Os dois ficaram ali, em silêncio, com apenas o som da água pingando e o peso da tensão entre eles. Enry sentia o calor dela através de suas mãos, e por mais que ele quisesse se afastar, não conseguia. Por um breve momento, tudo parecia certo. Naquele momento, ele não era o rei dos Lycans, não era o macho que precisava controlar o mundo ao seu redor. Ele era apenas... ele. E ela era apenas... ela. Mas, como sempre, a realidade os alcançou rápido demais. Danika se afastou dele, pressionando as mãos contra o peito de Enry, os olhos arregalados, a respiração acelerada. "Não," ela disse, a voz trêmula. "Eu não posso. Não assim." Ele assentiu, afastando-se e levantando-se com um suspiro pesado. "Tudo bem," ele disse, sua voz rouca. Enquanto ela se acomodava na banheira, fechando os olhos novamente, Enry ficou de pé, observando-a por mais alguns segundos antes de se virar para sair do banheiro. Ele precisava pensar. Precisava encontrar uma maneira de proteger Danika sem destruí-la n
O crepúsculo se estendia como um manto pesado sobre o castelo, os longos corredores e salões ecoando a melancolia que parecia impregnada nas paredes de pedra. Enry estava em seus aposentos, observando o luar filtrando-se pela janela alta, iluminando parcialmente seu rosto. Ele segurava uma taça de vinho, mas não havia tocado na bebida. Seus pensamentos estavam muito longe dali, perdidos em um turbilhão de emoções e dúvidas.Um leve bater à porta o tirou de seus pensamentos. Ele franziu o cenho, confuso. Não estava esperando ninguém, e seus pensamentos estavam ainda concentrados em Danika. Ele quase acreditou que fosse ela voltando para falar mais sobre o que havia acontecido entre eles."Entre," ele disse, sua voz baixa, mas carregada de autoridade.A porta se abriu lentamente, revelando uma figura que fez Enry parar por um segundo. Laelia estava ali, alta e confiante, com os olhos escuros que ele conhecia tão bem. A visão dela o pegou completamente desprevenido. Ele não sabia que ela
No dia seguinte, Henrico já havia notado a presença de Laelia no castelo. Ele não conseguia esconder a pontada de ciúmes que sentia ao saber que, após seu retorno, Laelia foi ver Enry antes de qualquer outra pessoa. Ele sabia que ela sempre o via como um irmão, mas isso não amenizava o desejo que sentia por ela. Ele encontrou Enry enquanto este verificava alguns relatórios do treino da alcateia. Seus olhares se cruzaram, e Henrico decidiu falar. — Então, Laelia voltou e foi direto te ver? — Henrico perguntou, tentando manter a voz casual, mas falhando em esconder o ciúme. Enry suspirou, colocando os papéis de lado. — Ela queria me atualizar sobre a missão. E também... bem, acho que ela queria conversar. — Enry explicou, sua expressão mostrando que ele entendia aonde Henrico queria chegar. Ele conhecia bem os sentimentos de Henrico por Laelia, mas, para Enry, Laelia sempre seria como uma irmã. Mesmo assim, a tensão entre os dois amigos era palpável. — Só achei interessante que ela
A tensão no campo de treinamento crescia a cada movimento. Enry, enquanto mantinha o foco no treino com Laelia, não conseguia afastar os pensamentos sobre o comportamento de Danika e Henrico. Era evidente que algo mais estava acontecendo ali, algo que ele não queria admitir — pelo menos, não ainda.Após mais alguns movimentos precisos, Enry parou o treino e passou a mão pelo rosto, sentindo o suor acumulado. Ele olhou para Laelia, que parecia mais relaxada e satisfeita, claramente ciente da situação. Havia um brilho malicioso nos olhos dela, como se estivesse gostando de assistir o desenrolar daquela rivalidade.— Acho que é o suficiente por hoje — disse Enry, sua voz carregada de cansaço, mas também de algo mais que ele não conseguiu disfarçar.Laelia o observou por um momento, seu sorriso diminuindo ao perceber que, mesmo com toda a conexão que eles compartilhavam, Enry estava distante — seu olhar vagando na direção de Danika. Laelia mordeu o lábio, uma pontada de frustração surgind
