No momento em que James deu o diagnóstico, um jovem membro dos Hill deu um passo à frente e o repreendeu. — O vovô está bem e com boa saúde. Como você pode dizer que ele está em péssimo estado? Você está agourando nosso velho, seu sacana? — — Isso mesmo! Esse homem não sabe nada de medicina. — Insatisfeito, o resto da família repreendeu James. — Quem é que está falando besteira aí? — Uma voz diferente surgiu. Um homem alto e magro de meia-idade com uma jaqueta mandarim branca entrou. — Você está aqui, doutor Lincoln. — Todos se levantaram, inclusive Jebediah, para cumprimentar o recém-chegado. Aquele era Ygor Lincoln, um médico de Cansington pago por Cyrus para cuidar do tratamento médico do idoso veterano de guerra. Foi graças à medicação administrada por aquele profissional que o homem recuperou um pouco de sua força nos últimos anos. Ygor olhou para seu contratante e o cumprimentou:— Olá, senhor Cyrus. — Ele então se virou e cumprimentou Jebediah: — Um bom dia para
Ninguém acreditou em James, porque parecia óbvio que Thea deixara o marido informado sobre a situação de Jebediah com antecedência, assim o homem poderia fingir tomar o pulso e parecer um médico grandioso. Para piorar, James não se preocupou em oferecer uma refutação, porque ele não queria chamar atenção para si, de qualquer maneira. O general tomou o pulso de Jebediah apenas porque sua esposa pediu, mas já que os Hill duvidavam da validade de suas habilidades, melhor para ele. Thea, no entanto, não pensava assim, então tentou se explicar:— Que ideia é essa? Eu não disse nada a James! Além disso, não venho aqui há tantos anos! Como eu saberia sobre a condição do vovô? Como eu saberia dessa cirurgia há três meses? James descobriu sozinho, agora mesmo! — Ela deveria ter permanecido em silêncio, porque ao ouvir suas palavras de defesa, todos acharam que era um desespero fajuto porque a descobriram. Ela, com toda a certeza, contara tudo a James, então montou aquela cena para se exibir.
James, em um piscar de olhos, inseriu dezenas de agulhas ao longo da perna do idoso, com uma técnica que ninguém ali conhecia. — Isso é mesmo um tratamento de pontos de acupuntura? — Ygor ficou perplexo. A velocidade de James era extraordinária, então o homem terminou de inserir as agulhas em poucos minutos. De repente, James jogou álcool nos joelhos de Jebediah e puxou um isqueiro, então uma bola de fogo apareceu em seu joelho, deixando todos os membros da família muito tensos. — O que você está fazendo, James?! — — Que diabos?! Pare com isso agora mesmo! — No entanto, James os ignorou, pegou as agulhas de prata e partiu para a ofensiva. Uma agulha, duas agulhas, três agulhas. Em um piscar de olhos, fileiras de agulhas de prata preenchiam ambas as pernas de Jebediah. Algo mágico aconteceu, para a surpresa de todas: o fogo nos joelhos de Jebediah foi absorvido pelas agulhas de prata, das quais um jato de gás quente e ardente podia ser visto. — Agulha de Fogo! — Ygor exclam
Os Hill, leigos naquilo, não possuíam conhecimento algum sobre medicina tradicional e não conseguiam compreender o significado por trás da Agulha de Fogo. Era uma técnica de acupuntura altamente avançada e sofisticada, baseada na crença de que o corpo humano é composto por energias Yin e Yang, e que a saúde só pode ser alcançada através do equilíbrio dessas energias. Caso houvesse uma predominância excessiva de energia Yin ou Yang, a pessoa poderia adoecer. Sendo assim, a Agulha de Fogo era uma técnica de acupuntura capaz de reduzir o Yin e aumentar o Yang no corpo humano. Embora Ygor tivesse leitura sobre a tal arte em livros médicos antigo, ele nunca a tinha visto em ação para o tratamento de um paciente. Com um olhar apaixonado, o médico ajoelhou-se no chão e implorou humildemente. Ele desejava ardentemente aprender a lendária arte da acupuntura, acreditando que isso o ajudaria a aprimorar suas habilidades médicas de forma exponencial. — Eu imploro, mestre. Me dê uma chance. —
