Agora, James pensava que talvez a mulher não fosse tão mesquinha assim. Era possível que a parte ruim de Gladys fosse produto das circunstâncias vividas.Resolveu concordar.— Montar uma clínica é fácil. No entanto, acho que devemos esperar. Ouvi dizer que um novo centro comercial abrirá, aqui na cidade. Podemos pensar em montar uma clínica lá. —Como alguns hábitos nunca mudam, Gladys deu um daqueles tapas usuais na cabeça do genro.— Você sabe que tipo de lugar será o centro comercial? Sofisticado! Projetado para ser o centro financeiro mais movimentado do país! Perdeu a noção? Não tenho tanto dinheiro! Só de aluguel, custaria uma fortuna. Montar uma clínica custará muito em equipamento, documentação, reforma e sei lá mais o quê! —James tocou no lugar da pancada, relevando.Na verdade, pretendia comprar todo o centro comercial. Se decidisse abrir uma clínica lá, obviamente não pagaria aluguel. Às vezes, James sentia vontade de falar toda a verdade. Poderia contar a eles, naque
— Mãe, o que você pensa que está fazendo? Que atitude é essa? Vai tratar meu avô assim, agora? Aprendeu com James? — — Sim, David. Eu trato o velho como quiser. E que jeito é esse de falar com sua mãe? — — Peça desculpas ao meu avô, agora. — David pensou que, escolhendo o lado do avô, cairia em suas graças.Motivados pelo apoio, os visitantes se uniram em ataques verbais a Gladys. Em resposta, a mulher resolveu mudar de tom. Sorrindo, ela disse: — Minha casa é muito inadequada para receber vocês, meu sogro. Ela é grande o suficiente para nós, mas não é uma mansão. Na verdade, não temos tantas cadeiras. Como não haverá espaço dentro de casa, acho que vocês deveriam ficar aqui fora. Podemos conversar aqui mesmo. Vi que trouxeram até presentes! David, o que fez com sua educação? Pegue os mimos que estão nos dando! —— Certo! — David aceitou os presentes dos Callahan. No entanto, era tanta coisa que ele não conseguiria levar tudo. — Lys, me ajude! — David passou alguns dos ob
— Não abra nada. Acho que conseguimos vender isso para o quiosque, aqui perto. Vamos ver quanto conseguimos. —Benjamin, que havia ficado em silêncio todo esse tempo, só concordou.— Mãe, precisa fazer isso? São presentes de família. Seu jeito está me causando uma sensação ruim. — Thea comentou, em voz baixa.— Do que é que você sabe, menina?! — Gladys gritou. — Eu cansei! Não me lembrava como era me sentir leve! Agora, não preciso mais ficar de cabeça baixa para eles! E David, é melhor você se animar: esqueça seu trabalho na Eternality e arrume um novo emprego. Ficaremos bem sem os Callahan. —— Não me aceitariam mais lá, nem pintado de ouro. Não depois do que aconteceu na porta da cerimônia e do que fizemos agora. — David concluiu.A menção ao evento lembrou à Thea da transmissão. Pegou o celular e acessou o site oficial que exibia o evento. James bocejou, porque não dormia há quase um dia.— Thea, vou tirar um cochilo, no nosso quarto. —— Tudo bem, querido. — Ela assentiu.
