por LucianOs últimos dias foram um borrão de trabalho e exaustão. Deliberadamente, me afundei nas minhas tarefas, buscando refúgio na rotina extenuante do escritório. Chegava em casa tarde, muitas vezes após Milena já ter ido dormir, e partia antes do amanhecer, mal tendo tempo de me despedir. O silêncio que encontrava em nossa casa era um alívio bem-vindo, mas também um lembrete doloroso da distância que se formava entre nós.Débora, com sua presença perturbadora, sempre fora uma sombra constante em nossas vidas. Nos últimos tempos, parecia que ela havia desistido de sua cruzada para estar ao meu lado, mas isso apenas aumentava minha desconfiança. Era difícil entender se sua aparente trégua era genuína ou apenas uma tática dissimulada para me fazer baixar a guarda.No escritório, eu conseguia manter minha mente ocupada, afastando os pensamentos incômodos que insistiam em surgir. A avalanche de relatórios, reuniões e prazos me oferecia uma espécie de anestesia temporária.A rot
por Milena Eu estava no escritório, tentando focar em alguns documentos à minha frente, na tentativa de ocupar a cabeça, mas a concentração escapava como areia entre os dedos.Decidi então organizar os livros que estava lendo, na esperança de que a tarefa meticulosa me ajudasse a encontrar algum senso de controle. Porém, no instante em que meu dedo roçou a capa de um dos volumes, o telefone tocou, fazendo meu coração disparar. Débora.A mulher que, desde que me casei com Lucian, parecia sempre encontrar uma maneira de infiltrar-se em nossas vidas, como uma sombra que não conseguíamos sacudir.Atendi com a mão trêmula, tentando inutilmente manter minha voz firme.— Débora? — consegui dizer, minha voz traiçoeiramente carregada de apreensão.— Boa tarde, Milena. Espero não estar interrompendo nada importante - a voz dela soou melosa, carregada daquela falsa cortesia que sempre me fazia sentir como se estivesse sendo envolvida por uma serpente.— O que você quer? — repliquei diretament
por Milena Os homens se moveram com uma precisão assustadora, cercando-me de todos os lados. O pânico, que até então eu havia conseguido manter à distância, tomou conta de mim como uma onda avassaladora. A cafeteria, que era apenas um lugar comum, transformou-se em um cenário de pesadelo. Minhas mãos começaram a tremer, e um frio congelante se espalhou pelo meu corpo, paralisando-me. Enquanto os dois se aproximavam, qualquer esperança de fuga se desvanecia, deixando-me sem saída. A última imagem que vi antes de ser arrancada da cadeira foi o sorriso cruel de Débora, seus olhos brilhando com uma satisfação diabólica por ter finalmente orquestrado minha ruína.Eu fui arrastada para fora da cafeteria, lutando contra os braços que me seguravam, mas meus esforços foram inúteis. Eles me empurraram para dentro de um carro preto que estava estacionado na calçada. O couro frio do banco pressionou contra minha pele, e eu sabia que não havia mais como escapar. Minhas tentativas desesper
por Donovan A noite estava densa, carregada com um silêncio opressivo que só amplificava o som do meu coração martelando no peito. Eu estava sentado em meu escritório, o lugar onde normalmente encontrava refúgio e clareza, mas agora, era apenas mais um cenário para o caos que se desenrolava na minha mente. As horas haviam passado como um borrão, cada minuto mais longo e torturante que o anterior, desde que recebi aquela ligação perturbadora do motorista de Milena.Eu não conseguia processar o que estava acontecendo. Milena, desaparecida. Como poderia ser? Ela saiu de casa, como em qualquer outro dia, e agora estava em algum lugar desconhecido, fora do meu alcance. O pensamento de que ela estava em perigo me rasgava por dentro, como uma faca afiada cortando lentamente minha sanidade.Quando o motorista retornou à mansão, o rosto dele estava marcado pelo medo e pela culpa, mas ele não tinha respostas, apenas mais perguntas. Ele tentou explicar, mas as palavras dele eram desconex
