Capítulo 5
Seus dedos apertavam cada vez mais forte, porém meu corpo e meu cérebro não estavam respondendo. Se ele não fosse um assassino, se eu não tivesse visto o que ele fez com aquele homem, talvez eu fosse capaz de me defender. Kalel cerrava os dentes e disse algo, em seguida colocou um pano no meu nariz. "Acorde, Hannah! Esse homem vai te matar." Ouvindo minha voz interior, comecei a empurrar seu corpo para longe. Kalel não se moveu nem um centímetro, ele continuava me encarando com raiva. Minha força foi cedendo, enquanto meu corpo ficava cada vez mais pesado. Deixei de lutar contra ele e não vi mais nada. – Eu sei. – Alguém disse. – Mas ela falou isso, então descubra. – Eu farei o meu melhor. – Disse outra voz. Lentamente, abri os olhos, ainda me sentindo da mesma forma. Meu corpo estava se movendo, em um vai e vem hipnotizante. Batia contra algo duro e quente, e as coisas estavam... de cabeça para baixo? Forcei meus olhos e meu raciocínio a entender, para o meu próprio bem era melhor que eles começassem a funcionar. Abaixo, vi algo vermelho e pés. Sim, era a escada. Eu estava pendurada no ombro de alguém? Podia sentir dedos frios nas minhas pernas e o cheiro dele. Era Kalel, mas o que diabos ele estava fazendo? Meu peito bateu mais uma vez nas costas dele, e outra vez. Fechei os olhos por um momento, e quando os abri, vi apenas mato. Um pouco mais consciente, vi uma corda me segurando, e só isso. Estava sozinha no escuro da noite, ao ar livre. Ele me pendurou pelos pés no mato? – Responda. – Alguém bateu no meu rosto, eu não o tinha visto chegando. Ou eu apaguei de novo. – Diga o que você sabe, ou vamos descobrir quanto tempo você aguenta assim. Essa voz... Eu não tinha certeza se era a de Kalel. Mas era horrível o que estavam fazendo, era insano. Eu não tinha forças para responder, e quando recuperei totalmente minha consciência, não havia ninguém ali. Mas o detalhe mais importante, era dia. Ele me deixou no meio do nada de cabeça para baixo. Ele era pior do que eu imaginava. – Responda! – Alguém gritou. Minha cabeça estava confusa, e eu não sabia o motivo. Eu ouvia vozes e via a pessoa, mas segundos depois ela sumia. Isso se repetia, se repetia até eu não aguentar mais. Estava chorando e murmurando para me soltarem, ou talvez fosse apenas minha imaginação. – Hannah? – Kalel disse, sua voz cansada. – Você não vai dizer? Abri os olhos assustada e fui surpreendida pela claridade da sala. Ainda era dia e aquele louco estava perto do bar com um copo na mão. Ele estreitou os olhos, esperando por uma resposta. – O que... Onde... – Olhei ao redor. – Você estava dizendo. – Estava? – Toquei minha cabeça confusa, o que estava acontecendo? Eu vi e senti coisas, como agora estou exatamente como antes? Era como se tivesse voltado no tempo. – Hannah? Está tudo bem? – Está. – Olhei para ele. – Esqueça o que eu disse, não é nada importante mesmo. Kalel deu um gole no uísque, seus olhos não demonstravam nada. Ele estava muito tranquilo para alguém culpado. Céus! Eu imaginei tudo isso? – Se você diz. – Ele deixou o copo de lado e sentou no sofá perto de mim, tão perto que eu podia sentir o calor do seu corpo. Ficar tão perto de alguém que eu tenho medo me incomodou. Não aguentei dois minutos e pedi para me liberar. Ele não viu problema nisso, mas pediu para que eu não me atrasasse para o jantar. Já no quarto, deitei na cama ainda confusa. Eu podia jurar que tudo era real. Dobrei minhas pernas e toquei meu calcanhar, não havia nenhuma marca ali. Se uma pessoa fica presa a noite toda por uma corda, isso deixaria hematomas. Definitivamente, tinha algo estranho acontecendo comigo. À noite, desci para jantar na hora certa e sentei junto deles. A conversa entre Lucca e Kalel era sobre carros, e vinhos importados. Felizmente, nenhum dos dois estava me notando e eu gostei de ser invisível. Peguei