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Nayole AKELLO Três dias que se sucederam ao acontecimento do meu rompimento com Simba, os dias têm sido bons para mim, Manuela tem feito de tudo para me ajudar a não entrar numa depressão social. Agora cá estou em frente a uma enorme casa que fica no meio do nada para um entrevista. É isso minha vida é uma maravilha. Quando soube dessa entrevista no jornal lia não perdi tempo e liguei rapidamente para eles. Sabia que um dia o hábito de ler jornais iria me ser útil. Quem não ficou muito feliz com isso foi Manu, pois seu medo era de que encontrasse Simba no caminho e me fizesse algum, entretanto não podia viver a minha vida toda com medo dele. Algum dia teria que sair de casa. Enquanto eu aguardava que os grandes portões se abrissem e eu entrasse naquela casa imponente, não pude deixar de sentir um misto de ansiedade e curiosidade e uma grande sensação tomou conta de mim, é como se já estivesse aqui antes. O lugar, cercado por árvores altas que sussurravam com o vento, tinha um ar quase misterioso. A fachada da casa, uma mistura de madeira escura e pedra, parecia contar histórias de décadas, talvez séculos. As janelas grandes refletiam o céu cinzento, comprimido sob nuvens pesadas, como se fossem os olhos de um guardião silencioso. Os portões se abriram e fui caminhando para dentro ao passo que me aproximava mais a sessão estranha aumentava mais. Por que eu não sei explicar. "Você consegue, Nayole. Pense em como isso pode ser importante para você", eu repeti para mim mesma, tentando afugentar a timidez que me envolvia como um manto. A minha mente viajava enquanto observava os detalhes da construção. Pequenos jardins floridos nas laterais, com flores que desafiavam a fria atmosfera ao meu redor, contrastavam com o tom sóbrio da casa. De repente, a porta se abriu. Uma mulher de meia idade estava lá, com um sorriso acolhedor. - Você deve ser a Nayole, certo? Estou muito feliz que tenha vindo.- Eu assenti, um pouco nervosa, e segui ela para dentro. - Meu nome é Anabela. Os interiores eram vastos e elegantemente decorados, com móveis que pareciam ser de um passado não muito distante. O cheiro de madeira polida e um leve toque de lavanda preenchia o ar. A mulher me levou até uma sala de estar, onde uma luz suave entrava pelas janelas. - A senhora Ivone já vem, está apenas finalizando algumas coisas, mas ele já vem. Sinta-se à vontade. Algo para beber? - Obrigada, mas estou bem. - respondi, a voz quase saindo como um sussurro. Eu não podia deixar as minhas inseguranças dominarem completamente o momento. Eu poderia ser a cuidadora daquele homem, e isso significava uma nova etapa na minha vida. Os minutos se estenderam em um silêncio quase palpável, até que finalmente a porta se abriu novamente. E foi naquele instante que o vi. Ele estava sentado em uma cadeira de rodas, seu corpo torcido mas firme, a presença emanando uma aura de intensidade. - Ei, aqui está ela. - disse a mulher, gesticulando para ele com um sorriso. A mulher então levantou os olhos para mim . Ela tinha a pele branca e os cabelos castanhos costurados até o ombro. Sua postura era firme e autoritária. Engoli em seco, nervosa por talvez não conseguir passar. - Oi, eu sou Nayole. Estou aqui para a vaga de cuidadora. - disse, tentando manter a voz firme, embora sentisse as mãos suarem. - Ivone Reis. - ela respondeu de forma abrupta, os olhos voltando-se para a janela, como se eu fosse apenas uma imagem passageira. A mulher se despediu rapidamente, deixando-nos a sós, e o silêncio se instalou entre nós. A tensão era palpável. Encorajei-me a continuar. - Você precisa de alguém para ajudar nas tarefas diárias? Ou... algo assim? - Bem, vamos ao que interessa, você tem conhecimento em fisioterapia? Era uma pergunta direta, mas havia algo em seu tom que fazia o ar parecer pesado. - Sim, sou formada em fisioterapia, senhora. -- A resposta saiu com um tom que tentava transmitir confiança, mas meu olhar denunciava