Aquele era um dia bastante agitado para Cansington.O Rei Alegre seria oficialmente o comandante-em-chefe dos cinco exércitos. Alguém assassinou, por decapitação, três dos patriarcas dos Quatro Grandes. É importante mencionar que não encontraram as cabeças. Como consequência, todos os membros da família Xavier planejavam fugir da cidade. James imaginou que isso pudesse acontecer, mas também sabia que a ocorrência de um crime daquela proporção, no dia de uma cerimônia de sucessão, exigiria que as autoridades colocassem em prática diversas contramedidas. Proibiram, temporariamente, as viagens marítimas, terrestres e aéreas na região, efetivamente impedindo quaisquer planos de fuga dos Quatro Grandes. Nenhum deles deixaria Cansington.Após a cerimônia de sucessão do Rei Alegre, fizeram um anúncio oficial para explicar os assassinatos. Escolhendo um prisioneiro no corredor da morte, aceleraram a data para o cumprimento de sua sentença, o vestiram com uma máscara de fantasma idêntica àque
— Pode ser! Ainda tenho uma quantia que ganhei enquanto servi. Também temos aquele cartão que você tomou, lembra? —— Não quero viver à custa do meu marido. Posso trabalhar. — — Tudo bem, então. — James não disse mais nada. Se Thea queria trabalhar, não havia problema. De qualquer forma, ainda estava pensando no que faria após a compra do centro comercial. Não sabia nem quando aconteceria.— Vá lavar o rosto. Eu vou me trocar. —— Certo. — James assentiu e saiu do quarto. Não havia qualquer som, então imaginou que todos estivessem fora. Ele foi ao banheiro lavar o rosto, depois se dirigiu à sala de estar e esperou pela esposa. A moça saiu do quarto trajando roupas adequadas para uma entrevista de emprego: usava uma camisa branca com uma saia lápis e salto alto. Seu longo cabelo preto caía por suas costas. A usual postura elegante transmitia um ar de maturidade e confiança.— Você é linda. — James elogiou a esposa, olhando para ela como se visse uma obra de arte perfeita. Th
Logo que chegaram à agência de empregos, Thea disse:— Jamie, por que você não me espera lá fora? Vou dar uma olhada sozinha. —James disse, brincando: — Por quê? Acha que vou dar vexame? —Thea explicou apressadamente: — Claro que não! Só que pode demorar muito! Estou preocupada que fique entediado. Há um cibercafé por perto, por que você não passa lá? Te ligo quando terminar. —Ela empurrou o marido, gentilmente. Como não tinha experiência com relacionamentos, baseava-se em tudo que via acontecendo a casais em livros e séries de TV: tinha certeza de que homens odiavam esperar suas esposas em coisas daquele tipo. Ela estava verdadeiramente com receio de fazer isso com James.— Não quero café e nem curto jogos de computador. Vou com você. Ficarei preocupado se não estiver por perto. Você é muito bonita, pode arranjar um admirador rico e desaparecer. — Ele disse, bem-humorado.Thea se sentiu quente por dentro. Concordou, rapidamente. Na verdade, queria mesmo que fossem juntos.
Thea colocou seu currículo sobre a mesa. Só então, o homem levantou a cabeça. Vendo a moça, ficou surpreso.— Espera. — — Sim? — Prestes a sair, Thea parou e se virou para o gerente de recrutamento da Ella. — Há mais alguma coisa? — Hank Wilson deu uma boa olhada em Thea. Não pensou que receberia uma moça tão bonita no escritório, naquela tarde. Sua ganância floresceu. Ele apontou para a cadeira, dizendo: — Sente-se. Vamos conversar. — — Certo! — Thea se sentou, inocentemente animada.— Para qual cargo você está se candidatando? — — Designer de moda. — — Você tem alguma experiência de trabalho relacionada? — — Infelizmente, não. — Hank franziu a testa, dizendo: — Querida, isso não serve. Você sabe quem somos e o que nossos designers representam? — Enquanto falava, folheava o currículo dela.— Você se formou em design de moda em uma universidade local de segunda categoria e ainda não tem experiência. — Balançou a cabeça de um lado para o outro, ligeiramente.
Era hora de ir para casa. Hank disse aos outros candidatos para voltarem no dia seguinte. Depois disso, arrumou suas coisas e disse a Thea: — Thea, por que não vem comigo até minha casa? Ninguém nos incomodará lá, assim posso explicar tudo nos mínimos detalhes. — — Oi? — Thea estava atordoada. — Na sua casa? — Percebendo resistência em Thea, Hank complementou a fala. — Minha casa é bem perto daqui, por isso achei conveniente. Caso se sinta desconfortável com isso, podemos ir ao meu escritório, lá na Ella. —Hank era o gerente de recursos humanos da empresa, então tinha um escritório próprio na instalação principal da empresa em Cansington. Em seus pensamentos sujos, comparou o sofá de sua sala a uma cama. Só queria isso. Transaria com Thea, por bem ou por mal.Com todas as fofocas que veiculavam sobre os Callahan, imaginou que a moça ficaria calada, para evitar mais um escândalo. Além disso, caso Thea o denunciasse, o homem inventaria que era uma tentativa de o prejudicar por