Aléssio Romano,A sala de espera do hospital nunca pareceu tão sufocante. As paredes claras e o silêncio quebrado apenas pelo som distante de passos e máquinas me deixavam ainda mais nervoso. Cada segundo parecia se arrastar enquanto eu esperava notícias de Bianca e Alejandro. Andava de um lado para o outro, incapaz de me sentar, com os punhos cerrados e a respiração pesada.Vito estava sentado em um dos bancos próximos, observando meu estado com a paciência de alguém que sabia que eu precisava daquele momento para lidar com minha ansiedade. Ele segurava um copo de café, mas parecia mais interessado em monitorar meus passos do que em beber o que havia dentro.— Aléssio, você precisa se acalmar — ele disse, finalmente, com a voz firme, mas não dura. — Estou querendo tomar café, mas não consigo com você andando assim. Parei e olhei para ele, tentando controlar minha frustração.— Como, Vito? Como eu vou me acalmar quando Bianca está em trabalho de parto e eu não estou lá com ela? — res
Aléssio Romano,Os últimos dias no hospital foram intensos, mas finalmente chegou o momento de voltar para casa. Bianca e Alejandro estavam bem, e agora era hora de começarmos nossa vida juntos como uma família. Enquanto dirigia em direção à mansão, olhava pelo retrovisor para Bianca, que estava no banco de trás, segurando Alejandro nos braços. Ela olhava para ele com uma expressão de puro amor, e meu coração se enchia de felicidade a cada segundo.Estacionei o carro em frente à mansão e rapidamente desci para abrir a porta para Bianca. Ela sorriu, mesmo cansada, e eu segurei a porta enquanto ela saía com cuidado, segurando Alejandro com delicadeza.— Deixa que eu te ajudo — disse, colocando minha mão nas costas dela para apoiá-la.— Estou bem, Aléssio. Só um pouco cansada, mas estamos em casa — respondeu ela, olhando para o pequeno que dormia tranquilamente em seus braços.Subi o olhar para a entrada da mansão e percebi que algo estava diferente. Havia balões presos nos corrimões da
Bianca Santoro, A madrugada estava silenciosa, com apenas o som leve do vento lá fora. Tudo parecia calmo, mas então ouvi um pequeno resmungo vindo do berço ao lado da cama. Abri os olhos lentamente, piscando contra a luz suave do abajur que eu havia ligado. Meu corpo ainda estava cansado dos últimos dias, mas Alejandro precisava de mim, e eu precisava me levantar.Virei-me para o outro lado da cama, e lá estava Aléssio, deitado de qualquer jeito, completamente apagado. Ele provavelmente tinha adormecido enquanto balançava o berço. Ri baixinho ao vê-lo naquela posição. Ele ainda estava vestido com as roupas do dia e, para minha surpresa, os sapatos ainda estavam nos pés dele.Suspirei, tentando não fazer barulho, e me levantei com cuidado. Antes de ir até Alejandro, decidi cuidar de Aléssio. Ele fazia tanto por mim e pelo bebê que merecia descansar confortavelmente, mesmo que ele fosse teimoso o suficiente para apagar com os sapatos nos pés.Ajoelhei-me ao lado da cama e comecei a ti
Aléssio Romano,O sol já estava alto quando Bianca e eu finalmente decidimos levantar da cama. Era nossa primeira manhã completa em casa com Alejandro, e queríamos fazer tudo do nosso jeito. Lupi, sempre prestativa, já estava circulando pela casa, oferecendo ajuda a cada momento, mas Bianca e eu sabíamos que o banho do pequeno Alejandro seria um momento especial para nós.— Senhor Romano, posso preparar o banho para o bebê? Já deixo tudo pronto enquanto vocês tomam café — disse Lupi, aparecendo na porta do quarto com seu sorriso característico.— Não dessa vez, Lupi — respondi, enquanto vestia uma camiseta. — Bianca e eu queremos fazer isso sozinhos. Precisamos aprender.— Sim, Lupi. Agradeço pela oferta, mas acho que já está na hora de testarmos nossas habilidades de país — acrescentou Bianca, com um sorriso, enquanto ajeitava o cabelo e colocava um roupão.Lupi riu e balançou a cabeça, como se dissesse "boa sorte" sem precisar de palavras. Enquanto ela se afastava, virei-me para B
