Aléssio Romano, Eu estava sentado no meu escritório, encarando a pilha de papéis à minha frente. Meu pensamento, no entanto, estava longe dali. Desde a última discussão com Bianca, uma sensação incômoda me acompanhava, como um peso constante em meu peito. Tentei me convencer de que manter distância era o certo, que estava protegendo ambos ao tomar essa decisão. Mas, no fundo, sabia que estava apenas fugindo do que realmente sentia. Vito entrou sem bater, o que era um costume irritante dele, mas que eu aceitava devido à sua lealdade. — Senhor, tenho o relatório sobre Bianca — ele disse, entregando-me uma pasta. Olhei para o documento, hesitando em abrir. Sabia que isso poderia trazer à tona sentimentos que eu estava tentando controlar. Mas abri, afinal. — Ela está indo bem nas aulas — Vito continuou, sua voz calma. — Tem passado bastante tempo com seus colegas, especialmente com o tal Enzo. Meu maxilar se contraiu involuntariamente ao ouvir o nome. Eu não sabia por que isso me in
Bianca Santoro,Uma semana havia se passado, e desde aquela pequena desavença com Aléssio, eu fiz de tudo para não cruzar com ele pela casa. A mansão era grande o suficiente, e sempre que ouvia seus passos ou via sua sombra, eu me retirava antes de sermos forçados a nos encarar. Não queria dar a ele o prazer de achar que ainda me afetava.Hoje é o último dia das aulas de etiqueta, e em breve também encerraria minhas aulas na escola. Daqui a dois dias, completaria meus tão sonhados 18 anos, e mal conseguia esperar para alcançar essa marca. Essas últimas semanas foram confusas e cheias de surpresas, especialmente em relação a Enzo. Sim, estávamos namorando. Achei que entrar em um relacionamento "normal" seria a melhor forma de deixar para trás tudo o que aconteceu entre mim e Aléssio.Mas nada é tão simples. Noites sem fim eram povoadas por sonhos eróticos com Aléssio, e mesmo sem querer, minha mente e meu corpo pareciam lembrar cada toque, cada suspiro
Aléssio Romano,Fechei a porta do escritório, quase com força demais. O eco do som reverberou pelo ambiente, como se tentasse refletir a raiva contida dentro de mim. Meus passos soaram duros pelo assoalho de madeira, e eu caminhava sem direção por alguns instantes, apenas tentando controlar os pensamentos caóticos na minha cabeça.Peguei uma garrafa de uísque na estante e me servi sem pressa, observando o líquido dourado encher o copo. Precisava de algo para acalmar a mente, algo que amenizasse a irritação que me corroía. O namoro de Bianca com Enzo.... Só de pensar naquilo, minha mão apertou o copo com tanta força que pensei que ele poderia estourar.— Maldito moleque — murmurei entre dentes, tentando afastar a imagem dele perto dela. Eu conhecia o tipo dele; garotos assim eram atrevidos, confiantes demais para o próprio bem. E Bianca, com sua nova liberdade e confiança, parecia disposta a desafiar todos os limites, inclusive os meus.Sentei
Bianca Santoro,Naquele mesmo dia, depois da tensa conversa com Aléssio, tentei recompor meus pensamentos e me concentrar no que tinha para eu fazer. A última aula de etiqueta estava prestes a começar, e eu precisava manter a cabeça erguida. Havia me preparado tanto para chegar até aqui, e, depois de tudo, não permitiria que ele ou qualquer outra coisa me desviasse do meu objetivo.Caminhei até a área onde sempre aconteciam as aulas. O salão de dança era amplo, com janelas grandes que deixavam a luz entrar e iluminavam o piso de madeira. A professora Elenice e Gian, o professor de dança, já estavam lá, aguardando minha chegada. Ambos me cumprimentaram com sorrisos.— Bom dia, senhorita Bianca — disse Elenice, sempre educada.Eu apenas assenti, tentando manter a expressão serena. Precisava fingir normalidade, mesmo com o caos dentro de mim. A tensão entre Aléssio e eu era recente demais para ser ignorada, mas eu me forcei a deixar isso de lado
