A tensão no campo de treinamento crescia a cada movimento. Enry, enquanto mantinha o foco no treino com Laelia, não conseguia afastar os pensamentos sobre o comportamento de Danika e Henrico. Era evidente que algo mais estava acontecendo ali, algo que ele não queria admitir — pelo menos, não ainda.Após mais alguns movimentos precisos, Enry parou o treino e passou a mão pelo rosto, sentindo o suor acumulado. Ele olhou para Laelia, que parecia mais relaxada e satisfeita, claramente ciente da situação. Havia um brilho malicioso nos olhos dela, como se estivesse gostando de assistir o desenrolar daquela rivalidade.— Acho que é o suficiente por hoje — disse Enry, sua voz carregada de cansaço, mas também de algo mais que ele não conseguiu disfarçar.Laelia o observou por um momento, seu sorriso diminuindo ao perceber que, mesmo com toda a conexão que eles compartilhavam, Enry estava distante — seu olhar vagando na direção de Danika. Laelia mordeu o lábio, uma pontada de frustração surgind
Henrico caminhava pelos corredores do castelo, refletindo sobre o treino mais cedo. Sua mente estava inquieta, quando ele notou a aproximação de Laelia. — Laelia. — Ele a chamou, com a voz firme, mas carregada de um misto de frustração e algo não resolvido. — Não pensei que fosse me evitar desde que voltou. Ela parou, surpresa ao vê-lo, e esboçou um pequeno sorriso. — Henrico... Não é isso. As coisas foram corridas desde que voltei. — Ela explicou, tentando soar casual, mas Henrico percebeu que algo estava fora do lugar. — Corridas? — Ele comentou com ironia, cruzando os braços. — Bom, parece que teve tempo para falar com o Enry. Laelia suspirou, sabendo que Henrico não deixaria o assunto morrer tão facilmente. — Foi uma conversa rápida, sobre a missão. Não quis incomodar os outros... inclusive você. — Ela disse, tentando soar despreocupada, mas Henrico percebeu a evasão em seu tom. Ele franziu o cenho, sua paciência começando a se esgotar. — Incomodar? Eu pensei que
Quando Danika abriu a porta, a expressão de surpresa no rosto dela rapidamente se transformou em preocupação ao ver o estado de Henrico. — Henrico? O que aconteceu? — ela perguntou, vendo os olhos dele fervilhando com uma mistura de emoções. Sem responder de imediato, Henrico entrou no quarto. Ele olhou para Danika, a respiração pesada, e foi direto ao ponto. — Vamos fazer uma loucura, Danika. — Ele disse, a voz grave e intensa. — Vamos ficar juntos. Eu assumo o risco. Se Enry quiser brigar por isso, que seja. Não ligo mais. Estou cansado de esperar por algo que nunca vai acontecer. Danika franziu o cenho, claramente surpresa pela proposta. Ela deu um passo para trás, observando Henrico com atenção. — Henrico, o que você está dizendo? — ela perguntou, tentando entender o que estava por trás das palavras impulsivas dele. Ele avançou alguns passos, as emoções fervendo na superfície. — Eu nunca encontrei a minha companheira, Danika. Nunca senti esse vínculo... exceto por Lae
De repente, Laelia entrou no quarto correndo, o rosto pálido de preocupação e raiva. Ao ver a cena caótica, ela imediatamente se posicionou entre Enry e Henrico, seu olhar feroz. — O que está acontecendo aqui? — Laelia exigiu, sua voz cheia de autoridade. — Vocês estão se matando por causa de uma m**da que não vale a pena! Enry, ainda em modo de batalha, rosnou para Laelia. Laelia se virou para Danika, que estava observando, confusa e perplexa. — Está gostando de ver isso? Tudo isso é culpa sua! Você só trouxe caos para a alcateia! Eu vou acabar com você! Danika ficou chocada e não entendeu a acusação de Laelia. — O que? — Danika perguntou, a confusão começando a se misturar com a raiva. — Não tenho culpa das suas frustrações com o Alfa — falou provocando. Laelia, ainda furiosa, rosnou e avançou para Danika. —Você acha que pode simplesmente se esconder atrás disso? — Laelia gritou. — Você é uma peça-chave no que está acontecendo! Danika, agora totalmente consumida p
