― Você tem medo de que eu exponha seu segredo? ― Cheyenne perguntou, com um brilho estranho no olhar. Sarah se segurou ao máximo para conter sua vontade de bater nela. “Meu segredo? Esta mulher a estava ameaçando?” ― Sarah, não tenho segundas intenções com minha filha e conheço, muito bem, o meu lugar. Não tente me afastar dela, ou qualquer coisa do tipo. ― Cheyenne concluiu, com uma voz cansada. ― Impossível! Você tem que desaparecer da vida de Anne! ― Sarah discordou. ― Então não tenho mais nada para dizer. ― Cheyenne se virou, sem olhar para trás, e entrou no prédio. Sarah ficou com tanta raiva que chutou a lata de lixo. Um cheiro ruim pairou no ar, deixando-a enjoada, e ela voltou para o carro, praguejando e soltando impropérios até chegar na Mansão dos Marwood. Mas, ainda assim, quando chegou, continuava furiosa. “Como Cheyenne pôde reencontrar Anne? Eu preciso afastá-las.”Entretanto, Sarah não podia fazer nada e, tarde da noite, Anne retornou para a casa de su
Oliver entrou no escritório do presidente do Grupo Arquiduque, entregando um telefone celular:― Senhor Marwood, encontrei isso no banco traseiro do seu carro. ― Anthony mexeu no celular, e seus olhos estavam sombrios, mas o homem não parecia surpreso. ― Como o Senhor Marwood sabia que a Senhorita Vallois tinha um segundo celular? ― Oliver perguntou, depois de observar a reação de seu chefe. ― Se ela deixava algo importante, como um telefone celular, em casa, duas vezes, isso significava que ela tinha descoberto o localizador. ― Os olhos de Anthony eram como os de uma águia. Ele sabia de tudo e nunca subestimava ninguém. Por outro lado, Oliver não esperava que Anne fosse tão inteligente e ficou surpreso. Percebendo isso, Anthony olhou para Oliver e disse:― Não a subestime, ou será enganado. ― ― Então... você quer levá-la de volta para a Mansão Real para controlá-la de perto, mais uma vez? ― Oliver perguntou. Anthony estreitou os olhos negros e brilhantes, enquan
Vendo que Anne tinha sido convocada para o andar administrativo, as outras enfermeiras começaram a sussurrar. ― Para que a chamaram? ― ― Não sei. ― ― O que mais pode ser? Ela vai ser demitida! Do jeito que ela sempre falta por estar doente! ― Zelda entrou na conversa. No segundo andar, Anne foi levada até a porta de um escritório e ela nem precisava perguntar para saber quem estava lá dentro. Então, respirando fundo, bateu na porta e aguardou, até ouvir a voz baixa e profunda responder:― Entre. ― O homem sentado na poltrona vestia um terno preto. Ele tinha uma expressão insondável, enquanto encarava Anne com firmeza. ― O que você quer comigo? ― A jovem perguntou, sentindo as pernas estremeceram quando seus olhos encontraram os dele. ― Seu corpo está se recuperando bem... ― O homem comentou, com a voz sem emoção e Anne abaixou a cabeça. Memórias terríveis ressurgiram e seu corpo encolheu ainda mais. “Ele não veio até aqui só para perguntar isso, não é?”
