Louis BeaumontA pontualidade sempre foi uma das minhas qualidades — quando eu queria, é claro. Estacionei meu carro em frente ao campus às 19h55, o céu já escuro dando um tom ainda mais charmoso à cidade. Liguei o rádio baixo e me recostei no banco, esperando por ela.Confesso que ainda não tinha entendido muito bem por que essa mulher mexia tanto comigo. Carolina era diferente. Não era do tipo que caía na minha conversa, e isso me deixava... inquieto. Eu estava acostumado a ter o controle, a ser o caçador, mas com ela parecia que o jogo era outro.E então eu a vi.Ela saiu pelo portão do campus como um furacão disfarçado de mulher. Os cabelos loiros estavam soltos, caindo em ondas suaves sobre os ombros. A maquiagem era sutil, mas o suficiente para destacar cada traço daquele rosto que já tinha invadido meus pensamentos mais vezes do que eu queria admitir. E aquele batom vermelho...Ah, aquele maldito batom.Meu olhar desceu, e foi aí que perdi completamente o fio da racionalidade.
Carolina Smith O ar frio da noite parisiense pareceu não fazer diferença para mim quando saímos do restaurante. Louis caminhava ao meu lado, sua presença tão marcante que parecia preencher o espaço ao meu redor. Eu tentava manter a postura, fingir que não estava tão afetada por ele quanto realmente estava, mas o calor subindo por minha pele era impossível de ignorar.— E agora, qual o próximo destino? — perguntei, cruzando os braços e mantendo o tom casual.Ele me olhou, seus lábios curvando-se naquele sorriso descarado que parecia estar sempre à beira de uma provocação.— Isso depende de você. O que prefere, Carolina?Parei de caminhar e o encarei de frente, cruzando os braços.— Eu não sou nenhuma menininha. Tenho 26 anos e sei muito bem o motivo de você ter me chamado para sair.O sorriso dele vacilou por um segundo, apenas o suficiente para que eu notasse sua surpresa. Mas então, ele deu uma risada baixa e rouca, inclinando a cabeça como se me estudasse com mais interesse ainda.
Carolina SmithA luz suave que entrava pelas cortinas entreabertas me despertou, aquecendo minha pele. Pisquei algumas vezes, tentando ajustar meus olhos ao ambiente. O quarto do hotel estava em completo silêncio, exceto pelo som distante da cidade acordando lá fora. Virei a cabeça lentamente e percebi que estava sozinha.A ausência dele ao meu lado não foi uma surpresa completa. Louis não era do tipo que fica para ver o amanhecer. Suspirei, espreguiçando-me antes de me sentar na cama. Ao fazer isso, notei um bilhete dobrado cuidadosamente na mesa de cabeceira. Ao lado, uma boa quantia de dinheiro.Peguei o bilhete e o desdobrei, já imaginando o tom debochado que ele usaria. Não me enganei:"Tive que sair mais cedo. Use isso para chamar um táxi e, claro, para comprar uma nova calcinha — a culpa foi minha por rasgar a sua. Louis."Eu não pude evitar o riso que escapou dos meus lábios. Ele tinha mesmo um jeito único de ser cafajeste e, ao mesmo tempo, charmoso. Balancei a cabeça, dobran
Carolina SmithAlgumas pessoas dizem que a vida pode mudar de um dia para o outro. Eu costumava achar isso um exagero... até aquele dia. Tudo começou como uma manhã comum, a mesma rotina de sempre. Acordei com o som irritante do alarme, tomei um café apressado e saí para o trabalho. Nada fora do normal. Até que foi.Assim que pisei no escritório, o clima parecia estranho, pesado. Algo me dizia que aquele não seria um dia fácil. Passei direto pela recepção, tentando ignorar a sensação de que algo estava prestes a desmoronar. Não demorou muito para que eu fosse chamada à sala do gerente. Quando ouvi meu nome sendo chamado, meu estômago se revirou.— Carolina, pode entrar. — disse ele, com um sorriso tenso.A porta se fechou atrás de mim, e eu soube. Antes mesmo de ele começar a falar, eu sabia o que viria. Desculpas vagas, explicações sobre a economia e cortes orçamentários. Palavras que, por mais que tentassem suavizar o golpe, não conseguiam esconder a verdade: eu estava demitida.Saí
