O silêncio na sala de reuniões da mansão Ricci era perturbador. Sofia estava sentada na cabeceira da longa mesa de mogno, com uma pilha de documentos diante dela, mas sua mente estava a quilômetros de distância. Algo a incomodava há dias, algo que não conseguia definir com clareza, mas que a mantinha alerta, como se uma sombra do passado estivesse rondando, prestes a se revelar. Luca entrou na sala sem bater, como sempre fazia, a expressão sombria. Ele sabia que algo estava errado. Sofia levantou os olhos rapidamente, tentando disfarçar sua inquietação, mas o olhar atento de Luca captou sua preocupação. — Você está estranha esses dias — ele disse, sentando-se em uma cadeira próxima. — O que está acontecendo? Sofia hesitou por um momento antes de falar. — Recebi uma carta. Sem remetente, sem assinatura. Apenas uma mensagem curta e enigmática. Luca arqueou uma sobrancelha, curioso. Ele conhecia Sofia melhor do que ninguém. Para que algo a perturbasse a esse ponto, precisava
O dia seguinte trouxe um clima tenso para a mansão Ricci. A reunião que Sofia havia planejado com Enzo Santorini estava se aproximando, e a atmosfera dentro da casa estava carregada de expectativa e apreensão. Luca estava sentado em uma das poltronas do escritório, observando os homens que passavam pelo corredor, como se cada movimento deles pudesse indicar a chegada de um perigo iminente. Sofia entrou no escritório, vestindo um elegante vestido preto que realçava sua postura determinada. Ela não podia parecer vulnerável; essa era uma reunião que definiria o destino de sua família. Com um olhar resoluto, ela se dirigiu a Luca. — Já temos o local do encontro definido? — Sim — respondeu Luca, levantando-se. — Será no antigo armazém ao lado do porto. Um lugar neutro. Não há câmeras e podemos nos mover livremente sem atrair atenção. Sofia assentiu, apreciando a escolha. O armazém era um local que tinha histórias de encontros, acordos e, muitas vezes, traições. Era o tipo de luga
A manhã estava nublada, e o ar carregava uma tensão palpável em Nápoles. Sofia se preparava para o encontro com Giovanni, o primo de Enzo Santorini e um dos homens mais temidos da máfia. A fama de Giovanni não era apenas por seu histórico de violência, mas também por sua astúcia. Ele era um estrategista nato, e cada passo que dava parecia calculado. Sofia estava em seu escritório, revisando algumas notas sobre a situação atual da família Ricci. Luca entrou, seu rosto sério. — Você realmente vai se encontrar com ele? — perguntou Luca, cruzando os braços. — Giovanni não é alguém que você deve subestimar. Sofia olhou para ele, sua determinação visível. — Eu sei, Luca. Mas é necessário. Giovanni representa uma parte significativa da força dos Santorini. Se conseguimos convencê-lo a aceitar nossa aliança, poderemos neutralizar uma parte do poder de Enzo. Luca franziu a testa, visivelmente preocupado. — E se ele não aceitar? O que você fará se ele te desafiar? Você sabe como e
A chuva caía forte naquela noite, escorrendo pelas ruas estreitas de Nápoles como se limpasse a cidade de suas mágoas. Sofia estava sentada em seu escritório, olhando pela janela enquanto os pingos d’água corriam pelo vidro em um ritmo constante. Sua mente estava longe dali, absorta nas escolhas que ela precisaria fazer em breve. Aquele momento havia chegado: ela precisava tomar uma decisão que poderia mudar o rumo de sua vida e da família Ricci para sempre. Francesca havia entrado em contato novamente, insistindo que algo estava prestes a acontecer, algo que poderia desestabilizar tudo o que Sofia lutara para proteger. Francesca nunca fora de alarmes falsos, então Sofia sabia que era uma questão de tempo até que a tempestade que se aproximava caísse sobre ela. — Sofia — chamou Luca, entrando no escritório. Ele estava inquieto, seus olhos claros refletindo a tensão no ar. — Recebemos uma nova informação sobre os movimentos de Enzo. Parece que ele está mais perto do que pensávamo
