— Acho que abduziram meus pais e deixaram outros no lugar. Vocês sempre foram pessoas boas, sempre buscaram ser justos e nunca soube que agiram de forma inescrupulosa com ninguém… mas diante disso que estão me falando, eu não conheço vocês! — Lucian - grita meu pai impaciente - você acha mesmo que mudamos só porque tivemos que agir diante de uma situação inesperada??? Continuo sendo o mesmo pai e com o mesmo caráter ilibado. Sua mãe, a mesma mãe amorosa e preocupada. Nada mudou! — Mudou sim papai! Desculpa, vocês agiram pelas minhas costas. Não foram sinceros em tempo nenhum. Porque não me falaram a verdade desde de sempre. Meus pais se olham, buscando apoio um no outro. — Porque filho - meu pai me diz - porque Milena queria ocupar seu coração.E assim, uma tonelada de gelo cai em mim de forma desgovernada. Eu passei todo esse tempo achando que ela era uma interesseira.— Milena nos proibiu de contar sobre nosso neto. Ela nos convenceu de que precisava chegar ao teu coração, para
por Donovan Sentei-me em minha mesa, o escritório em completo silêncio, exceto pelo som ocasional dos papéis sendo mexidos e o murmúrio distante da cidade lá fora. O sol estava começando a se pôr, lançando uma luz suave através das janelas do meu escritório, mas, apesar da beleza do entardecer, eu me sentia em um turbilhão interno.Precisei deixar meus pais com a Milena no hospital, pois já havia dias que não vinha ao escritório da empresa. Muito embora tenhamos uma boa equipe que me auxilia em tudo, haviam coisas que precisavam da minha supervisão.Mesmo com meu coração pedindo para ficar com Milena, precisei dar atenção para a razão e a responsabilidade de comandar uma grande corporação.Hoje, eu havia decidido, enfrentar uma das conversas mais difíceis da minha vida. Chamei Débora para vir ao escritório, uma decisão que me causava um nó na garganta e uma sensação de angústia. A confusão sobre nossos sentimentos e o que havia acontecido havia me consumido, mas, após refletir prof
Tempos depois pela autora A casa de Lucian estava imersa em um silêncio inquieto naquela tarde, a calma quebrada apenas pelo ocasional farfalhar das folhas do jardim que balançavam ao vento. A atmosfera era carregada de uma sensação indefinível, um prenúncio de que algo estava prestes a mudar drasticamente. Milena, embora ainda muito fragilizada pela recente fuga e recuperação, havia decidido ficar na casa de Lucian para sua própria segurança e para se recuperar melhor.Já havia se passado um bom tempo desde que deixara o hospital. Tanto o médico que lhe atendeu quanto seu próprio obstetra recomendaram cautela em tudo o que fosse fazer a partir da alta hospitalar.Lucian garantiu que iriam seguir tudo conforme foram orientado e assim, Milena estava sendo muito bem cuidada por não apenas Lucian, mas sua amiga Letícia, os pais dela, seus sogros e até tia Marta, estavam todos cuidado para que sua gestação fosse a mais tranquila possível. por MilenaEstava sentada à beira da cama, m
pela autora Milena estava sentada no sofá da sala de estar, olhando para o horizonte através das janelas amplas que davam para o jardim. A tensão nos seus ombros era palpável, e seus olhos, embora cansados, refletiam uma determinação silenciosa. Mas, naquele dia, algo estava se formando dentro dela, uma sensação de desconforto crescente que ela não podia ignorar.À medida que a tarde avançava, a sensação de mal-estar começou a se intensificar. Milena tentava ignorar as ondas de dor que se espalhavam pelo seu corpo, mas logo perceberia que não poderia mais ignorar o que estava acontecendo. Cada contração era um lembrete cruel da fragilidade do momento e da urgência que estava prestes a se instaurar.De repente, uma onda de dor particularmente forte a fez soltar um gemido baixo. Ela tentou se levantar, mas a dor era tão intensa que ela caiu de volta no sofá, segurando a barriga com força. Seu coração começou a bater mais rápido, e ela percebeu que algo estava definitivamente err
