Hugo estava focado nos preparativos para a abertura da unidade de Indaiatuba. Direcionou a atenção para o trabalho e para os filhos.Não queria ter espaço para pensar em nada muito profundo. Toda vez que sentia muito a falta de Jéssica, voltava-se para os filhos ou para a pilha infinita de papéis.O tempo com Nicole servia como escape.Sempre encaixava algumas horas para ela. Em sua cabeça, estava sendo um namorado decente. Quando Nicole invadiu sua sala, tão furiosa, ele ficou realmente surpreso.— Hugo! Não acredito que você fez isso comigo! — Ela entrou colérica, com uma expressão muito magoada. Hugo não entendeu do que se tratava.— O que eu fiz? — Ele estava verdadeiramente surpreso.— Mandou me demitirem? — Nicole tinha lágrimas nos olhos. Não esperava esse nível de desinteresse.— Não. Eu não interfiro nas decisões do RH. — Respondeu com sinceridade. Quase nunca contrariava as sugestões de Viviane.— Quer dizer que não sabia que eu seria demitida? — Uma pequena esperança tomou
Os trinta dias se transformaram em sessenta. Jéssica experimentou novas sensações e prazeres ao lado de Marcelo. Ele realmente era um excelente companheiro de viagem.Passearam por bons lugares, comeram comidas deliciosas, fizeram sexo intenso. Tudo perfeito, mas chegou o momento de voltar à vida real, e um conflito de expectativas estava prestes a surgir.— Então... — Ele entrelaçou as mãos delas sobre a mesa. — Agora que vamos voltar para casa, quando vou conhecer seus filhos? — Marcelo olhava curioso, verificando a reação dela com ansiedade.Ele entregou boa parte de si nesse tempo. Estava realmente apaixonado e queria continuar vivendo essa paixão em casa.— Calma, Marcelo. Não vamos ser precipitados. — Jéssica soltou as mãos e adotou uma postura defensiva.— Precipitados? — Marcelo ficou um pouco frustrado com a reação dela. — Você não está feliz com o nosso relacionamento? — O rosto ficou levemente vermelho, a vergonha o percorrendo timidamente.— Eu estou muito feliz com o que v
Marcelo andava pelos corredores, procurando algo. Não conseguia parar de pensar no que viu no aeroporto. Jéssica continuava respondendo suas mensagens normalmente, mas ele sentia que precisava de mais explicações antes de decidir o que fazer.— Te encontrei finalmente. — Ele não disfarçou a euforia e saiu puxando-a pelo braço, sem se preocupar com a discrição.Ela ficou muito desconcertada e não guardou para si.— Marcelo, o que está acontecendo? Tente ser mais discreto. — Trouxe o braço para si.— Desculpa. Estava ansioso para falar com você. Espera. Estamos nos escondendo? — Ele ficou irritado com o receio dela.— Não sei como são as regras do hospital em relação a relacionamentos dessa natureza. É normal eu ter receio. — Jéssica soou mais complacente agora. Não queria ser grosseira.— Não há regras específicas sobre relacionamentos entre pessoas de áreas distintas. Você tem vergonha de mim? — Marcelo continuava desconfiado.— Claro que não. — Jéssica o beijou para dissipar a dúvida.