meu copo com suco e bebi, então olhei para o celular no banco ao lado. Peguei-o e toquei na tela, fui para as chamadas e vi o único número disponível. Ela ficaria feliz em receber uma mensagem, sorri. Meu dedo tocou na tela e, automaticamente, liguei para ela, mas rapidamente desliguei. Kalel devia ser o tipo de homem que não tolera distrações na hora do jantar, mesmo que ele esteja fazendo algo assim agora. Voltei para as chamadas, mas antes que eu tivesse tempo de tocar na tela para enviar a mensagem, percebi algo estranho. As datas não batiam, elas tinham uma diferença de sete dias. Mas se eu falei com ela hoje... Olhei para cima, os amigos estavam conversando e rindo. – Que porra é essa, Kalel? Os dois pararam de rir e me olharam. – O que é isso? – Kalel franziu a testa. – Porra é uma palavra muito feia para você usar. – Foda-se seria melhor? – Fiquei de pé. – Me diz por que aqui mostra que liguei para minha mãe uma semana atrás? Kalel abriu a boca para falar, mas então olhou para Lucca e eles pareciam confusos. Mas não era por causa da minha pergunta, devia ser por ter deixado escapar esse detalhe. Esse filho da puta me drogou esse tempo todo? Ele ficou agindo como se nada estivesse errado, quando na verdade me prendeu de ponta cabeça em algum lugar. Merda, por isso não tinha marcas nos meus pés. – Eu devo ter ligado para ela antes. – Mentira, não havia ligações feitas. – Bati minhas mãos na mesa. – Que merda doentia você praticou comigo? – Hannah, fique calma. – Lucca disse, um pouco nervoso. – Não me peça o impossível, e você também é igual a ele. Amigo de um lunático. No tempo livre de vocês, conversam sobre como mataram pessoas? – Ei, pare agora mesmo. – Kalel ficou de pé. – Você está obcecada com essa ideia de que mato pessoas, que sou um lunático... Eu te salvei. – Me salvou do quê exatamente? – Cruzei os braços. – Aquele cara foi mandado para te matar. – Kalel respirou com força. – Eu só estava mostrando a ele como era ter medo. Não mato pessoas a não ser que seja necessário, e isso não torna seu pai melhor do que eu. Você sabe o que ele faz? – Não. – Respirei fundo, me acalmando um pouco, pois sua explicação era válida afinal. – Mas você colocou aquele pano na minha boca... Você me carregou e me prendeu de ponta cabeça em algum lugar. – Bom, posso ter usado sonífero... – Eu não sou seu brinquedo, Kalel. Você não pode me descartar quando enjoar de mim. – Minha voz falhou e ele percebeu que eu queria chorar. – Tudo bem, me desculpe. Kalel continuou me encarando, sua expressão triste e pensativa. – Eu já terminei, estou voltando para meu quarto. – Abaixei a cabeça, ninguém se impôs. Virei-me e deixei a sala, uma vez livre dos olhares, corri para o quarto. Fui até a cama e me sentei, mas na verdade eu queria gritar. Minha horrível vida não dava uma trégua, qual seria a próxima merda? – Me desculpe. – Kalel disse. Levantei a cabeça, ele estava na porta. – Você disse que não b**e em mulheres, mas você faz pior. – Mais uma lágrima escapou dos meus olhos. Cobri meu rosto e chorei, eu não queria me humilhar assim. Ouvi passos se aproximando, a cama cedeu com o peso dele. – Perdão. – Kalel segurou minha mão e a tirou do meu rosto. Eu deixei e olhei para ele, meu rosto molhado pelas lágrimas. – Você me tem presa aqui contra minha vontade... Por que não me deixa ir embora? Você mesmo não aguenta e acaba fazendo isso. – Tudo bem. – Ele me soltou e olhou para a porta. – Vamos recomeçar. Você vai esquecer essa ideia de psicopata e me conhecer de verdade, é tudo que eu peço. – Sem mais sonífero? Ele fez que sim com a cabeça. Seus olhos azuis escondiam algo, mas se estávamos tendo uma trégua, era melhor deixar isso para lá. Afinal, eu estava curiosa para saber como era o "recomeçar" dele.capítulo 6Deslizei pelos degraus com uma mistura de entusiasmo e nervosismo, consciente de que hoje marcaria o início de uma nova fase com Kalel. Na noite anterior, decidi dar-lhe uma oportunidade, apesar dos riscos inerentes. Ele não era um assassino desequilibrado, apenas fez o que era necessário para me proteger. Embora sua abordagem das situações fosse incomum, havia uma certa nobreza em suas ações.