Capítulo 1
Eu adoro festas, principalmente quando posso usar vestidos de luxo. Hoje, sinto-me maravilhosa com um belíssimo vestido vermelho e uma joia deslumbrante adornando meu pescoço. Trata-se de um rubi, que meu pai diz valer uma fortuna, mas não é nosso, então tenho que ter todo o cuidado do mundo com ele. Ajustei minha máscara pela terceira vez, pois ela estava me incomodando um pouco. Segurei no braço do meu pai e juntos entramos no salão. Os olhares curiosos das pessoas ao nosso redor me deixaram um pouco desconfortável. – Por que estão nos olhando? –Perguntei ao meu pai. – Porque você está usando o rubi. – meu pai acenou para as pessoas, parecendo não se importar com a atenção que estávamos recebendo. – Devo me preocupar? -Minha mãe perguntou. Meu pai não era uma pessoa confiável. Ele sempre se envolvia em problemas e raramente falava a verdade. Minha mãe, apesar de saber disso, ainda o amava e não conseguia pensar em se separar dele, mesmo sabendo que não teria um futuro ao seu lado. – Não tem com o que se preocupar, o dono está aqui. – O que você já aprontou? Minha mãe o encarou com desconfiança, assim como eu. Se ele pensa que suas palavras me tranquilizaram, ele está enganado. – Hannah, tire esse colar imediatamente. Relutantemente, levei minha mão até o colar, mas não queria tirá-lo. Sentia uma conexão especial com aquela joia. – Não é necessário. - Meu pai sorriu, como se tivesse algum segredo escondido. Segui o olhar do meu pai até a mesa um pouco mais à frente, onde pessoas normais estavam comendo e bebendo. No entanto, alguém naquela mesa chamou minha atenção, e não era apenas por causa de seu terno elegante. Eram seus olhos azuis penetrantes, que me deixaram hipnotizada. Era tão bonito que eu não conseguia desviar minha atenção. Mas havia algo nele que me deixava desconfortável. Seu olhar era intenso, como se fosse um animal selvagem pronto para atacar. Eu me senti exposta, como se ele pudesse enxergar além do que os outros podiam ver. Percebi então que estava parada no meio do salão, sozinha. -Onde estão meus pais? Olhei ao redor em busca deles, quando voltei meu olhar para a mesa, o homem não estava mais lá. Decidi dar uma volta e explorar o local, na esperança de que eles aparecessem em algum momento. Por onde quer que eu passasse, sentia os olhares fixos em mim, até que eu encarava de volta e percebia que não eram olhares amigáveis. – Você parece perdida. Disse alguém, interrompendo meus pensamentos. Virei-me para encarar o dono da voz. – Um pouco, mas isso não é da sua conta.–Respondi, um tanto desconfiada. – Uh, você é durona. –Sim, e não estou com paciência para homens como você. –Homens como eu podem te dar respostas. – Você sabe por que todo mundo está olhando pra mim? – Claro que sei. Ele olhou para o lado e ficou tenso. - Mas creio que aqui não é o lugar mais adequado para essa conversa. – Então onde? – Na minha mesa, venha me encontrar em cinco minutos. De forma estranha, ele se virou e se afastou de mim. Logo em seguida, um homem se aproximou. Era ele, o homem de olhos azuis. Olhei ao redor nervosa, me perguntando onde diabos meus pais estavam. Ele caminhava em minha direção com todo o seu charme e elegância, atraindo olhares de muitas mulheres. Mesmo com a máscara, era possível ter uma noção de sua beleza. Meu coração estava acelerado, as batidas ecoando em meus ouvidos. Parecia que todos os olhares estavam fixos em mim, esperando algo acontecer. Eu me sentia à beira de um surto, perdida no meio da multidão. Desejei que ele andasse mais rápido, que acabasse logo com essa tortura. Finalmente, ele se aproximou de mim. Meu coração quase pulou do peito. Seus olhos estavam fixos em mim, mas logo se desviaram para o colar. Um sorriso discreto surgiu em seus lábios. Foi um gesto sutil, mas o suficiente para me deixar intrigada. E então, aconteceu. Ele passou por mim sem sequer olhar nos meus olhos. Fiquei ali, parada, tentando entender o que acabara de