ᴥᴥᴥᴥᴥᴥ
Jiulia estava radiante. Esplendida.
Mesmo com um pouco de ressaca, bastante arrependida e se desculpando mil vezes a cada dez segundo para Hyago, ele podia dizer que fazia um tempo que não a via tão bonita e bem arrumada fora das lentes das câmeras.
Segundo ela mesma, acordou se sentindo um lixo, então tomou um bom banho, lavou e arrumou os cabelos, vestiu um dos seus melhores vestidos de verão, calçou saltos e fez uma boa maquiagem. Mesmo que apenas para ela mesma se admirar no espelho.
— Eu não estou julgando, na verdade gosto de te ver assim. Está linda. — Foi o que Hyago respondeu, depois de dizer que não estava realmente bravo com ela nem que ela precisava se desculpar. Mas no fundo ele, apesar de realmente achar que ela estava bonita, sentia que algo estava estranho.
“Jiulia não precisa dessas coisas, ela consegue ser estonteante de pijamas e descabe
Eu gostava de um cara! Repetia isso para mim mesma várias vezes como um mantra, para me lembrar de que eu também tinha sentimentos... por alguém.O seguia em todas as redes sociais e ficava sempre atenta as suas atualizações. Talvez, fosse minha nova religião. Eu gostava muito dele e obviamente, sentia-me na obrigação de saber sobre sua vida pessoal. Era como se eu fizesse parte dela. Não era isso que faziam quando sentiam algo por alguém?Não me sentia envergonhada por causa disso.Mas também não queria que ele soubesse, afinal, com toda certeza, seria rotulada como uma perseguidora e louca.Era meu segredinho.Eu vivia em um mundo em que namorar era um privilégio para os padrões e eu não fazia parte. Afinal, eu era uma pessoa introvertida e insegura. Tinha cabelo desordenado e olhos sem vida, ambos da cor preta. Meu corpo era m
Seria tão bom que meus olhos não vissem as coisas más e tristes, assim, meu coração nada sentiria. Talvez, fosse melhor que meus ouvidos não escutassem e fossem coniventes com as mentiras e difamações que usavam para colorir a vida. Queria que meu nariz não sentisse o odor do erro e das falhas que se impregnaram nesse chão, ou que minha boca jamais degustasse do gosto amargo de uma decepção...Talvez, se eu continuasse de olhos fechados, eu não tornaria realidade o que aconteceu, mas meu corpo mostrava totalmente o contrário. Eu sentia minha cabeça doer, meu braço e minha perna direita, como se estivesse sido esmagada por um carro.Lentamente, abri meus olhos, soltando baixos gemidos de dor. Eu sentia o chão gelado tocando em minha pele despida e algo mais gelado ainda e apertado, segurando meus pulsos.Eu só via o teto sobre mim e tinha
1 semana depoisMinhas pernas doíam muito. Eu as sentia latejar e queimar de tão roxas que estavam. Gustavo, como forma de amenizar meu sofrimento e minha dor, as enrolou em ataduras e me deu remédios.Dormir era quase impossível devido ao chão frio e meus machucados, mas quando eu conseguia, algo sempre me acordava. Eu dessa vez, ouvi alguns gemidos e lentamente abri meus olhos. Quando o vi, minha única reação foi arregalar meus olhos e continuar o fitando perplexa.Gustavo subia e descia lentamente pingando suor. Sua expressão era indecifrável, mas a minha era de pura dor. Senti todo meu corpo arrepiar e me encolhi.– Isso dói... – Sussurrei enquanto ele continuava seus movimentos.Tornei a o encarar e o vi que ele suspirava e me fitava, mas em vez de parar, ele simplesmente pegou um frasco de remédio e jogou em minha direção.
