Capítulo 3
Eu não estava prestando atenção no caminho, a viagem durou quase uma hora. Não sabia onde estávamos e nem como voltar para casa. Tudo que eu sabia era que minha vida estava uma merda, e olhando assim a morte não parecia tão assustadora. –Já estamos chegando. –Kalel disse. "Danem-se! Seu psicopata, eu quero que você morra.” Nossa, como eu queria me livrar dele. Continuei olhando pela janela, tentando encontrar um motivo para viver. O carro parou no portão, que automaticamente se abriu. Ao entrar, tudo que eu vi foram árvores e um amplo gramado verde. Que fim de mundo era esse? Felizmente ou infelizmente, o carro parou. Abri a porta e desci. Era uma mansão de luxo, muito bem vigiada. Havia árvores por toda parte e postes de luz de jardim metálicos. Do lado direito, mais ao fundo, havia um arbusto em formato de Zig Zag e uma passagem de pedra. Fiquei tentada a descobrir onde esse caminho levava. Além desse, havia mais arbustos por toda parte, alguns com formatos diferentes. Franzi a testa e olhei para Kalel. Qual era o problema desse cara com arbustos? Talvez ele tenha captado meu pensamento, pois abaixou a cabeça e riu. –Estou cansada. O senhor pode pedir para eles me mostrarem onde será meu cativeiro? Os dois homens ao meu lado trocaram olhares. –Claro, e você não está em cativeiro. –Eu não vim por espontânea vontade, portanto, quando um homem te leva para cobrar a dívida de seu pai, é um cativeiro. O que o senhor espera conseguir com isso? –Já chega, Hannah. –Kalel suspirou. –Vai me bater agora? –O que? –Ele franziu a testa. –Claro que não, eu não bato em mulheres. –Mas em homem… –Chega. –Seu tom de voz me disse que era hora de parar. –Por favor, me levem daqui. –Suspirei. Kalel fez que sim com a cabeça e seus homens me guiaram porta adentro, e se antes eu estava surpresa, agora estava chocada. Ele tinha uma casa realmente bonita, de verdade. O piso era preto e as paredes, eu tinha minhas dúvidas se era pintura ou papel de parede. Havia desenhos da época. –Eu gosto das histórias. –Ele disse. Tudo bem, Hannah. Disfarce mais e aja naturalmente. –Legal. –Murmurei. Passamos todo o salão vazio até a escada, que aparentemente parecia normal. Bem, tirando o tapete vermelho que moldava cada degrau, mas isso era detalhe. No segundo andar, várias portas e uma sala com sofá e algumas estantes, também uma sacada bastante fofa. Não me deixaram espiar muito, fomos para o segundo quarto do lado oposto desse espaço lindo, eles abriram a porta e me jogaram dentro. Tá, não me jogaram de verdade. Mas um deles tocou minhas costas, me incentivando a entrar. Olhei para o dono da mão e estreitei meus olhos, ele agarrou a maçaneta da porta e a fechou. –Como eu disse, cativeiro. Olhei para o quarto que seria meu. Não era tão ruim, mas parecia ter sido preparado recentemente. Fui até a cama e me deitei como estava vestida, puxei o edredom e me afundei ali. … Abri os olhos lentamente, havia um toc-toc soando no quarto. Continuei deitada, desfrutando da cama, que por sinal era como estar deitada nas nuvens. Era tão macia e cheirava bem. Ouvi passos no quarto e, em seguida, uma mão fria tocou meu braço. Abri os olhos novamente, pisquei algumas vezes antes de ter noção do que estava acontecendo. Kalel estava me olhando, sua testa franzida de um jeito assustador. Num sobressalto, me afastei dele, perdi a noção de espaço e acabei caindo no chão. –Ai. –Resmunguei. O edredom havia se enroscado no meu corpo, demorei alguns minutos para me livrar dele. Ainda sentada no chão, olhei para o assassino frio. –Você está bem? –Para que a pergunta se o senhor não se importa? –Para que esse "senhor"? Não precisa me chamar assim. E eu me preocuparia se fosse algo grave. –Como eu deveria chamá-lo? Meu amo, chefe, dono… –Eu gosto de dono. –Ele disse. Eu gelei completamente, seu olhar era sério. Ficamos em silêncio por longos segundos até que ele riu. –Você é inacreditável às vezes. Eu não