Hayden não esperava que as coisas acabassem daquele jeito desastroso. O homem pensou que Anne iria até lá apenas para levar Sarah embora, já que a mulher era sua mãe e se encontrava lá para tentar ajudá-la. Contudo, podia sentir que este era o fim do mundo para a senhorita Vallois. Resignado, o leal funcionário olhou para o senhor Marwood inconscientemente. Sob o céu nublado, o magnata exerceu uma pressão tão intimidante.— Escuta aqui, minha irmã, você está passando dos limites e... — Bianca queria defender Anthony, mas foi interrompida duramente por Anne.— Cale a boca, cadela! — Anne gritou, deixando a pianista chocada. Os olhos daquela mãe ensandecida brilhavam como fogo, os punhos cerrados nas laterais do corpo, e ela nem percebeu que suas unhas estavam afundadas na carne. Ao longo de toda a confusão, a jovem já não olhava para a pianista, a quem desconsiderava ter qualquer importância na equação. — Sua mulher é mais importante que seus filhos, Anthony? Por que não percebi que v
O carro saiu da vizinhança de Anthony. Anne, sentada no banco do passageiro, segurava a faca na mão, os dedos acariciando as costas da lâmina. Sarah ficou ansiosa ao ver aquele gesto macabro.— Guarde essa faca! Por que você ainda a está segurando? — — Agora você está com medo da faca? Por que você veio com ela, então? — A voz de Anne falhava, mas seria por causa de sua raiva ou de seu medo?— Eu... eu só estava tentando assustá-los. — Sarah, como de costume, quase estragou tudo, por causa de teimosia e impulsividade.— E se você se machucasse? — Perguntou Anne. A jovem nunca poderia esquecer o que viu quando chegou ao lugar, a imagem de Bianca pisando na mãe e se deleitando com a sensação de humilhar a mulher. O arrependimento da jovem era de não ter ido batido na irmã até não poder mais.— O que você fez foi mais perigoso do que eu fingir me ameaçar com uma faca. Você desafiou Anthony, mesmo sabendo do que ele é capaz! Eu estava pronta para ser imprudente, para me humilhar por
— Ai, meu Deus! — Sarah deu a volta pelo carro, às pressas, então viu a cena mais de perto. Anne olhava fixamente para a faca em sua mão própria mão, e para a roupa de Bianca, banhada de sangue. A cena da arma branca perfurando a barriga de sua irmã se repetiu várias vezes, em sua mente, até que toda sua lembrança sumisse de uma vez e desse espaço para um inexplicável vazio, como se não conseguisse compreender como tudo aquilo aconteceu. — Anne! — Sarah berrou.A jovem voltou a si depois de ouvir o grito de sua mãe. Enquanto tremia, sua mão soltou a faca.— Ah! — Bianca gritou e caiu de costas no chão.A faca continuava em sua barriga, com a mancha de sangue se expandindo.— Não... não fui eu. Ela se jogou na faca... — A voz de Anne tremia, seu cérebro se esforçando para lembrar, mas tudo parecia uma bagunça e ela não conseguia pensar direito. Nesse momento, a moça viu que havia sangue em sua mão.— Isso não tem nada a ver com a gente, filha! Foi culpa dela! Foi culpa dela! —
Sarah não sabia o que dizer, tamanho era seu nervosismo. Se Anne fosse condenada por homicídio, jamais poderia viver uma vida normal. Sua filha já se via prestes a descer do carro quando chegaram ao hospital, mas a mulher a impediu. — Você realmente vai entrar? — — Mãe, só espere aqui. Vou entrar e dar uma olhada. — — Como posso deixar você ir sozinha? Eu vou com você. — Sarah não deu espaço para que a filha a impedisse, então as duas seguiram para a entrada do hospital e seguiram para a recepção. Foram informadas da entrada de Bianca e se dirigiram para o local indicado. No caminho, encontraram Anthony, que aguardava do lado de fora da sala de operações. O magnata se virou, seus olhos fixos em Anne.Anne disse a si mesma que não poderia desistir. A moça queria acreditar que não precisava ficar com medo porque não tinha culpa. Assim, foi em frente e disse: — Não fui e-... — Antes que ela pudesse terminar a frase, o homem lhe deu as costas. — Anthony, me ouça! — Anne insistiu,
