Danika abriu os olhos devagar, sentindo seu corpo cansado, mas surpreendentemente mais leve. Quando tentou se mexer, percebeu algo quente e sólido ao seu lado. Virando-se, deparou-se com Enry, adormecido e largado de qualquer jeito ao seu lado lado na cama. Ele havia ficado ali a noite inteira. "Por que ele parece tão confortável?" ela murmurou para si mesma, sentindo um misto de surpresa e uma pontada de vergonha. Mas a estranheza da situação foi interrompida por uma necessidade mais urgente: seu estômago roncava ferozmente. Ela não sabia o que a incomodava mais, se era a fome avassaladora ou o fato de ter que acordar Enry. "Ei, Enry..." ela o chamou suavemente, tocando seu braço. Quando ele não respondeu, ela balançou um pouco mais forte. "Enry, eu estou morrendo de fome." Ele abriu os olhos lentamente, piscando algumas vezes até focar nela. O alívio se misturou à exaustão em seu rosto. "Danika... você está acordada." Ela assentiu, mas antes que pudesse responder, seu estômago
Durante a viagem de quase dez horas, Danika não conseguia desviar os olhos da janela. O horizonte parecia interminável. O medo do que a esperava no destino e o desconforto de estar no ar por tantas horas a mantinham em alerta constante. Seus dedos brincavam nervosamente com a borda do vestido, enquanto todos ao seu redor dormiam, entregues à exaustão. Enry se mexeu ao seu lado, despertando lentamente do sono que o havia tomado. Apenas um olhar foi o suficiente para ele perceber a inquietação de Danika. Seus olhos, sempre intensos, encontraram os dela, analisando-a com uma atenção quase hipnótica. — Não consegue dormir? — perguntou, sua voz rouca pelo sono, mas cheia de uma curiosidade velada. Danika balançou a cabeça, tentando disfarçar o nervosismo que parecia crescer dentro de si. Ela conhecia bem aquele olhar de Enry, sabia o quanto ele era perspicaz, capaz de perceber cada detalhe que ela tentava ocultar. — É só a viagem... — murmurou, sua voz soando pesada. Enry a observav
Enquanto a aeronave pousava suavemente, o ronco suave dos motores e o leve solavanco despertaram Danika de seu sono. Enry ainda a mantinha junto a ele, o calor de seus corpos dissipando a tensão acumulada durante a viagem. A luz fraca do amanhecer iluminava o interior da cabine, anunciando que haviam chegado ao destino. Danika se remexeu levemente, seus olhos se ajustando à luz. A realidade de onde estavam logo voltou, e seu coração acelerou novamente. A lembrança do que haviam compartilhado horas antes a fazia corar, mas o nervosismo por estar se aproximando de algo desconhecido também se misturava com a excitação. — Chegamos — Enry sussurrou em seu ouvido, sua voz firme, mas com um toque de suavidade que apenas ela parecia perceber. Ele a ajudou a se levantar, ajeitando suas roupas de forma casual, como se nada tivesse acontecido. Danika, por outro lado, ainda sentia as sensações do encontro gravadas em sua pele, cada toque e cada palavra ecoando em sua mente. Mas agora, com o
— Então, você é a híbrida — a sacerdotisa disse, sem rodeios, seus olhos fixos em Danika.Danika engoliu em seco. Ela sabia que esse momento chegaria, mas a maneira direta da sacerdotisa a fez sentir como se estivesse nua diante dela, exposta de todas as maneiras.— Sim — respondeu ela, sua voz soando pequena diante da presença da mulher.A sacerdotisa se aproximou, estendendo a mão em direção ao rosto de Danika. Suas unhas longas e finas pareciam quase garras. Quando os dedos da sacerdotisa tocaram a pele de Danika, ela sentiu uma onda de energia percorrer seu corpo, como se algo dentro dela estivesse sendo despertado.— Há um grande poder adormecido em você — murmurou a sacerdotisa. — Sua verdadeira natureza foi escondida por feitiços antigos, mas agora ela está lutando para emergir. Isso será doloroso, e o resultado pode ser... imprevisível.Danika sentiu um nó se formar em seu estômago. O medo do desconhecido a atingia com força, mas ela sabia que não tinha escolha. A sacerdotisa
