Sarah deu um passo hesitante em direção à porta, mas não entrou e apenas disse:― Anne, vou deixar você descansar. Vou embora. ― Anne esperou mais alguns minutos e saiu. Sarah tinha ido embora, mas o cartão estava em sua mesa de centro. Atordoada, ela olhou para o pequeno objeto de plástico e suspirou. No fundo, Anne não se ressentia de Sarah. Afinal, ela ainda era sua 'tia'. Simplesmente não estava acostumada a considerá-la como sua 'mãe'. Entretanto, no final, acostumada ou não, Sarah ainda era sua mãe e ela não conseguiria odiá-la. Sendo mãe de três filhos, sabia que erros podiam ser cometidos. Dentro do quarto, seu telefone começou a tocar e interrompeu seu mau humor. Anne correu e percebeu que era uma ligação de Tommy. Então, jogou o aparelho de volta na cama. Entretanto, o rapaz continuou ligando e ligando, até que, muito frustrada e irritada, Anne atendeu: ― O que você quer? ― ― Ouvi dizer que você perdeu o emprego. ― Tommy falou lentamente. Seu tom era um equilíbrio
Anne notou que Tommy olhava para seu rosto, apreciando sua reação de contrariedade, então se recostou, aborrecida e, nem um pouco envergonhado, por ter sido pego, o rapaz continuou casualmente:― O que há de errado em ser minha assistente? ― ― Eu quero outra coisa. Outro posto onde eu possa ficar longe de você. ― ― Você vai ter que aceitar o que eu te oferecer. ― Tommy manteve uma mão no volante e apoiou um braço contra a borda da janela do carro. ― Tudo bem, então! Vá dizer a Anthony que eu tenho escondido seus filhos dele e eu vou dizer a ele que você estava trabalhando no escuro, para matá-lo. ― Anne se recusou a aceitar a chantagem, dessa vez, e resolveu contra-atacar. ― Eu já me decidi. Então, não fique se achando, pensando que pode fazer o que quiser. ― Ele bateu com o dedo no volante ritmicamente, enquanto considerava as palavras de Anne.― Tudo bem! Vou conseguir um cargo que não seja muito difícil e onde você possa ficar longe das pessoas... Que tal como contador
Ela bateu na porta da sala de reuniões, entrou e foi instantaneamente saudada pela tensão sufocante do ambiente. Franzindo os lábios, ela procurou o diretor financeiro, cautelosamente, apenas para encontrar acidentalmente um par de olhos familiares e taciturnos. Ela instantaneamente empalideceu. Anthony ocupava o assento mais distante da porta e de lado para a saída. Suas feições perfeitamente esculpidas lhe davam uma presença fria e intimidadora, enquanto ele a encarava com indiferença. ― Anne? ― o Diretor financeiro, Charmaine Turner, chamou. Saindo do choque inicial, a jovem se forçou a se mover em direção a Charmaine para entregar-lhe os documentos, antes de virar os calcanhares para correr. Em pânico, ela prendeu a respiração até sair da sala de reuniões e, em vez de voltar ao departamento financeiro, foi ao banheiro para se acalmar. Dentro do banheiro, ela olhou atordoada para a expressão assustada em seu reflexo enquanto tentava entender a situação. 'Por que Antho
Anne estava prestes a sufocar quando, finalmente, o demônio a soltou. Ela caiu no chão frio e duro, impotente, com a cabeça baixa, enquanto ofegava por ar, sentindo como se estivesse a um segundo de morrer sufocada. Mas, o homem se agachou e ergueu o rosto dela pelo queixo, mais uma vez. Atordoada, Anne encontrou seus olhos escuros e frios. ― Gostei, hein? ― Ele proferiu perigosamente. ― Devemos continuar? ― Ela queria balançar a cabeça, mas os dedos dele em volta de seu queixo a impediram de fazê-lo.― Eu nunca quis me envolver com você. Se você não quer me ver, deixe-me sair de Luton. Você sabe que eu mataria para sair... Umph! ― A força esmagadora em torno de seu rosto a impediu de continuar falando e ela gemeu de dor. ― Apostando pesado para conseguir se livrar de mim, não é? ― Ele zombou diabolicamente. Ela queria discutir, mas entendeu que Anthony pensava igual às alcoviteiras que tinha ouvido conversar, na hora do almoço. Para a mente pequena, fechada e machis
