― Senhor Marwood, vim trazer um café. ― A voz de Zelda anunciou, do outro lado da porta, pedindo permissão para entrar e Anne ficou surpresa: “Zelda? Por que Zelda veio trazer café?" Então, olhou para Anthony, que encarava o lado oposto do escritório com uma expressão sombria.O olhar duro de Anthony voltou para o rosto atordoado de Anne e, ao mesmo tempo que soltava o punho da jovem, o homem ordenava: ― Entre! ― Anne se assustou, olhando para Anthony, incrédula, e sem tempo para se recompor, preferiu se jogar ao chão, se escondendo atrás da mesa. Afinal, se alguma colega de trabalho a visse naquela situação, resultaria em uma bola de neve de fofocas. Zelda entrou e seu coração disparou, assim que viu o homem poderoso. Encostando a porta, atrás de si, a mulher levou a xícara até a mesa e falou, com uma voz coquete:― Fui eu mesma quem preparou. Espero que goste! ― Ela tinha a maquiagem retocada e os cabelos soltos jogados de lado, deixando claro que tinha outra intenção, a
No escritório da diretoria da clínica, apenas Anthony tinha uma expressão serena no rosto, como se nada do que acontecia naquele lugar tivesse a mínima relação com ele. Então, subitamente, sua mão envolveu o pulso de Anne e a puxou. Com um gritinho de surpresa, a jovem se desequilibrou e caiu sobre o homem, incapaz de se levantar. A mão que envolveu a cintura da jovem, impedindo que ela levantasse, era forte como uma corrente de ferro. ― Você já terminou o show? ― Anthony perguntou para Zelda e, então, ignorou a mulher, dando uma mordida suave na orelha de Anne. Que estremeceu e controlou seu corpo para não resistir e criar ainda mais problemas.Pasma, Zelda olhou para o magnata. “Então, essa maldita foi mais rápida do que eu? Como eu odeio essa mulher”― O que ainda faz aqui? Pegue seu café e saia! ― A voz de Anthony era fria como gelo. Zelda estava tão assustada que seu rosto empalideceu e ela foi tão acometida pela surpresa que apenas pegou a xícara de café, abriu a port
― O que você está fazendo? ― Anne inclinou a cabeça e viu sua mãe fritando ovos em forma de cabeças de pequenos animais. Era muito fofo e ela não pôde deixar de rir ― Não se dê tanto trabalho, mãe. Eles são tão pequenos ainda, fazem uma bagunça enorme enquanto comem! ― ― Eu sei que eles não são comedores exigentes, mas quero vê-los felizes! ― Anne sentiu um calor no coração. Ela estava feliz por ter perdoado sua mãe. Afinal, era natural que as mães amassem seus filhos e ela imaginava que Cheyenne deveria ter passado por circunstâncias difíceis, para ser forçada a deixá-la. Além disso, ela sabia como era sua família. Seu pai era péssimo. Agressivo com Cheyenne, ignorante com Anne, e incapaz de fornecer sustento. Gastando todo o salário em apostas.Ela se lembrava de uma das vezes em que sua mãe tentou controlar o vício do pai e, como consequência, foi espancada com tanta violência que foi parar no hospital, quase perdendo a visão de um dos olhos.Mesmo que ainda fosse uma criança,
― Se você não tem nada para falar, vou desligar... ― Cheyenne falou, após alguns segundos de silêncio desconfortável. ― Você ainda se lembra de como Francis morreu? ― Sarah perguntou, finalmente.Em pânico, Cheyenne olhou para as crianças e agarrou a ponta da mesa, tentando se acalmar.― E-Eu, eu... não sei. ―― Estava escuro e ventoso, naquela noite, no topo da Montanha Antipodal. Você realmente não se lembra? ― O rosto de Cheyenne ficou pálido:― E-Ele não está morto? Como...? Sua... ―― Infelizmente, para você, eu vi tudo. ― ― E o que você quer!? ― ― Já não fui clara? Deixe Anne em paz! Quanto mais longe você for, melhor. E nunca mais volte para a vida dela! Dou-lhe três dias. Fugir ou ir para a cadeia, a escolha é simples e só depende de você. ― Depois de desligar o telefone, Cheyenne andou pela casa toda, parando na cozinha para beber água, ou começando tarefas que não terminava, tentando recuperar a presença de espírito, mas em vão. A ligação tinha trazido à tona c
