— Onde está Anne? — Tommy perguntou. Lílian não sabia o que ele iria fazer, então disse: — Parece que ela ia sair de iate com Anthony hoje, mas algo aconteceu com Sarah no hospital e ela voltou sozinha. — Tommy franziu a testa, desligou o computador e se levantou. — Vou dar uma saída. — Era óbvio o que ele iria fazer, já que não tinha intenção de encobrir nada. Lílian ficou ali sentada, imóvel, com os olhos frios como os de uma assassina. Tommy estava obcecado em se aproximar de Anne, mas não era assim no começo. Anne fazia companhia a Sarah na enfermaria quando alguém bateu na porta. Antes que a moça atendesse, a porta se abriu e Tommy entrou, carregando uma cesta de flores, uma cena já bastante familiar. O homem havia feito algo parecido quando foi visitar Nigel. — Senhora Vallois, como você se sente? Ouvi dizer que você se feriu, então vim aqui para uma visita. — Explicou o recém-chegado. Sarah achou a ação muito estranha, já que o relacionamento deles nunca foi tão
Anthony, parado junto à grade de proteção do iate, de frente para o mar, quase esmagou o telefone. 'Que mulher intragável!', pensou. De repente, sentiu algo cutucar sua perna, então abaixou a cabeça e viu Chloe o encarando com olhos de cachorrinho. — A mamãe não vem? Que tal voltarmos? Não me sinto bem sem mamãe. — Ela parecia mais do que triste. O coração de Anthony se suavizou. — Mamãe virá. — Anne precisava aparecer, mesmo que isso significasse que o pai das crianças precisaria ir até lá para buscá-la no colo.— Vá, papai! — Chloe cerrou os punhos pequenos. Anthony mostrou um sorriso gentil, mas rígido. Aquela não seria uma tarefa difícil, de qualquer modo. *** Anne pegou algumas roupas e voltou para o hospital. A moça logo adormeceu no sofá do quarto da mãe. No meio da noite, alguém entrou no recinto, a sombra parada na frente da jovem por um tempo, até que se abaixou para pegá-la e saiu. Depois que a porta se fechou, Sarah levantou a cabeça, parecendo bastante surpres
Antes que ela tivesse tempo de repreender Anthony, os trigêmeos pularam em seus braços. — Mamãe veio mesmo! — — Achei que papai estivesse mentindo! — disse Charlie. — Eu acertei! Mamãe queria nos surpreender, então ela veio enquanto estávamos dormindo! — Chris disse. Anne olhou para Anthony, sabendo que não poderia dizer que queria ir embora, porque decepcionaria muito as crianças. O magnata acenou para seus guarda-costas, que entenderam e desceram do convés. Pouco tempo depois, o café da manhã foi servido. — Que tal fazer uma refeição? — Disse Anthony. — Sim! Mamãe, anda logo! Você deve estar com fome! — Disse Charlie. Diante dos três filhos e o possessivo Anthony, Anne não teve escolha senão aceitar a situação. As três crianças, alheias ao problema, ficaram tão felizes em ver sua mãe que a cercaram enquanto a moça comia. — Querem comer o quê? — Anne perguntou aos filhos. — Não, comemos muito, mais cedo! — Chloe balançou a cabeça. Anne enfiou a comida na boca. Só
Anne ficou chocada e gritou: — Você não o impediu?! Mesmo que não pudesse impedi-lo, você poderia pelo menos ter me acordado! — — Por que eu iria acordar você? Você gostaria de estar com as crianças, não é? Aposto que eles ficaram muito felizes em ver você! — Argumentou Sarah. — Como eu poderia te deixar aí sozinha? Se Dorothy e Bianca mexerem com você, não vou ter tempo de te ajudar! — Explicou Anne. Levaria pelo menos meia hora, mesmo que fosse de helicóptero. — Os guarda-costas de Anthony estão guardando na porta. — — Na porta do seu quarto?! — — Isso mesmo! De início, não tive certeza, mas quando perguntei à doutora Brown, ela disse que era para impedir a entrada de outras pessoas além de médicos e enfermeiras. Parece que Anthony queria fazer você se sentir à vontade. Enfim, agora pode ficar tranquila e se divertir. — Sarah parecia estar de bom humor. Anne ficou surpresa, aquilo era mesmo uma ótima notícia. Mas por que Anthony insistia em não explicar essas coisa