um misto de apreensão e curiosidade. Ela me fitou com intensidade. Seus olhos, de um azul profundo, pareciam penetrar na minha alma. Seus cabelos escuros caíam em ondas suaves, e a forma como se movia - ereta, quase como uma espiã do passado - me deixava intrigada. - Muito bem. -disse ela, dando um passo à frente e cruzando os braços. O gesto parecia uma marca registrada de quem estava sempre no controle. Eu não sabia ao certo o que esperar daquela conversa. O ambiente ao redor parecia carregar um peso emocional muito maior do que qualquer simples entrevista de emprego. Ao olhá-la mais de perto, percebi que sua postura também emitia confiança. Ela se movia levemente em direções sutis, mas seus pés permaneciam firmes, o que me fez refletir sobre minha própria posição. Senti que precisava desviar minha atenção das sombras e do peso opressivo do lugar. A grande sala ao nosso redor estava repleta de móveis antigos e obras de arte cujas histórias pediam para serem contadas. Havia um antigo piano de cauda em um canto, com a poeira acumulada sobre as teclas. Imaginei a música que poderia ter ecoado por aqueles corredores. - Você já trabalhou com pacientes em recuperação de lesões?- continuou ela, a indagação rompendo o silêncio que me envolvia como um véu. - Não senhora, mas posso garantir que sou muito eficaz no que faço. - respondi, tentando estabilizar meu olhar, que antes vagueava pelas paredes intensamente decoradas. Percebi que enquanto falava, ela inclinava a cabeça, atenta às minhas palavras. Uma de suas sobrancelhas se arqueou levemente, dando a entender que havia mais por trás de sua fachada serena. Havia algo que me intrigava, um misto de vulnerabilidade e força que parecia à espreita sob a superfície. - E como você lida com a pressão?- sua voz soou mais suave, quase como um convite. Mas fiquei feliz por ela ter ignorado o facto de eu não ser experiente. Respirei fundo, lembrando-me de momentos em que a responsabilidade pesava como uma âncora em meu peito. - Acredito que a pressão pode ser um catalisador para o crescimento. Aprendi a encontrar um equilíbrio entre a tensão e a calma. Ela assentiu lentamente, como se estivesse avaliando cada palavra. Seu olhar não se desvia do meu e, por um momento, senti que as sombras ao nosso redor se dissiparam. Era um diálogo profundo, quase hipnótico. - E quando você se encontra em um momento de desespero, o que faz para se recuperar?- Essa pergunta me pegou desprevenida. Uma breve pausa se seguiu. O enorme lustre de cristal acima de nós balançava levemente, e eu não sabia se era o vento ou talvez as vibrações da conversa que o moviam. - Procuro me reconectar com o que me faz feliz. A música, a arte... algo que possa trazer à tona minha essência. Ela sorriu, um gesto sutil, quase como um raio de luz que furou as nuvens escuras. O ambiente começou a parecer menos opressor, como se ficássemos cercados pelo calor de um entendimento mútuo. - Interessante você falar sobre arte. Este lugar foi construído como um espaço para a criatividade. Meus olhos brilharam. A ideia de uma casa que é um santuário para a criatividade ressoou profundamente com o que eu era. -Você se considera uma artista, senhora? - De certa forma... sim. - A resposta foi breve, mas a forma como seus dedos passeavam delicadamente pela barra de sua saia revelava uma paixão que ela tentava esconder. - E a mansão? Ela ainda vive por meio de sua história?- Aproximando-me mais, pude sentir a energia do lugar. - Ah, esta mansão guarda muitos segredos. -- A resposta dela veio com um suspiro, e por um breve instante, uma sombra passou sobre seu rosto. - Os corredores são testemunhas de vidas que passaram, mas o que realmente importa é como estas vidas se entrelaçam com as nossas. Mas não vamos falar sobre isso, ele não gosta que toquem nesse assunto. A profundidade da frase me deixou sem palavras. Comecei a imaginar os ecos do passado, os sussurros dos habitantes que um dia habitaram aqueles espaços. - Ele? - Sim! O homem que você vai cuidar e espero de verdade que você dure aqui. - Disse ela.. Seu olhar se perdeu na distância. Havia algo sombrio na sua voz o que despertou-me uma certa curiosidade sobre tal homem. - Ah! - Talvez...