Henrico caminhava pelos corredores do castelo, refletindo sobre o treino mais cedo. Sua mente estava inquieta, quando ele notou a aproximação de Laelia. — Laelia. — Ele a chamou, com a voz firme, mas carregada de um misto de frustração e algo não resolvido. — Não pensei que fosse me evitar desde que voltou. Ela parou, surpresa ao vê-lo, e esboçou um pequeno sorriso. — Henrico... Não é isso. As coisas foram corridas desde que voltei. — Ela explicou, tentando soar casual, mas Henrico percebeu que algo estava fora do lugar. — Corridas? — Ele comentou com ironia, cruzando os braços. — Bom, parece que teve tempo para falar com o Enry. Laelia suspirou, sabendo que Henrico não deixaria o assunto morrer tão facilmente. — Foi uma conversa rápida, sobre a missão. Não quis incomodar os outros... inclusive você. — Ela disse, tentando soar despreocupada, mas Henrico percebeu a evasão em seu tom. Ele franziu o cenho, sua paciência começando a se esgotar. — Incomodar? Eu pensei que
Quando Danika abriu a porta, a expressão de surpresa no rosto dela rapidamente se transformou em preocupação ao ver o estado de Henrico. — Henrico? O que aconteceu? — ela perguntou, vendo os olhos dele fervilhando com uma mistura de emoções. Sem responder de imediato, Henrico entrou no quarto. Ele olhou para Danika, a respiração pesada, e foi direto ao ponto. — Vamos fazer uma loucura, Danika. — Ele disse, a voz grave e intensa. — Vamos ficar juntos. Eu assumo o risco. Se Enry quiser brigar por isso, que seja. Não ligo mais. Estou cansado de esperar por algo que nunca vai acontecer. Danika franziu o cenho, claramente surpresa pela proposta. Ela deu um passo para trás, observando Henrico com atenção. — Henrico, o que você está dizendo? — ela perguntou, tentando entender o que estava por trás das palavras impulsivas dele. Ele avançou alguns passos, as emoções fervendo na superfície. — Eu nunca encontrei a minha companheira, Danika. Nunca senti esse vínculo... exceto por Lae
De repente, Laelia entrou no quarto correndo, o rosto pálido de preocupação e raiva. Ao ver a cena caótica, ela imediatamente se posicionou entre Enry e Henrico, seu olhar feroz. — O que está acontecendo aqui? — Laelia exigiu, sua voz cheia de autoridade. — Vocês estão se matando por causa de uma m**da que não vale a pena! Enry, ainda em modo de batalha, rosnou para Laelia. Laelia se virou para Danika, que estava observando, confusa e perplexa. — Está gostando de ver isso? Tudo isso é culpa sua! Você só trouxe caos para a alcateia! Eu vou acabar com você! Danika ficou chocada e não entendeu a acusação de Laelia. — O que? — Danika perguntou, a confusão começando a se misturar com a raiva. — Não tenho culpa das suas frustrações com o Alfa — falou provocando. Laelia, ainda furiosa, rosnou e avançou para Danika. —Você acha que pode simplesmente se esconder atrás disso? — Laelia gritou. — Você é uma peça-chave no que está acontecendo! Danika, agora totalmente consumida p
Enry correu até Danika com o coração acelerado, seu lobo uivando em desespero dentro de sua mente. Ele se ajoelhou ao lado dela, sentindo o calor febril que emanava de seu corpo. O cheiro de suor e a fraqueza que a dominava despertavam um medo primal em Enry, algo que ele não conseguia controlar. Seus instintos gritavam para protegê-la a qualquer custo. Com um rosnado baixo, ele se levantou e, com toda a autoridade de um alfa, gritou para Laelia e Henrico: — Saiam daqui! Agora! E mandem chamar Hilda e o Mago imediatamente! Laelia e Henrico hesitaram por um breve momento, mas o tom inegociável na voz de Enry os fez recuar. Enquanto eles saíam, Enry se abaixou novamente, pegando Danika com todo o cuidado. Ele a colocou na cama, e observou suas próprias feridas superficiais da briga com Henrico já cicatrizando rapidamente. Entretanto, o calor que emanava de Danika apenas crescia, e ele não sabia o que fazer para aliviar sua febre. Hilda foi a primeira a entrar no quarto, seu olhar ca