Carolina SmithAlgumas pessoas dizem que a vida pode mudar de um dia para o outro. Eu costumava achar isso um exagero... até aquele dia. Tudo começou como uma manhã comum, a mesma rotina de sempre. Acordei com o som irritante do alarme, tomei um café apressado e saí para o trabalho. Nada fora do normal. Até que foi.Assim que pisei no escritório, o clima parecia estranho, pesado. Algo me dizia que aquele não seria um dia fácil. Passei direto pela recepção, tentando ignorar a sensação de que algo estava prestes a desmoronar. Não demorou muito para que eu fosse chamada à sala do gerente. Quando ouvi meu nome sendo chamado, meu estômago se revirou.— Carolina, pode entrar. — disse ele, com um sorriso tenso.A porta se fechou atrás de mim, e eu soube. Antes mesmo de ele começar a falar, eu sabia o que viria. Desculpas vagas, explicações sobre a economia e cortes orçamentários. Palavras que, por mais que tentassem suavizar o golpe, não conseguiam esconder a verdade: eu estava demitida.Saí
Carolina Smith No dia seguinte à notícia que mudaria completamente minha vida, a ficha ainda não havia caído por completo. Estava em Paris – não literalmente, mas tão perto que já podia imaginar. Após um dia inteiro de devaneios sobre a cidade que tanto sonhei, sabia que era hora de contar aos meus pais sobre a mudança repentina nos meus planos. Eles mereciam saber.Respirei fundo e disquei o número da minha mãe. Não tinha falado nada sobre o que aconteceu no último dia, então essa seria uma conversa longa.— Oi, filha! Que surpresa boa, como você está? — Minha mãe atendeu com a animação de sempre, sem fazer ideia da bomba que estava prestes a receber.— Oi, mãe. Eu... estou bem agora, mas tenho algumas novidades para te contar. Senta, porque é muita coisa.— Ah, meu Deus, o que houve?Suspirei. — Fui demitida do meu emprego anteontem, terminei com o Daniel e ainda fui despejada do apartamento.Do outro lado da linha, o silêncio foi imediato. Minha mãe, sempre tão prestativa e protet
Carolina Smith Acordei com o sol entrando pela janela, iluminando meu quarto de uma forma que parecia mágica. Era o dia da minha viagem para Paris. O tempo passou tão rápido que mal consegui acreditar que finalmente estava prestes a embarcar. A adrenalina misturada com uma pitada de nervosismo me acompanhou enquanto eu me vestia. Escolhi uma roupa confortável: um jeans leve, uma blusa branca e uma jaqueta de couro que eu sabia que daria um toque europeu ao meu visual.Chegando ao aeroporto, a atmosfera estava repleta de movimentação. O som das malas sendo arrastadas, os anúncios das partidas e chegadas, e o cheiro de café fresco deixavam tudo mais emocionante. Meus pais estavam ao meu lado, com sorrisos nervosos. Eu podia ver o orgulho nos olhos deles, mas também um toque de preocupação.— Mãe, está tudo bem — eu disse, tentando confortá-la. — Eu vou ficar bem.— Eu sei, querida. É só que, você sabe, é uma nova fase, e estamos tão felizes por você — ela me abraçou com força, e eu sen
Louis BeaumontMeus passos ecoavam pelo piso de mármore enquanto eu avançava em direção ao elevador, cada batida dos sapatos refletia o peso que sentia no peito. Ao entrar, me deparei com Alexandre, que estava casualmente encostado em um canto, segurando uma pasta. Ele me olhou de soslaio, os lábios se curvando em um sorriso de provocação.— Que cara é essa? Parece até que caiu da cama essa noite — meu amigo riu, mas o som logo morreu quando cruzei seu olhar. Frio. A tensão entre nós tornou-se palpável.— Se eu fosse você, ficaria quieto até que eu saísse deste elevador — murmurei, a voz carregada de ameaça. Alexandre levantou as mãos em rendição, o sorriso se desvanecendo, como se finalmente tivesse entendido a gravidade do momento.Eu sentia a veia na minha testa latejar, como um tambor que ecoava na minha cabeça, aumentando o desconforto. Meu pai havia me ligado poucos minutos antes, com uma notícia que eu preferia nunca ter recebido. Na próxima semana, ele me anunciaria como o nov