- disse ela com um sorriso que agora parecia mais triste. - Talvez ele goste de te; você parecer uma pessoa muito competente. As palavras dela ressoam em mim como um sino distante. A atmosfera da mansão parecia mais pesada, e as sombras mais longas. O que ela sabia que eu não sabia? O que havia pairando sob a superfície da elegância do lugar? - Como ele é a senhora, Ivone? Ela me observou, suas emoções se misturando com as cores de uma paleta artística. As sombras voltaram a dançar ao nosso redor. - Não toque em nada nesse lugar, não ande pela casa a não ser que seja por alguma emergência. Não fale alto e o mais importante: nunca vá ao quarto dele sem ele solicitar sua presença, entendeu bem? - Acho que sim. - E outra, você terá que vir morar aqui. - Isso me deixou totalmente desprevenida. Mas acho que o meu espanto foi óbvio demais e ela se apressou a explicar. - É que aqui só estarão vocês os dois os restos dos empregados vão embora assim que acaba o expediente. - Nossa! Não estava à espera. - Se quiser o emprego esses são os termos. - Disse dona Ivone. - Isso significa que o emprego é meu? - Se aceitar os termos,sim. - Eu aceito. - Disse sem pensar. Embora as sensações estranhas ainda tomassem conta de mim. Tudo me diz que já vivi isso, mas acredito que seja coisa da minha cabeça. - Boa escolha. - Dona Ivone sorriu, um sorriso que não alcançava os olhos. - Venha, vamos ao escritório para você assinar o contrato e amanhã mesmo você começar a trabalhar. - Certo. - Afirmo com uma certa incerteza. Assim que entrei no escritório, pude sentir a tensão no ar. Dona Ivone me conduziu até a mesa onde estava o contrato. Ela ficou de pé ao meu lado, observando atentamente cada movimento meu. Minhas mãos suavam e eu tentava manter uma expressão neutra, embora por dentro estivesse cheio de dúvidas e receios. Ao ler o contrato, percebi que as cláusulas eram bastante rígidas e exigiam um comprometimento total de minha parte. Era como se estivesse assinando um pacto com o desconhecido. Olhei para Dona Ivone em busca de alguma orientação, mas ela apenas me encarava com um olhar penetrante, como se estivesse sondando minha alma. Meu corpo estava tenso, as mãos tremiam ligeiramente enquanto segurava a caneta para assinar o contrato. Eu podia sentir o peso da decisão sobre meus ombros, a responsabilidade se tornando mais real a cada segundo que passava. Dona Ivone parecia perceber minha hesitação e seu sorriso se tornou ainda mais sinistro. Finalmente, tomei a decisão de assinar. Era como se algo dentro de mim tivesse me impulsionado a dar aquele passo, mesmo que meu instinto gritasse para que eu desistisse. Minha assinatura no papel parecia ecoar por todo o escritório, como se fosse um compromisso selado com sangue. Dona Ivone pegou o contrato e guardou em uma gaveta, com um olhar de satisfação. Ela se virou para mim e disse: - Bem-vinda. Espero que esteja preparado para o que está por vir. Aquelas palavras ecoaram em minha mente, enquanto eu sentia um arrepio percorrer minha espinha. Eu sabia que havia algo obscuro por trás daquela proposta de emprego, algo que eu não conseguia compreender completamente. Mas era tarde demais para voltar atrás. Saí do escritório, com um misto de excitação e medo. Sabia que minha vida nunca mais seria a mesma a partir daquele momento. Cada passo que eu dava era como se me aproximasse de um abismo, sem saber o que me esperava no fundo. E assim, começava minha jornada naquela empresa misteriosa, onde o desconhecido era o meu companheiro constante e a incerteza pairava no ar. Eu estava determinado a descobrir a verdade por trás daquele lugar, custasse o que custasse. No final das contas, só o tempo diria se minha escolha foi acertada ou se eu me arrependeria pelo resto da vida. Mas uma coisa era certa: eu preciso desse emprego.NAYOLLE AKELLO Estou com as malas abertas, em meio a roupas dobradas e objetos pessoais, lutando contra a sensação de que estou indo embora de algo que nunca realmente deixei. Manuela está atrás de mim, os olhos arregalados como os de um gatinho prestes a perder seu tutor. Sua preocupação é palpável, mas não vou deixar que a dúvida dela atrapalhe meu novo começo.