Anne foi pressionada contra o sofá pelo corpo de Anthony. A moça suspirou, inquieta, sem saber como responder à lascívia do magnata. — O que você quer, Anthony? — A jovem perguntou, como se não soubesse. Anthony respondeu à pergunta com um beijo. Sentindo a voracidade do homem, Anne ficou nervosa e se virou. — Anthony, eu não... — — Por que não? Me dê uma razão! Nunca parece que você não quer. Você sempre corresponde, bem até demais. — Uma razão? Que razão funcionaria? — Você tem que terminar com Bianca. — Anne deixou escapar. De imediato, os movimentos de Anthony pararam e ele a encarou com seus olhos negros profundos e penetrantes. — O que você disse? — — Não quero ser ‘a outra’ no seu casamento e você não pode me forçar. — Anne parecia decidida. Anthony tocou o queixo dela e o ergueu, estreitando os olhos. — Eu quero você. Acha que pode mesmo me rejeitar? — — Vai fazer o quê? Forçar a mãe dos seus filhos? Quer que eles enxerguem o pai como um monstro? — A
Ashlynn viu o rosto sob o guarda-chuva, caminhando em sua direção. A moça ficou tão assustada que recuou e bateu as costas na parede logo atrás. — Que coincidência! — Disse Corentin. — Olá, senhor Lloyd... — Os olhos de Ashlynn piscaram. Corentin olhou para a parede atrás dela, ergueu o canto da boca e perguntou: — Acho que não vai conseguir passar da parede, por mais que continue empurrando. Não concorda? Além disso, não tem medo de ser atingida por um raio? É uma chuva e tanto! — Ashlynn percebeu que o sorriso educado dele era diferente do sorriso maligno de Salvatore. Então disse: — Não vi nenhum relâmpago! Eu estou me abrigando, até o metrô. — — Ah, eu posso te dar uma carona até sua casa. — Ashlynn ficou lisonjeada, mas recusou.— Obrigada, senhor Lloyd, mas posso pegar o metrô. — — O metrô ainda está um pouco longe. Se você preferir, posso te deixar na estação. — Corentin, então, ofereceu. — Não! Não precisa mesmo, senhor Lloyd! Até mais! — Antes que Coren
Anne assistiu de lado, constatando que Anthony conseguia mesmo tudo o que queria. Isso, de alguma maneira, a incomodava e confortava, ao mesmo tempo.— Papai, esse peixe ficará muito sozinho! Vamos botar alguns peixinhos pequenos! — Pediu Chloe. — Ele acabaria comendo os pequenos. — Explicou Anthony. — O quê?! — Chloe parecia aterrorizada. — É a natureza dele. Você pode dar peixinhos menores para que ele coma, porque ele vai precisar. — Anthony continuou. Chloe olhou para o belo peixe nadando no aquário, hesitou um pouco e depois acenou com a cabeça. — Será que ele morre de fome se eu não der peixinhos? — — Acho que sim. — Charlie a confortou. — Mas acho também que ele comeria peixinhos pequenos mesmo fora do aquário. — Vendo o olhar desamparado de sua filha, Anne olhou para Anthony, perguntando-se por que ele estaria contando aquilo à garota. A mulher, então, segurou a mão de Chloe e explicou. — Você pode dar comida de peixe, meu bem. Não precisa dar peixinhos. —
— Não! Vocês podem ir sem mim! — Anne recusou. — Mamãe não quer brincar com a gente... — Chloe parecia triste. Anne cedeu ao ver as expressões das três crianças, que passaram de felizes a desapontadas. — Está bem... Vamos. — Anne, por fim, concordou. Depois de colocar o pequeno cilindro de oxigênio e o respirador na boca, a mulher hesitou outra vez. Anne sentia como se estivesse indo para o inferno em vez de indo mergulhar. Ao ver os trigêmeos sendo levados para a água pela tutora de mergulho, a jovem ficou apavorada. — O tanque de oxigênio está bom? Vocês três têm que morder os respiradores na boca e não soltar. Vocês aprenderam a respirar direitinho com a tutora? E se... e se eles não conseguirem respirar debaixo d'água? — — Senhorita Vallois, é um mergulho raso e eu estarei ao lado. — Explicou a tutora, uma das várias funcionárias do iate.Chloe balbuciou algo enquanto mordia o respirador, para evidenciar que fazia como foi instruída. Anne riu, sem entender uma palavra