acontecer. Será que ele estava apenas brincando comigo? Ou havia algo mais por trás daquele encontro fugaz? Eu podia jurar que ele estava vindo falar comigo. Olhei pra trás e só vi suas costas largas, ele continuava andando. –Aí está você. Mamãe pegou meu braço e me levou até uma mesa. As pessoas conversavam tranquilamente, era um ambiente legal. Olhei pro lado e aquele homem estava conversando com uma garota, Esperei cinco minutos para finalmente me levantar. Eu queria e precisava saber mais sobre esses olhares em mim. –Olá. -Estávamos falando de você. –De mim? –Você está na mesa do Kalel Ottore. –A garota sussurrou. –Quem? Eu não conheço ninguém aqui, vim com meus pais. –É ele. Ela olhou para a mesa, segui seu olhar e o vi sentando. “Claro, tinha que ser ele.” –Você quer saber o que dizem sobre ele? –O que? –Voltei a olhar pra ela. –Dizem que quando criança a família foi destroçada, não sobrou nada para contar a história. –Que besteira. Se fosse verdade, ele não deveria estar morto? – O rapaz disse, rindo dela. –Sim. Mas, e se ele for o filho bizarro que matou a família? Ele parece um homem perigoso. Observei-o rindo com os outros, parecia ser um cara normal. Bonito, na verdade, muito bonito. Seus olhos eram duas lindas esferas azuis, o cabelo preto caía sobre eles, e sua postura era sexy e confiante. Esse homem sabia o que queria, e se ele quisesse, ele teria. Isso ficou claro com a quantidade de mulheres que se jogavam para ele. Típico de um homem safado, e ele tinha cara de ser muito safado. Seus olhos encontraram os meus, e rapidamente desviei o olhar. Droga, ele sabia que eu estava olhando. – Então, por que estão todos olhando o rubi? –Porque… Ele se calou assim que seus olhos encontraram alguma coisa na festa. – Pensa rápido. – Ele sussurrou. Olhei para ele e em seguida para onde ele estava olhando, era Kalel se aproximando. Dessa vez, ele parou ao meu lado. Estendeu a mão e sorriu. Meu corpo todo tremeu de medo, a ideia da menina acabou mexendo com minha cabeça. – Por favor, dance comigo? Sua voz é ridiculamente sexy, algo que nem devia ser legal em uma pessoa só. Quantas qualidades uma pessoa pode ter? – Desculpe, eu não quero. – Por que? – Não acho que estou à altura. – Olhei para meu vestido em busca de uma desculpa. – Pra mim, você está perfeita. – Ele pegou minha mão à força e me fez levantar. Kalel me levou até o centro do salão e conduziu na dança, ele parecia um profissional. Claro, devia ganhar as vítimas assim e então levá-las para um lugar escuro para morrerem. – Bonito colar. –Seus olhos me examinavam intensamente. A máscara dele era preta fosca, com um brilho chamativo sobre ela. Eu estava muito curiosa para ver seu rosto. – Você é britânico? – Franzi a testa. – Pareço? – De certa forma, sim, você tem um sotaque distinto. – Observadora. – Ele sorriu. – Você deduziu isso enquanto me olhava? – Eu não estava olhando. – Limpei minha garganta. – Não precisa ficar na defensiva. –Ele apertou a mão na minha cintura. – Eu vim em paz. – Hm. – Você parece ser uma filha mimada. – Ele estreitou os olhos, o que me irritou. – E você parece um vilão de filmes. – Nesse caso, é melhor ser boazinha comigo. Ele sorriu. Sua mão apertou minha cintura novamente, mas não com força suficiente para machucar. – Eu não tenho medo. – Tentei parecer confiante. – Hm, eu vejo outra coisa. – Ele se aproximou e cheirou meu perfume. –Doce como uma rosa. – Há alguns minutos, eu era mimada e agora sou doce. Você não entende muito das mulheres, não é? – Eu gosto de descobrir um pouco de cada vez, prolonga meu prazer. Sua mão subiu todo o meu corpo até estar na minha nuca, e ele apertou um pouco mais forte. -Você vai descobrir isso muito em breve. – D-Descobrir o que? Droga, eu estava realmente apavorada. – Nada que precise saber ainda. Ele tirou a mão da minha nuca e se afastou. -Obrigado pela dança. Fiquei parada na pista de dança, observando o arrogante se afastar. Olhei em volta e percebi que as pessoas estavam me observando outra vez. Isso está realmente começando a me irritar.Capítulo 2Suspirei e dei um passo à frente, mas então alguém pegou minha mão e me puxou. Era um outro homem.