As pessoas do estúdio conversavam e riam enquanto fazia suas pausas e comiam alguma coisa. Nerida e Caroline discutiam freneticamente sobre termos técnicos de direção enquanto planejavam como fazer o próximo quadro e, volta e meia, falavam sobre o estranho comportamento dos atores.
Nerida não era do tipo ombro amigo para chorar, mas conforme Caroline lhe convencia, talvez fosse melhor conversar com os dois, mesmo que para dar um puxão de orelha tão forte que, caso tivessem um problema entre eles, redirecionariam toda sua raiva para a diretora. Parecia um bom plano para Nerida, mas Caroline levantou outro ponto.
— Como roteirista, será que Karoly não teria mais jeito para lidar com eles?
Realmente fazia sentido a lógica, mas Nerida não sabia se era uma boa ideia dada a conversa que tivera em particular com a mulher. Não sabia se ela ajudaria ou pioraria as coisas. Dep
ᴥᴥᴥ— Isso quer dizer que... — Kaique juntava as peças em sua mente. “Estrangeiros barrados na entrada.... Um pai que ignorou a existência do filho... Um jeito de ter dupla nacionalidade.” — Alef assumiu você como filho dele?— Sim, mais ou menos isso...“É, espera... A mãe dele também entrou no país legalmente então...”— Sua mãe... — Kaique ficou olhando fixamente para o moreno chocado com a sua própria conclusão. — Alef se casou com a sua mãe... é isso?Hyago assentiu com a cabeça.— Sim e me registrou como seu filho. Ele e minha mãe nunca foram um casal de verdade, ele até sugeriu que se divorciassem depois de alguns anos e esse era o plano. Mas como eu virei ator e meu pai resolveu do nada que queria me ver, veio com papo de recuperar tempo perdido e t
Karoly batia o pé impaciente. Sentada na escrivaninha de seu quarto ela bufava. Entre seus dedos girava o lápis ansiosa. Olhou mais uma vez para o papel a sua frente com alguns desenhos rabiscados por cima. Voltou sua atenção para a tela do notebook ao seu lado olhando as imagens que iam passando em slides.Para qualquer um era uma bagunça de informações, havia de facas e pessoas enfocadas, modelos de carros e uniformes militares, diversas cenas de pessoas esfaqueadas e respingadas de sangue, modelos anatômicos com os ossos e músculos nomeados....— Ahh... — Karoly suspirou em desistência. Jogou o lápis de lado e fechou o notebook irritada, deitou a cabeça sobre os papéis fitando a janela com as cortinas fechadas. — Merda...Seu cérebro tentava trabalha, mas quando se deu conta seus olhos não fixavam mais nenhum ponto especifico e ela batia o
ᴥᴥᴥᴥᴥᴥ— Devo dizer que já estava achando que teria que ir atrás de você. — Sun falou sorrindo ao abrir a porta para Kaique. — Parece que muitas pessoas nessa produção gostam de fugir de mim.— Ah não... — Falou sem jeito coçando a nuca. — É que é bem trabalhoso.Sun indicou o sofá para ele se sentar e tomou a poltrona de frente a ele servindo um copo de água.— É claro, eu entendo. Mas justamente por trabalhar tanto nessa série deve me visitar pelo menos nos dias marcados. — Sun se acomodou cruzando as pernas e pegando uma prancheta. Kaique sentia-se preste a afundar no estofado e batia o pé nervosamente.— Então Kaique, como sua primeira consulta eu vou te fazer algumas perguntas básicas e rotineiras, tudo bem?— Tá.— Já foi em psicóloga
ᴥᴥᴥᴥᴥᴥJiulia estava radiante. Esplendida.Mesmo com um pouco de ressaca, bastante arrependida e se desculpando mil vezes a cada dez segundo para Hyago, ele podia dizer que fazia um tempo que não a via tão bonita e bem arrumada fora das lentes das câmeras.Segundo ela mesma, acordou se sentindo um lixo, então tomou um bom banho, lavou e arrumou os cabelos, vestiu um dos seus melhores vestidos de verão, calçou saltos e fez uma boa maquiagem. Mesmo que apenas para ela mesma se admirar no espelho.— Eu não estou julgando, na verdade gosto de te ver assim. Está linda. — Foi o que Hyago respondeu, depois de dizer que não estava realmente bravo com ela nem que ela precisava se desculpar. Mas no fundo ele, apesar de realmente achar que ela estava bonita, sentia que algo estava estranho.“Jiulia não precisa dessas coisas, ela consegue ser estonteante de pijamas e descabe
Eu gostava de um cara! Repetia isso para mim mesma várias vezes como um mantra, para me lembrar de que eu também tinha sentimentos... por alguém.O seguia em todas as redes sociais e ficava sempre atenta as suas atualizações. Talvez, fosse minha nova religião. Eu gostava muito dele e obviamente, sentia-me na obrigação de saber sobre sua vida pessoal. Era como se eu fizesse parte dela. Não era isso que faziam quando sentiam algo por alguém?Não me sentia envergonhada por causa disso.Mas também não queria que ele soubesse, afinal, com toda certeza, seria rotulada como uma perseguidora e louca.Era meu segredinho.Eu vivia em um mundo em que namorar era um privilégio para os padrões e eu não fazia parte. Afinal, eu era uma pessoa introvertida e insegura. Tinha cabelo desordenado e olhos sem vida, ambos da cor preta. Meu corpo era m
Seria tão bom que meus olhos não vissem as coisas más e tristes, assim, meu coração nada sentiria. Talvez, fosse melhor que meus ouvidos não escutassem e fossem coniventes com as mentiras e difamações que usavam para colorir a vida. Queria que meu nariz não sentisse o odor do erro e das falhas que se impregnaram nesse chão, ou que minha boca jamais degustasse do gosto amargo de uma decepção...Talvez, se eu continuasse de olhos fechados, eu não tornaria realidade o que aconteceu, mas meu corpo mostrava totalmente o contrário. Eu sentia minha cabeça doer, meu braço e minha perna direita, como se estivesse sido esmagada por um carro.Lentamente, abri meus olhos, soltando baixos gemidos de dor. Eu sentia o chão gelado tocando em minha pele despida e algo mais gelado ainda e apertado, segurando meus pulsos.Eu só via o teto sobre mim e tinha
Ali estava eu, mais uma semana presa na casa do homem que eu achei que era meu príncipe encantado, mas que na verdade era o vilão sequestrador e torturador. O problema era que eu jamais seria uma princesa, então isso o motivou a me torturar lentamente em vez de acabar logo com a história me matando.Eu pensei, por minutos, que tudo seria diferente, mas ele continuou me deixando trancada no porão escuro e frio. Porém, quando eu ouvia a música Young And Beautiful da Lana Del Rey, eu sabia que ele estava em casa e que a qualquer momento eu sairia do porão.Os passos do Gustavo sempre eram pesados, assim eu sabia que ele estava em casa. Ele abria a porta do porão, deixando uma forte luz entrar. Descia as escadas, pegava em meus braços me ajudando a ficar de pé e sem falar absolutamente nada, me levava para cima.Ele me obrigava a limpar tudo para ele e me rastejando como serpente pelo ch&at