Carolina Smith Depois de três horas intensas de aula de confeitaria, saí da escola com as mãos ainda cheirando a baunilha e açúcar. Peguei o metrô em direção ao bistrô onde trabalho, na esperança de que o ritmo acelerado do restaurante me ajudasse a desligar um pouco a mente. As últimas noites tinham sido um turbilhão de emoções e dúvidas, mas eu estava decidida a focar no que realmente importava: meu curso, meu trabalho e meu sonho de me tornar chef. Cheguei ao bistrô com tempo suficiente para um rápido almoço antes de começar o turno. Enquanto mordiscava um pedaço de quiche, me forcei a não pensar nele. Louis. A lembrança dos beijos na festa ainda queimava minha pele, mas as palavras de Jenifer ecoavam como um alerta. Ele era o tipo de homem que eu sempre prometi evitar, e estava disposta a manter minha promessa. Coloquei o avental, amarrei o cabelo e comecei meu turno. O restaurante estava movimentado como sempre, cheio de turistas, estudantes e locais. Entre pedidos apressados
Carolina SmithDepois de uma semana evitando qualquer pensamento sobre Louis, comecei a acreditar que, talvez, o universo tivesse finalmente decidido me dar um pouco de paz. Minha rotina estava cada vez mais focada no curso e nos pequenos momentos de distração que eu conseguia encontrar, como andar pelas ruas de Paris ou explorar as lojas próximas ao meu alojamento.Naquela tarde, decidi entrar em uma pequena loja de antiguidades. As vitrines exibiam peças únicas, e eu não resisti ao charme do lugar. O sino da porta tocou suavemente quando entrei, e um cheiro leve de madeira antiga e livros velhos tomou conta do ambiente.Passei pelas prateleiras, admirando os detalhes de cada item exposto. Estava tão absorta no ambiente que quase não notei a figura alta entrando na loja.— Não sabia que você gostava de lugares assim, Carolina.Meu corpo travou antes mesmo de me virar. Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Lentamente, virei-me e lá estava ele: Louis, de terno impecável, parado
Louis BeaumontA pontualidade sempre foi uma das minhas qualidades — quando eu queria, é claro. Estacionei meu carro em frente ao campus às 19h55, o céu já escuro dando um tom ainda mais charmoso à cidade. Liguei o rádio baixo e me recostei no banco, esperando por ela.Confesso que ainda não tinha entendido muito bem por que essa mulher mexia tanto comigo. Carolina era diferente. Não era do tipo que caía na minha conversa, e isso me deixava... inquieto. Eu estava acostumado a ter o controle, a ser o caçador, mas com ela parecia que o jogo era outro.E então eu a vi.Ela saiu pelo portão do campus como um furacão disfarçado de mulher. Os cabelos loiros estavam soltos, caindo em ondas suaves sobre os ombros. A maquiagem era sutil, mas o suficiente para destacar cada traço daquele rosto que já tinha invadido meus pensamentos mais vezes do que eu queria admitir. E aquele batom vermelho...Ah, aquele maldito batom.Meu olhar desceu, e foi aí que perdi completamente o fio da racionalidade.
Carolina Smith O ar frio da noite parisiense pareceu não fazer diferença para mim quando saímos do restaurante. Louis caminhava ao meu lado, sua presença tão marcante que parecia preencher o espaço ao meu redor. Eu tentava manter a postura, fingir que não estava tão afetada por ele quanto realmente estava, mas o calor subindo por minha pele era impossível de ignorar.— E agora, qual o próximo destino? — perguntei, cruzando os braços e mantendo o tom casual.Ele me olhou, seus lábios curvando-se naquele sorriso descarado que parecia estar sempre à beira de uma provocação.— Isso depende de você. O que prefere, Carolina?Parei de caminhar e o encarei de frente, cruzando os braços.— Eu não sou nenhuma menininha. Tenho 26 anos e sei muito bem o motivo de você ter me chamado para sair.O sorriso dele vacilou por um segundo, apenas o suficiente para que eu notasse sua surpresa. Mas então, ele deu uma risada baixa e rouca, inclinando a cabeça como se me estudasse com mais interesse ainda.