Bianca Santoro, Os últimos anos passaram como um piscar de olhos, mas cada momento foi uma mistura de amor, desafios e aprendizado. Alejandro já tinha três anos e era a energia da casa. Um menino curioso, cheio de vida, que sabia como conquistar todos ao seu redor com um sorriso banguela e um olhar maroto. Ele era a mistura perfeita de mim e de Aléssio, e todos que o conheciam diziam que ele tinha o charme natural do pai. Hoje era um dia especial. Estávamos comemorando não só as conquistas da nossa família, mas também a chegada de um novo capítulo: outro bebê estava a caminho. Eu estava grávida de quatro meses, e a felicidade transbordava em cada canto da nossa casa. A manhã começou com Alejandro correndo pelo corredor, com os passinhos apressados que ecoavam pela mansão. Aléssio e eu já estávamos na sala, tomando café e discutindo alguns planos para os próximos meses. Ele pegou Alejandro no colo, tentando fazer o pequeno se concentrar em um pedaço de pão com geleia, mas nosso filh
Bianca Santoro,A chuva fina caía sobre os telhados enferrujados da cidade. Eu estava encostada na parede de tijolos sujos, respirando devagar. Minhas mãos estavam frias, mas não era só por causa do tempo. Era sempre assim antes de um roubo. A adrenalina corria pelas minhas veias, e meu coração batia forte, quase como se quisesse pular do meu peito. Mas o que eu sentia, mais do que qualquer coisa, era fome. Não de comida, mas de algo maior. Algo que fizesse meu mundo caótico ter sentido por um momento.Olhei para o lado, certificando-me de que ninguém estava me observando. A rua estava vazia, exceto por alguns carros velhos estacionados e uma lixeira que transbordava. A loja de conveniência na esquina estava aberta, como sempre, com o dono, um homem gordo e careca, distraído com um jogo de futebol na pequena TV pendurada atrás do balcão."Agora ou nunca, Bianca" — sussurrei para mim mesma, enquanto ajeitava a touca sobre o cabelo molhado. Eu precisava daquele dinheiro. Precisava mais
Aléssio Romano,O poder é uma coisa curiosa. Quando você tem o controle, tudo parece estar à sua disposição. As pessoas abaixam a cabeça quando você passa, e ninguém ousa olhar nos seus olhos por muito tempo. Mas, por dentro, é diferente. Por dentro, você carrega um peso que ninguém vê. Um peso que, no meu caso, tem o rosto de uma garotinha de seis anos, deitada numa cama de hospital, lutando contra algo que nenhum poder, nenhum dinheiro, pode derrotar.Meu nome é Alessio Romano, e eu sempre soube o que era o controle. Desde jovem, fui criado no mundo do crime, onde força e lealdade eram tudo. Vi meu pai comandar com mão de ferro, e quando ele morreu, não havia dúvida de que eu seria o próximo a carregar o fardo da família. Aprendi rápido que nesse mundo, ou você controla, ou é controlado. E eu nunca fui bom em ser controlado.Hoje, eu tinha saído de mais uma dessas reuniões intermináveis. Homens de terno, conversas sobre territórios e negócios. Eu os controlava, mas por dentro, minha
Bianca Santoro,A porta de casa bateu atrás de mim com um estrondo. O som ecoou pelas paredes sujas e cheias de manchas, o tipo de coisa que ninguém mais notava, exceto eu. Aquele lugar me sufocava. Cada centímetro, cada cheiro, cada lembrança. Meu corpo estava molhado pela chuva, mas a dor que eu sentia não vinha disso. Minha cabeça estava a mil desde o encontro com aquele homem estranho na rua, mas eu mal tinha tempo para processar aquilo. Porque logo que entrei, senti o peso da presença dela.Minha tia estava no meio da sala, com uma garrafa de cerveja na mão, olhando para mim com aqueles olhos vidrados de ódio misturado com o álcool. Ela sabia. Não sei como, mas sabia. E quando ela sabia de algo, o inferno logo começava.— Você acha que eu sou burra, fedelha? — sua voz saiu num rosnado, arrastando as palavras como quem já tinha bebido demais. — Você acha que eu não sei o que você fez hoje?Ela deu um passo à frente, seu corpo cambaleando um pouco. Não respondi. Sabia o que vinha a