sou maluco, ou seja lá o que esteja pensando ao meu respeito. Me chame de Kalel. –Certo. O que faz aqui? –Vim trazer sua mala. –Ele apontou para a mesma ao lado dele. –Lamento por você ter dormido assim, mas antes tive que inspecionar suas coisas. –Como é? –Fiquei de pé. –Por segurança, nós cuidamos das coisas que entram nessa casa. Seu pai podia estar tentando me matar. –Então você abriu minha mala e olhou minhas roupas? –Sim, fiquei intrigado com algumas peças. –Ele olhou para baixo. –Ei. –Peguei o edredom e coloquei na minha frente. –Que peças?... Espera aí. Você disse que "cuidamos das coisas"? –Sim. –Então seus homens ficaram com você olhando minhas roupas? –Alarguei os olhos chocada. –Bem, alguns sim. –Meu Deus! –Me sentei na cama. –Me mate logo e acabe com isso. –Qual é o problema? –Você está brincando comigo! –Eu gritei, sim. Eu fiquei de pé e falei com ele em alto tom. –São minhas coisas, minha privacidade, e vocês invadiram isso. Esse é o problema! Ele não disse nada, ficou ali parado me olhando com cara de idiota. Sério, às vezes penso que para um assassino ele é muito parado e lerdo. –Eu sinto muito, vamos comprar coisas novas para você imediatamente. –O-o que? –Se está infeliz com esse lamentável acontecimento, vamos mudar isso. Eu não quero que se sinta invadida por ninguém. Tome um banho e vamos sair para comprar o que você quiser, está bom assim? Meus ombros relaxaram e minha cabeça girou, eu não sabia o que dizer. Era muito gentil da parte dele, e ao mesmo tempo absurdo. Ele caminhou para o meu lado e tocou no meu cabelo, eu ainda estava sem palavras. –Seu cabelo é bonito. –É. –Me afastei dele e fui até minha mala, abri a mesma e joguei todas as roupas na cama. Elas estavam arrumadas apesar de terem sido mexidas por eles, mas agora eram uma grande montanha na cama. Peguei uma calça jeans e uma blusa comprida com bojo. Olhei as calcinhas e hesitei, eu não ia pegar nisso na frente dele. –Eu vou deixá-la se trocar. –Ele riu e caminhou até a porta, mas então parou. –Ficaria realmente atraente com a azul. Meu Deus! Alarguei os olhos, não movi um músculo sequer. Ouvi sua risada e então a porta abriu e fechou. Eu podia sentir meu rosto corado. Olhei as calcinhas e peguei a azul, era um fio dental. A joguei longe assim como todas as outras. Fui correndo para o banheiro, ignorei a banheira me chamando e fui para o chuveiro. O comentário dele foi inadequado e proposital. Mesmo depois de ter sido gentil, ele fez questão de me provocar com a calcinha. De qualquer forma, eles não veriam nada, mas ainda assim imaginariam cada uma delas no meu corpo. –Não faça drama. –Bufei. –Eles vão imaginar de qualquer jeito. Depois de longos minutos no banho, decidi sair. Enrolada na toalha, peguei as calcinhas do chão e fiquei pensando qual usar. Optei por uma confortável. Minutos depois, estava vestida e com o cabelo arrumado. Fiz minha higiene matinal e fui em direção à porta. Ao abri-la, não havia ninguém por perto. Saí e lentamente andei até a sala, era algo muito fofo mesmo. Fui até a sacada e sorri, a vista era linda. Dava para ver todo o jardim até o portão. –É lindo. –Kalel disse atrás de mim. –Sim, de verdade. –Você já está pronta? –Ele veio para o meu lado. –Na verdade, desisti. Não vai mudar em nada de qualquer jeito. –Tem certeza? Meu plano inicial era viver dentro daquele quarto e não ficar passeando por aí. Desse jeito, eu estaria facilitando as coisas para ele, então era melhor começar a mudar minha atitude. –Tenho. –Virei-me. –Eu vou voltar para o meu quarto. –Eu pensei que quisesse sair e conhecer alguns lugares. –Ele me olhou confuso. –Não, eu não quero conhecer nada. Quero que me liberte, pode fazer isso? –Não. –É, eu vou hibernar. –Acenei e o deixei sozinho lá. Eu não estava brincando, fiquei no quarto por dias e não descia para nada. Kalel vinha sempre me ver e pedia gentilmente que me juntasse a ele no jantar. Eu me recusava a descer e compartilhar