― Senhor Marwood, vim trazer um café. ― A voz de Zelda anunciou, do outro lado da porta, pedindo permissão para entrar e Anne ficou surpresa: “Zelda? Por que Zelda veio trazer café?" Então, olhou para Anthony, que encarava o lado oposto do escritório com uma expressão sombria.O olhar duro de Anthony voltou para o rosto atordoado de Anne e, ao mesmo tempo que soltava o punho da jovem, o homem ordenava: ― Entre! ― Anne se assustou, olhando para Anthony, incrédula, e sem tempo para se recompor, preferiu se jogar ao chão, se escondendo atrás da mesa. Afinal, se alguma colega de trabalho a visse naquela situação, resultaria em uma bola de neve de fofocas. Zelda entrou e seu coração disparou, assim que viu o homem poderoso. Encostando a porta, atrás de si, a mulher levou a xícara até a mesa e falou, com uma voz coquete:― Fui eu mesma quem preparou. Espero que goste! ― Ela tinha a maquiagem retocada e os cabelos soltos jogados de lado, deixando claro que tinha outra intenção, a
No escritório da diretoria da clínica, apenas Anthony tinha uma expressão serena no rosto, como se nada do que acontecia naquele lugar tivesse a mínima relação com ele. Então, subitamente, sua mão envolveu o pulso de Anne e a puxou. Com um gritinho de surpresa, a jovem se desequilibrou e caiu sobre o homem, incapaz de se levantar. A mão que envolveu a cintura da jovem, impedindo que ela levantasse, era forte como uma corrente de ferro. ― Você já terminou o show? ― Anthony perguntou para Zelda e, então, ignorou a mulher, dando uma mordida suave na orelha de Anne. Que estremeceu e controlou seu corpo para não resistir e criar ainda mais problemas.Pasma, Zelda olhou para o magnata. “Então, essa maldita foi mais rápida do que eu? Como eu odeio essa mulher”― O que ainda faz aqui? Pegue seu café e saia! ― A voz de Anthony era fria como gelo. Zelda estava tão assustada que seu rosto empalideceu e ela foi tão acometida pela surpresa que apenas pegou a xícara de café, abriu a port
― O que você está fazendo? ― Anne inclinou a cabeça e viu sua mãe fritando ovos em forma de cabeças de pequenos animais. Era muito fofo e ela não pôde deixar de rir ― Não se dê tanto trabalho, mãe. Eles são tão pequenos ainda, fazem uma bagunça enorme enquanto comem! ― ― Eu sei que eles não são comedores exigentes, mas quero vê-los felizes! ― Anne sentiu um calor no coração. Ela estava feliz por ter perdoado sua mãe. Afinal, era natural que as mães amassem seus filhos e ela imaginava que Cheyenne deveria ter passado por circunstâncias difíceis, para ser forçada a deixá-la. Além disso, ela sabia como era sua família. Seu pai era péssimo. Agressivo com Cheyenne, ignorante com Anne, e incapaz de fornecer sustento. Gastando todo o salário em apostas.Ela se lembrava de uma das vezes em que sua mãe tentou controlar o vício do pai e, como consequência, foi espancada com tanta violência que foi parar no hospital, quase perdendo a visão de um dos olhos.Mesmo que ainda fosse uma criança,
― Se você não tem nada para falar, vou desligar... ― Cheyenne falou, após alguns segundos de silêncio desconfortável. ― Você ainda se lembra de como Francis morreu? ― Sarah perguntou, finalmente.Em pânico, Cheyenne olhou para as crianças e agarrou a ponta da mesa, tentando se acalmar.― E-Eu, eu... não sei. ―― Estava escuro e ventoso, naquela noite, no topo da Montanha Antipodal. Você realmente não se lembra? ― O rosto de Cheyenne ficou pálido:― E-Ele não está morto? Como...? Sua... ―― Infelizmente, para você, eu vi tudo. ― ― E o que você quer!? ― ― Já não fui clara? Deixe Anne em paz! Quanto mais longe você for, melhor. E nunca mais volte para a vida dela! Dou-lhe três dias. Fugir ou ir para a cadeia, a escolha é simples e só depende de você. ― Depois de desligar o telefone, Cheyenne andou pela casa toda, parando na cozinha para beber água, ou começando tarefas que não terminava, tentando recuperar a presença de espírito, mas em vão. A ligação tinha trazido à tona c
Como o diretor não se moveu para pegar o embrulho, a secretária Lily, para evitar uma situação constrangedora, pegou o presente e colocou sobre a mesa. Entretanto, o diretor, chamado Lucas, falou, com voz firme, ajeitando os óculos:― Não aceito suborno. ― ― O que é sumono? ― Charlie perguntou. Anne ignorou a pergunta do filho e sussurrou:― Digam ‘olá’ ao Diretor. ― ― Olá, diretor! ― As três crianças disseram, em uníssono. ― Ser legal também não vai te dar nenhuma vantagem. ― Lucas apoiou a mão no queixo, segurou uma caneta entre os dedos e a girou ― Qual é o seu nível de escolaridade, que trabalho você tem e qual é a renda familiar? ― ― Eu tenho o superior incompleto, e trabalho em uma clínica de procedimentos estéticos. Sou mãe solteira e minha renda não chega a três salários, mas eu posso pagar a mensalidade. ― Anne sabia que não era muito qualificada, mas tinha que mostrar segurança, agora que descobria que a entrevista era sobre ela e não sobre os trigêmeos. Lucas f