Jonathan fixou o olhar em Hugo, preocupado. Achava que só podia ser um caso de confusão mental. Esse homem não estava normal.
— Hugo, pode me dizer como está se sentindo? — Pegou a lanterna para verificar a retina do homem, não parando de procurar sinais de confusão ou outro distúrbio.— Estou me sentindo um idiota! Pateta, que passou os últimos anos com raiva de você por namorar a Jéssica! — Hugo falou de repente, deitando-se novamente na maca. Colocou as mãos no rosto, em negação.— O quê? — Foi a vez de Jonathan ficar chocado. Justo ele, que sempre fez questão de jogar a Jéssica em cima de Hugo. Isso não fazia nenhum sentido.— Exatamente. — Hugo levantou-se novamente. — Me corroía de medo cada vez que via você com as crianças... eu pensava que queria roubarJonathan notou que sua recepção na casa de Jéssica foi diferente. As crianças estavam calorosas como sempre, mas Hugo não tinha aquele olhar estranho costumeiro. Antes, pensava que era o jeito dele, meio taciturno, de ser. Agora, entendeu que tudo isso era movido pelos ciúmes.— Cara, eu tô muito aborrecido ainda. — Hugo admitiu depois de convidá-lo para um drink. Foi a primeira vez que beberam juntos.— Andei pensando nisso. Acho que você não pode me culpar pelo seu engano. — Jonathan bebericou seu drink e falou com sinceridade.— Meu engano que você colaborou muito para acontecer. — Hugo não estava disposto a deixar o culpado por todo o desarranjo que sua vida se tornou se safar tão facilmente.— Fiquei me perguntando como você ignorou a presença da Mariana todo esse tempo. — Jonathan lan&cced
Jéssica ficou encantada com Nova York. A cidade era fascinante, vibrante e agitada. Os nova-iorquinos eram as pessoas mais apressadas que ela já conhecera, mas, ainda assim, valia a pena se conectar com eles.Marcelo era um ótimo parceiro de viagens: divertido, disposto e engraçado. Ele realmente conhecia muita coisa e compartilhava generosamente seus lugares favoritos.Passaram muito tempo no Metropolitan, analisando obras de arte com leveza. Depois, fizeram um passeio pelo Central Park. O primeiro dia foi agitado, mas Marcelo tinha planos também para a noite.Jantaram em um restaurante intimista no Brooklyn, um lugar aconchegante. Jéssica queria andar pelo bairro e conhecê-lo melhor.— Olha, tenho que admitir que você é o melhor parceiro de viagem que já tive. — Ela pegou uma garfada do purê de batatas que experimentava. Estava determinada a provar todos os pratos típicos que pudesse.— Eu disse que conhecia bem este lugar. — Marcelo gostava de viajar e viver novas experiências.— Am
Hugo estava focado nos preparativos para a abertura da unidade de Indaiatuba. Direcionou a atenção para o trabalho e para os filhos.Não queria ter espaço para pensar em nada muito profundo. Toda vez que sentia muito a falta de Jéssica, voltava-se para os filhos ou para a pilha infinita de papéis.O tempo com Nicole servia como escape.Sempre encaixava algumas horas para ela. Em sua cabeça, estava sendo um namorado decente. Quando Nicole invadiu sua sala, tão furiosa, ele ficou realmente surpreso.— Hugo! Não acredito que você fez isso comigo! — Ela entrou colérica, com uma expressão muito magoada. Hugo não entendeu do que se tratava.— O que eu fiz? — Ele estava verdadeiramente surpreso.— Mandou me demitirem? — Nicole tinha lágrimas nos olhos. Não esperava esse nível de desinteresse.— Não. Eu não interfiro nas decisões do RH. — Respondeu com sinceridade. Quase nunca contrariava as sugestões de Viviane.— Quer dizer que não sabia que eu seria demitida? — Uma pequena esperança tomou
Os trinta dias se transformaram em sessenta. Jéssica experimentou novas sensações e prazeres ao lado de Marcelo. Ele realmente era um excelente companheiro de viagem.Passearam por bons lugares, comeram comidas deliciosas, fizeram sexo intenso. Tudo perfeito, mas chegou o momento de voltar à vida real, e um conflito de expectativas estava prestes a surgir.— Então... — Ele entrelaçou as mãos delas sobre a mesa. — Agora que vamos voltar para casa, quando vou conhecer seus filhos? — Marcelo olhava curioso, verificando a reação dela com ansiedade.Ele entregou boa parte de si nesse tempo. Estava realmente apaixonado e queria continuar vivendo essa paixão em casa.— Calma, Marcelo. Não vamos ser precipitados. — Jéssica soltou as mãos e adotou uma postura defensiva.— Precipitados? — Marcelo ficou um pouco frustrado com a reação dela. — Você não está feliz com o nosso relacionamento? — O rosto ficou levemente vermelho, a vergonha o percorrendo timidamente.— Eu estou muito feliz com o que v