Alexandre entrou na sala de Hugo bem cedo. Precisava resolver assuntos da nova unidade. Viu o amigo com a expressão vazia, olhando pela janela.Hugo estava cabisbaixo já há um bom tempo. Alexandre achou melhor entender o que estava acontecendo antes de mergulhar no trabalho.— Cara, tá tudo bem? — Ele se sentou e esperou pacientemente pela parte hesitante.— Sim. Está tudo bem. — Hugo tinha uma guerra interna pronta para explodir.— Fala, cara. O que há? — Alexandre deu uma respirada funda.— Cansaço. — Hugo tinha o poder de fingir que nada o abalava.— Alguma coisa com a Nicole? ... Não... Jéssica. Só pode ser isso.Hugo se remexeu na cadeira. Talvez não fosse ruim falar um pouco sobre o que o estava incomodando.— Acho que ela arrumou uma pessoa nessa viagem. — Ele
Jéssica estava estudando no consultório. Aproveitou que as coisas estavam incrivelmente tranquilas no hospital e conseguiu colocar todos os assuntos relacionados aos pacientes em ordem, além de adiantar alguns trabalhos. Fazia leitura de um material quando Jonathan e Mariana entraram.— Hoje está estranhamente calmo. Consegui entregar dois trabalhos. — Jonathan falou enquanto se sentava.— Eu não tive essa sorte. O PS infantil está lotado. Nunca vi tanta virose na minha vida. — Mariana girava o pescoço massageando a coluna.— Aqui foi calmo também. Consegui entregar algumas coisas e estava estudando. O que traz vocês aqui, aliás? — Jéssica estranhou, pois normalmente eles se encontravam no pequeno jardim que havia no prédio.— Queremos saber o que você anda escondendo. — Mariana foi direto ao ponto.
Jéssica acordou às 5h40 com um barulho alto vindo da cozinha. Garantiu que Breno continuasse dormindo e foi ver o que estava acontecendo. Já podia prever a situação: Leonardo tinha chegado bêbado novamente. Essa situação se tornou frequente desde que se casaram.— Bom dia. — disse ela, chegando na cozinha para confirmar seu palpite. O marido estava caindo de bêbado. Mal se aguentava em pé. Tentava pegar um copo d’água, mas, apoiado na porta da geladeira, balançava muito e quase derrubou tudo o que tinha lá dentro. Um barulho que certamente acordaria o bebê.— Para com isso! — ela o sentou na cadeira e pegou a água para servi-lo, a fim de evitar o pior.— Meu anjo, Jéssica... — ele falava com a voz embargada pelo álcool. Não dava para saber se estava elogiando ou debochando da esposa. Ela o servia em partes para evitar o escândalo e, em parte, porque realmente acreditava que esse era o dever de uma boa esposa.— Qual é o problema com esse seu trabalho? Você é o único da banda que chega
Do outro lado da cidade, Hugo e Clara estavam discutindo sobre a campanha que Clara estrelaria. O sonho dela de se tornar uma influencer famosa parecia finalmente estar dando os frutos desejados.— Não podemos colocar cerveja numa campanha de carros, Clara!. O cliente já especificou o que gostaria que tivesse no comercial. — Hugo estava exausto nesse momento. Estava há horas tentando convencer a esposa a fazer exatamente o que o cliente queria, e não havia nenhum sinal de que ela tivesse entendido o que precisava.— Uma campanha com amigas se divertindo vai parecer muito mais legal. E vai atrair os jovens. As amigas, com roupas bem sensuais, bebendo muito... — Ela divagava, como se não estivesse falando nenhum absurdo. O problema é que o principal posicionamento das redes dela era a família. Mudar assim não fazia sentido para ninguém.— Clara, é um carro para família! Não tem nada de sensual nessa campanha! Você pelo menos leu o briefing? — Hugo parecia um pouco exasperado. Clara tem
Leonardo olha a notificação no celular com expressão neutra. Manter Clara por perto tem suas vantagens e desvantagens. Ele observa o vestido que tem nas mãos com atenção, lembrando das curvas de sua esposa. Precisa agradar a Jéssica hoje.Sabe que passou do limite, pois a vizinha veio reclamar da barulheira de bêbado que ele fez. Foi muito gentil com a vizinha, pediu um milhão de desculpas e prometeu que nunca mais iria acontecer.Não é que ele sinta arrependimento pelas suas ações. Acontece que precisa criar uma boa imagem pública, pois será uma estrela do rock algum dia. Leonardo jamais deixa qualquer coisa ao acaso. Sempre faz tudo projetando o futuro que deseja para si mesmo.Conferiu todo o cenário que montou para esposa. Se tinha flores o suficiente, se os doces estavam bem atrativos, se o cheiro traria boas lembranças. Precisava seduzir para ter o que queria. O perdão da esposa. Pediu pra mãe ficar com Breno durante a noite. Queria que a surpresa fosse completa e planejou leva