa toda vez que ele me chama de pai? Ela desviou o olhar um pouco insegura e se afastou indo em direção ao guarda-roupas, pegando uma camisola. — Eu só fiquei surpresa por ele ter te aceitado tão rápido. — Hum! Tem certeza? — Sim, claro! — ela não falou com tanta convicção. Ela tirou a blusa que estava vestindo e o sutiã, quando ela ia colocar a camisola, eu segurei sua mão a impedindo de cobrir seu corpo. — Não precisa colocar isso, sendo