Marcelo andava pelos corredores, procurando algo. Não conseguia parar de pensar no que viu no aeroporto. Jéssica continuava respondendo suas mensagens normalmente, mas ele sentia que precisava de mais explicações antes de decidir o que fazer.— Te encontrei finalmente. — Ele não disfarçou a euforia e saiu puxando-a pelo braço, sem se preocupar com a discrição.Ela ficou muito desconcertada e não guardou para si.— Marcelo, o que está acontecendo? Tente ser mais discreto. — Trouxe o braço para si.— Desculpa. Estava ansioso para falar com você. Espera. Estamos nos escondendo? — Ele ficou irritado com o receio dela.— Não sei como são as regras do hospital em relação a relacionamentos dessa natureza. É normal eu ter receio. — Jéssica soou mais complacente agora. Não queria ser grosseira.— Não há regras específicas sobre relacionamentos entre pessoas de áreas distintas. Você tem vergonha de mim? — Marcelo continuava desconfiado.— Claro que não. — Jéssica o beijou para dissipar a dúvida.
Alexandre entrou na sala de Hugo bem cedo. Precisava resolver assuntos da nova unidade. Viu o amigo com a expressão vazia, olhando pela janela.Hugo estava cabisbaixo já há um bom tempo. Alexandre achou melhor entender o que estava acontecendo antes de mergulhar no trabalho.— Cara, tá tudo bem? — Ele se sentou e esperou pacientemente pela parte hesitante.— Sim. Está tudo bem. — Hugo tinha uma guerra interna pronta para explodir.— Fala, cara. O que há? — Alexandre deu uma respirada funda.— Cansaço. — Hugo tinha o poder de fingir que nada o abalava.— Alguma coisa com a Nicole? ... Não... Jéssica. Só pode ser isso.Hugo se remexeu na cadeira. Talvez não fosse ruim falar um pouco sobre o que o estava incomodando.— Acho que ela arrumou uma pessoa nessa viagem. — Ele
Jéssica estava estudando no consultório. Aproveitou que as coisas estavam incrivelmente tranquilas no hospital e conseguiu colocar todos os assuntos relacionados aos pacientes em ordem, além de adiantar alguns trabalhos. Fazia leitura de um material quando Jonathan e Mariana entraram.— Hoje está estranhamente calmo. Consegui entregar dois trabalhos. — Jonathan falou enquanto se sentava.— Eu não tive essa sorte. O PS infantil está lotado. Nunca vi tanta virose na minha vida. — Mariana girava o pescoço massageando a coluna.— Aqui foi calmo também. Consegui entregar algumas coisas e estava estudando. O que traz vocês aqui, aliás? — Jéssica estranhou, pois normalmente eles se encontravam no pequeno jardim que havia no prédio.— Queremos saber o que você anda escondendo. — Mariana foi direto ao ponto.
Jéssica acordou às 5h40 com um barulho alto vindo da cozinha. Garantiu que Breno continuasse dormindo e foi ver o que estava acontecendo. Já podia prever a situação: Leonardo tinha chegado bêbado novamente. Essa situação se tornou frequente desde que se casaram.— Bom dia. — disse ela, chegando na cozinha para confirmar seu palpite. O marido estava caindo de bêbado. Mal se aguentava em pé. Tentava pegar um copo d’água, mas, apoiado na porta da geladeira, balançava muito e quase derrubou tudo o que tinha lá dentro. Um barulho que certamente acordaria o bebê.— Para com isso! — ela o sentou na cadeira e pegou a água para servi-lo, a fim de evitar o pior.— Meu anjo, Jéssica... — ele falava com a voz embargada pelo álcool. Não dava para saber se estava elogiando ou debochando da esposa. Ela o servia em partes para evitar o escândalo e, em parte, porque realmente acreditava que esse era o dever de uma boa esposa.— Qual é o problema com esse seu trabalho? Você é o único da banda que chega