Pela Autora A noite estava em silêncio, mas na mente de Débora, uma sinfonia de vitória tocava, regida por seus pensamentos mais sombrios. Ela estava no quarto, sozinha, com um sorriso que serpenteava lentamente por seus lábios, enquanto seus olhos brilhavam com um prazer doentio. Tudo estava indo exatamente como ela havia planejado. Milena estava fora de cena, vulnerável, exatamente onde Débora a queria. Ela se imaginava como a marionetista, puxando habilmente as cordas da situação, regozijando-se com cada movimento que Milena fazia em direção ao abismo que ela havia meticulosamente cavado. Sentou-se em uma poltrona perto da janela, onde podia ver a lua iluminando a noite, quase como um refletor que iluminava o palco de sua grande conquista.— É só uma questão de tempo... - murmurou para si mesma, saboreando cada palavra. — Milena vai sucumbir. Ela vai assinar aquele divórcio, e tudo isso... - Débora fez um gesto amplo com a mão, como se estivesse apresentando um espetáculo gr
pela autora A escuridão da noite invadiu a mansão Donovan como um presságio, e Lucian sentia cada segundo se arrastar com o peso de uma eternidade. Ele estava no centro da sala, completamente perdido, enquanto o silêncio esmagador parecia amplificar a ausência de Milena. Seu coração batia descompassado, cada batida uma lembrança dolorosa de que ela não estava ali, de que ele não sabia onde ela estava, e, pior ainda, que ele não tinha ideia de como trazê-la de volta.As palavras da equipe de segurança ecoavam em sua mente: "Ela foi vista se encontrando com uma mulher... depois foi levada por dois homens...". Mas depois disso, o vazio. A falta de respostas corroía sua alma, e cada detalhe incompleto daquela maldita informação era uma faca que cortava fundo, aumentando o abismo de desespero em que ele se afundava.Letícia, a melhor amiga de Milena, estava ao seu lado, mas mesmo sua presença não conseguia oferecer conforto. Ela estava ao telefone, falando com os pais, tentando mant
por Milena O frio do chão de concreto se infiltrava em minha pele, aumentando a sensação de desespero que já tomava conta de mim. Eu estava amarrada àquela cadeira há horas, os pulsos feridos pelas cordas apertadas que me prendiam. O pequeno feixe de luz que entrava pela janela alta do porão era minha única companhia, um lembrete irônico de que, lá fora, o mundo seguia normalmente enquanto eu estava presa nesse pesadelo.Meu coração batia descompassado, cada batida uma súplica silenciosa para que alguém, qualquer um, me encontrasse antes que fosse tarde demais. O que Débora poderia fazer comigo? A pergunta me atormentava, e a resposta que vinha à mente era ainda mais aterrorizante: qualquer coisa. Meus pensamentos voltavam àquela tarde na cafeteria, quando tudo desmoronou. Lembro-me do sorriso de Débora, aquele sorriso cruel que revelou sua verdadeira natureza. Eu deveria ter previsto que algo estava errado, que aceitar o convite dela era como colocar minha mão em um ninho de
por Letícia Eu estava sentada no sofá da mansão de Lucian, o telefone preso contra minha orelha enquanto minha mente tentava desesperadamente processar as informações que acabara de ouvir. A voz do meu pai ecoava do outro lado da linha, mas parecia distante, como se estivesse a milhas de distância, quase inaudível por trás do som do meu próprio coração batendo freneticamente no peito.— Letícia, filha, nós fizemos tudo o que podíamos. Nossos homens seguiram cada pista, cada fragmento de informação. Mas... - A hesitação na voz do meu pai me fez fechar os olhos, já sabendo o que ele iria dizer a seguir. — Não há mais rastro algum. A última vez que viram Milena foi naquela cafeteria. Depois disso... nada.Aquelas palavras caíram sobre mim como uma lâmina afiada, cortando qualquer esperança que eu ainda agarrava com todas as forças. Senti uma onda de pânico subir pela minha garganta, ameaçando me sufocar. As lágrimas que eu segurava começaram a escorrer, quentes, pela minha pele.—