Anne saiu correndo do estacionamento, mas não conseguiu mais ver o Rolls-Royce, que havia atravessado o trânsito e desaparecido num instante. Os olhos da moça continuavam cheios de lágrimas, sem saber lidar com aquela sensação cruel de impotência. Por que ela tinha que passar pelo pior, sempre? E se Anthony queria os filhos, então deveria cuidar bem deles! Por que deixar Bianca machucá-los? — Anne, como foi? Você viu as crianças? Você falou com elas? — Como anoitecera, Sarah voltara do café para ver se a filha estava bem e como o carro estava estacionado do lado de fora, ela viu quando Anthony saiu e quando Anne tentou persegui-lo. A moça apenas balançou a cabeça, impotente. — Vamos. Vou levá-la até a Mansão Real. — Sarah puxou a filha pela mão. Anne sacudiu a mão dela. — Não preciso fazer cena se quiser ver as crianças. Só preciso encontrar Anthony, mas... eu não quero. São meus filhos! Por que tem que ser assim? Por que preciso implorar a ele? Ele insiste em me forçar, me c
— Além disso, não acredito que Dorothy e Bianca possam escapar impunes para sempre! — Sarah disse desafiadoramente, mas a filha mal reagiu.Depois do jantar, Anne voltou para seu quarto. Sarah apareceu algum tempo depois, para ver se a moça precisava de algo, mas já a encontrou dormindo, resultado da exaustão. A mulher se sentia infeliz, sabendo do tanto que a filha estava deprimida. Quando aquele terror terminaria?Se Anthony insistisse em não deixar Anne ver seus filhos, quanto tempo a jovem poderia aguentar? Sua psique seria drenada e eventualmente destruída, pelos sinais que a moça dava. Tudo o que Sarah poderia fazer, contudo, era se sentir mal pela própria filha. 'Ou talvez...', a mulher pensou, impelida pela vontade de ajudar sua amada Anne. Assim, ela decidiu ir pessoalmente à Mansão Real para fazer uma cena, certa de que isso definitivamente acarretaria algum progresso.Meia hora depois, lá estava Sarah, pronta para invadir o lugar. Contudo, assim que a mulher parou em fren
O segurança reagiu rápido e, com um só movimento, a faca caiu no chão da mão da mulher, que perdeu o equilíbrio e caiu também.— Porra! — Sarah olhou para a palma da mão, que estava arranhada, e ficou ainda mais irritada. — Eu sou a avó das crianças! Anthony, sua desgraça, me mate se tiver coragem! — Então, ela pegou a faca do chão e a colocou no próprio pescoço, o que impediu o segurança de avançar. A instrução era apenas para se livrar dela, mas seria ruim se ela se machucasse de maneira grave. Hayden viu a cena da varanda e pensou que as coisas estavam fora de controle, então ele olhou para o quarto e refletiu 'Se Anne viesse aqui, seria mais fácil resolver?'. Não seria possível manter as crianças longe da mãe para sempre, não é? Pensando assim, Hayden pegou o telefone e ligou para a moça. A jovem mãe estava dormindo, mas acordou depois de alguns toques. Desnorteada, ela pegou o telefone e apertou o botão de atender. — Alô? — Disse, ainda grogue.— Senhorita Vallois, é Hayde
— Por que você está hesitando? Se você cortar a garganta, talvez Anne possa ver as crianças. Não é isso que você quer, Sarah? Deixe que sua amada filha veja o tamanho do seu amor por ela! — Bianca a provocou mais, desejando ver o sangue de Sarah jorrando, uma vingança também por sua mãe.A mão de Sarah segurando a faca tremia, ainda furiosa. — Bianca, você vai pagar por isso tudo! — — Uma amante, mãe de amante, dizendo a uma esposa legítima que ela será punida? Você não vale nada! Acho que quem está pagando por tudo o que já fez é você, Sarah. Vamos! Quero ver você morrer! — Bianca não cederia.— Então você quer que eu morra?! Tudo bem! Peça a Anthony para sair agora! Se ele permitir que Anne veja as crianças, eu faço o que você está pedindo! — Sarah parecia completamente enlouquecida.— É engraçado ver você achar que consegue barganhar alguma coisa aqui! Faremos assim: eu prometo que, quando você morrer, vou implorar a Anthony para permitir que Anne veja as crianças. Se quiser,
