O crepúsculo caía sobre Palermo, tingindo o céu com tons alaranjados e púrpura. A cidade, com suas ruas estreitas e vielas labirínticas, parecia calma, mas uma tensão invisível pairava no ar. As noites recentes haviam sido marcadas por boatos e medo. A Família Costa, uma das mais antigas e influentes da Sicília, estava à beira do colapso. O poder que outrora possuíam parecia escorregar por entre seus dedos como areia fina. Domenico Costa, o chefe da família, observava o pôr do sol de sua varanda, com um copo de vinho na mão e uma expressão sombria no rosto. Ao seu redor, a velha mansão familiar parecia vazia, abandonada pelos tempos de glória. A Sicília mudara, e ele sabia que os Costa não haviam acompanhado essas mudanças. Os novos chefes de Palermo eram mais jovens, mais agressivos e, principalmente, mais impiedosos. Mas o pior de tudo era que, dentro de sua própria casa, a traição fermentava. — Papà? — A voz suave de sua filha, Alessia, o tirou de seus pensamentos. Ela se apr
A noite estava densa em Nápoles, com o céu coberto por nuvens escuras, como se até o tempo refletisse a tensão que pairava sobre a cidade. Na mansão de Don Carlo Ricci, o som da chuva suave batendo nas janelas altas parecia ser o único ruído que preenchia o vasto silêncio. Para muitos, Don Carlo era uma lenda viva, o chefe inquestionável da máfia napolitana por décadas, temido e respeitado. Mas, naquela noite, algo estava prestes a mudar. Ele se sentava em sua poltrona de couro, no grande salão, com uma expressão endurecida no rosto marcado pelo tempo. Seus olhos, que antes inspiravam medo e poder, agora estavam cercados de uma sombra de incerteza. As últimas semanas haviam sido um pesadelo: traições internas, aliados se distanciando e, o mais alarmante, um golpe sendo articulado bem debaixo de seu nariz. Ele sabia que sua hora estava chegando, mas o orgulho o impedia de aceitar. — Signore, eles chegaram. — A voz de Vito, seu capanga de longa data, ecoou na sala. Ele estava nerv
O sol começava a se pôr sobre Nápoles, tingindo o horizonte de laranja e vermelho. Era o tipo de cena que normalmente trazia paz, mas naquela noite, havia apenas tensão no ar. O confronto final entre Don Carlo Ricci e Giovanni Costello estava se aproximando. Anos de rivalidade, traições e jogadas estratégicas culminavam naquela noite. O futuro da cidade dependia do desfecho daquele encontro. Don Carlo estava sentado em seu escritório, o local onde tantas decisões haviam sido tomadas. Ele estava mais velho, marcado pelo tempo e pelas cicatrizes de inúmeras batalhas, mas sua mente permanecia afiada. À sua frente, sobre a mesa, havia uma carta. Uma mensagem enviada diretamente de Giovanni Costello, oferecendo uma última oportunidade de acordo. O bilhete era simples, mas carregado de ameaça: “Encontramo-nos ao pôr do sol. Apenas nós dois. Ou a cidade arde.” Era uma escolha que Don Carlo sabia que teria de enfrentar mais cedo ou mais tarde. Nápoles estava em jogo, mas mais do que iss
O crepúsculo caiu sobre Nápoles, envolvendo a cidade em uma aura de mistério e tensão. O ar estava denso, como se a própria cidade soubesse que algo importante estava prestes a acontecer. Depois da morte de Giovanni Costello e a queda de Lorenzo, Nápoles experimentava uma paz frágil. As ruas estavam mais calmas, mas por trás dos olhares de cada capanga, de cada família mafiosa, havia a certeza de que essa calmaria era apenas o prelúdio de algo maior. Dentro da mansão Ricci, Sofia caminhava pelos corredores antigos, com passos firmes. Ela agora assumia oficialmente o papel de líder da família. Mesmo após os eventos caóticos dos últimos meses, ela mostrava-se implacável, carregando a força que herdara de Don Carlo. Contudo, a responsabilidade era pesada, e ela sabia que, apesar da vitória recente, os inimigos estavam apenas esperando o momento certo para atacar novamente. Sofia entrou na sala de reuniões onde seu pai, Don Carlo, a aguardava. Ele estava sentado à cabeceira da longa
