Droga! Só podia ser a Cidinha, ela me viu saindo de fininho, puxando Alexia pela mão e resolveu inventar de abrir os presentes. Sei que já passava da meia noite e o pessoal estavam longe de ficar com sono.
— Eu não trouxe o presente do Heitor — falou Alexia preocupada.
— Eu fui buscar, está no celeiro.
— Você pensou em tudo?
— Sou um namorado maravilhoso, não é?
— Ainda não ouve o pedido. — Bufei. — Mas você é maravilhoso.
Abri um sorrido para ela e a beijei com carinho, sendo retribuiu por ela.
— Mas o papai Noel ainda não veio — disse o Heitor.
— Como se ele fosse aparecer — digo e sou olhado torto pela Alexia e Carla.
— Por quê? Ele não sabe onde fica a fazenda?
Agora as duas mulheres me olhavam com raiva.
— Conserta isso agora, Romão! — ordenou Alexia sussurrando no meu ouvido.
— Na... não, é que o papai Noel é um ser místico e só aparece quando ninguém está olhando.
Isso era uma boa desculpa.
— O que acontece se a gente o ver? — perguntou o garoto desconfiado.
— Ele não vai aparecer mais.
— Ah! Aquela menina disse que o papai Noel não existe.
Ele apontou para uma garotinha loira, filha de um dos engenheiros.
— Existe sim, querido! Mas ele só aparece para quem acredita — disse Alexia.
Eles trocaram olhares de carinho, como se só com um olhar pudessem se comunicar. Fizemos um grande amigo secreto e o combinado era dar apenas lembrancinhas, nada de presente caro. Depois do amigo secreto, meu pai se fantasiou de papal Noel e as crianças ficaram encantadas.
— Ho, ho, ho! O papai Noel chegou!
O Heitor se aproximou de mim e me puxou para que eu me abaixasse, para falar algo no meu ouvido.
— Eu sei que é o vô Ismael, mas vou ajudar a enganar as outras crianças.
Garoto esperto! Espera aí, vô Ismael?
— Eu te ajudo!
Confesso que meu coração se palpitou com o que ele disse, ele considerava meus pais avôs dele. Isso significa que ele me considerava como pai? Olhei para Alexia e ela parecia uma menininha olhando admirada para meu pai.
Papai distribuiu presentes para todas as crianças que estavam na fazenda, agora entendi o porquê da lista dos nomes de crianças que ele fez. Estava tudo combinado com os pais das crianças e quando disse que iria aparecer mais uma criança, ele pegou o cavalo e saiu logo em seguida.
As pessoas foram se despedindo e indo embora, mas ainda continuaríamos festejando. Assim que só estavam nós da família, fomos para a sala onde estava os presentes. Coloquei o presente que Alexia comprou para o Heitor debaixo da árvore, porém, tinha mais presentes do que pessoas, a maioria dos presentes, foi Alexia que comprou.
A primeira a entregar os presentes foi minha mãe. Ela comprou para Alexia, Patrícia, Marta e Cidinha, um par de brincos para cada e para mim, para o Miguel e para o meu pai, ela comprou camisas xadrezes, como ela sempre fazia todo ano.
— Mais um para coleção — zombou Alexia.
Eu sei, ela adorava as minha camisas, principalmente, quando estava sem elas.
— Eu só não comprei nada para o Heitor, porque não sabia que ele vinha.
— Tudo bem, eu ganhei presente do vô Noel — disse Heitor contente.
Outra vez vô. Alexia olhou para o menino com lágrimas nos olhos, mas se recompôs rapidamente.
Na vez do meu pai, ela comprou para Alexia um livro sobre empresa. Ao que parece, era o que ela queria comprar mais nunca encontrou nas livrarias. Para Patrícia ele comprou uma mini caixa de som portátil que emitia luz, se ligasse em um local escuro, parecia que estávamos dentro de uma boate, ela adorou. Para Cidinha, ele comprou um perfume. Para Miguel, comprou um cinto de couro com uma fivela que tinha um desenho de uma cabeça de boi, ele adorava esses tipos de cinto assim como eu. Para mim, ele comprou um relógio Curren, super luxuoso com a pulseira de couro, adorei o presente. Para Marta, um livro que culinária italiana, como ela sempre quis. E para minha mãe ele comprou um colar com par de brincos de ouro.
— Querido isso deve ter sido muito caro.
— Você merece amor!
Meu pai trocou um olhar de cumplicidade com Alexia, ela deve ter dado alguma ajudinha para ele, porque ele nunca foi de dar presentes caros, como o meu relógio e o colar da minha mãe.
