Bianca foi dormir cedo naquela noite, enquanto Dorothy assistia à televisão em seu quarto, sem prestar muita atenção ao conteúdo da programação. A mulher viu que já passava das dez da noite, e, embora Nigel sempre estivesse ocupado com o trabalho, o homem costumava chegar um tanto antes daquele horário.O trabalho de Nigel era o único consolo de Dorothy, porque, ainda que o casamento deles fosse apenas de fachada, pelo menos ainda era esposa de um homem rico e invejado por muitos. No fim, não importava o que o casamento era de verdade.Pouco depois, ela ouviu o barulho do motor de um carro lá embaixo.A mulher pulou da cama e foi até a janela para confirmar que era o carro de Nigel. Depois disso, virou-se em direção ao quarto do marido, para lhe preparar um banho quente. Não custava nada tentar seduzi-lo como podia, para reduzir os riscos de perdê-lo. Assim que o banho ficou pronto, Dorothy ouviu passos do lado de fora do quarto e saiu sorrindo. — Bem-vindo de volta. Por que você
Dorothy não imaginava que seu segredo, guardado por mais de duas décadas, pudesse ser desenterrado. Apesar de sua negligência anterior, jamais consideraria um divórcio. Antes disso, Nigel teria abdicado até mesmo de sua fortuna a pedido dela, mas isso parecia impossível após a trágica revelação. Entretanto, a mulher se determinava a não deixar que aquilo afetasse o noivado de sua filha com Anthony.Enquanto descia as escadas, Hayden avistou Nigel adentrando o saguão.— Senhor Faye... Aqui tão tarde da noite? Aconteceu algo de errado? —— Não, estou apenas passando para ver as crianças. Não tive oportunidade antes. Elas estão dormindo? — Questionou Nigel.— Sim, todas estão dormindo. — Hayden respondeu com um sorriso caloroso.— Está tudo bem. Apenas quero dar uma olhada nelas. — Afirmou Nigel.— Claro, permita-me acompanhá-lo — Disse Hayden, liderando o caminho. Apesar de Nigel estar familiarizado com a Mansão Real, Hayden agiu como o mordomo-chefe que era. — O senhor Faye sempre
Nigel colocou Chloe entre seus dois irmãos e colocou um cobertor sobre ela, esperando silenciosamente que seus sonhos se tornassem realidade. Depois de sair da sala, Nigel perguntou: — Você realmente vai manter as crianças longe da mãe? Se você realmente se importa com elas, não deveria fazer uma coisa dessas. Não é bom para elas. — — Se fosse você quem descobrisse as crianças, diria a mesma coisa para Anne? — — Não posso falar sobre coisas que não aconteceram. — Nigel se virou e olhou para a escada.— Você não iria. — Anthony disse com certeza.Nigel suspirou, toda a sua tristeza e desespero se acumulando como uma tempestade em seus olhos. — Essa é a minha vida. Dei um passo errado e tudo deu errado a partir daí. Destruí minha vida e outras pessoas junto com ela. Anthony, tratei você com gentileza e só tenho um pedido: que você não magoe mais Anne. Eu estou te avisando. — Anthony franziu a testa. O que Nigel disse parecia excessivamente sombrio para uma noite como aquela.