A noite caía sobre a mansão Ricci como um véu pesado, abafando qualquer som do mundo exterior. Dentro, o clima era tenso, carregado de expectativas. Sofia estava em seu escritório, com os olhos fixos em uma antiga fotografia de Don Carlo, seu pai, ao lado de alguns dos antigos chefes da máfia napolitana. Homens que haviam caído em guerras de poder e traições, todos em busca de uma única coisa: glória. Mas, como Sofia aprendera com o tempo, a glória tinha um preço. Um preço que poucos estavam dispostos a pagar até que fosse tarde demais. Ela sabia que, com o recente sucesso sobre Alessandra Costello, os Ricci estavam no auge de sua influência. O porto de Nápoles estava seguro, suas alianças com outras famílias mafiosas se fortaleciam, e a presença de Sofia no comando consolidava o respeito e a lealdade de muitos. No entanto, aquela sensação de vitória tinha um gosto amargo. O caminho até ali fora manchado por sangue, e o custo de manter esse poder começava a se revelar. — Sofia
O céu estava nublado, como se refletisse a turbulência que dominava o coração de Sofia. Naquele dia, a mansão Ricci estava mais silenciosa do que o habitual, mas a tensão pairava no ar como uma tempestade prestes a estourar. O conflito prolongado com os aliados remanescentes dos Costello estava drenando as forças da família Ricci, e mais do que nunca, Sofia sabia que precisava tomar uma decisão difícil. Ela estava diante de um dilema que nem mesmo seu pai, Don Carlo, a havia preparado para enfrentar. O poder e a glória que a família Ricci tanto buscara estavam à beira de se transformar em ruínas. Nápoles estava em um estado de guerra não declarado, e as batalhas constantes nas ruas, junto com os contrabandistas de armas e traidores internos, estavam tornando a paz um ideal distante. Sofia, que sempre se orgulhara de sua força e resiliência, agora se via em um impasse. Ela estava em seu escritório, olhando para um mapa da cidade sobre a mesa. Cada marcação ali representava
O som da chuva batendo nas janelas da mansão Ricci era quase ensurdecedor. O tempo em Nápoles estava cinza e implacável, refletindo o estado de espírito de Sofia. Ela andava de um lado para o outro em seu escritório, as mãos entrelaçadas nas costas, enquanto tentava organizar seus pensamentos. Luca estava ao seu lado, o semblante fechado, tentando esconder a inquietação que também sentia. A notícia que acabara de chegar poderia mudar tudo — e para pior. — Tem certeza? — perguntou Sofia, sua voz controlada, mas cheia de tensão. — Tem certeza de que foi ele? Luca assentiu, mas não tirou os olhos dos papéis sobre a mesa. — Infelizmente, sim. Marco. Ele está trabalhando com os Costello há meses. Recebemos uma confirmação de uma fonte confiável. Ele forneceu informações sobre nossas operações de contrabando. Nossas últimas três cargas foram interceptadas porque ele deu as coordenadas exatas. Sofia parou abruptamente, suas mãos tremendo ligeiramente enquanto tentava absorver o gol
O silêncio na sala de reuniões da mansão Ricci era perturbador. Sofia estava sentada na cabeceira da longa mesa de mogno, com uma pilha de documentos diante dela, mas sua mente estava a quilômetros de distância. Algo a incomodava há dias, algo que não conseguia definir com clareza, mas que a mantinha alerta, como se uma sombra do passado estivesse rondando, prestes a se revelar. Luca entrou na sala sem bater, como sempre fazia, a expressão sombria. Ele sabia que algo estava errado. Sofia levantou os olhos rapidamente, tentando disfarçar sua inquietação, mas o olhar atento de Luca captou sua preocupação. — Você está estranha esses dias — ele disse, sentando-se em uma cadeira próxima. — O que está acontecendo? Sofia hesitou por um momento antes de falar. — Recebi uma carta. Sem remetente, sem assinatura. Apenas uma mensagem curta e enigmática. Luca arqueou uma sobrancelha, curioso. Ele conhecia Sofia melhor do que ninguém. Para que algo a perturbasse a esse ponto, precisava