— Agora é minha vez! — disse Patrícia.
Ela comprou um celular de última geração com rastreador GPS, prova d’água que recarrega, tanto com carregador normal, como com energia solar para Miguel, minha mãe, meu pai, Alexia, Alessandra, Marta, Cidinha e eu.
— Isso é para saber onde estamos? — perguntou Alexia.
Patrícia apenas sorri e não respondeu à pergunta dela. É claro que ela queria sempre saber onde Alexia estava, ela se preocupava muito com a irmã.
— Minha vez! — disse Miguel.
Miguel comprou perfume para todo mundo. Ele nunca soube comprar presentes, então, todo ano ele comprava perfume. Isso fazia com que todos fossemos obrigados a gastar o frasco todo, dentro de um ano, porque no próximo natal ele ia dar perfume de presente.
— Minha vez de entregar os presentes — disse Cidinha.
Ela teve a mesma ideia que Miguel, comprou para mim, meu pai, minha mãe e Miguel perfumes e nada para as irmãs. Elas não ficaram chateadas, elas nem ligaram na verdade, Alexia só não gostou quando Cidinha me beijou na bochecha, a vi contraindo a mandíbula.
— Agora é minha vez! — disse Alexia empinando o nariz para o lado da Cidinha, que foi a primeira ganhar o presente.
Todos ficaram surpresos, até a própria Cidinha. Alexia entregou o presente para ela, com um sorriso de satisfação. Algo me diz que ela estava aprontando. Os olhos de Cidinha brilharam quando abriu o presente, era um estojo de maquiagem, ela adorava se pintar. Porém, ela olhou para Alexia com um olhar superior.
— Obrigado! — disse seco.
— De nada! — disse Alexia com um sorriso diabólico.
Eu e Patrícia nos aproximamos dela com curiosidade.
— Pensei que não gostasse dela — falou Patrícia.
— E não gosto!
— Então, por que deu um estojo de maquiagem para ela? — perguntei.
— É que a maquiagem é a prova d’água e vinte quatro horas, ela vai passar mais tempo com suas pinturas ridículas na cara.
Sabia que ela estava aprontando.
— Você é cruel, Alexia!
— Você ainda não viu nada, maninha. Isso foi pelos bilhetes no rodeio.
— Você esperou todo esse tempo para dar o troco? — questionei.
— A vingança é um prato que se come frio.
Eu queria morrer, “de bem,” com ela.
Alexia comprou para minha mãe, um par de sapatos, uma bolsa e um vestido de grife. Para o meu pai, um terno, camisa social, em par de sapatos de couro e um relógio de ouro, combinando com as joias da minha mãe. Eles adoraram eu sei.
— Não precisava gastar tanto dinheiro com a gente.
— Não foi nada, adoro dar presentes. Também tenho reservas em um hotel de luxo em frente à praia. Com hidromassagem, piscina particular e jantar romântico a luz de velas, já está tudo pago por uma semana.
— Oh, meu Deus eu não sei o que dizer.
— Apenas aceite, vocês merecem. Meu motorista pode levá-los para esse hotel. Tem um jato particular esperando vocês amanhã.
— Amanhã? E como fica a fazenda e os convidados?
— Deixa comigo, pai. Eu cuido de tudo.
Afinal, eles mereciam! Sempre trabalhando sem poder descansar, não me lembrava da última vez que meu pai teve folga. Alexia estava sendo generosa com os presentes, menos com o da Cidinha, mas isso era só um detalhe.
— Agora é a vez do meu bebê.
Entreguei para ela o presente que ela comprou para o Heitor.
— Eu não sou um bebê! — disse Heitor batendo o pé e cruzando os braços.
— É, sim! — Carla e Alexia disseram ao mesmo tempo.
O presente era uma construção de lego dos vingadores ultimato.
— Uou! Legal, adorei! — Os olhos do menino brilharam. — Eu te amo!
— Eu também te amo! — Alexia disse com lágrimas nos olhos e sorriso no rosto.
Alessandra a olhou com carinho, parecia que o clima entre as duas dissipou. Ela ganhou de Alexia uma caixa, contendo uma garrafa de vinho e duas taças de cristal. As duas se abraçaram emocionadas, parecendo mãe e filha. Para Patrícia, Alexia deu um aparelho que projetava um teclado de computador a laser e poderia ser usado em qualquer aparelho por via bluetooth.
— Amei! Tive até uma ideia de dispositivo eletrônico.
— Lá vai ela, com suas ideias, contando que não seja para me rastrear.
— Não conte com isso, maninha.