Enry correu até Danika com o coração acelerado, seu lobo uivando em desespero dentro de sua mente. Ele se ajoelhou ao lado dela, sentindo o calor febril que emanava de seu corpo. O cheiro de suor e a fraqueza que a dominava despertavam um medo primal em Enry, algo que ele não conseguia controlar. Seus instintos gritavam para protegê-la a qualquer custo. Com um rosnado baixo, ele se levantou e, com toda a autoridade de um alfa, gritou para Laelia e Henrico: — Saiam daqui! Agora! E mandem chamar Hilda e o Mago imediatamente! Laelia e Henrico hesitaram por um breve momento, mas o tom inegociável na voz de Enry os fez recuar. Enquanto eles saíam, Enry se abaixou novamente, pegando Danika com todo o cuidado. Ele a colocou na cama, e observou suas próprias feridas superficiais da briga com Henrico já cicatrizando rapidamente. Entretanto, o calor que emanava de Danika apenas crescia, e ele não sabia o que fazer para aliviar sua febre. Hilda foi a primeira a entrar no quarto, seu olhar ca
Dentro do quarto, Enry e Markus continuavam a examinar Danika, que ainda estava inconsciente e lutava contra a febre intensa. A atmosfera estava carregada de preocupação e um senso crescente de urgência. Markus estava concentrado em preparar o plano para a próxima etapa, enquanto Enry se mantinha vigilante ao lado de Danika. Hilda havia conseguido estabilizar um pouco a febre de Danika, mas a situação ainda era crítica. Ela usava técnicas antigas de resfriamento e tratamentos com ervas para tentar aliviar a condição de Danika. O som do ambiente era apenas o murmúrio constante das instruções de Hilda e o som do próprio trabalho de Markus. — A sacerdotisa wiccana que mencionei — Markus disse, seu tom de voz grave e controlado —, tem conhecimentos avançados em magia antiga. Precisamos garantir que Danika possa ser transportada até ela assim que sua condição se estabilizar. Prepararei tudo que for necessário para a viagem, incluindo os recursos financeiros para compensar a sacerdotisa.
Danika abriu os olhos devagar, sentindo seu corpo cansado, mas surpreendentemente mais leve. Quando tentou se mexer, percebeu algo quente e sólido ao seu lado. Virando-se, deparou-se com Enry, adormecido e largado de qualquer jeito ao seu lado lado na cama. Ele havia ficado ali a noite inteira. "Por que ele parece tão confortável?" ela murmurou para si mesma, sentindo um misto de surpresa e uma pontada de vergonha. Mas a estranheza da situação foi interrompida por uma necessidade mais urgente: seu estômago roncava ferozmente. Ela não sabia o que a incomodava mais, se era a fome avassaladora ou o fato de ter que acordar Enry. "Ei, Enry..." ela o chamou suavemente, tocando seu braço. Quando ele não respondeu, ela balançou um pouco mais forte. "Enry, eu estou morrendo de fome." Ele abriu os olhos lentamente, piscando algumas vezes até focar nela. O alívio se misturou à exaustão em seu rosto. "Danika... você está acordada." Ela assentiu, mas antes que pudesse responder, seu estômago
Durante a viagem de quase dez horas, Danika não conseguia desviar os olhos da janela. O horizonte parecia interminável. O medo do que a esperava no destino e o desconforto de estar no ar por tantas horas a mantinham em alerta constante. Seus dedos brincavam nervosamente com a borda do vestido, enquanto todos ao seu redor dormiam, entregues à exaustão. Enry se mexeu ao seu lado, despertando lentamente do sono que o havia tomado. Apenas um olhar foi o suficiente para ele perceber a inquietação de Danika. Seus olhos, sempre intensos, encontraram os dela, analisando-a com uma atenção quase hipnótica. — Não consegue dormir? — perguntou, sua voz rouca pelo sono, mas cheia de uma curiosidade velada. Danika balançou a cabeça, tentando disfarçar o nervosismo que parecia crescer dentro de si. Ela conhecia bem aquele olhar de Enry, sabia o quanto ele era perspicaz, capaz de perceber cada detalhe que ela tentava ocultar. — É só a viagem... — murmurou, sua voz soando pesada. Enry a observav