Talvez a verdade fosse mais complicada do que poderiam imaginar? Mesmo assim, Nigel saiu da enfermaria e perguntou ao magnata: — Anthony, quem machucou Bianca? — — Foi um acidente. — A expressão de Anthony era sombria.— Poderia ser... relacionado a Anne? — Nigel adivinhou.— As duas estavam brigando por uma faca e Bianca se feriu. — A expressão de Anthony parecia distante. Ele deu aquela resposta, mas ainda precisava investigar bastante para saber a verdade.— Onde está Anne? — Nigel, que parecia chocado, perguntou.— Ela voltou para casa com Sarah. Ela está bem. — O pai das duas moças franziu a testa. Suas filhas continuavam se destruindo em meio a tantos problemas, um após o outro. — Qual foi o motivo da briga? — O homem quis saber.***Anne estava de volta à mansão da mãe, sentada no sofá, com uma expressão sombria. A primeira coisa que Sarah fez ao chegar em casa foi preparar um suco de maracujá, na esperança de que pudesse acalmar um pouco a filha. Seu medo era que
— Anthony disse que foi um acidente. — Nigel foi direto.Bianca ficou atordoada ao ouvir aquilo. 'Anthony disse... que foi um acidente?'— Que acidente, Nigel?! — Dorothy não conseguia se controlar.— As duas estavam brigando por uma faca, e Bianca acabou se ferindo. — — Você acredita nisso, Nigel, seu idiota?! Se foi um acidente, por que a faca não machucou aquela puta da Anne? Por que só machucou sua filha legítima? Eu vou matar sua filhinha protegida agora mesmo! — — Pare de falar besteira, Dorothy! — Nigel a deteve.— Que besteira, Nigel? Você está sequer se ouvindo falar? Você viu Bianca crescer! Por que ela é menos importante que Anne para você? Sua filha quase foi morta por aquela cadela! — Dorothy gritou.Nigel não sabia o que responder, apenas franziu a testa.— Eu não vou matar a desgraçada, mas espero que você tome vergonha e procure justiça para Bianca! — Dorothy berrou com raiva.Na verdade, minutos antes, Nigel já havia ligado para Anne, que explicou toda a his
Anthony ficou na ponta da cama e olhou para Bianca com frieza. — O que aconteceu? — — Anne falou coisas ruins sobre você, eu estava com muita raiva, então fui discutir com ela. Não importa o que aconteça, você é o pai dos trigêmeos. De repente elas encostaram, então Anne desceu do carro e apontou a faca para mim. Eu fiquei com medo de que acontecesse um acidente, por isso tentei pegar a faca dela. Aí, sem que eu tivesse tempo de reagir ou entender, a faca acabou na minha barriga... — A história da garota era bem diferente da que Anne contara, porque não parecia nada com um acidente. De cara feia, Dorothy berrou: — É claro que Anne fez isso de propósito! Caso contrário, por que ela pegaria a faca?! Ela queria machucar você! Felizmente, você sobreviveu! Caso contrário, eu teria perdido minha filha para sempre! — Disse Dorothy, enxugando lágrimas falsas.— Anthony, Anne fez mesmo isso de propósito? Não posso acreditar... Somos irmãs de sangue! Por que ela tentaria me matar? Eu nã
Dorothy reprimiu a raiva, então atacou de forma mais incisiva.— Se fosse Anne quem estivesse deitada aqui, você não teria essa atitude. — Nigel não discutiu com a esposa, mas se virou e foi embora. A mulher parecia muito frustrada, mas não conseguia deixar escapar sua raiva. Bianca fechou os olhos, porque não só sua barriga doía, mas também sua cabeça. Quando as coisas não aconteciam como ela desejava, a jovem se sentia reprimida.***Anne encarava o teto, imersa em pensamentos sobre os filhos e sobre seu futuro, quando o seu celular tocou. A moça ficou tensa ao ver que era Anthony quem ligava. Acabou paralisada, juntando forças para atender.— Anne? Quem está ligando para você? — Sarah espiou, mas não era um número privado, nem um número que ela conhecesse de cabeça.Anne não poderia ignorar, então pegou o telefone e saiu para atender. — Olá… — — Venha até o hospital e peça desculpas a Bianca. — Anthony deu a ordem.— Não fiz nada de errado. Por que deveria me desculpar?