— Lucas! — Sarah berrou, e Anne enrijeceu com a maneira como sua mãe se dirigiu a Lucas.O homem se aproximou com alegria enchendo seus olhos. — Anne e sua doce mãe! Achei que estivesse enganado. Vocês estão aqui como turistas? — Anne sorriu com timidez. — Resolvi trazer minha mãe para uma viagem. — — Isso é legal! — Disse Lucas.— Por que você está aqui, Lucas? Trabalha na instituição? — — Estou aqui para fazer algumas pesquisas. Um amigo é professor aqui, então resolvi pedir ajuda a ele com uma questão. — Disse o homem.— Uau! Que impressionante! Um professor tão jovem em Cambrick! Como esperado de alguém que seria seu amigo! — Disse Sarah.— Você é muito gentil, madame Vallois. — Sarah lançou um olhar para Anne e, antes que a jovem tivesse tempo de descobrir o que isso significava, a mulher prosseguiu e disse: — Nossa, estou exausta de toda essa caminhada. Lucas, por que você não leva Anne para passear? Eu irei passar um tempinho aqui, admirando o lugar. Lembro-me
Lucas estudou o rosto dela e pensou consigo mesmo: 'Mas eu farei parte do seu futuro?'. Ele sabia que não deveria expressar isso, pois apenas pressionaria Anne. Longe dali, Sarah se sentou no café e olhou pela janela enquanto tomava um gole de chocolate quente. Ela viu Anne se aproximando, mas Lucas não a acompanhava. Antes que a filha pudesse se sentar, a mulher perguntou apressada: — Então? Sobre o que vocês dois conversaram? — — Por que você é tão intrometida? — Anne apoiou o queixo na palma da mão.— Ele veio até aqui porque sabia que você estava aqui? — — O que você acha? Nem seria possível! — A jovem disse, impressionada com a imaginação fértil de sua mãe. — Ele já disse que está aqui para trabalhar. — — Quanto tempo ele vai ficar? — — Mais dois dias. — — Isso é ótimo. Não vamos voltar tão cedo. Chame-o hoje à noite ou amanhã para um jantar, sei lá. — — Isso não é necessário, é? — Anne não queria ficar muito perto de Lucas.— Não seja rude! Pense em como ele tem s
Quando mãe e filha voltaram para o hotel, avistaram Lucas conversando com o recepcionista.— Lucas! — Sarah gritou de empolgação. O rapaz se virou e ficou surpreso, antes de sorrir para as duas. — Vocês estão aqui também? — — Sim! Que coincidência! Nós vamos sair para jantar. Você já comeu? — A mulher disse com um sorriso.— Ainda não. — Lucas sorriu. — Acabei de terminar o trabalho. — — Vamos juntos então! Encontramos um restaurante que parece ser excelente! — Sarah sugeriu.Lucas olhou para Anne, hesitante. Vendo que Lucas não pretendia recusar, a moça resolveu participar do convite também: — … ou você está sem tempo? — Lucas se virou para o funcionário da recepção do hotel e disse: — Vocês me ajudam, levando meus pertences para o quarto? — — Sim, senhor. — O homem respondeu.Assim, Anne, Sarah e Lucas saíram juntos. O homem havia alugado um carro, porque seria mais conveniente para se locomover pela região. Ele dirigiu enquanto as duas se sentaram no banco de trás.
Não importa o quanto Anne tentasse, não conseguiria escapar do braço de Anthony, se ele avançasse mesmo.— Anthony, deixe Anne em paz! — Sarah gritou em fúria.— Senhor Marwood, você não pode agir assim. — Lucas sabia que ele não era páreo para Anthony quando se tratava de força bruta, ainda mais quando Anthony aparecia com seus guarda-costas também.O magnata se virou para encarar Lucas. — Parece que você está pronto para abandonar os negócios de sua família, não é? Como ousa tentar roubar minha mulher? —— Quem você está chamando de ‘sua mulher’? — Anne retrucou, ainda tentando afastar Anthony.O magnata era orgulhoso e isso o fez se aproximar para colocar o braço ao redor dela.— Se você não é minha, então de quem é? — Cada respiração que Anthony exalava era fria em sua pele e seus olhos penetravam em sua alma.— Ninguém! — Anne o encarou. — Me solta! —— Venha comigo para Luton! — Anthony queria levar a moça embora à força.A jovem entrou em pânico e gritou: — Não! Não
Uma escuridão pairava sobre Anne como se o inferno tivesse sido desencadeado. A jovem tremia de maneira quase imperceptível, mas insistia em manter contato visual com Anthony. O homem suprimiu seu desejo de ofender a moça. — Um cara que foi impotente para me impedir de trazer você vale o seu amor? — Anne não queria discutir com ele sobre aquilo. O homem não era ninguém para a jovem, e tudo o que ela queria era ficar longe daquele canalha. — Me deixe em paz, só isso. — — Ele tocou em você? — O homem baixou a voz. Antes que Anne pudesse responder, percebeu que o homem a analisava, quase como se procurasse por algum sinal em sua pele. — Onde ele tocou em você? — A moça ficou sem palavras, diante do desequilíbrio evidente de Anthony. O homem se aproximou um tanto e perguntou outra vez:— Você não entendeu minha pergunta? Ele tocou em você?! — Ela sentiu como se o homem estivesse prestes a explodir de inquietação, então se recusou a falar. A mão de Anthony começou a tremer de r