Antes que Anne pudesse falar, Charlie disse: — Mamãe provavelmente está pensando na vovó. Fazia alguns dias que não via mamãe e já sentia muita falta dela! Mamãe deveria sentir o mesmo por sua mãe. — — Mamãe, vou dormir com você à noite! — Chris disse. — Está bem... — Anne tocou sua cabecinha. — Papai também acompanhará mamãe! — Chloe disse, mas Anne não queria ver Anthony. Olhando para as crianças, a moça só conseguiu dizer: — Papai está ocupado. Mamãe já está muito satisfeita com vocês me acompanhando. — Os trigêmeos, preocupados, olharam para a mãe e depois para o pai, porque imaginaram que o homem não ficaria feliz com aquilo. — A mamãe não gosta do papai? — Chloe perguntou. Como Anne poderia responder? A verdade é que não gostava, nem achava que o homem pudesse gostar dela também. O magnata apenas era controlador, e a moça sabia que era a vítima perfeita para alguém como o crápula. Contudo, não podia dizer isso às crianças... Anthony olhou para Anne com olhos
A cortina ao lado se moveu, então Anne se virou e percebeu que era Anthony, o que a fez se sentir desconfortável. Incomodava que o magnata fosse quem tinha a custódia dos filhos, porque, além de limitar a liberdade da mãe com as crianças, frequentemente a colocava naquela situação de domínio. — Isso acabará em breve, não é? Charlie é um menino muito corajoso. — A doutora Brown conversava com o pequeno enquanto costurava o ferimento, desviando sua atenção. Com suas mãos leves e rápidas, os pontos foram dados em segundos.— Ok, vamos aplicar o remédio agora e você pode ir para casa depois disso. Viu? Não doeu nada. — A médica aplicou o medicamento anti-inflamatório e colocou gaze sobre o lugar. O band-aid na superfície tinha o personagem de um desenho animado que as crianças adoravam. Assim, depois de terminar, a profissional deixou as recomendações com os pais e se retirou. — Papai... — Chris e Chloe pareciam magoados, com lágrimas nos olhos grandes. Anne explicou com culpa: —
Anne sentia quase como se pudesse machucar os filhos caso se aproximasse. Depois que esse pensamento se formou em sua cabeça, não conseguiu mais controlá-lo, como um cachorro que escapou da coleira. As crianças não entenderiam seus sentimentos, mas como uma mãe que se preocupava com seus filhos, ela não poderia ignorar isso.O carro chegou à porta do escritório e Anne desembarcou. As três crianças, é claro, não queriam deixar a mãe. — Queremos ir ao escritório da mamãe também! — — Se não pudermos, podemos ir para a mansão da vovó! — — Nós ficaremos bem! — Anne estava relutante, mas ainda assim se forçou a dizer: — Não. Vocês só podem ficar com a mamãe no trabalho depois que o ferimento de Charlie sarar. Sejam bonzinhos. — Dito isso, a moça se afastou. Afoita, andava rápido e mantinha as costas retas. Assim que entrou no elevador, sem ninguém por perto, finalmente se soltou e encostou-se na parede, ponderando: ‘Isso deve ser apenas uma coincidência!’. Anne realmente seria a
Anne ligou, mas ninguém atendeu. Diante disso, seu cérebro estava explodindo. Por que seria Cindy? Quem a colocou ao seu lado? Ela não conseguia acreditar que sua assistente, funcionária mais próxima, fosse uma assassina. Imediatamente, a mulher ligou para Anthony: — Descobri que a pessoa que drogou meu pai pode ser Cindy! — — É ela. A investigação da minha parte descobriu que Cindy tinha ido à farmácia para comprar cantaridina. Onde ela está? — Coincidentemente, Anthony acabara de conseguir a informação.— Vim com ela a um hospital para discutir um assunto com o responsável do lugar nos deparamos com uma funcionária da clínica de estética que reconheceu Cindy. Ela me explicou haviam retirado a pinta da desgraçada na clínica. Quando ela disse isso, a assassina já tinha fugido! Ela saiu logo, dizendo que a moça tinha se confundido! Você consegue pegá-la, não consegue? — Anne perguntou.— Consigo. — Anne sentiu-se aliviada ao ouvir a confiança de Anthony, porém, depois de entrar