A noite em Nápoles era fria, e o vento soprava entre os becos estreitos, trazendo consigo o peso de décadas de segredos e crimes. Sofia Ricci estava sentada na cadeira de couro que outrora pertencera a seu pai, Don Carlo. O escritório escuro ainda cheirava a tabaco, o mesmo que Don Carlo fumava todas as noites enquanto elaborava seus planos silenciosos, arquitetando o destino da família Ricci e daqueles que ousavam cruzar seu caminho. Sofia observava a grande mesa à sua frente, os papéis organizados com precisão, como seu pai sempre preferia. Ela segurava nas mãos o velho anel de sinete dos Ricci, uma peça de ouro maciço com o brasão da família gravado em alto relevo. Aquilo não era apenas uma joia. Era o símbolo do poder, da responsabilidade, e do peso do nome Ricci, que agora recaía sobre seus ombros. Ela se lembrava das longas conversas que tivera com Don Carlo antes de sua morte. Ele sempre fora um homem de poucas palavras, mas quando falava, sua voz parecia uma sentença. “O
A escuridão da noite cobria as ruas de Nápoles como um manto de tensão e expectativa. As ruas vazias, as janelas fechadas e o silêncio inquietante sugeriam que algo estava prestes a acontecer. No coração da cidade, no porto de Nápoles, o destino de duas das mais poderosas famílias mafiosas da Itália estava para ser decidido. Seria o fim de uma era, o último confronto entre os Ricci e os Mancini, duas famílias que carregavam séculos de sangue, intriga e poder. Sofia Ricci estava no topo do armazém, de onde podia ver todo o porto. Ao seu lado, Luca Moretti, seu braço direito, analisava o terreno com olhos atentos. Eles sabiam que esta noite seria diferente. Tudo o que haviam feito até agora culminava neste momento. “Os Mancini estão chegando,” disse Luca, sem tirar os olhos do horizonte. “Os informantes dizem que Don Roberto não vai faltar.” Sofia assentiu, mas não disse nada. Ela já esperava por isso. Don Roberto Mancini não era o tipo de homem que deixaria que alguém lutasse s
Os dias após a batalha no porto de Nápoles pareceram um borrão para Sofia Ricci. Ela estava no comando agora, mas cada decisão que tomava parecia pesar mais do que o anterior. O mundo do crime não esperava por ninguém, e a cidade pulsava com a incerteza de uma nova era de poder. No entanto, o que pesava mais em seu coração era a ausência de Isabella, sua amiga e confidente, que havia morrido na batalha. Isabella sempre fora mais do que uma amiga. Ela era como uma irmã, alguém que compreendia a profundidade do que significava ser parte do mundo da máfia. Quando as balas começaram a voar e o caos se instaurou, Isabella estava ao lado de Sofia, lutando com bravura. Mas um tiro traiçoeiro, disparado de um canto escuro do porto, a atingiu em cheio. Sofia ainda podia ouvir os gritos de Isabella ecoando em sua mente, misturados ao barulho dos tiros e à sensação sufocante da perda. Sofia estava em seu escritório, cercada por papéis e planos. O sol da manhã entrava pela janela, mas ela n
O sol começou a se pôr no horizonte, tingindo o céu de laranja e roxo, enquanto a cidade de Nápoles tentava se recuperar da batalha que havia deixado marcas profundas em sua alma. Os ecos das balas e os gritos de dor estavam lentamente se dissipando, mas a cicatriz da guerra ainda era muito recente. Sofia Ricci caminhava pelas ruas desertas, seu coração pesado com a responsabilidade que agora carregava. Depois da derrota dos Mancini, a cidade estava em um estado de incerteza. Embora a vitória fosse um alívio, as consequências da batalha ainda se faziam sentir. A lealdade dos homens de Sofia estava em jogo; alguns estavam feridos, outros ainda em estado de choque. E havia aqueles que, mesmo entre os Ricci, se perguntavam se a luta pela honra realmente valia a pena. Sofia parou em frente a uma antiga fonte, onde as águas claras ainda jorravam. O som da água era quase como uma canção suave em meio ao luto. Ela se abaixou e mergulhou os dedos na água fria, sentindo uma pequena fraçã