O Preço Da Máfia
O Preço Da Máfia
Por: Jac Esteves
A festa

Capítulo 1

Eu adoro festas, principalmente quando posso usar vestidos de luxo. Hoje, sinto-me maravilhosa com um belíssimo vestido vermelho e uma joia deslumbrante adornando meu pescoço.

Trata-se de um rubi, que meu pai diz valer uma fortuna, mas não é nosso, então tenho que ter todo o cuidado do mundo com ele.

Ajustei minha máscara pela terceira vez, pois ela estava me incomodando um pouco. Segurei no braço do meu pai e juntos entramos no salão.

Os olhares curiosos das pessoas ao nosso redor me deixaram um pouco desconfortável.

– Por que estão nos olhando? –Perguntei ao meu pai.

– Porque você está usando o rubi. – meu pai acenou para as pessoas, parecendo não se importar com a atenção que estávamos recebendo.

– Devo me preocupar? -Minha mãe perguntou.

Meu pai não era uma pessoa confiável. Ele sempre se envolvia em problemas e raramente falava a verdade.

Minha mãe, apesar de saber disso, ainda o amava e não conseguia pensar em se separar dele, mesmo sabendo que não teria um futuro ao seu lado.

– Não tem com o que se preocupar, o dono está aqui.

– O que você já aprontou?

Minha mãe o encarou com desconfiança, assim como eu. Se ele pensa que suas palavras me tranquilizaram, ele está enganado.

– Hannah, tire esse colar imediatamente.

Relutantemente, levei minha mão até o colar, mas não queria tirá-lo. Sentia uma conexão especial com aquela joia.

– Não é necessário. - Meu pai sorriu, como se tivesse algum segredo escondido.

Segui o olhar do meu pai até a mesa um pouco mais à frente, onde pessoas normais estavam comendo e bebendo.

No entanto, alguém naquela mesa chamou minha atenção, e não era apenas por causa de seu terno elegante.

Eram seus olhos azuis penetrantes, que me deixaram hipnotizada.

Era tão bonito que eu não conseguia desviar minha atenção. Mas havia algo nele que me deixava desconfortável.

Seu olhar era intenso, como se fosse um animal selvagem pronto para atacar. Eu me senti exposta, como se ele pudesse enxergar além do que os outros podiam ver.

Percebi então que estava parada no meio do salão, sozinha.

-Onde estão meus pais?

Olhei ao redor em busca deles, quando voltei meu olhar para a mesa, o homem não estava mais lá.

Decidi dar uma volta e explorar o local, na esperança de que eles aparecessem em algum momento.

Por onde quer que eu passasse, sentia os olhares fixos em mim, até que eu encarava de volta e percebia que não eram olhares amigáveis.

– Você parece perdida.

Disse alguém, interrompendo meus pensamentos. Virei-me para encarar o dono da voz.

– Um pouco, mas isso não é da sua conta.–Respondi, um tanto desconfiada.

– Uh, você é durona.

–Sim, e não estou com paciência para homens como você.

–Homens como eu podem te dar respostas.

– Você sabe por que todo mundo está olhando pra mim?

– Claro que sei.

Ele olhou para o lado e ficou tenso.

- Mas creio que aqui não é o lugar mais adequado para essa conversa.

– Então onde?

– Na minha mesa, venha me encontrar em cinco minutos.

De forma estranha, ele se virou e se afastou de mim. Logo em seguida, um homem se aproximou.

Era ele, o homem de olhos azuis. Olhei ao redor nervosa, me perguntando onde diabos meus pais estavam.

Ele caminhava em minha direção com todo o seu charme e elegância, atraindo olhares de muitas mulheres. Mesmo com a máscara, era possível ter uma noção de sua beleza.

Meu coração estava acelerado, as batidas ecoando em meus ouvidos. Parecia que todos os olhares estavam fixos em mim, esperando algo acontecer.

Eu me sentia à beira de um surto, perdida no meio da multidão.

Desejei que ele andasse mais rápido, que acabasse logo com essa tortura.

Finalmente, ele se aproximou de mim. Meu coração quase pulou do peito. Seus olhos estavam fixos em mim, mas logo se desviaram para o colar.

Um sorriso discreto surgiu em seus lábios. Foi um gesto sutil, mas o suficiente para me deixar intrigada. E então, aconteceu. Ele passou por mim sem sequer olhar nos meus olhos.

Fiquei ali, parada, tentando entender o que acabara de acontecer. Será que ele estava apenas brincando comigo? Ou havia algo mais por trás daquele encontro fugaz?

