Depois do jantar, na porta, Ashlynn disse a Corentin: — Quero ficar aqui com Anne, tudo bem? — Corentin olhou para Anne e disse: — Você não precisa. Anne, me ligue se precisar de alguma coisa. Estarei em Luton nos próximos dois dias. — — Certo. — Anne olhou para a mão de Corentin no ombro de Ashlynn. Parecia menos uma demonstração íntima de afeto e mais uma restrição. — Tio, seja legal com Ashlynn. — — Ninguém a trata melhor do que eu. — Corentin respondeu. Ashlynn não o refutou e confortou Anne: — Descanse cedo. Voltarei para ver você amanhã. — — Certo, estarei esperando... — Anne observou o carro sair sem voltar para casa, então saiu da mansão. Sentou-se nos degraus, atordoada, olhando para longe. Foi deixada sozinha em uma casa tão grande, e quando voltasse para casa, ninguém estaria esperando, ninguém estaria lá para conversar. Anne esfregou os olhos, levantou-se e entrou em casa. Seus pés não tinham força, sua cintura ainda estava dolorida e todo o seu co
Para Anne, Anthony parecia um demônio, sentando-se ali, na beira da cama, segurando uma tigela de sopa na mão e observando a reação assustada da jovem. Estranhamente, o magnata tentou ser mais amigável. — Você precisa comer alguma coisa. — O homem disse. Anne não entendia por que Anthony continuava tentando alimentá-la, até porque se lembrava da insistência desmedida do dia anterior. — Ontem eu fui muito invasivo. Peço desculpas. — Ele ergueu os olhos escuros e a encarou. Anne ficou atordoada quando entendeu que Anthony estava se desculpando, porque nunca tinha acontecido isso antes. O homem estava se desculpando em vez de acusá-la de visitar Lucas? De alguma forma, isso a fez se sentir extremamente desconfortável. — Venha aqui. — Anthony deu um tapinha na cama. Anne olhou dele para a sopa na tigela, pensou um pouco e depois se aproximou lentamente. — Vou comer sozinha... — Ela tentou pegar a tigela, mas Anthony não a deixou fazer isso.— Sente-se direito. Eu vou te servir.
— Eu não a avisei com antecedência. — Ashlynn não pediu a Corentin que a levasse a Luton, mas o homem o fez mesmo assim. A moça, em contrapartida, pensou que estar com Anne reduziria seu contato com o cônjuge forçado, mas isso não aconteceu.— Vou levá-la ao bar esta noite. — Enquanto falava, o homem a beijou nos lábios, sem se importar se a moça queria fazê-lo. Ashlynn lutou duas vezes contra, mas desistiu. À noite, a cativa foi levada ao bar por seu carrasco, onde lembrou-se de como também era levada a boates por Salvatore no passado. Embora ela não gostasse desse tipo de lugar, seu ex-marido parecia muito adequado para aquele ambiente hostil. Como o homem era como um chefe, um líder criminoso, ninguém o desobedecia, assim como não havia quem ousasse desrespeitá-la. Quando Salvatore morreu, a jovem se perguntou para onde foram seus seguidores. Àquela altura, imaginava que a maioria deles já estaria morta, ou no mesmo lugar de antes. De qualquer forma, depois que Salvatore foi pr
Os subordinados do homem deram um passo à frente, então os dois criminosos se amontoaram, aterrorizados. A dupla não esperava que Ashlynn tivesse tanto apoio. A jovem pensou que Corentin nunca iria deixar os dois irem, que pelo menos seriam espancados. De maneira nenhuma seria o que ela gostaria que acontecesse, mas já se preparou para o pior. Acontece que, na verdade, seu captor acenou para que o homem e a mulher se aproximassem. Como a dupla não ousou se mexer, os dois foram empurrados pelos guarda-costas. Corentin olhou de cima a baixo para o homem e a mulher à sua frente, parecendo amigável. — Vocês deveriam pedir desculpas. — Os dois nada mais podiam fazer senão obedecer, então engoliram o orgulho e imploraram por misericórdia. — Sinto muito, fomos estúpidos e nunca mais faremos isso! Sinto muito! — — Sentimos muito, por favor, nos poupe! — — Não precisam fazer isso. Vão embora. — Ashlynn não gostou da cena, então franziu a testa ao dizer isso, mas o homem e a mul
— Com licença, vocês os conhecem? — Um dos policiais mostrou duas fotos. Os olhos de Corentin brilharam quando encarou o policial, ao passo que Ashlynn disse: — Sim. Ontem à noite no bar, os dois tentaram me drogar, mas foram pegos em flagrante. Depois que eles se desculparam, nós os deixamos ir. — — Vocês não os viram depois? — Perguntou o policial. — Não. Não sabíamos até vermos as notícias na manhã de hoje. — Disse Ashlynn. A polícia queria interrogar mais, mas ouviu-se o som de um carro chegando. Era um Rolls-Royce preto. O carro parou e, quando o guarda-costas abriu a porta, os trigêmeos pularam do carro, fofos, andando em fila, como pequenos pinguins. Anthony saiu, logo atrás, então Anne se levantou e se aproximou. — Mamãe! — — Mamãe! — — Mamãe! — — Mamãe, estava com tantas saudades de você! — — Fazia muito tempo que não víamos a mamãe! — — Papai não nos deixou ver a mamãe! — — Papai disse que mamãe está doente. Você está se sentindo melhor agora?