– Me permite?– Eu preciso voltar para minha mesa.– Não vou demorar. – Ele sorriu e colocou a mão nas minhas costas.– Tudo bem. – Olhei para meus pais na mesa, eles não pareciam se importar. Mas então vi Kalel nos observando, e simplesmente sorri. Se ele achava que podia me intimidar, estava enganado.– O que você faz aqui?Ele olhou para o colar, muito interessado.– Vim com meus pais. – Olhei para o homem, ele não parecia ser jovem. Com a máscara, era difícil ter certeza.– Conhece essas pessoas?– Não, é a primeira vez que vejo todos eles.– Interessante. – Ele sorriu.– Por quê? – Franzi a testa. Ele abriu a boca para responder, mas a fechou.– Querida, seu pai está chamando. – Minha mãe pegou meu braço e o homem se afastou.– Foi um prazer. – Ele sorriu de um jeito estranho.– Igualmente. – Acenei, e me virei junto com minha mãe.– Ouça, Hannah. – Minha mãe parou e me
Capítulo 3Eu não estava prestando atenção no caminho, a viagem durou quase uma hora. Não sabia onde estávamos e nem como voltar para casa. Tudo que eu sabia era que minha vida estava uma merda, e olhando assim a morte não parecia tão assustadora. –Já estamos chegando. –Kalel disse."Danem-se! Seu psicopata, eu quero que você morra.”Nossa, como eu queria me livrar dele. Continuei olhando pela janela, tentando encontrar um motivo para viver. O carro parou no portão, que automaticamente se abriu. Ao entrar, tudo que eu vi foram árvores e um amplo gramado verde. Que fim de mundo era esse? Felizmente ou infelizmente, o carro parou. Abri a porta e desci. Era uma mansão de luxo, muito bem vigiada. Havia árvores por toda parte e postes de luz de jardim metálicos. Do lado direito, mais ao fundo, havia um arbusto em formato de Zig Zag e uma passagem de pedra. Fiquei tentada a descobrir onde esse caminho levava. Além desse, havia mais arbustos por toda parte, alguns com formatos diferente
Capítulo 4 Quase duas semanas vivendo aqui, eu estava ficando louca. Não tinha nada para fazer, e nem uma televisão no meu quarto. Deitei na cama e resmunguei várias e várias vezes. Então vi Kalel na porta com seu olhar assustador para mim. – É o seguinte, eu não fiz esse acordo para você passar férias no quarto. Ou você começa a me acompanhar, ou eu devolvo você como se fosse um animal sarnento para o canil e mato seus pais na sua frente. – Você costuma conseguir as coisas chantageando as pessoas? – Normalmente – ele cruzou os braços. – Tanto faz – virei-me e passei por ele, não demorou para me seguir. Desci a escada e fui explorar a casa. Achei a sala, fui até o sofá e me sentei, olhei para Kalel e bufei. – Feliz? – Você é impressionante – ele balançou a cabeça negativamente, mas se aproximou e sentou ao meu lado. – Por que matou aquele homem? – Não é da sua conta, fique de boca fechada se não quer acabar igual a ele. "Meu corpo todo se arrepiou, e quando ele me ol
Capítulo 5Seus dedos apertavam cada vez mais forte, porém meu corpo e meu cérebro não estavam respondendo. Se ele não fosse um assassino, se eu não tivesse visto o que ele fez com aquele homem, talvez eu fosse capaz de me defender. Kalel cerrava os dentes e disse algo, em seguida colocou um pano no meu nariz."Acorde, Hannah! Esse homem vai te matar."Ouvindo minha voz interior, comecei a empurrar seu corpo para longe. Kalel não se moveu nem um centímetro, ele continuava me encarando com raiva. Minha força foi cedendo, enquanto meu corpo ficava cada vez mais pesado. Deixei de lutar contra ele e não vi mais nada.– Eu sei. – Alguém disse. – Mas ela falou isso, então descubra.– Eu farei o meu melhor. – Disse outra voz.Lentamente, abri os olhos, ainda me sentindo da mesma forma. Meu corpo estava se movendo, em um vai e vem hipnotizante. Batia contra algo duro e quente, e as coisas estavam... de cabeça para baixo?Forcei meus olhos e meu raciocínio a entender, para o meu próprio be
