Anne estava no sexto andar, então, não estava em casa. — Você está em casa? Estou chegando, espera um minuto, saí para dar uma volta no condomínio! — A jovem desligou o telefone. Depois de se despedir das crianças, Anne foi ver o pai. Quando a porta se fechou, Charlie segurou um copo de água na mão, suspirou como um adulto e tomou um gole d’água em silêncio. Anne descia a escada com calma, enquanto Nigel estava parado no meio do caminho. Os dois se olharam por um tempo, antes dele perguntar, surpreso: — Você não tia saído para dar uma volta? Por que você veio lá de cima? — Anne nunca teria dito isso se soubesse que seu pai a esperava na escada! Ela ajustou seus pensamentos e disse: — No começo, sim, mas depois encontrei uma criança e tive que devolvê-la para casa, no sexto andar. Recebi sua ligação depois disso. — Nigel não teve nenhuma suspeita e a palavra 'criança' tocou seu coração. Pensou na criança perdida de Anne e no corpo ferido. — Por que você está aqui a esta
Anne não tinha mais esperança, mesmo depois de ouvir o que ele dissera. — Pai, você não sabe da minha situação... — — Eu sei. Isso não é um problema. Contanto que Lucas goste de você, o relacionamento entre vocês dois vai ficar bem. Eu vou resolver o resto. — Nigel tinha o rosto sério. Mais uma vez, a jovem se sentia atordoada. Não sabia se isso era certo. E, embora Anthony fechasse os olhos para ela agora, isso não significava que não estava sob controle. Sua identidade ainda estava bloqueada, por exemplo. — Vou dar um jeito de Anthony me dar uma resposta. Você não precisa se preocupar com isso. — O homem a confortou. Anne balançou a cabeça. — Pai, mas isso é um problema meu... — — Qual é o problema? Você só precisa se interessar por Lucas. —. Anne não sabia o que dizer, agora que Joanne conhecia as crianças, como ela deixaria o filho se casar com uma mulher assim? Quando tinha uma refeição com Lucas e a sua família, sempre pensava preocupada que os três pequenos fosse
Bianca conversava amigavelmente com os outros convidados. Sua mãe, por outro lado, falava sobre ela com Nigel: — Quando Bianca nasceu, havia tantas crianças no hospital, mas ela era a única que estava limpa e bonita! Você ainda se lembra da sua expressão quando Bianca tinha acabado de nascer? — Dorothy piscou para a filha. — Como era? — Nigel teve que perguntar, já que não se lembrava. — Você estava todo tremendo e segurando ela com tanto cuidado que parecia que nossa filha era uma bomba. — Dorothy riu. Nigel apenas sorriu e, sem prestar atenção no que fazia, não falou mais nada e olhou para Anne. Sua filha cortava a carne do prato, enfiando-a na boca e mastigando lentamente. — Anne, você quer comer mais alguma coisa? — Perguntou. Distraída e apreciando a comida, a jovem levantou a cabeça e perguntou: — Hum? — Vendo que os cantos de sua boca estavam sujos de molho de pimenta, Nigel riu, pegou uma toalha molhada e limpou os cantos da boca da filha. Por outro lado, Anne c
Nigel parecia firme. Dorothy, todavia, não disse nada. Não importava com qual homem Anne se casasse, ninguém era mais poderoso que Anthony. Não tinha com o que se preocupar. O que a incomodava mesmo era a importância que Nigel dava a Anne. Isso, sim, a deixava muito desconfortável. Ele deveria ter só uma filha, e essa era Bianca.Já a mente de Anne não estava em Dorothy ou Bianca. Seus olhos fitavam Anthony e toda a sua atenção estava lá. Era como se seu corpo e mente estivessem ligados a ele, de alguma forma estranha. Enfim, a refeição terminou e houve mais discussões. Todos podiam ver, também, que Nigel estava resoluto na sua decisão, e ninguém poderia mudar sua cabeça. Com isso, o banquete acabou e os convidados foram indo embora, um a um. Quando já estava sozinho no carro com Anne, Nigel perguntou: — Você ainda está preocupada? Anthony não foi contra nada do que disse e, também, nem tem esse direito. — Anne sabia que seu pai fazia isso por ela, mostrando a todos que quem