Como o diretor não se moveu para pegar o embrulho, a secretária Lily, para evitar uma situação constrangedora, pegou o presente e colocou sobre a mesa. Entretanto, o diretor, chamado Lucas, falou, com voz firme, ajeitando os óculos:― Não aceito suborno. ― ― O que é sumono? ― Charlie perguntou. Anne ignorou a pergunta do filho e sussurrou:― Digam ‘olá’ ao Diretor. ― ― Olá, diretor! ― As três crianças disseram, em uníssono. ― Ser legal também não vai te dar nenhuma vantagem. ― Lucas apoiou a mão no queixo, segurou uma caneta entre os dedos e a girou ― Qual é o seu nível de escolaridade, que trabalho você tem e qual é a renda familiar? ― ― Eu tenho o superior incompleto, e trabalho em uma clínica de procedimentos estéticos. Sou mãe solteira e minha renda não chega a três salários, mas eu posso pagar a mensalidade. ― Anne sabia que não era muito qualificada, mas tinha que mostrar segurança, agora que descobria que a entrevista era sobre ela e não sobre os trigêmeos. Lucas f
― Mãe, mesmo que você não tenha pensado em mim, se você for embora, ninguém vai me ajudar a cuidar das crianças, pense nelas... ― Implorou Anne. ― A escola vai cuidar bem das crianças, Anne. Não se preocupe com isso. ― Anne encostou-se na parede, como se procurasse alguém para apoiá-la:― Você realmente não quer ver seus netos crescendo? ― ― Anne, me desculpe... Eu sinto muito... ― Cheyenne desligou, entre lágrimas. Anne não podia aceitar aquilo. “Por que ela vai embora, de novo?” Então, pensou no cartão que sua mãe lhe deu na noite anterior e imaginou que ela já tinha planejado partir.“Não, nada disso está certo. Minha mãe ama as crianças, não tem como ter sido fingimento. Como ela pode ter decidido ir embora? Alguma coisa aconteceu.” Com isso em mente, Anne pediu licença ao supervisor e foi para a casa de Cheyenne. Mas, quando chegou, não encontrou ninguém. Entretanto, as roupas ainda estavam no armário. A jovem ligou, mas ninguém atendeu. "O que aconteceu!? Por que ela
― Ah! ― O corpo de Anne se chocou contra o banco de couro e a jovem se sentiu desorientada. ― Sempre que eu chamar, você vem. Não quero ouvir desculpas. Seus problemas pessoais não me importam. Está claro? ― A sombra apertava seu pulso. Anne sentiu o leve odor de álcool misturado com os hormônios acentuados do corpo de Anthony, que disparavam em sua cabeça todos os alarmes de perigo.― O que você está fazendo? ― ― Por que você pergunta, se já sabe a resposta? ― ― Por favor, não... ― Anne sabia que poucas vezes o demônio dirigia e não podia acreditar que Anthony abusaria dela na frente do motorista. Entretanto, parecendo ter lido sua mente, o magnata disse:― Cleve, nos deixe a sós. ― Sem dizer nada, o motorista, saiu do carro, fechou a porta e atravessou a rua. Anne mordeu os lábios e fechou os olhos, sentindo-se humilhada. Ela sabia muito bem o que Anthony faria com o corpo dela, mas não imaginava o quanto tempo duraria e essa era uma de suas preocupações: “As crianças e
― Fale mais sobre essa sua tia. ― Anne não esperava ser questionada tão minuciosamente, mas queria colaborar com tudo o que sabia:― Minha tia, Sarah, tentou cortar laços com meu pai, depois de se casar com Ron Marwood. Senhor, pode ter havido algum engano? Como minha mãe poderia ter matado alguém? Deve haver um engano! ― O policial deu de ombros:― Foi Cheyenne quem se entregou e confirmou a localização do corpo. Como ela saberia essas informações se não estivesse envolvida? Que Ron Marwood? ― ― Do ramo principal da família Marwood, da elite aqui de Luton... ― Disse Anne. O policial pensou um pouco, e então sua expressão ficou perturbada. Se existisse envolvimento da família Marwood seus superiores deveriam ser informados imediatamente. Com isso em mente. O homem anotou as informações de Anne e a liberou, permitindo que visse a mãe. Cheyenne já havia colocado o uniforme da prisão e, quando a viu a filha, abaixou a cabeça. Anne gritou:― O que está acontecendo? Mãe, como