capítulo 6Deslizei pelos degraus com uma mistura de entusiasmo e nervosismo, consciente de que hoje marcaria o início de uma nova fase com Kalel. Na noite anterior, decidi dar-lhe uma oportunidade, apesar dos riscos inerentes. Ele não era um assassino desequilibrado, apenas fez o que era necessário para me proteger. Embora sua abordagem das situações fosse incomum, havia uma certa nobreza em suas ações.– Bom dia, Hani. – Lucca disse, ele estava com um pé no degrau.– É Hannah. – Parei na frente dele, alta por estar um degrau acima.– Eu sei, só estava te provocando. – Ele riu. – Fiquei sabendo que vão tentar de novo, acho que isso pode ser legal.– Mesmo? – Cruzei os braços. – E todo aquele papo sobre ele ser diferente?– Conhecimento nunca é demais. – Lucca se afastou para mim descer, eu fiz e fiquei menor que ele. Por que os homens tinham que ser mais altos?– Onde ele está?– Trabalhando.– Ele trabalha com o quê?– Algumas coisas. – Lucca foi até a porta e abriu. – O sol está
Capítulo 7 Desesperada olhei pra baixo. Havia mais alguém na água e segurava Lucca, que estava tentando se soltar. –Meu Deus! –Olhei para o tal do Liam. Ele é absurdamente lindo, olhos azuis, lábios carnudos, sobrancelha muito bem desenhada. O cabelo preto arrepiado, cortado dos lados. –Pare com isso! Vai acabar matando ele! –Quem é você? –Liam se abaixou, apoiou os braços no joelho e me encarou. –Kalel não me deixa trazer as putas pra casa, mas aqui está você. –Você me chamou de puta? –Você parece uma. –Ele riu. –Vai se foder. –Olhei Lucca ainda preso. –Quem é você? –Filho da puta! –Lucca berrou furioso. Olhei pra ele buscando ar, ao lado dele um outro garoto apareceu. Ele olhou para Lucca e começou a rir. –Impagável. –Ryder, isso não teve graça. –Lucca nadou até ele e acertou um soco no garoto. –Se você não estivesse pronto para foder com essa garota, teria me visto chegando. –Não fala merda, seu imbecil. –Lucca virou e me olhou. –Hannah é convidada do
Capítulo 8 Depois de um banho eu esperei e esperei, eles não terminavam nunca a conversa. Sei disso, pois podia vê-los da janela do meu quarto. Cansada deitei na cama e fechei os olhos. Quando acordei já era noite e eles estavam discutindo, Pulei da cama quando ouvi a voz alterada de Kalel, e alguma coisa quebrando. Abri a porta e corri todo caminho até a sala, eles estavam discutindo. Me escondi na parede para ouvir. –Eu não quero saber das merdas que fazem, se virem feito homens que foram criados para serem. –Somos seus irmãos e você vai nos abandonar? –Liam gritou. –Hannah não vai ficar aqui com vocês entrando e saindo. –Lucca disse. O que? Kalel estava mandando eles embora por minha causa? Isso era errado. Eu tinha que parar essa discussão. Virei-me e entrei. Espera. –Todos me olharam. –Eu não tenho o direito de exigir isso, além de ser muito errado. Não me importo se ficam ou não. –Kalel? –Ryder olhou para o irmão. –Isso não vai funcionar. –Kalel sentou e e
Capítulo 9 Nós ficamos em silêncio por um tempo, e minha bunda começou a doer. Eu odeio ficar parada por muito tempo. Francamente, que tanto tem para conversar? –Que saco. –Resmunguei, de novo. Lucca riu ao meu lado. –Vai entender com o tempo que nossas reuniões são extremamente longas. –Ryder disse, também rindo. –Com o tempo? Amigo, eu já percebi isso de cara. –Eles devem estar se matando. –Liam olhou para Lucca e riu. –Mason não é assim. –Eles me encararam. –Parem de me olhar desse jeito. Eu já estava vermelha. Felizmente Kael e Mason entraram na sala, suas expressões nada boas. Meu coração acelerou e minhas mãos ficaram geladas, tão rápido quanto podiam. –Falem de uma vez. –Cruzei os braços. –Pois bem, eu entendo os motivos de Kalel. Ele fez um contrato com seu pai e é impossível quebrá-lo. –Então? –Não posso exigir que te liberte. –Eu não iria fazer isso de qualquer jeito. –Kalel foi até o bar e se serviu uma caprichada bebida. –Por que vocês term