Carolina SmithA luz suave que entrava pelas cortinas entreabertas me despertou, aquecendo minha pele. Pisquei algumas vezes, tentando ajustar meus olhos ao ambiente. O quarto do hotel estava em completo silêncio, exceto pelo som distante da cidade acordando lá fora. Virei a cabeça lentamente e percebi que estava sozinha.A ausência dele ao meu lado não foi uma surpresa completa. Louis não era do tipo que fica para ver o amanhecer. Suspirei, espreguiçando-me antes de me sentar na cama. Ao fazer isso, notei um bilhete dobrado cuidadosamente na mesa de cabeceira. Ao lado, uma boa quantia de dinheiro.Peguei o bilhete e o desdobrei, já imaginando o tom debochado que ele usaria. Não me enganei:"Tive que sair mais cedo. Use isso para chamar um táxi e, claro, para comprar uma nova calcinha — a culpa foi minha por rasgar a sua. Louis."Eu não pude evitar o riso que escapou dos meus lábios. Ele tinha mesmo um jeito único de ser cafajeste e, ao mesmo tempo, charmoso. Balancei a cabeça, dobran
Carolina SmithAlgumas pessoas dizem que a vida pode mudar de um dia para o outro. Eu costumava achar isso um exagero... até aquele dia. Tudo começou como uma manhã comum, a mesma rotina de sempre. Acordei com o som irritante do alarme, tomei um café apressado e saí para o trabalho. Nada fora do normal. Até que foi.Assim que pisei no escritório, o clima parecia estranho, pesado. Algo me dizia que aquele não seria um dia fácil. Passei direto pela recepção, tentando ignorar a sensação de que algo estava prestes a desmoronar. Não demorou muito para que eu fosse chamada à sala do gerente. Quando ouvi meu nome sendo chamado, meu estômago se revirou.— Carolina, pode entrar. — disse ele, com um sorriso tenso.A porta se fechou atrás de mim, e eu soube. Antes mesmo de ele começar a falar, eu sabia o que viria. Desculpas vagas, explicações sobre a economia e cortes orçamentários. Palavras que, por mais que tentassem suavizar o golpe, não conseguiam esconder a verdade: eu estava demitida.Saí
Carolina Smith No dia seguinte à notícia que mudaria completamente minha vida, a ficha ainda não havia caído por completo. Estava em Paris – não literalmente, mas tão perto que já podia imaginar. Após um dia inteiro de devaneios sobre a cidade que tanto sonhei, sabia que era hora de contar aos meus pais sobre a mudança repentina nos meus planos. Eles mereciam saber.Respirei fundo e disquei o número da minha mãe. Não tinha falado nada sobre o que aconteceu no último dia, então essa seria uma conversa longa.— Oi, filha! Que surpresa boa, como você está? — Minha mãe atendeu com a animação de sempre, sem fazer ideia da bomba que estava prestes a receber.— Oi, mãe. Eu... estou bem agora, mas tenho algumas novidades para te contar. Senta, porque é muita coisa.— Ah, meu Deus, o que houve?Suspirei. — Fui demitida do meu emprego anteontem, terminei com o Daniel e ainda fui despejada do apartamento.Do outro lado da linha, o silêncio foi imediato. Minha mãe, sempre tão prestativa e protet
Carolina Smith Acordei com o sol entrando pela janela, iluminando meu quarto de uma forma que parecia mágica. Era o dia da minha viagem para Paris. O tempo passou tão rápido que mal consegui acreditar que finalmente estava prestes a embarcar. A adrenalina misturada com uma pitada de nervosismo me acompanhou enquanto eu me vestia. Escolhi uma roupa confortável: um jeans leve, uma blusa branca e uma jaqueta de couro que eu sabia que daria um toque europeu ao meu visual.Chegando ao aeroporto, a atmosfera estava repleta de movimentação. O som das malas sendo arrastadas, os anúncios das partidas e chegadas, e o cheiro de café fresco deixavam tudo mais emocionante. Meus pais estavam ao meu lado, com sorrisos nervosos. Eu podia ver o orgulho nos olhos deles, mas também um toque de preocupação.— Mãe, está tudo bem — eu disse, tentando confortá-la. — Eu vou ficar bem.— Eu sei, querida. É só que, você sabe, é uma nova fase, e estamos tão felizes por você — ela me abraçou com força, e eu sen