Dois dias Depois… Bianca Santoro, Hoje era meu aniversário. Eu me sentei na cama por um momento, deixando o sol que entrava pela janela aquecer meu rosto. Finalmente 18 anos, uma idade que significava liberdade para muitas pessoas, mas para mim, era uma mistura de emoções. Depois daquele dia em que eu saí correndo da sala após Aléssio me beijar, ele havia ficado distante, o que me deixava pensativa, mas tentei não pensar muito nisso. Hoje, eu queria apenas ter um dia normal, como uma pessoa normal para a minha idade. Meu celular vibrou, quebrando meus pensamentos. Era uma ligação de Helen minha amiga, que agora se tornou cunhada, e daqui a alguns dias será ex-cunhada. Isso era engraçado de alguma forma, ter um homem como Alessio Romano controlando até com quem devo ou não namorar, logo ele que não quer aceitar seus próprios sentimentos por ser covarde. — Feliz aniversário, Bianca! — ela disse ani
Aléssio Romano, Passei pelo corredor em direção ao meu quarto quando ouvi a voz de Bianca ao telefone. Parecia leve, um sorriso visível em sua expressão. Por um momento, deixei de lado meus pensamentos e me permiti escutá-la. Ela falava com a amiga dela, Helen, rindo de algo que a outra dizia. Mas então, notei a mudança em seu tom de voz. Sua expressão ficou séria e, em seguida, triste. Pelo que entendi, a razão de sua tristeza era simples: não podia sair com a amiga porque não tinha dinheiro. Aquilo me incomodou, não pela falta de recursos — porque eu sabia que aqui na mansão ela tinha tudo o que precisava — mas pela ideia de que Bianca não era o tipo de mulher que me pediria nada. Mesmo quando desejava algo, preferia guardar para si. Enfiei minha mão no bolso, peguei a carteira, tirei o cartão e dei a ela. Quando finalmente saiu, observei-a da sala, tentando disfarçar a atenção que dava. Ela estava deslumbrante,
Bianca Santoro, — Droga, esse homem vai acabar me deixando louca — resmunguei, jogando-me na cama com força, sentindo o colchão afundar sob meu peso. A cena de nosso beijo ainda queimava na minha mente, e o misto de sentimentos me deixava inquieta. Meu celular vibrou, e a notificação de uma chamada de vídeo apareceu na tela. Era Enzo. Suspirei, tentando compor minha expressão antes de atender. — Oi, Enzo — falei, forçando um sorriso. — Feliz aniversário, gatinha! Vamos sair para comemorar essa noite? — Ele parecia animado, o sorriso dele era sincero e acolhedor. Hesitei por um segundo, minha mente ainda presa nos eventos recentes. Mas então me lembrei do convite de Aléssio. — Não vai dar, Enzo, desculpa. Tenho que sair com meu tio, ele preparou uma surpresa para comemorar meu aniversário, e não quero fazer desfeita. Estou fazendo errado mentindo que Aléssio é meu tio. Mas é melhor assim, até que as coisas se ajeitem. A expressão de Enzo vacilou, mas ele logo recuperou a post
Bianca Santoro,— Aí, Aléssio, por que faz isso? — levei as mãos aos cabelos, sentindo o tremor tomar conta de meus dedos. Eu estava emocionada, e ao mesmo tempo com raiva por ter visto ele beijando outra, que não fosse eu. Mas Aléssio ainda estava ali, de joelhos diante de mim, esperando uma resposta. Seus olhos azuis, tão seguros em qualquer outra situação, agora mostravam uma vulnerabilidade que eu nunca tinha visto antes, por eu ter me afastado um pouco, invés de dizer logo um “sim”. — Porque reconheci que estou louco por você, como nunca estive por outra pessoa — ele falou, a voz rouca mostrava o quanto ele estava sendo sincero. — E...— Aléssio, você estava no seu escritório beijando outra mulher. Eu vi, ninguém me contou, vi com os olhos que um dia a terra vai comer — rebati, a dor da lembrança queimando minha garganta, meu coração palpitando fortemente no peito. Ele sorriu de leve, um sorriso triste, e balançou a cabeça.— Não, Bianca, a terra vai demorar muito para comer e