— A outra mulher de quem seu pai falou… é real? Ele não mentiria? — Anne perguntou, então se virou e saiu indiferente. Por outro lado, o rosto de Anthony ficou tenso, então o homem permaneceu rígido no lugar. Enquanto isso, no carro, Ashlynn sentiu uma atmosfera estranhamente monótona e até a luz ficou fraca. Corentin parecia sombrio, e a moça ficou nervosa quando encarou aqueles olhos âmbar monstruosos. — O que há de errado? Eu disse algo errado? — — Se não fosse por você, meu filho já teria cinco anos, certo? — Corentin perguntou, mal-humorado. O coração de Ashlynn batia descontroladamente e seus dedos se curvaram, inquietos. Só então entendeu o motivo da aura aterrorizante que transbordava do corpo de Corentin... Inveja dos filhos de Anne com Anthony.* Anne foi ao cemitério com as crianças, então os quatro se ajoelharam para prestar suas condolências. Os trabalhadores do lugar preparam um espaço ao lado do túmulo de Nigel para colocarem a urna de Sarah. Assim, juntaram-
Antes que Anne pudesse falar, Charlie disse: — Mamãe provavelmente está pensando na vovó. Fazia alguns dias que não via mamãe e já sentia muita falta dela! Mamãe deveria sentir o mesmo por sua mãe. — — Mamãe, vou dormir com você à noite! — Chris disse. — Está bem... — Anne tocou sua cabecinha. — Papai também acompanhará mamãe! — Chloe disse, mas Anne não queria ver Anthony. Olhando para as crianças, a moça só conseguiu dizer: — Papai está ocupado. Mamãe já está muito satisfeita com vocês me acompanhando. — Os trigêmeos, preocupados, olharam para a mãe e depois para o pai, porque imaginaram que o homem não ficaria feliz com aquilo. — A mamãe não gosta do papai? — Chloe perguntou. Como Anne poderia responder? A verdade é que não gostava, nem achava que o homem pudesse gostar dela também. O magnata apenas era controlador, e a moça sabia que era a vítima perfeita para alguém como o crápula. Contudo, não podia dizer isso às crianças... Anthony olhou para Anne com olhos
A cortina ao lado se moveu, então Anne se virou e percebeu que era Anthony, o que a fez se sentir desconfortável. Incomodava que o magnata fosse quem tinha a custódia dos filhos, porque, além de limitar a liberdade da mãe com as crianças, frequentemente a colocava naquela situação de domínio. — Isso acabará em breve, não é? Charlie é um menino muito corajoso. — A doutora Brown conversava com o pequeno enquanto costurava o ferimento, desviando sua atenção. Com suas mãos leves e rápidas, os pontos foram dados em segundos.— Ok, vamos aplicar o remédio agora e você pode ir para casa depois disso. Viu? Não doeu nada. — A médica aplicou o medicamento anti-inflamatório e colocou gaze sobre o lugar. O band-aid na superfície tinha o personagem de um desenho animado que as crianças adoravam. Assim, depois de terminar, a profissional deixou as recomendações com os pais e se retirou. — Papai... — Chris e Chloe pareciam magoados, com lágrimas nos olhos grandes. Anne explicou com culpa: —