Eu podia jurar que ele estava vindo falar comigo. Olhei pra trás e só vi suas costas largas, ele continuava andando.

–Aí está você.

Mamãe pegou meu braço e me levou até uma mesa.

As pessoas conversavam tranquilamente, era um ambiente legal. Olhei pro lado e aquele homem estava conversando com uma garota,

Esperei cinco minutos para finalmente me levantar. Eu queria e precisava saber mais sobre esses olhares em mim.

–Olá.

-Estávamos falando de você.

–De mim?

–Você está na mesa do Kalel Ottore. –A garota sussurrou.

–Quem? Eu não conheço ninguém aqui, vim com meus pais.

–É ele.

Ela olhou para a mesa, segui seu olhar e o vi sentando.

“Claro, tinha que ser ele.”

–Você quer saber o que dizem sobre ele?

–O que? –Voltei a olhar pra ela.

–Dizem que quando criança a família foi destroçada, não sobrou nada para contar a história.

–Que besteira. Se fosse verdade, ele não deveria estar morto? – O rapaz disse, rindo dela.

–Sim. Mas, e se ele for o filho bizarro que matou a família? Ele parece um homem perigoso.

Observei-o rindo com os outros, parecia ser um cara normal. Bonito, na verdade, muito bonito. Seus olhos eram duas lindas esferas azuis, o cabelo preto caía sobre eles, e sua postura era sexy e confiante.

Esse homem sabia o que queria, e se ele quisesse, ele teria. Isso ficou claro com a quantidade de mulheres que se jogavam para ele. Típico de um homem safado, e ele tinha cara de ser muito safado.

Seus olhos encontraram os meus, e rapidamente desviei o olhar.

Droga, ele sabia que eu estava olhando.

– Então, por que estão todos olhando o rubi?

–Porque…

Ele se calou assim que seus olhos encontraram alguma coisa na festa.

– Pensa rápido. – Ele sussurrou.

Olhei para ele e em seguida para onde ele estava olhando, era Kalel se aproximando. Dessa vez, ele parou ao meu lado.

Estendeu a mão e sorriu. Meu corpo todo tremeu de medo, a ideia da menina acabou mexendo com minha cabeça.

– Por favor, dance comigo?

Sua voz é ridiculamente sexy, algo que nem devia ser legal em uma pessoa só. Quantas qualidades uma pessoa pode ter?

– Desculpe, eu não quero.

– Por que?

– Não acho que estou à altura. – Olhei para meu vestido em busca de uma desculpa.

– Pra mim, você está perfeita. – Ele pegou minha mão à força e me fez levantar.

Kalel me levou até o centro do salão e conduziu na dança, ele parecia um profissional. Claro, devia ganhar as vítimas assim e então levá-las para um lugar escuro para morrerem.

– Bonito colar. –Seus olhos me examinavam intensamente.

A máscara dele era preta fosca, com um brilho chamativo sobre ela. Eu estava muito curiosa para ver seu rosto.

– Você é britânico? – Franzi a testa.

– Pareço?

– De certa forma, sim, você tem um sotaque distinto.

– Observadora. – Ele sorriu. – Você deduziu isso enquanto me olhava?

– Eu não estava olhando. – Limpei minha garganta.

– Não precisa ficar na defensiva. –Ele apertou a mão na minha cintura. – Eu vim em paz.

– Hm.

– Você parece ser uma filha mimada. – Ele estreitou os olhos, o que me irritou.

– E você parece um vilão de filmes.

– Nesse caso, é melhor ser boazinha comigo.

Ele sorriu. Sua mão apertou minha cintura novamente, mas não com força suficiente para machucar.

– Eu não tenho medo. – Tentei parecer confiante.

– Hm, eu vejo outra coisa. – Ele se aproximou e cheirou meu perfume. –Doce como uma rosa.

– Há alguns minutos, eu era mimada e agora sou doce. Você não entende muito das mulheres, não é?

– Eu gosto de descobrir um pouco de cada vez, prolonga meu prazer.

Sua mão subiu todo o meu corpo até estar na minha nuca, e ele apertou um pouco mais forte.

-Você vai descobrir isso muito em breve.

– D-Descobrir o que?

Droga, eu estava realmente apavorada.

– Nada que precise saber ainda.

Ele tirou a mão da minha nuca e se afastou.

-Obrigado pela dança.

Fiquei parada na pista de dança, observando o arrogante se afastar. Olhei em volta e percebi que as pessoas estavam me observando outra vez.

Isso está realmente começando a me irritar.

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