As suas suspeitas sobre o mistério de James só aumentaram. O indiferente marido, que adorava brincar e se fingir de bobo, parecia cada vez mais enigmático. A moça já acreditava que James escondia mesmo algo muito sério, mas o homem não diria nada, na certa, então ela permaneceu em silêncio, apenas pensando: 'Pelo menos eu sei que meu marido não é o inútil que pensam!' Thea estava exultante, porque agora sabia que James tinha habilidades médicas reais e tão avançadas que um membro da Associação dos Médicos se ajoelhou diante dele e implorou para ser tomado como seu discípulo. A jovem se lembrou das palavras de James, sobre a competição da Rua Medical, alegando que seria possível lhe transmitir algumas noções de medicina a tempo para participar da disputa. O rapaz disse que sua esposa seria capaz de se distinguir da multidão em uma competição médica, com aquilo que ele ensinaria. Thea, é claro, achou que fosse uma brincadeira do marido, mas, depois do que testemunhou, já achava que n
Thea tinha uma expressão mal-humorada, porque acreditava que James era, em segredo, um grande médico, mas aquilo acabou sendo um mal-entendido. A moça se sentiu decepcionada, mas, pelo menos, pensou em como o marido não era só um desavergonhado, já que acabou dizendo a ela a verdade. — Thea, James, do que vocês dois estão falando? — Xara se aproximou do casal, com um olhar tímido no rosto. Thea se virou para encarar a prima e perguntou:— Xara, foi você quem contou a James sobre a condição do vovô? — — Como é? — Xara paralisou. ‘O quê? Quando?’. Depois de ficar atordoada, ela se recompôs, entendeu o contexto e assentiu. — Não me culpe por isso, Thea. James me pediu isso e eu não tive escolha. — Thea olhou para James, então a boa impressão que ele acabara de construir na cena diante da família desapareceu em um instante. — Um homem tem que ser honesto e pragmático em tudo o que faz. — — Sim, você está certa, querida. Me desculpe. — James não ousou oferecer uma refutaçã
— Como você pôde mentir para mim, James? — — Eu não menti! Só conferi, depois, e vi que ainda tinha algo! — Thea pegou o cartão em suas mãos e resmungou:— Estou curiosa para ver quanto dinheiro tem aqui! — Dizendo isso, ela se dirigiu a um caixa eletrônico próximo e inseriu o cartão. — Senha? — Ela se virou para James, que a seguia. — Seis oitos. — James respondeu. Thea estranhou, mas digitou. Ao ver o número na tela, ela riu, então se virou e repreendeu o marido: — O saldo é zero, James. Por que você brinca assim? — James coçou o queixo, porque o saldo era de fato zero. O cartão não precisava ter um valor guardado em uma conta, porque se tratava de uma ferramenta corporativa. O homem poderia apenas digitar o valor que gostaria de sacar e o governo do país arcaria com tudo. Thea não sabia disso, então só puxou o cartão e o devolveu a James. Os dois deixaram isso quieto e foram até a filial da Herbal Biotech em North Cansington. Aquela era a maior farmácia de Cansi
Julianna já desprezava James e o menosprezava sem parar para tentar conhecer o homem. James, em resposta, apenas sorriu, enquanto Thea lhe lançou um olhar de ressentimento. Fofocas cruéis corriam rápido demais, afinal. A reputação de James, em resumo, já se espalhou até por North Cansington. Sem graça, a moça disse: — Julianna, James não é assim, ele só gosta de se manter discreto. Na verdade, meu marido é médico. Quem você acha que tratou de minhas cicatrizes? Suas habilidades médicas excedem em muito as do doutor Fallon, por exemplo. — Thea não resistiu e respondeu daquele jeito, quase soando como sua mãe. Embora James dissesse que não sabia muito sobre medicina, ela não queria se envergonhar na frente de uma antiga melhor amiga, então tentou se reerguer, ao máximo. No entanto, Julianna apenas olhou para James ao ouvir isso, indisposta a lhe conceder qualquer consideração, já que ser médico, em Cansington, não era algo incomum. Assim, ela não levou as palavras de Thea a sério. A