Enquanto Enry travava sua luta interna, Danika continuava a gritar de dor dentro da cabana. A transformação era implacável. Sua pele queimava, seus ossos se retorciam, e suas memórias começavam a se fragmentar. Ela sentia como se estivesse sendo despedaçada, e a fera dentro dela — essa entidade selvagem e desconhecida — lutava para assumir o controle. A escuridão ameaçava engolir sua mente, e Danika sentia-se à beira de perder a si mesma. — ENRY!!! — O nome dele escapou de seus lábios em um grito, como um pedido desesperado de ajuda. O som de Danika chamando por ele foi a gota d'água. Enry avançou com um rugido, as garras já começando a se formar em suas mãos, o lobo em sua mente clamando por sangue e por proteção. Mas Markus, usando a magia, ergueu uma barreira invisível, impedindo-o de avançar. — NÃO! — gritou Markus, com um brilho intenso nos olhos. — Confie nela! Ela é mais forte do que você imagina! Enry parou, seu corpo em chamas de raiva e desespero. Ele sabia que Marku
Danika corria pela floresta com uma agilidade impressionante, a força de sua nova forma pulsando em cada movimento. A dor da transformação ainda queimava em seu corpo, mas sua mente agora estava dominada pela fera que emergia com uma fúria incontrolável. A escuridão das árvores e o cheiro da natureza eram apenas uma paisagem passageira para a tempestade interna que a consumia. De repente, um aroma distinto chamou sua atenção. Era o cheiro de outro grupo de lobos. Ela se aproximou demais das fronteiras da alcateia local. Em poucos momentos, dois lobos saltaram à sua frente, seus corpos tensos e prontos para proteger seu território, rosnando e mostrando seus dentes. Um dos lobos, avançou para atacar. Danika, com uma precisão feroz, o derrubou com um golpe poderoso, lançando-o contra uma árvore. O segundo lobo, maior e mais robusto, lutava com Danika, sua força impressionada pela incrível potência dela. Ele sabia que ela não era uma Alfa, mas sua força era demais para uma simpl
Ao chegarem à casa principal da alcateia, a atmosfera de tensão era palpável. Eles foram recebidos por Dominic, o Alfa da alcateia Lua Crescente. Ele era um homem alto, loiro, com olhos verdes profundos e uma aura de confiança avassaladora. Assim que seus olhos pousaram em Danika, ele paralisou, como se algo primordial dentro dele tivesse sido despertado. Uma atração inexplicável, feroz, tomou conta de seu corpo. Seu instinto gritou para dominá-la, possuí-la de imediato. O olhar intenso de Dominic em direção a Danika não passou despercebido por Enry. Ele rosnou baixinho, sua presença imediatamente se tornando ameaçadora, protegendo Danika como um verdadeiro Alfa faria. Dominic, sem se intimidar, sorriu com um ar de desafio. — Bem-vindo à minha alcateia, Alteza. É um prazer tê-lo aqui. — Ele disse, seu tom insinuante e seus olhos ainda fixos em Danika. — O que traz o rei dos Lycans até nossa terra? Lucas, fiel ao seu Alfa, deu um passo à frente para explicar a situação antes
Enry, frustrado e cansado, perdeu a paciência. Ele se aproximou dela com um olhar duro e determinado. — Você não é um monstro e se não comer, vou castiga-lá — declarou ele, sua voz carregada de exasperação. Danika ergueu a cabeça, seus olhos cheios de dor e indignação. — Não há castigo maior do que ser uma assassina — disse ela, a voz tremendo. — E, por favor, pare com esse teatro. Eu não significo nada para você. Você deixou isso bem claro para o Alfa Dominic. Enry suspirou, seu rosto revelando um cansaço profundo. Ele se sentou ao lado dela, seu olhar passando de severo para preocupado. — Ninguém pode saber que você é importante para mim e muito menos que você é uma híbrida — explicou ele, sua voz mais suave. — Dominic já está desconfiado, e se isso se espalhar, todos vão caçá-la. Uns para matar, outros para obter mais poder. Eu preciso protegê-la. Danika o olhou com uma mistura de tristeza e confusão. — O que somos, Enry? Me sequestrau, me rejeitou, e... transa comigo