da companhia maluca dele.Capítulo 4 Quase duas semanas vivendo aqui, eu estava ficando louca. Não tinha nada para fazer, e nem uma televisão no meu quarto. Deitei na cama e resmunguei várias e várias vezes. Então vi Kalel na porta com seu olhar assustador para mim. – É o seguinte, eu não fiz esse acordo para você passar férias no quarto. Ou você começa a me acompanhar, ou eu devolvo você como se fosse um animal sarnento para o canil e mato seus pais na sua frente. – Você costuma conseguir as coisas chantageando as pessoas? – Normalmente – ele cruzou os braços. – Tanto faz – virei-me e passei por ele, não demorou para me seguir. Desci a escada e fui explorar a casa. Achei a sala, fui até o sofá e me sentei, olhei para Kalel e bufei. – Feliz? – Você é impressionante – ele balançou a cabeça negativamente, mas se aproximou e sentou ao meu lado. – Por que matou aquele homem? – Não é da sua conta, fique de boca fechada se não quer acabar igual a ele. "Meu corpo todo se arrepiou, e quando ele me ol
Capítulo 5Seus dedos apertavam cada vez mais forte, porém meu corpo e meu cérebro não estavam respondendo. Se ele não fosse um assassino, se eu não tivesse visto o que ele fez com aquele homem, talvez eu fosse capaz de me defender. Kalel cerrava os dentes e disse algo, em seguida colocou um pano no meu nariz."Acorde, Hannah! Esse homem vai te matar."Ouvindo minha voz interior, comecei a empurrar seu corpo para longe. Kalel não se moveu nem um centímetro, ele continuava me encarando com raiva. Minha força foi cedendo, enquanto meu corpo ficava cada vez mais pesado. Deixei de lutar contra ele e não vi mais nada.– Eu sei. – Alguém disse. – Mas ela falou isso, então descubra.– Eu farei o meu melhor. – Disse outra voz.Lentamente, abri os olhos, ainda me sentindo da mesma forma. Meu corpo estava se movendo, em um vai e vem hipnotizante. Batia contra algo duro e quente, e as coisas estavam... de cabeça para baixo?Forcei meus olhos e meu raciocínio a entender, para o meu próprio be
capítulo 6Deslizei pelos degraus com uma mistura de entusiasmo e nervosismo, consciente de que hoje marcaria o início de uma nova fase com Kalel. Na noite anterior, decidi dar-lhe uma oportunidade, apesar dos riscos inerentes. Ele não era um assassino desequilibrado, apenas fez o que era necessário para me proteger. Embora sua abordagem das situações fosse incomum, havia uma certa nobreza em suas ações.– Bom dia, Hani. – Lucca disse, ele estava com um pé no degrau.– É Hannah. – Parei na frente dele, alta por estar um degrau acima.– Eu sei, só estava te provocando. – Ele riu. – Fiquei sabendo que vão tentar de novo, acho que isso pode ser legal.– Mesmo? – Cruzei os braços. – E todo aquele papo sobre ele ser diferente?– Conhecimento nunca é demais. – Lucca se afastou para mim descer, eu fiz e fiquei menor que ele. Por que os homens tinham que ser mais altos?– Onde ele está?– Trabalhando.– Ele trabalha com o quê?– Algumas coisas. – Lucca foi até a porta e abriu. – O sol está
Capítulo 7 Desesperada olhei pra baixo. Havia mais alguém na água e segurava Lucca, que estava tentando se soltar. –Meu Deus! –Olhei para o tal do Liam. Ele é absurdamente lindo, olhos azuis, lábios carnudos, sobrancelha muito bem desenhada. O cabelo preto arrepiado, cortado dos lados. –Pare com isso! Vai acabar matando ele! –Quem é você? –Liam se abaixou, apoiou os braços no joelho e me encarou. –Kalel não me deixa trazer as putas pra casa, mas aqui está você. –Você me chamou de puta? –Você parece uma. –Ele riu. –Vai se foder. –Olhei Lucca ainda preso. –Quem é você? –Filho da puta! –Lucca berrou furioso. Olhei pra ele buscando ar, ao lado dele um outro garoto apareceu. Ele olhou para Lucca e começou a rir. –Impagável. –Ryder, isso não teve graça. –Lucca nadou até ele e acertou um soco no garoto. –Se você não estivesse pronto para foder com essa garota, teria me visto chegando. –Não fala merda, seu imbecil. –Lucca virou e me olhou. –Hannah é convidada do