Carolina Smith No dia seguinte à notícia que mudaria completamente minha vida, a ficha ainda não havia caído por completo. Estava em Paris – não literalmente, mas tão perto que já podia imaginar. Após um dia inteiro de devaneios sobre a cidade que tanto sonhei, sabia que era hora de contar aos meus pais sobre a mudança repentina nos meus planos. Eles mereciam saber.Respirei fundo e disquei o número da minha mãe. Não tinha falado nada sobre o que aconteceu no último dia, então essa seria uma conversa longa.— Oi, filha! Que surpresa boa, como você está? — Minha mãe atendeu com a animação de sempre, sem fazer ideia da bomba que estava prestes a receber.— Oi, mãe. Eu... estou bem agora, mas tenho algumas novidades para te contar. Senta, porque é muita coisa.— Ah, meu Deus, o que houve?Suspirei. — Fui demitida do meu emprego anteontem, terminei com o Daniel e ainda fui despejada do apartamento.Do outro lado da linha, o silêncio foi imediato. Minha mãe, sempre tão prestativa e protet
Carolina Smith Acordei com o sol entrando pela janela, iluminando meu quarto de uma forma que parecia mágica. Era o dia da minha viagem para Paris. O tempo passou tão rápido que mal consegui acreditar que finalmente estava prestes a embarcar. A adrenalina misturada com uma pitada de nervosismo me acompanhou enquanto eu me vestia. Escolhi uma roupa confortável: um jeans leve, uma blusa branca e uma jaqueta de couro que eu sabia que daria um toque europeu ao meu visual.Chegando ao aeroporto, a atmosfera estava repleta de movimentação. O som das malas sendo arrastadas, os anúncios das partidas e chegadas, e o cheiro de café fresco deixavam tudo mais emocionante. Meus pais estavam ao meu lado, com sorrisos nervosos. Eu podia ver o orgulho nos olhos deles, mas também um toque de preocupação.— Mãe, está tudo bem — eu disse, tentando confortá-la. — Eu vou ficar bem.— Eu sei, querida. É só que, você sabe, é uma nova fase, e estamos tão felizes por você — ela me abraçou com força, e eu sen
Louis BeaumontMeus passos ecoavam pelo piso de mármore enquanto eu avançava em direção ao elevador, cada batida dos sapatos refletia o peso que sentia no peito. Ao entrar, me deparei com Alexandre, que estava casualmente encostado em um canto, segurando uma pasta. Ele me olhou de soslaio, os lábios se curvando em um sorriso de provocação.— Que cara é essa? Parece até que caiu da cama essa noite — meu amigo riu, mas o som logo morreu quando cruzei seu olhar. Frio. A tensão entre nós tornou-se palpável.— Se eu fosse você, ficaria quieto até que eu saísse deste elevador — murmurei, a voz carregada de ameaça. Alexandre levantou as mãos em rendição, o sorriso se desvanecendo, como se finalmente tivesse entendido a gravidade do momento.Eu sentia a veia na minha testa latejar, como um tambor que ecoava na minha cabeça, aumentando o desconforto. Meu pai havia me ligado poucos minutos antes, com uma notícia que eu preferia nunca ter recebido. Na próxima semana, ele me anunciaria como o nov
Carolina SmithHoje faz exatamente uma semana desde que cheguei em Paris, e, apesar de todas as mudanças e dos imprevistos que caíram no meu colo, eu estava gostando do rumo que as coisas estavam tomando. A rotina ainda era novidade: manhãs de aulas intensas de gastronomia, tardes no trabalho para garantir minha permanência aqui e, à noite, a chance de caminhar pela cidade como se eu fosse parte dela.Hoje não era diferente, saí da faculdade e fui direto para o restaurante, pronta para mais uma tarde de correria. Assim que cheguei, notei que o ambiente estava mais agitado que o normal. Os chefs conversavam rápido, os garçons entravam e saíam da cozinha em um ritmo frenético, e senti que algo importante estava para acontecer.— Carolina! — chamou minha chefe, Camille, ao me ver.Ela era uma mulher elegante, com uma postura firme, mas um jeito direto e justo de tratar a equipe. Sorri ao me aproximar, mas percebi pela expressão dela que tinha algo a mais ali.— Hoje à noite teremos um gr