Anne achava que Bianca podia ter razão. Por que a pianista mataria o próprio pai? Porém, será que só Bianca e Cindy entraram em contato? Poderia haver outra pessoa no meio? Ela não tinha nenhuma prova de que era Bianca além da ligação, e quando Cindy foi encontrada morta, a moça não estava no local, mas no estúdio, com álibi.No fim, a pista parou em Cindy. A perícia disse que o ferimento fatal da moça foi na cabeça, e que precisavam encontrar a arma. Não havia impressão digital de uma segunda pessoa no local.Anne deu seu depoimento e estava prestes a sair. Justo quando a jovem se via prestes a entrar no carro, Bianca se aproximou. — Ouvi dizer que Charlie ficou ferido. Seu maldito azar já causou a morte de sua mãe, agora seu filho será a vítima? Acho difícil não ser um pouco supersticiosa agora, não é? — O aperto de Anne na porta do carro ficou subitamente forte e os nós dos dedos ficaram tão brancos quanto o rosto empalidecido. A moça viu Anthony atrás da pianista, então entro
Tommy, que voltara, há pouco, a Luton, também ouviu falar da morte de Sarah e foi dar uma olhada no cemitério. Àquela altura, o homem até esbarrou com Ron Marwood, mas fingiu não o ver. Além disso, acreditava que os policiais já teriam cuidado dessa parte da investigação. Ainda assim, alguns agentes continuam a buscar pistas pelo lugar. O rapaz julgou que estavam apenas tentando a sorte, provavelmente a mando de Anthony. Já havia tempo que não notavam nenhuma irregularidade, na verdade.Quando voltou para casa, Tommy chamou Lílian e assim que a mulher chegou, viu que ele estava sentado no sofá bebendo um copo de uísque.— Quando você voltou? Terminou o trabalho? — Lílian sentou-se no outro sofá.— Você estava em Santa Nila no dia em que Anne sofreu o acidente de helicóptero? — Tommy a encarou, seus olhos eram afiados.— Acidente de helicóptero? — Lílian foi pega de surpresa. — Eu não fui a lugar nenhum. Se você não acredita em mim, pode usar sua influência toda para procurar em qua
Anne já estava muito familiarizada com a chegada de Anthony e com os sons de seu carro, o Rolls-Royce. Àquela altura, poderia reconhecer até os passos do homem no corredor, e por isso sabia que não era o magnata. Quem apareceu foi Tommy.— O que você tem feito de si, hein? — Tommy sentou-se no sofá e olhou para Anne. — Você está muito mais magra agora. Greve de fome? — Mesmo que Anne não tivesse contado nada, tinha certeza de que Tommy já sabia da morte de sua mãe. — Cuide da sua saúde. A madame Vallois era quem mais se preocupava com você. — O homem concluiu.Anne olhou para baixo, tentando esconder a dor nos olhos. Tommy, comovido, olhou para o rosto pálido da mulher e declarou: — A prioridade é descobrir o assassino agora. Você tem algum suspeito? — Anne esfregou o cabelo bagunçado. — Desconfio de Bianca, mas, se as mortes estão relacionadas, não acho tão possível. Ela é filha dele... — — Tem certeza? — Anne ficou atordoada e olhou para cima, confusa com o tom de Tommy.
Anne nunca pensou em Anthony como uma boa pessoa e sempre pensou que o magnata era um demônio de verdade. No entanto, nunca esperou que o homem apoiasse Bianca tanto assim. Não teria nem mesmo piedade da mãe de seus filhos?— Eu já disse que a pessoa de quem Anthony gostava era Bianca. Não estava brincando. — — Pare com isso! — Anne não aguentava mais ouvir nada, porque só sentia ódio. Suas lágrimas rolaram sem fim.Tommy a abraçou com força. — Chore, apenas chore se isso faz você se sentir melhor. Estarei aqui para ajudá-la. — Anne se entregou ao peito do homem, pois não poderia se importar mais. Diante dos últimos acontecimentos, estava cansada de tudo.— Parece que cheguei na hora errada. — Uma voz fria veio de trás dos dois.Tommy se virou e viu Anthony entrando, cheio de raiva em sua expressão. Anne, que continuava nos braços de Tommy, não o afastou imediatamente. Em vez disso, a moça cerrou os punhos, os olhos eram puro ódio.— Primo, por favor, não entenda mal. Anne e