pela autora A noite envolveu a cidade em um manto silencioso, mas dentro do hospital, uma tempestade estava prestes a se desenrolar. Milena estava em trabalho de parto prematuro, e a atmosfera na sala de parto era tensa, carregada de uma ansiedade que podia ser sentida em cada palavra murmurada pelos médicos e enfermeiras ao redor dela. Milena estava deitada na maca, pálida e suando, seu rosto uma máscara de dor e exaustão. Suas mãos seguravam firmemente os lençóis, os dedos contraídos em agonia enquanto outra onda de dor a atingia, mais intensa que a anterior. As contrações estavam vindo em uma frequência assustadora, cada uma mais avassaladora que a anterior, deixando-a sem fôlego, sem forças para gritar. Os monitores ao seu redor piscavam e apitavam, registrando cada batimento cardíaco, cada movimento.O som das máquinas era uma sinfonia perturbadora, um lembrete constante da fragilidade do momento. A equipe médica estava em alerta máximo, cientes de que cada segundo contava
por Donovan O ar da sala parecia se comprimir no meu peito enquanto eu via Milena se contorcer em dor. Cada gemido, cada expressão de sofrimento no rosto dela era um golpe certeiro no meu coração. Eu corri pelos corredores, desesperado, chegando na sala de parto a tempo de ver o momento mais importante da nossa vida. Ela estava ali, lutando com todas as forças para trazer nosso filho ao mundo. Nunca a vi tão determinada, tão cheia de coragem. Era como se ela estivesse colocando toda a sua alma naquele instante, como se soubesse que o que estava por vir mudaria tudo.Eu me aproximei, com o coração na garganta, e segurei a mão dela.— E você não passara por isso sozinha, estou aqui por vocês — murmurei, tentando transmitir a força que, naquele momento, eu mesmo não sentia. A verdade é que estava apavorado. Nunca pensei que assistir ao nascimento de um filho pudesse ser algo tão grandioso e aterrorizante ao mesmo tempo. As emoções se misturavam, criando um caos dentro de mim.D
pela autora O quarto do hospital estava quieto, exceto pelo som contínuo dos monitores que mantinham registro da vida frágil que ainda pulsava dentro de Milena. Os médicos e enfermeiros haviam feito tudo ao seu alcance para estabilizá-la após o parto prematuro, mas, apesar dos seus esforços, algo não estava certo.A temperatura de Milena caía, seu pulso enfraquecia, e sua respiração se tornava cada vez mais rasa. A batalha que havia travado durante o parto parecia agora estar se voltando contra ela, e a linha tênue que separa a vida da morte começava a se esbarrar.Seu corpo, exausto e enfraquecido, estava cedendo, como se a luta tivesse sido demais para suportar. O mundo ao seu redor parecia se afastar, os sons se tornaram distantes, as luzes se apagavam uma a uma, e tudo o que restava era uma escuridão fria e silenciosa.Milena sentia-se como se estivesse flutuando, sem peso, em um vasto vazio. Não havia dor, nem medo, apenas uma sensação de paz, como se todo o sofrimento que h
por Donovan Eu nunca imaginei que o momento em que conheceria meu filho seria assim, no meio do caos, da dor, e da incerteza. Mas ali estava eu, parado diante de uma pequena incubadora no berçário da UTI neonatal, encarando o ser mais frágil e, ao mesmo tempo, mais poderoso que já vi. Lohan. Meu filho. O nome parecia um sussurro sagrado em meus lábios, como se a simples menção dele carregasse todo o peso do amor e da responsabilidade que eu nunca havia sentido antes. Quando o médico me conduziu até aquele pequeno espaço, senti minhas pernas vacilarem. O medo e a ansiedade me engoliram, mas quando meus olhos finalmente pousaram naquele pequeno corpo envolto em fios e monitorado por máquinas, tudo em mim silenciou. Ele era tão pequeno, tão delicado. Seu peito subia e descia lentamente, cada respiração uma luta, uma vitória. E eu sabia, naquele instante, que tudo mudara. Havia me tornado… pai.Me aproximei, hesitante, como se cada passo fosse sagrado. Cada batida do meu coraç