Ali estava eu, mais uma semana presa na casa do homem que eu achei que era meu príncipe encantado, mas que na verdade era o vilão sequestrador e torturador. O problema era que eu jamais seria uma princesa, então isso o motivou a me torturar lentamente em vez de acabar logo com a história me matando.Eu pensei, por minutos, que tudo seria diferente, mas ele continuou me deixando trancada no porão escuro e frio. Porém, quando eu ouvia a música Young And Beautiful da Lana Del Rey, eu sabia que ele estava em casa e que a qualquer momento eu sairia do porão.Os passos do Gustavo sempre eram pesados, assim eu sabia que ele estava em casa. Ele abria a porta do porão, deixando uma forte luz entrar. Descia as escadas, pegava em meus braços me ajudando a ficar de pé e sem falar absolutamente nada, me levava para cima.Ele me obrigava a limpar tudo para ele e me rastejando como serpente pelo ch&at
Tudo que aconteceu noite passada, ficava invadindo a minha mente constantemente. Estava difícil se concentrar em outras coisas e por isso, acabei derrubando uma panela quente de sopa no chão.– Que merda! – Retruquei empurrando a cadeira para trás para não me queimar.Minha preocupação não era o estrago que fiz e sim a consequência dele. Quando o Gustavo visse, com certeza iria me espancar como castigo. Meu coração estava acelerado e meu corpo tremulo, como se estivesse anunciando a chegada de uma punição.Eu estava ouvindo os passos do Gustavo atrás de mim e tudo parecia ficar em câmera lenta. O monstro estava prestes a voltar.– O que aconteceu? – Ele perguntou parando atrás de mim. Eu abaixei a cabeça e olhei para o meu erro.Joguei-me no chão e comecei a tentar limpar o que sujei.– Me perde,
– Gustavo... – Minha voz falhou. Entrei em puro desespero. Dessa vez não era fruto da minha imaginação, era ele de verdade e estava a esse momento inteiro, me esperando sair. – Eu te amo Gustavo e faço qualquer coisa. Eu gosto de você e...Gustavo abriu os braços e espreguiçou-se, bocejando bem alto, para não me ouvir mais. Ele se levantou, fez um rápido alongamento e tirou os fones.– O golpe está aí, cai quem quer! – Ele deu uma risadinha sem graça. – Eu quase acreditei em sua atuação, Katherine. – Ele se virou e me encarou.– Isso não é verdade... eu... Gustavo... – Tentei falar, mas meu medo estava me travando. Eu estava tremendo como uma cadela indefesa e com medo do dono.Eu precisava lutar por minha vida, mesmo que fosse trancada dentro de sua casa. Depois que fui beijada pelo Gus
Uma vez, me perguntaram se eu tinha algum objetivo de vida e eu apenas abaixei a cabeça em resposta e não disse nada. Eu ouvi todos falarem de seus sonhos, suas metas e eu não fazia ideia do que realmente queria... ou acreditava que não fazia ideia. Até que eu conheci o Gustavo.Por um momento, pensei que era coisa apenas da minha cabeça, o amar sem o conhecer e sem ele saber, mas tive a brilhante ideia de stalkear toda a sua vida, constantemente. Tive a certeza de que ele era um homem perfeito e ao me olhar no espelho, vi que eu era uma mulher sem chance alguma de tê-lo para mim.Então me perguntei qual era meu objetivo de vida e descobri, no fundo de minha mente confusa, que meu maior desejo era simplesmente ser amada, desejada e tocada de forma genuína. Imaginar essa realização com o Gustavo, era o que me motivava a continuar caminhando, e então eu o conheci de verdade, por detr&aacut
Se passaram meses desde o dia em que pisei na casa do Gustavo e nunca mais sair. Eu era uma pessoa completamente sozinha, então jamais teriam pessoas me procurando ou sentindo a minha falta. Após a visita do policial, e todos aqueles acontecimentos, Gustavo ficou receoso em me deixar livre pela casa, então teve a brilhante ideia em me acorrentar mais uma vez toda vez que ficasse ausente.Não estava no porão, mas a corrente sim, ela era enorme e estava presa lá embaixo, o que me possibilitava explorar um pouco da casa, mas nunca ultrapassar a linha que quase me matou. O máximo que eu conseguia era ficar no quarto e no corredor, apenas.Eu estava deitada no chão do quarto tirando um cochilo e um barulho me despertou. Ergui a cabeça para escutar melhor. Talvez o Gustavo já estivesse de volta. Ouvi a porta se abrindo, sons de passos e o Gustavo apareceu na entrada do quarto.– O que est&aacu