— Você tem certeza disso? Olhe, acho que deveria pensar bem sobre esse emprego- Evidenciou seu ponto de vista, a voz trêmula com uma mistura de felicidade e apreensão.—Eu tenho, Manu. Além disso, vai ser bom finalmente colocar em prática tudo o que aprendi na escola. -- respondo, enquanto coloco um vestido azul na mala, seu tom vibrante contrastando com o marasmo da nossa sala.—Eu sei, mas…— Ela hesita, levando a mão ao quadril, uma expressão de desconfiança se formando em seu rosto. —Acho que é muito estranho, sabe? O lugar é afastado da cidade e eu nunca conheci ninguém que vive lá.—Pois é, mas você não pode achar que,
Nayole AKELLO — Então, já viu o seu chefe? Ele é bonito? — Tagarelou Manu na outra linha, sua voz soando como uma música distante e inquieta.— Não vele esconder nada em? — Vou esconder o que? Aqui não tem nada demais a não ser só um pouco assustador. — Respondi, subindo as escadas tortuosas daquela clínica. Cada passo parecia ressoar com a expectativa e o medo do desconhecido. O ar estava carregado, como se as paredes absorvessem os sussurros dos pacientes e deixassem escapar uma energia inquietante.Assim que cheguei ao segundo andar, o eco dos meus pensamentos foi quebrado por um som distante. Era uma cadeira de rodas girando, a madeira rangendo sob o peso de algo que não conseguia ver. A conexão com Manu sempre me trouxe conforto, mas, naquele momento, suas perguntas apenas aumentavam minha ansiedade.— Nayole, você está ainda aí? — A voz de Manu havia mudado, a preocupação crescia.— Estou. Só... um pouco tensa. Aqui não é o que eu esperava. Estou constantemente a ter sensações
NAYOLE AKELLO Respirei fundo, essa era a centésima vez que fazia isso. Depois de ontem, fiquei muito pensativa sobre continuar ou não com esse trabalho. Recordo-me do porquê da escolha dessa profissão; mesmo sem nunca ter tido a oportunidade de exercer como profissional, a paixão pelo que faço ainda queimava em mim. Mas a ideia de largar tudo e voltar para a Namíbia seduzia, como um canto distante que não sabia se realmente existia. Olhei em volta, para as paredes opulentas da mansão e logo percebi: esse lugar não era um lar, mas uma prisão disfarçada.Com um uniforme que refletia a formalidade exigida, pus-me a caminho do quarto dele, que eu carinhosamente chamava de “quarto das sombras”. Os corredores eram longos e afastados, com uma luz tênue que criava mais silêncio do que conforto. Na verdade, eu sentia que o próprio ar estava carregado com um tipo de treva que se infiltrou em mim a cada passo. Era como se a mansão tivesse a capacidade de respirar seus próprios segredos obscuros
NAYOLE AKELLO Sento-me na cama, os lençois ainda quentes ao meu redor, mas meu corpo parece um frágil palácio de emoções destroçadas. A luz da lua consegue atravessar as cortinas, derretendo-se em um tom suave e quase dolorido, e eu não consigo escapar da presença dele em meus pensamentos. Apollo Mthunzi. Só o nome me provoca sensações inusitadas, como se mil borboletas dançarem em meu estômago.Fecho os olhos, tentando, em vão, afastar seus ecos da minha mente. Já não sei como viver assim, constantemente assombrada por um desejo que mistura conforto e desespero. Ouvindo o tique-taque do relógio, me vejo proibida de avançar, de recuar, como se algo invisível mantivesse meu corpo na borda do precipício.Olhei para o telemóvel e bufo chateada, ainda madruga. Levanto-me da cama, a superfície macia do colchão se desfazendo sob mim, e caminho hesitante até a porta. Ao abri-la, uma brisa fresca parece acariciar minha pele, mas não me engano, é também uma lufada de ansiedade. Jogo a cabe
