Ashlynn ficou atordoada, então inconscientemente se virou para olhar para Anne. A assistente percebeu que a moça também parecia ter sido pega de surpresa e, de imediato, entendeu que não foi a patroa quem contou ao homem sobre aquilo. Diante disso, a jovem funcionária tentou desconversar: — Do que está falando? —— Como assim? Você me disse que a senhorita Vallois lhe deu uma caixa de ouriços, não? — O senhor Walker mantinha um sorriso maquiavélico.Era impossível que Ashlynn tivesse contado sobre os ouriços, então, na certa, alguém tentava queimar sua reputação. O senhor Walker?— Quando eu disse isso? — — Ontem, depois do trabalho! — — Onde? Acho que não me lembro. Mas, se o senhor insiste, acho pertinente que a gente verifique nas gravações de segurança do escritório. — Explicou Ashlynn enquanto distribuía os documentos.— Sua memória é realmente ruim, não é? Não foi aqui! Nós nos encontramos lá fora, a caminho da estação de trem. — Ashlynn terminou de distribuir os docu
Os olhos ameaçadores de Bianca se voltaram para a irmã. — Uma boa pessoa? Quem é você para me julgar? Mesmo que eu fosse uma pessoa horrível, Anthony ainda iria me querer! Você é apenas um brinquedo para ele e não está nem no mesmo nível de uma puta de beira de estrada! Pelo menos elas são pagas por isso, afinal. O que você ganha sendo a diversão passageira de Anthony? Você não vale um único centavo! Outra coisa: saiba que passarei a dormir na Mansão Real com mais frequência, então é melhor você não atrapalhar mais. — Depois disso, a pianista foi embora. Claro, Anne sabia o que representava para Anthony, mas era fato que se sentia determinada a não deixar o magnata tocá-la nunca mais. Pelo menos, não como amante. Nessa hora, outra coisa passou em sua mente: Anthony disse que ela teria mais autonomia sobre o que fazer com os filhos. Diante disso, como Bianca avisou que iria passar as noites na Mansão Real, Anne achou prudente buscar as crianças. Assim, naquela tarde, buscou os filho
Na manhã seguinte, Anne entrou no escritório desatenta, então ficou surpresa quando viu o homem sentado no sofá. Imediatamente, contudo, recuperou a postura e caminhou indiferente até a mesa, depois sentou-se na cadeira.— Café ou chá? — Ela perguntou.Os olhos escuros de Anthony fixaram-se nos dela, enquanto o homem pensava na pouca sinceridade da pergunta. Havia apenas uma única mulher neste mundo que ousava desafiá-lo daquela forma, afinal, e era Anne.— Onde estão as crianças? — — Elas estão na casa da minha mãe. Acho que veremos por quanto tempo eles gostariam de ficar. Não sei... Parece que não há necessidade de mandá-los de volta tão cedo, não acha? — Anne disse, enquanto pensava: 'Você já não sabia do paradeiro delas, imbecil? Por que você precisa perguntar? Forjou sua personalidade assistindo a algum desenho animado de vilão clichê?'.— Não me provoque, Anne. — Anne franziu os lábios e, sabendo como o magnata de orgulho frágil funcionava, bancou a inocente por um breve
Depois que o clima pesou, Anthony apenas se afastou para sair. Inconformado, o magnata disse, como se desse uma ordem incontestável: — Leve as crianças de volta para a Mansão Real antes de ir a Athetin. —Em seguida, a porta se fechou. Anthony saiu sem sequer tomar uma xícara de café. Anne olhou para a porta fechada e sentiu todos os seus nervos relaxarem, então concluiu que deveria ir com calma com os assuntos envolvendo crianças. A moça não esperava que Anthony rompesse o relacionamento com Bianca, apesar de sugerir isso com cada vez mais frequência. De qualquer maneira, a jovem não se sentia indispensável o suficiente para fazer o homem desistir de sua irmã, ainda mais sabendo que alguém como ele poderia literalmente conseguir qualquer garota que quisesse.Além disso, Anthony era um homem solitário e manipulador, alguém que gostava de ter tudo sob seu controle, e não o contrário. Mesmo que cedesse em alguns pontos, tinha limites muito bem delimitados do que significaria, para se