Carolina SmithHoje faz exatamente uma semana desde que cheguei em Paris, e, apesar de todas as mudanças e dos imprevistos que caíram no meu colo, eu estava gostando do rumo que as coisas estavam tomando. A rotina ainda era novidade: manhãs de aulas intensas de gastronomia, tardes no trabalho para garantir minha permanência aqui e, à noite, a chance de caminhar pela cidade como se eu fosse parte dela.Hoje não era diferente, saí da faculdade e fui direto para o restaurante, pronta para mais uma tarde de correria. Assim que cheguei, notei que o ambiente estava mais agitado que o normal. Os chefs conversavam rápido, os garçons entravam e saíam da cozinha em um ritmo frenético, e senti que algo importante estava para acontecer.— Carolina! — chamou minha chefe, Camille, ao me ver.Ela era uma mulher elegante, com uma postura firme, mas um jeito direto e justo de tratar a equipe. Sorri ao me aproximar, mas percebi pela expressão dela que tinha algo a mais ali.— Hoje à noite teremos um gr
Louis Beaumont Não posso dizer que estou entusiasmado para essa festa. Pelo contrário. Esses eventos são uma perda de tempo, mas eles parecem sempre encontrar um motivo para uma celebração. Hoje, a desculpa é “a chegada de um novo líder”. Mal sabem eles que a única coisa que estou assumindo é uma fachada. Eu sei o que está por trás dessa festa e o que esperam de mim. Só que eu não vim aqui para agradar ninguém.Respiro fundo e entro no salão, escondendo o aborrecimento com um sorriso. Cumprimento rostos conhecidos e aperto mãos com o máximo de entusiasmo que consigo fingir. Para a maioria aqui, essa é uma noite de negócios e alianças, mas, para mim, é apenas um jogo de aparências.Enquanto caminho pelo salão, um rosto no meio da multidão me faz parar. Ela está em pé, segurando uma bandeja, e, pela primeira vez na noite, meu sorriso não é falso. Ela é... impressionante. Loira, com um coque elegante, maquiagem sutil e um vestido que parece feito para ela. A postura impecável, mas os ol
Carolina Smith Depois do discurso dele, eu me peguei pensando demais naquilo. O jeito como Louis me olhou... não era só um olhar de quem analisa uma pessoa no meio de uma multidão. Havia algo ali, uma intensidade que fez um friozinho percorrer minha espinha. Confesso que não esperava, e muito menos conseguia entender por que estava me sentindo tão... inquieta.Balancei a cabeça, tentando tirar aquilo da mente. Logo Camille apareceu ao meu lado, com um olhar sério.— Carolina, preciso que vá até a cozinha buscar algumas bandejas de petiscos. Temos várias mesas para servir — disse ela, me apressando.— Claro! Já estou indo.Segui até a cozinha, coloquei as bandejas nas mãos e respirei fundo antes de voltar para o salão. O evento estava em pleno vapor, as pessoas pareciam cada vez mais à vontade, conversando, rindo e enchendo os copos. Fui de mesa em mesa, oferecendo as entradas, e de vez em quando recebia um elogio pela aparência ou um sorriso simpático. Apesar de tudo, o trabalho era
Carolina Smith Sábado de manhã em Paris. Acordei com o sol já brilhando forte lá fora, iluminando o quarto de um jeito que só um dia quente prometia fazer. Depois do evento de ontem, com toda aquela correria e tensão, hoje eu só queria um tempo para mim, passear pela cidade e me sentir realmente aqui, de verdade, como se Paris fosse minha.Levantei-me e fui direto para o banho, sentindo a água morna relaxar meus músculos cansados. Lavei o cabelo com calma, aproveitando o momento de paz e tentando afastar as lembranças da noite passada, principalmente, de certo sorriso cafajeste que insistia em aparecer na minha mente. Saí do banho e me sequei devagar, escolhendo um vestido leve e fresco que combinava perfeitamente com o clima quente lá fora. Era uma peça confortável, solta, com um tom de azul suave que me deixava ainda mais animada para o dia.Coloquei alguns acessórios delicados e deixei o cabelo solto, ainda com aquele aroma refrescante de shampoo. Olhei no espelho e sorri, gostand