– Bom dia, Hani. – Lucca disse, ele estava com um pé no degrau.– É Hannah. – Parei na frente dele, alta por estar um degrau acima.– Eu sei, só estava te provocando. – Ele riu. – Fiquei sabendo que vão tentar de novo, acho que isso pode ser legal.– Mesmo? – Cruzei os braços. – E todo aquele papo sobre ele ser diferente?– Conhecimento nunca é demais. – Lucca se afastou para mim descer, eu fiz e fiquei menor que ele. Por que os homens tinham que ser mais altos?– Onde ele está?– Trabalhando.– Ele trabalha com o quê?– Algumas coisas. – Lucca foi até a porta e abriu. – O sol está
Capítulo 7 Desesperada olhei pra baixo. Havia mais alguém na água e segurava Lucca, que estava tentando se soltar. –Meu Deus! –Olhei para o tal do Liam. Ele é absurdamente lindo, olhos azuis, lábios carnudos, sobrancelha muito bem desenhada. O cabelo preto arrepiado, cortado dos lados. –Pare com isso! Vai acabar matando ele! –Quem é você? –Liam se abaixou, apoiou os braços no joelho e me encarou. –Kalel não me deixa trazer as putas pra casa, mas aqui está você. –Você me chamou de puta? –Você parece uma. –Ele riu. –Vai se foder. –Olhei Lucca ainda preso. –Quem é você? –Filho da puta! –Lucca berrou furioso. Olhei pra ele buscando ar, ao lado dele um outro garoto apareceu. Ele olhou para Lucca e começou a rir. –Impagável. –Ryder, isso não teve graça. –Lucca nadou até ele e acertou um soco no garoto. –Se você não estivesse pronto para foder com essa garota, teria me visto chegando. –Não fala merda, seu imbecil. –Lucca virou e me olhou. –Hannah é convidada do
Capítulo 8 Depois de um banho eu esperei e esperei, eles não terminavam nunca a conversa. Sei disso, pois podia vê-los da janela do meu quarto. Cansada deitei na cama e fechei os olhos. Quando acordei já era noite e eles estavam discutindo, Pulei da cama quando ouvi a voz alterada de Kalel, e alguma coisa quebrando. Abri a porta e corri todo caminho até a sala, eles estavam discutindo. Me escondi na parede para ouvir. –Eu não quero saber das merdas que fazem, se virem feito homens que foram criados para serem. –Somos seus irmãos e você vai nos abandonar? –Liam gritou. –Hannah não vai ficar aqui com vocês entrando e saindo. –Lucca disse. O que? Kalel estava mandando eles embora por minha causa? Isso era errado. Eu tinha que parar essa discussão. Virei-me e entrei. Espera. –Todos me olharam. –Eu não tenho o direito de exigir isso, além de ser muito errado. Não me importo se ficam ou não. –Kalel? –Ryder olhou para o irmão. –Isso não vai funcionar. –Kalel sentou e e
Capítulo 9 Nós ficamos em silêncio por um tempo, e minha bunda começou a doer. Eu odeio ficar parada por muito tempo. Francamente, que tanto tem para conversar? –Que saco. –Resmunguei, de novo. Lucca riu ao meu lado. –Vai entender com o tempo que nossas reuniões são extremamente longas. –Ryder disse, também rindo. –Com o tempo? Amigo, eu já percebi isso de cara. –Eles devem estar se matando. –Liam olhou para Lucca e riu. –Mason não é assim. –Eles me encararam. –Parem de me olhar desse jeito. Eu já estava vermelha. Felizmente Kael e Mason entraram na sala, suas expressões nada boas. Meu coração acelerou e minhas mãos ficaram geladas, tão rápido quanto podiam. –Falem de uma vez. –Cruzei os braços. –Pois bem, eu entendo os motivos de Kalel. Ele fez um contrato com seu pai e é impossível quebrá-lo. –Então? –Não posso exigir que te liberte. –Eu não iria fazer isso de qualquer jeito. –Kalel foi até o bar e se serviu uma caprichada bebida. –Por que vocês term