— Sua assistente é uma pessoa interessante. Jantamos juntos, um dia desses, mas ela continua muito tímida. — Corentin falava com um leve sorriso no rosto.— Só vocês dois? — Anne ficou surpresa, porque Ashlynn não havia falado nada sobre aquilo. Obviamente isso significava que era assunto pessoal da assistente.— Bom, eu ainda me sentia em dívida pelo acidente daquele outro dia. Podemos dizer que eu estava apenas tentando materializar meu pedido de desculpas. — Explicou Corentin brevemente.Anne entendeu a situação e não pôde deixar de se comover um pouco. A moça simplesmente não esperava que seu tio, a pessoa que controlava todo o Grupo Lloyd e até mesmo a economia da cidade de Athetin, tivesse um coração tão grande. A jovem então pensou em Anthony, que compartilhava a semelhança de possuir imenso poder e influência. Por que os dois eram tão diferentes?Em pouco tempo, o carro chegou à mansão de Corentin. O lugar era cercado por colinas e fontes naturais de água, o palacete ficava
— Não precisa, é sério! Obrigada, senhor Lloyd, mas preciso voltar agora. — Disse Ashlynn, e então acenou com a cabeça antes de se virar e ir embora.Corentin foi até a pia, encarou seu próprio rosto no espelho, ajustou os óculos e só ficou satisfeito depois de parecer apresentável. Àquela altura, todos estavam um pouco mais animados. Quando Ashlynn voltou para a sala principal, não bebeu mais. Corentin chegou logo em seguida e ajudou a moça a se defender de todos os flertes inconvenientes, até que disse, meio brincando: — Não assustem a assistente pessoal da minha sobrinha. — Isso fez os demais não insistirem mais em fazer a moça beber mais.***Quando Ashlynn acordou, sentiu que havia algo de errado com seu quarto. Não parecia uma das diminutas acomodações de um hotel comum, porque era espaçoso e tinha um interior muito luxuoso. Parecia mais um quarto de uma residência particular, uma residência de alguém rico.Ashlynn se lembrava de que havia saído do lugar e entrado num car
Quando Cory Lloyd viu a garota, sua expressão mudou ligeiramente. Claro que o velho sabia quem era a jovem, porque Corentin já havia contado sobre a situação. Por isso, o patriarca sentia-se mentalmente preparado, no entanto, quando o idoso finalmente a viu...— Pai, esta é Anne, filha de Nigel. Anne, este é o seu avô... — Corentin tentou intermediar o primeiro contato entre os dois.Anne escutou as palavras do tio, mas não conseguiria, ainda, enxergar o homem como um avô. Para piorar, o idoso apontou para uma das cadeiras e, como um patrão, ordenou: — Sente-se! — Depois que a moça acatou o pedido, que mais parecia uma ordem, Cory a encarou e soltou: — Você não se parece muito com seu pai. —Ao ver a própria neta, o patriarca não só não expressou nenhum entusiasmo, mas ainda chegou a sugerir que não havia sequer semelhança entre a jovem e seu pai. Anne não se importou, mas devolveu uma resposta atravessada: — Você ao menos se lembra do rosto dele, para constatar isso? — O home
Oliver ficou um pouco surpreso e perguntou: — Senhor Marwood, o que aconteceu? — — Alguém me drogou. Mande os homens investigarem a cozinha! — O tom de Anthony era implacável, mas sua atitude soava como paranoia. Certo de que seu diagnóstico se revelaria preciso, o homem não se importava com o que parecia.— O quê? — Oliver ficou preocupado e imediatamente pediu aos brutamontes que questionassem o cozinheiro. Em seguida, o homem chamou o motorista para trazer o carro. Assim que desligou o aparelho, Oliver percebeu a repentina aparição de Bianca com algumas de suas amigas.— Anthony, você está aqui! — Bianca sorriu assim que viu Anthony. A moça correu para interceptá-lo antes que saísse do lugar.— Sim. — Anthony tentava suprimir a sensação desconfortável que sentia e não estava com vontade de conversar com ela.— Você está indo para casa? Eu ia jantar com as meninas, mas posso voltar com você. — Bianca mantinha os olhos fixos nos dele.— Não precisa, eu ainda vou passar na emp