Capítulo 8 Depois de um banho eu esperei e esperei, eles não terminavam nunca a conversa. Sei disso, pois podia vê-los da janela do meu quarto. Cansada deitei na cama e fechei os olhos. Quando acordei já era noite e eles estavam discutindo, Pulei da cama quando ouvi a voz alterada de Kalel, e alguma coisa quebrando. Abri a porta e corri todo caminho até a sala, eles estavam discutindo. Me escondi na parede para ouvir. –Eu não quero saber das merdas que fazem, se virem feito homens que foram criados para serem. –Somos seus irmãos e você vai nos abandonar? –Liam gritou. –Hannah não vai ficar aqui com vocês entrando e saindo. –Lucca disse. O que? Kalel estava mandando eles embora por minha causa? Isso era errado. Eu tinha que parar essa discussão. Virei-me e entrei. Espera. –Todos me olharam. –Eu não tenho o direito de exigir isso, além de ser muito errado. Não me importo se ficam ou não. –Kalel? –Ryder olhou para o irmão. –Isso não vai funcionar. –Kalel sentou e e
Capítulo 9 Nós ficamos em silêncio por um tempo, e minha bunda começou a doer. Eu odeio ficar parada por muito tempo. Francamente, que tanto tem para conversar? –Que saco. –Resmunguei, de novo. Lucca riu ao meu lado. –Vai entender com o tempo que nossas reuniões são extremamente longas. –Ryder disse, também rindo. –Com o tempo? Amigo, eu já percebi isso de cara. –Eles devem estar se matando. –Liam olhou para Lucca e riu. –Mason não é assim. –Eles me encararam. –Parem de me olhar desse jeito. Eu já estava vermelha. Felizmente Kael e Mason entraram na sala, suas expressões nada boas. Meu coração acelerou e minhas mãos ficaram geladas, tão rápido quanto podiam. –Falem de uma vez. –Cruzei os braços. –Pois bem, eu entendo os motivos de Kalel. Ele fez um contrato com seu pai e é impossível quebrá-lo. –Então? –Não posso exigir que te liberte. –Eu não iria fazer isso de qualquer jeito. –Kalel foi até o bar e se serviu uma caprichada bebida. –Por que vocês term
Capítulo 10 Rápido sai da piscina e empurrei ele, mas seu corpo era tão pesado. –Você tá maluco, Kalel. –Mason ficou de pé e empurrou ele. –Não toque no que é meu, Mason. Essa é a única regra. –Parem. –Puxei Mason, era mais fácil com ele que eu já tinha intimidade. –Você está falando dela? –Mason franziu. –De quem mais eu estaria falando, caralho? –Espera. –Ele estreitou os olhos para Kalel. –Você… –Você vem aqui com essa história de vocês e agora toca nela. Porra, Mason. Não fode com a minha vida, ela é minha. –Eu não to fazendo nada, Kalel. –Mason suspirou. –Ele não fez, eu me joguei em Mason para tirar informações. Tanto Kalel quanto Mason me encararam, suas expressões diferentes. Meu ex -namorado não estava chateado com isso, mas respirou fundo quando entendeu meu plano. Já Kalel me olhava com raiva, se ele pudesse me matava agora mesmo. –Conte a ela, Kalel. –Mason bateu nas costas do irmão, pegou suas roupas e foi pra longe. –Eu só queria saber. –Pra
Capítulo 11Estava atrasada para o jantar com eles, mas quem disse que eu ligava? Por mim nem descia. Mas eu tinha que entender que não era uma visita aqui, que não era uma deles.Kalel me comprou para alguma coisa, e eu deveria começar a me ver como prisioneira de novo. Sentei a mesa ao lado de Mason e Lucca, seus olhares estavam em mim. Não só deles dois, mas todos eles. Talvez fosse por que meus olhos estavam inchados de tanto chorar, ou por não ter dito nada ao vê-los. O que Kalel estava fazendo? Eu estava pouco me fodendo pra ele, não pretendia olhar sua cara de monstro sem alma.–Por que você está com olhos vermelhos? –Mason perguntou. –Nada.–O que aconteceu, Hannah ? –Lucca tocou meu braço.–Nada, eu só falei com minha mãe e… É difícil.Não era verdade, mas eles não precisavam saber disso. A última coisa que eu queria era ter todos sabendo o que aconteceu. –Vai ficar tudo bem. –Mason pegou minha mão e beijou, olhei pra ele e sorri.–Eu sei.–Sabe o que mais? Amanhã poss