― Como você pode ter certeza? Você não viu a troca entre aqueles dois na sala de reunião? Há algo entre eles! ― Tommy estava mais do que certo de que havia, porque havia descoberto sobre os trigêmeos. Assim que Anne voltou ao escritório, sua colega a informou que seu telefone tinha tocado algumas vezes e a jovem agradeceu, voltou para sua estação de trabalho e pegou o aparelho que, voltou a tocar em sua mão. Ela olhou para a tela e percebeu que era Sarah ligando, então deu um suspiro desanimado e atendeu. ― Anne, ouvi dizer que você começou a trabalhar no Grupo Marwood? Como isso aconteceu? Foi Ron? ― Sarah perguntou, animada. ― Não. ― ― Quem então? ― ― Deixei currículo, fiz uma entrevista de emprego e fui selecionada. ― Anne dispensou. Felizmente, Sarah não estava realmente curiosa sobre como Anne começou a trabalhar na empresa da família. De qualquer forma, tinha sido uma surpresa agradável que Anne tivesse se tornado funcionária do Grupo Marwood e isso despertou
Quando ela recebeu o número, teve a sensação de que já o tinha visto em algum lugar. O nome do contato apareceu na tela assim que ela fez a ligação e sua expressão ficou sombria. No instante que o homem atendeu, Anne rugiu:― Onde estão as crianças, Tommy?! ― ― Aqui comigo. ― Ela respirou fundo, algumas vezes, para se impedir de xingar porque sua prioridade no momento era encontrar as crianças:― Me dê seu endereço, agora. Estou indo. ― Após a ligação, Tommy se virou para olhar os trigêmeos, que estavam furiosos. Charlie tinha uma faca de plástico na mão e estava parado na frente de Chris e Chloe de forma protetora.― Venha! Vou cortar você! ― ― Ah! Estou com tanto medo! ― Ele colocou a mão no peito e acrescentou: ― Fiquem tranquilos, sua mamãe está chegando. ― ― Você é um cara mau! ― Chloe observava Tommy, com cautela. ― Não podemos confiar em você! ― Chris acrescentou. Tommy estudou os rostos dos meninos e ficou irritado com o quanto eles se pareciam com Antho
― Sim. O primo de Anthony. Mas, ele não contou para ninguém. No entanto, pretende usar essa informação a favor dele, porque não se dá bem com Anthony. ― ― Desse jeito, mais e mais pessoas vão descobrir ― disse Lucas. Ela mordeu o lábio, sabendo que ele estava certo. 'Mas o que eu posso fazer? Onde posso esconder as crianças e deixá-las em segurança? Anthony agora tem uma mulher que ama ao seu lado e a existência dos três filhos só será uma má notícia para ele', pensou, sem conseguir imaginar o que aconteceria se Anthony descobrisse. ― Se você não se importar, as crianças podem ficar comigo por um tempo ― Lucas ofereceu. ― Com você? ― Anne exclamou, surpresa. E continuou: ― Como poderíamos fazer isso? Não está certo. ― ― Eu moro sozinho e tem uma empregada em casa que pode cuidar das crianças. Você pode vir vê-los quando quiser ― disse Lucas. Ela não poderia incomodar Lucas a tal ponto. Mas, ele era o diretor do jardim de infância que os filhos frequentavam e fazia
Anthony ficou encarando Anne com olhos de falcão, enquanto ela conversava ao telefone. Mas, quando a porta do elevador se abriu ele saiu. Os outros dois o seguiram de perto, como se nenhum deles conhecesse Anne. Antes de descer do elevador, Anne olhou para fora e percebeu que estava de volta no bar da cobertura e murmurou:― Huh? Por que subiu? ― Ela apertou o botão do andar térreo mais uma vez e informou Lucas de sua localização, antes de esperar na escada, em frente ao saguão. Como não conseguiu ficar em pé por muito tempo por causa da tontura, sentou-se na escada com uma mão sob a cabeça, enquanto olhava para as luzes de néon ao longe. Aquele momento pertencia a ela. Não havia necessidade de pensar e parecia que ela estava em um mundo onde Cheyenne não havia morrido e Anthony não estava lá para ameaçá-la. Onde ela não precisava se preocupar com alguém descobrindo sobre as crianças e Tommy não tentava controlá-la. Enquanto isso, na cobertura, dentro de uma sala privada d