Capítulo 10 Rápido sai da piscina e empurrei ele, mas seu corpo era tão pesado. –Você tá maluco, Kalel. –Mason ficou de pé e empurrou ele. –Não toque no que é meu, Mason. Essa é a única regra. –Parem. –Puxei Mason, era mais fácil com ele que eu já tinha intimidade. –Você está falando dela? –Mason franziu. –De quem mais eu estaria falando, caralho? –Espera. –Ele estreitou os olhos para Kalel. –Você… –Você vem aqui com essa história de vocês e agora toca nela. Porra, Mason. Não fode com a minha vida, ela é minha. –Eu não to fazendo nada, Kalel. –Mason suspirou. –Ele não fez, eu me joguei em Mason para tirar informações. Tanto Kalel quanto Mason me encararam, suas expressões diferentes. Meu ex -namorado não estava chateado com isso, mas respirou fundo quando entendeu meu plano. Já Kalel me olhava com raiva, se ele pudesse me matava agora mesmo. –Conte a ela, Kalel. –Mason bateu nas costas do irmão, pegou suas roupas e foi pra longe. –Eu só queria saber. –Pra
Capítulo 11Estava atrasada para o jantar com eles, mas quem disse que eu ligava? Por mim nem descia. Mas eu tinha que entender que não era uma visita aqui, que não era uma deles.Kalel me comprou para alguma coisa, e eu deveria começar a me ver como prisioneira de novo. Sentei a mesa ao lado de Mason e Lucca, seus olhares estavam em mim. Não só deles dois, mas todos eles. Talvez fosse por que meus olhos estavam inchados de tanto chorar, ou por não ter dito nada ao vê-los. O que Kalel estava fazendo? Eu estava pouco me fodendo pra ele, não pretendia olhar sua cara de monstro sem alma.–Por que você está com olhos vermelhos? –Mason perguntou. –Nada.–O que aconteceu, Hannah ? –Lucca tocou meu braço.–Nada, eu só falei com minha mãe e… É difícil.Não era verdade, mas eles não precisavam saber disso. A última coisa que eu queria era ter todos sabendo o que aconteceu. –Vai ficar tudo bem. –Mason pegou minha mão e beijou, olhei pra ele e sorri.–Eu sei.–Sabe o que mais? Amanhã poss
Capítulo 12Kalel e Xavier saíram do escritório faz uns dez minutos, Liam quem nos informou. Mesmo Lucca e Mason terem levantado, eu continuei ali. Eles me olharam e eu neguei com a cabeça, não queria descer e descobrir que iam me levar. Fui para o quarto e me deitei, estava tão nervosa e com medo de ir embora. Por mais estranho que fosse viver aqui, era o primeiro lugar depois de me separar dos meus pais. Eu tinha um laço aqui, gostava até de ficar sozinha com os guardas.Meu celular tocou, o peguei e vi uma mensagem de Kalel.‘’Desça agora mesmo.’’Mandão. Eu ri, ele ia me mandar embora. Levantei e caminhei até a porta, abri e sai. Fui o mais lenta possível, talvez se eu me ajoelhar ele me deixe ficar. Aqui podia ser solitário, mas era melhor do que qualquer lugar que esses homens quisessem me levar. Desci um degrau de cada vez, até ri imaginando a cara dele por minha demora. Virei o corredor e finalmente entrei na sala de jantar, eles estavam de volta em seus lugares. –Ela
Capítulo 13 KalelKalel puxou a cadeira e sentou, ele observou seu velho amigo bisbilhotando com seus olhos curiosos em volta do lugar. Ele não gostava de invasão, muito menos quando esses homens trabalhavam para ele. Xavier por fim puxou a cadeira e sentou, sorriu e olhou para Kalel.–Então, meu amigo. Em que merda você se meteu dessa vez?–Não diria que me meti em merda. –Kalel lançou em Xavier um olhar firme, que o fez recuar sua arrogância. –Perdão, Kalel. Mas ouça, você prometeu uma mulher para Josiah e ele vai cobrar.–Eu prometi, mas não disse quem seria.–Os boatos correm, Kalel. Todo mundo sabe que você comprou alguém e dizem saber até de que família ela é.Lamentei por isso, e por não ter sido mais cuidadoso. –Não sabem nada dela realmente, os pais cuidaram de apagar os dados para a polícia não chegar a nós.–A polícia é o menor dos nossos problemas. –Xavier apoiou os braços na mesa e franziu. –Josiah espera uma linda garota, é mel