Depois de saírem de casa, os dois desceram as escadas. Anne se perguntava por que Lucas tinha ido até ali. Ele só queria ver as crianças? Acabara de falar sobre ele no jantar com os Faye e o via na sua frente. Era uma coincidência muito grande. Ao mesmo tempo, se sentia um pouco desconfortável por Lucas não saber sobre o que tinha acontecido no jantar. — Você saiu para jantar? — Lucas perguntou. — Sim, com meu pai — disse Anne. — Eu conheci o senhor Faye, há dois dias, quando ele estava jantando com meu tio. — Anne ficou surpresa por eles já terem se conhecido. Tinham se encontrado apenas para assuntos de negócios? Ou seu pai já tinha algo em mente desde aquele momento? — Meu pai não disse nada demais para você, né? — a jovem perguntou. — Você está preocupada? — o diretor virou o rosto com um olhar brincalhão. Os olhos de Anne brilharam inocentemente.— Não tenho com o que me preocupar... — — Seu pai perguntou se você e eu nos conhecíamos. — Lucas disse, enquanto o
O corpo de Anne estava rígido e as batidas de seu coração eram pesadas e inquietas, como se pudesse escutá-las martelando ao pé do ouvido. Quando estava prestes a sufocar, ela ouviu a voz de Anthony ordenando: — Sirva-me uma xícara de café. — Estava atordoada. Ainda sentia náuseas, mas quando ouviu a voz dele foi trazida de volta para a realidade. Anthony falava com ela? Ah sim, eram os únicos no escritório, e o magnata nunca faria uma coisa dessas sozinho. — Eu... não sou profissional nessas coisas. — Falou em voz baixa. — Então encontre uma maneira de ser. — disse Anthony. A jovem se virou, sem dizer mais nada, e saiu do escritório com o intuito de lhe trazer café. Pelo menos não era estranha à copa e já a havia usado antes. Era algo ao seu favor nessa situação, por mínimo que fosse isso a confortava. Quando chegou ao recinto, havia dispensadores de água e uma variedade de máquinas de chá e café. Havia grãos de café moídos na geladeira, também. Nunca fizera café sozinha,
Anne hesitou um pouco. Assim que saiu do prédio da empresa, já tinha visto um veículo familiar esperando à distância. Agora uma pessoa saia do carro e a jovem percebeu que era Lucas. Ele parou ao lado do carro, olhou para ela e sorriu.A jovem se aproximou um pouco e disse:— Por que você está aqui? — — Eu estava apenas passando. — Anne sorriu. Duvidava da coincidência, mas não disse nada. Então, o diretor abriu a porta do carro insinuando que ela entrasse, num gesto formal. A jovem sentou-se no assento do copiloto e afivelou o cinto de segurança. Assim que os dois se acomodaram, ele entregou a ela uma caixa: — Fiz uma viagem de negócios há dois dias e comprei porque achei que parecia bom. — Disse enquanto ligava o carro. A mãe dos trigêmeos não estava acostumada a receber presentes, então se sentiu desconfortável por um tempo e disse: — Não me dê presentes, por favor. Não consigo retribuir sua ajuda... — — Na verdade, você já está me pagando de volta indo comer junto co
Lucas assentiu:— Eu saí com ela, sim. — — E daí? O que aconteceu? — — Eu disse que tinha alguém de quem gostava mais. E depois, disse a minha mãe que gostava de homens. Isso a assustou pra caramba. — — Você não se preocupa com sua reputação? Além disso, você é um diretor, se acharem você gay não vai afetar sua carreira? Eu não sou homofóbica, só acho assustadoras as possíveis consequências disso. — Anne estava surpresa. — Nah, isso não vai acontecer. — Debochou. — Eu sabia o que estava fazendo.— Sei. — Anne não podia deixar de rir enquanto imaginava o quanto Joanne devia ter ficado chocada naquele momento. Quando estavam em frente ao prédio de Anne, Lucas parou o carro e os dois saíram. Antes que entrasse, a jovem perguntou curiosa: — Por que você estacionou aqui? — — Quero entrar com você — Disse Lucas, sorrindo. — Você é bem romântico, sabia? — Ela sorriu de volta. — Se você acha que sim. — Lucas virou o rosto e viu o doce sorriso de Anne. Ele não aguentou e a