Miguel ganhou um relógio com a pulseira de couro como meu e Marta mais um livro de receitas de decoração de bolo. Marta ficou visivelmente emocionada.
— Vi que esse era o único livro que você não tinha, então, resolvi comprar.
— Obrigada, querida!
Para Marcos ela comprou uma pasta de couro e para Carla uma bolsa de grife. E para mim, ela comprou um chapéu de cowboy e um violão.
— Como sabe que sei tocar violão? — Ela deu de ombros. — Pai?
— Eu não disse nada.
— Eu vi no seu quarto que tinha um violão quebrado na parede, imaginei que não ela apenas enfeite.
Imaginou certo! Como ela conseguia ser tão perfeita? Ela acertou todos os presentes, até o da Cidinha, se bem que o dela, Alexia fez por maldade, mesmo assim ela acertou.
— Bom! Agora é a minha vez de dar os meus presentes.
maldade, mesmo assim ela acertou.
— Bom! Agora é a minha vez de dar os meus presentes.
Romão presenteou os pais com produtos de higiene pessoal. Dona Meire ganhou, hidratante para o corpo, creme rejuvenescedor para o rosto e pescoço, reparador de pontas, sabonete hidratante, shampoo, condicionador... enfim, um kit completo. Senhor Ismael, ganhou as mesmas coisas, mas voltado para o sexo masculino. Marta ganhou mais um livro de receita, dessa vez de comidas saudáveis, para aqueles que tem algum tipo de alergia com algum alimento. — Meus presentes são apenas lembrancinhas, mas tenho a impressão que vocês querem que eu faça comida de presente para vocês — disse Marta. — É essa a ideia! — Romão respondeu divertido. Marta aproveitou a oportunidade e distribuiu as lembrancinhas que ela comprou para dar de presente, eram pingentes com imagens de santos, ou melhor santo, seu santo favorito, santo Antônio. Miguel ganhou de Romão botas de couro e Patrícia ganhou um relógio digital, ela adora qualquer coisa que tenha tecnologia. Alessandra
Assustei-me quando acordei no outro dia e vi Marcos dormindo ao meu lado. Lembrei, imediatamente, que mostrei o celeiro para o Marcos, ficamos conversando para dar tempo de Alexia aparecer e acabamos pegando no sono. O pior de tudo era que dormirmos abraçados.Ele abriu os olhos ao mesmo tempo que eu e se assustou com o meu grito, caímos da cama. Ele para um lado da cama e eu para o outro, em seguida levantamos.— Eu pensei que estava com a Carla, até sonhei com ela.— Eu também pensei que estava com Alexia e também sonhei com ela.— É por isso que acordamos abraçados, pensando ser nossas mulheres?— Acho que esse deve ser o motivo.Lembrei que no sonho, eu e Alexia... Ah, meu Deus! Marcos me olhou com a mesma cara de espanto, acho que ele lembrou do sonho que teve com a esposa.— V... Você lembra de ter acontecido alguma coisa?— Oh, não! Não deve ter acontecido nada.Recapitulamos os nossos passos.— Nós viemos
Mostrei o estábulo para Marcos, Carla e Heitor. Romão e seus pais estavam juntos com a gente. Apresentei para eles a Rainha, a minha égua e levei o Heitor para ver os coelhos. — Eles têm um nome? — perguntou Heitor com os olhinhos brilhando. — Hum, não! Não tive tempo de pensar nisso. Vamos pensar juntos? — Vamos! — Ele pegou um coelho grandão e alisou sua cabeça. — Esse vai se chamar orelhudo. Dei risada do nome engraçado que ele deu para o coelho. — E essa daqui? Essa é mais delicada. Apesar de ser grandona, a coelha tinha um olhar meigo. — Hum, graciosa. — Sorri. — Gostei! Heitor pegou os filhotes e segurou-os contra seu corpo. — Esses aqui, serão Romexia e Alemão. — Como? — É a mistura do nome Alexia e Romão. — Oh! — Eu gostei! — Romão falou, aparecendo por trás de mim. — Estou começando a gostar desses coelhos. — Olhei torto para ele. — Por quê? Você não gosta
Não acredito que Alexia convenceu meu pai a fazer mais obras, ou pior, não acredito que Alexia conseguiu me convencer a fazer mais obras. Essa mulher tinha minhas bolas nas mãos, não conseguia dizer não para ela, essa mulher me virou do avesso. Antes de viajar, para aproveitar o presente de natal que Alexia deu, meu pai fez diversas recomendações sobre o que tinha que fazer na fazenda. Me senti como um adolescente, como se nunca tivesse ficado sozinho antes. Ele estava muito empolgado com essa viagem e isso me deixava feliz, esse foi um dos motivos para concordar com mais obras na fazenda, por deixá-lo feliz. — Eu sei, pai! Eu sei. Não é a primeira vez que cuido da fazenda sozinho. — Mas é a primeira vez que fico tanto tempo longe. Isso era verdade! No máximo, meu pai se ausentava um fim de semana inteiro, resolvendo coisas da quitanda, ou apenas para descansar com a mamãe. E sempre voltava revigorado. — Não tem só a fazenda para cuidar,