— Anthony me escuta sempre, Sarah. Só preciso dizer uma palavra e ele vai ceder, então não se preocupe. — Bianca estava até ansiosa pela humilhação da mulher, porque aquilo seria como música para os ouvidos dela!Sarah respirou fundo e estava prestes a fazer o que a megera lhe pediu, até que a cena foi interrompida por uma voz inesperada.— Acho que temos um grande problema! — Sarah se virou e ficou chocada ao ver Anne. Uma pitada de vergonha passou por seu rosto, pois ela não queria que sua própria filha visse aquela situação. — Por que você está aqui?! — Os olhos de Bianca eram ameaçadores. Como aquela desgraçada ousava matar sua diversão? — O que mais ela pode fazer aqui além de se ajoelhar em seu lugar, Anne? Esse é o lugar de vocês! E olha que... — Bianca vociferava atrocidades, até ser empurrada por Anne, antes que pudesse terminar. Seu corpo pendeu para trás e a víbora perdeu o equilíbrio com os sapatos de salto alto, fazendo-a parecer extremamente ridícula ao cair de bund
Hayden não esperava que as coisas acabassem daquele jeito desastroso. O homem pensou que Anne iria até lá apenas para levar Sarah embora, já que a mulher era sua mãe e se encontrava lá para tentar ajudá-la. Contudo, podia sentir que este era o fim do mundo para a senhorita Vallois. Resignado, o leal funcionário olhou para o senhor Marwood inconscientemente. Sob o céu nublado, o magnata exerceu uma pressão tão intimidante.— Escuta aqui, minha irmã, você está passando dos limites e... — Bianca queria defender Anthony, mas foi interrompida duramente por Anne.— Cale a boca, cadela! — Anne gritou, deixando a pianista chocada. Os olhos daquela mãe ensandecida brilhavam como fogo, os punhos cerrados nas laterais do corpo, e ela nem percebeu que suas unhas estavam afundadas na carne. Ao longo de toda a confusão, a jovem já não olhava para a pianista, a quem desconsiderava ter qualquer importância na equação. — Sua mulher é mais importante que seus filhos, Anthony? Por que não percebi que v
O carro saiu da vizinhança de Anthony. Anne, sentada no banco do passageiro, segurava a faca na mão, os dedos acariciando as costas da lâmina. Sarah ficou ansiosa ao ver aquele gesto macabro.— Guarde essa faca! Por que você ainda a está segurando? — — Agora você está com medo da faca? Por que você veio com ela, então? — A voz de Anne falhava, mas seria por causa de sua raiva ou de seu medo?— Eu... eu só estava tentando assustá-los. — Sarah, como de costume, quase estragou tudo, por causa de teimosia e impulsividade.— E se você se machucasse? — Perguntou Anne. A jovem nunca poderia esquecer o que viu quando chegou ao lugar, a imagem de Bianca pisando na mãe e se deleitando com a sensação de humilhar a mulher. O arrependimento da jovem era de não ter ido batido na irmã até não poder mais.— O que você fez foi mais perigoso do que eu fingir me ameaçar com uma faca. Você desafiou Anthony, mesmo sabendo do que ele é capaz! Eu estava pronta para ser imprudente, para me humilhar por
— Ai, meu Deus! — Sarah deu a volta pelo carro, às pressas, então viu a cena mais de perto. Anne olhava fixamente para a faca em sua mão própria mão, e para a roupa de Bianca, banhada de sangue. A cena da arma branca perfurando a barriga de sua irmã se repetiu várias vezes, em sua mente, até que toda sua lembrança sumisse de uma vez e desse espaço para um inexplicável vazio, como se não conseguisse compreender como tudo aquilo aconteceu. — Anne! — Sarah berrou.A jovem voltou a si depois de ouvir o grito de sua mãe. Enquanto tremia, sua mão soltou a faca.— Ah! — Bianca gritou e caiu de costas no chão.A faca continuava em sua barriga, com a mancha de sangue se expandindo.— Não... não fui eu. Ela se jogou na faca... — A voz de Anne tremia, seu cérebro se esforçando para lembrar, mas tudo parecia uma bagunça e ela não conseguia pensar direito. Nesse momento, a moça viu que havia sangue em sua mão.— Isso não tem nada a ver com a gente, filha! Foi culpa dela! Foi culpa dela! —