NAYOLE AKELLO Olhei pela janela e a chuva caía com força, batendo nas vidraças com um ritmo quase hipnótico. Levantei-me da cama, sentindo cada movimento como se um peso invisível estivesse grudado em meus ombros. Após um breve momento de hesitação, decidi que precisava de algo para me reanimar e fui em direção à cozinha.Duas semanas se passaram desde que cheguei aqui e a sensação de que o tempo deslizava entre meus dedos, como areia numa praia deserta, tornou-se insuportável. O verão se despediu, dando lugar ao outono, e eu me encontrava em uma batalha interna, lutando para entender o que estava acontecendo dentro de mim.Os passos silenciosos pelo corredor pareciam ecoar em um vazio que só crescia. Cada batida do meu coração ressoava, e eu mal podia concentrar-me na tarefa simples de encher uma garrafa de água. Enquanto esperava a torneira encher, percebi que minha mente divagava, viajando até ele. Sua presença, sombria e cheia de enigmas, havia se infiltrado nos meus pensamentos,
00 NAYOLE AKELLOFalta menos de uma hora para a minha entrevista de emprego, que na verdade é um teste para um comercial. Estou muito ansiosa e nervosa, muitas emoções para um dia só. Simba, meu noivo saiu muito cedo antes mesmo eu despertar. Olho para o relógio na paredes amarela a direita e quase infarto. — Ai! Droga. Vou me atrasar. – Praguejo em mil idiomas, que não sei falar enquanto pego minha bolsa e saio a correr do apartamento do de Simba. Se não fosse pela insistência dele, provavelmente não estaria nesta situação. Simba não gostou muito da ideia quando apresentei para ele e tenho quase a certeza de que fez de propósito. Mas fazer o que? É assim que homens apaixonado agem na tem muito o que falar. Já na portaria, cumprimento o senhor Romeu, ele sorri para mim e faço o mesmo. O carro de Emanuela, esta estacionando um pouco distande da portaria do prédio. Ela bosina fazendo correr ate ela, entro no corro e olhos para ela que esta com o rosto tranco e uma so
1 NAYOLE AKELLO Olho para a janela pensativa, não sei de que forma irei convencer Simba da ideia de aceitar gravar o comercial, isso seria muito bom para nós dois principalmente na questão financeira. Simba e eu somos de Namíbia, dois miúdos imaturos que queriam mudar de vida, foi isso que os pais deles disseram quando ele contou sobre a viagem. Embora dona Luciana e senhor João fossem uns bons pais para ele, nunca aceitaram a ideia do filho mudar de país ainda mais Europeu. Quando Simba e eu nos conhecemos éramos adolescentes ele estava nos seus dezassete anos e eu quinze. Fomos grandes amigos antes de tudo isso se transformar em um romance, estudavamos na mesma escola, ele é vem de uma boa família com uma condição financeira estável e eu bem... Eu era só uma rapariga que fazia de tudo para sobreviver. Hoje com vinte e quatro anos e vinte e seis nos tornamos noivos e realizamos o sonho de vir para cá. Os anos não tem sido fácil, ele trabalha em dois empregos para no
2 NAYOLE Não falei com Simba desde o ocorrido, estava completamente embriagada de medo e de tristeza, ele tentou falar comigo durante a noite, porém eu não deixei. Fiquei decepcionada e magoada, nunca pensei que ele fosse levantar sua mão para mim um dia. As lágrimas escorriam do meu rosto ao lembrar da cena. Eu sei que devia ter chegado cedo ontem, porém isso não justificava a agressão física. Estou consciente de que ele talvez não tenha feito por mal, entretanto não posso tolerar isso. No quarto de banho, olho a minha imagem, a marca do tapa ainda estava lá teria que fazer muito esforço para esconder isso. Suspirei fundo, só queria que isso tudo fosse um sonho, um sonho ruim que a qualquer momento poderia acordar. Sai do meus decênios com uma batida fraca na porta, e em seguida a voz de Simba chamando por mim.— Amor. Sou eu! Por favor vamos conversar. — Não respondi, nada, não queria vê-lo, estou com medo e não sei se ele vai voltar a ser agressivo comigo. — P