Bebi um copo de água na cozinha, pensando na conversar que tive com Marcos no escritório. Por mais que eu não admita, sei que ele estava certo. Só que revelar a verdade quem era o pai do meu filho, envolveria muita gente e não tinha intensão de dar satisfação a ninguém. A única pessoa abdicar dos seus direitos, estava morto, ele não vai ser um problema. E o pai do Conrado que sabia do meu segredo e que me chantageava, para ter direitos na empresa, também estava morto, mas podia respirar tranquila, sabendo que ele morreu para não falar quem era o tal de Heitor que tanta procuram. E por que estão procurando o meu filho? Eu precisava saber. Então, não via motivos para contar a verdade, Heitor era meu filho e ninguém vai tirá-lo de mim, o que eu precisava fazer era protege-lo e é isso que estou fazendo. Se eu contasse para o Marcos dos seguranças que eu coloquei para protege-los, ele poderia dar a língua nos dentes, ou pior, poderia concordar comigo e não me proibir de ver o meu
Alexia estava emotiva com a despedida do Heitor, ela se aconchegou a cabeça no meu peito e acariciei seus cabelos. Ficamos assim por um tempo, até eu quebrar o silêncio. — Posso te fazer uma pergunta? — Pode! — Te incomoda que o Heitor me chama de pai? Senti seu corpo ficando tenso, era essa a reação que ela fazia toda vez que Heitor me chamava de pai. Ela se afastou um pouco para me olhar. — N... Não! Por que me incomodaria? — Será por que você fica tensa toda vez que ele me chama de pai? Ela desviou o olhar um pouco insegura e se afastou indo em direção ao guarda-roupas, pegando uma camisola. — Eu só fiquei surpresa por ele ter te aceitado tão rápido. — Hum! Tem certeza? — Sim, claro! — ela não falou com tanta convicção. Ela tirou a blusa que estava vestindo e o sutiã, quando ela ia colocar a camisola, eu segurei sua mão a impedindo de cobrir seu corpo. — Não precisa colocar isso, sendo
Durante a semana trabalhei na quitanda, todas as manhãs. À tarde, eu ia para o campo, trabalhar na horta. Providenciei a planta da estufa e comprei o local para abrir a floricultura. O que rendeu uma série de discussão com o Romão, ele não queria que me ocupasse com isso. Porém, nós dois sabemos que se esperar para que ele fizesse qualquer, a ideia nunca sairia do papel. Apesar do seu aborrecimento, eu sabia muito bem como acalmá-lo. Na sexta-feira, fui até a cidade para conversar com a Alessandra, sobre o Heitor, ela foi embora da fazenda sem se despedir e sem que ninguém visse, achei que ela estaria chateada, mas não foi o que aconteceu. Ela tinha saído mais cedo para encontrar com o namorado, ainda bem que ela conheceu um cara bacana e deu um pé na bunda do Robson, ele não era a melhor opção para ela. Conversamos bastante e nos entendemos. Quando estava de saída, o namorado dela apareceu e eu tive o prazer de conhecê-lo, por coincidência ou não, ele também era adv
Estava tudo pronto, só falta a pessoa interessada nessa surpresa, não via a hora de trazer Alexia para cá e ver a reação dela quando ver o que preparei. Alexia tem se dedicado bastante na fazenda nessa semana, muitas vezes contrariando o que eu digo, mas adorava vê-la trabalhando na horta e no pomar. Ela aprendeu rápido as funções da fazenda, melhor do que eu até, porém, ela não precisava saber disso. Ela só não trabalhou com o gado e não foi por falta de vontade, porque ela queria aprender tudo, foi porque eu não deixei mesmo. Isso era coisa para homem fazer, quando disse isso para ela, quase apanhei. Ela detestava ser comparada como sexo frágil e queria mostrar que ela era capaz de fazer. Se eu a deixasse fazer esse trabalho, o que eu teria para impressioná-la? Desviava sua atenção com os meus carinhos, ela que era tão independente parecia indefesa aos meus cuidados, que muitas vezes se deixava levar. Sempre sonhei em construir uma família com uma mulher que soubesse traba